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Mestrado em Ciências do Consumo Alimentar | Master's Degree in Food Consumption Sciences - TMCCA

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  • Dificuldades no campo do consumo alimentar dos portadores de diabetes Mellitus assistidos no Hospital Provincial de Pembal, Cabo Delgado - Moçambique: estudo de caso
    Publication . Michal, Soares; Carapeto, Cristina
    A diabetes mellitus (DM) é um distúrbio metabólico em que o corpo se torna resistente ao efeito da insulina ou não produz a quantidade suficiente dessa hormona para processar a glicose. Como consequência, há uma acumulação de glicose no organismo, o que pode levar a sérias complicações de saúde. De acordo com estudos recentes o número de pessoas com diabetes em todo o mundo aumentou muito sendo que em 2019 se registavam 463 milhões portadoras de DM. A diabetes Mellitus tipo 2 (DMII) é uma doença crónica que se caracteriza por múltiplas complicações. Nos últimos anos a DMII tem-se tornado um problema de saúde pública a nível Mundial. O objetivo deste estudo foi avaliar as dificuldades que os portadores de diabetes enfrentam na composição do seu padrão alimentar. Tendo sido realizada uma pesquisa de campo, de carácter descritivo, transversal, de abordagem qualitativa e exploratória. A pesquisa foi realizada em uma Unidade de Saúde de referência do Norte da província de Cabo Delgado na cidade de Pemba . Foi utilizado como instrumento de coleta de dados um formulário semi-estruturado, com perguntas sobre os hábitos alimentares dos pacientes, a sua relação com os alimentos após a descoberta da doença, controle da sua dieta alimentar, bem como os impactos negativos na vida do paciente. Os dados foram analisados pelo programa SPSS -Statistical Package for the Social Science e MS Excel avançado, tendo sido analisados dados dos 28 pacientes e 9 profsissonais. No presente estudo participaram 28 pacientes sendo 15 do sexo masculino e 13 do sexo feminino. Verificou-se que a maior parte dos pacientes estavam empregados, dos quais 17,9% tinham acesso fácil à alimentação, 42,9% não tinham acesso fácil à alimentação e 39,3% viviam na incerteza de acesso à alimentação. Verificou-se que os portadores de diabetes mellitus que participaram neste estudo enfrentam muitas dificuldades para a obtenção da sua alimentação, factor que contribui para o agravamento do estado de saúde. Notou-se, também, que os participantes enfrentam várias dificuldades na aquisição de medicação nas farmácias privadas devido a questões financeiras e também devido à falta dos medicamentos no hospital e sendo que Estimativas da International Diabetes Federation (2006) mostram uma prevalência de diabetes em Moçambique em 2003 de 3,1% com um aumento projetado para 3,6% em 2025. Esses fatores justificam o desenvolvimento de estudos não só para detectar, mas também para organizar o processo de intervenção educativa e terapêutica nos diversos estágios desta doença e suas complicações. No entanto, muitos estudos e programas de saúde falham por não levarem em conta os aspectos alimentares, psicológicos, culturais, e sociais, aspectos interpessoais e ainda as reais necessidades psicológicas da pessoa diabética.
  • Avaliação da cadeia/fileira de abastecimento de tomate: do produtor do Município de Cela ao cliente do mercado de catinton, Luanda, Angola : um estudo exploratório para o desenvolvimento sustentável
    Publication . Calheiros, Joseana da Glória dos Santos; Moura, Ana Pinto de; Oliveira, Maria Rita Marques de
    Os mercados de alimentos assumem-se como o principal polo de comercialização de produtos agrícolas nacionais a preços acessíveis em Luanda. Por isso, são a opção da maioria famílias luandenses, já que os preços dos produtos agrícolas no retalho moderno, nomeadamente nos supermercados chegam a custar 11 vezes mais, dependo da sua localização e, as hortofrutícolas mais consumidas como é caso do tomate, chegam a custar quatro a seis vezes mais nos supermercados do que nos mercados informais. Pretendeu-se avaliar a cadeia/fileira de abastecimento do tomate, desde a produção, município da Cela, comuna do Waku Kungo, até à sua venda, em contexto urbano Luanda, Angola, em particular no mercado Catintom, dando-se destaque à análise da produção de perdas ao longo da cadeia/fileira de abastecimento e de estratégias para a sua mitigação. Para o efeito, recorreu-se à metodologia qualitativa, entrevistando-se individualmente os atores-chave que atuam na cadeia/fileira do tomate mediante guião préestabelecido: i) produtores de tomate da comuna do Waku Kungo, ii) transportadores, iii) intermediários, iv) vendedoras e vi) clientes/consumidores do mercado do Catintom, dando-se destaque à análise da produção de perdas do tomate ao longo da cadeia/fileira de abastecimento e correspondentes estratégias para a sua mitigação desenvolvidas pelos atores supra citados. Da análise das entrevistas, recorrendo-se à análise temática, constata-se que os produtores, transportadores e intermediários tem práticas essências para evitar as perdas. A vendedoras têm práticas de reutilização das sobras para mitigar a perdas. E as clientes têm praticas próprias de acondicionamento e transporte do tomate para evitar as perdas após a compra. Conclui-se que os produtores a montante e vendedores a jusante da cadeia/fileira alimentar, procuram evitar perdas ao longo da cadeia/fileira de abastecimento de tomate por uma questão económica ou seja para cumprir o ODS 1 irradicação da pobreza e não para cumprir o ODS 12 produção e consumo sustentável.
  • Consumo de polvo seco: análise de relatos junto das comunidades de Vila Nova de Milfontes e Longueira/Almograve
    Publication . Silva, Margarida Maria Palma Ribeiro da; Seixas, Sónia
    O polvo comum, Octopus vulgaris, é uma das espécies de cefalópodes mais consumidas em Portugal com crescente número de capturas e valor por kg. Edível na sua quase totalidade, apresenta um elevado valor biológico e baixo teor de gordura. A estrutura muscular do polvo é responsável pela textura rígida quando incorretamente confecionado. O polvo seco é um produto alimentar nutritivo, muito apreciado e de confeção versátil e faz parte da gastronomia litoral mais antiga com tradição de consumo em certas regiões de Portugal. Pretendeu-se com este trabalho analisar os relatos sobre os conhecimentos dos processos de secagem, armazenagem, consumo, gosto e confeção em relação ao polvo seco com vista a viabilizar a sua divulgação e promoção. Escolheram-se as freguesias de Longueira/Almograve e de Vila Nova de Milfontes, no litoral do concelho de Odemira pela tradição de longa data com o polvo seco. Foram aplicados questionários a uma amostra de conveniência constituída por 65 participantes adultos, com média de idade de 64.85 anos (DP = 13.38) e com conhecimentos no processo de secagem. Os resultados obtidos parecem indicar que quem come polvo, desenvolve apetência para comer ainda mais e quanto mais cedo o contacto com o polvo seco, maior a apreciação por este produto. O polvo seco possibilita uma experiência de consumo diferente, elegível para ser um produto de valor acrescentado com potencial gourmet a par com certificação de qualidade.
  • Literacia alimentar dos alunos do ensino secundário no Alentejo Litoral
    Publication . Faria, Dora Natália Baixinho Carvalho; Fernandes, Ana Paula
    Sabe-se que a alimentação está intimamente relacionada com um bom estado nutricional, sendo essencial à obtenção e à manutenção da saúde. Nesse sentido, em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS), apoiada por diversos parceiros, tem desenvolvido iniciativas promotoras de ambientes alimentares mais saudáveis e/ou que fomentem a literacia alimentar. De forma a avaliar os níveis de literacia alimentar resultante dessas mesmas iniciativas, elegeram-se os alunos do ensino secundário como grupo controlo. Assim, o presente estudo teve como objetivo avaliar o nível de literacia alimentar dos alunos inscritos no ensino secundário regular nos Estabelecimentos de Educação e Ensino públicos do Alentejo Litoral, no ano letivo 2022/2023, e estabelecer correlações entre o estado nutricional e a aptidão física, e os indicadores de saúde previstos no Programa Nacional de Saúde Escolar vigente (PNSE de 2015) relacionados com a alimentação. Os métodos utilizados tiveram como base a aplicação do General Nutrition Knowledge Questionnaire for Adolescents (GNKQA), validado para a população adolescente portuguesa, a análise dos indicadores de saúde previstos no PNSE e a avaliação da aptidão física, através dos resultados obtidos nos testes da Aplicação FITescola®. Os resultados permitiram concluir que o nível de literacia alimentar no Alentejo Litoral é adequado, e que das variáveis em estudo, o mesmo varia de acordo com o género, sendo o feminino o que apresenta melhores resultados. Também se constatou melhores resultados no grupo que consome fruta e hortícolas diariamente. O nível de literacia alimentar não varia em função do desempenho físico, em qualquer um dos testes aplicados.
  • Perspetivas sobre a utilização da rotulagem de precaução de alergénios a nível nacional
    Publication . Severino, Joana Filipa Fernandes; Caetano, Fernando J. P.
    O aumento de alergias e intolerâncias alimentares e de reações anafiláticas tem vindo a crescer consideravelmente nos últimos anos, sendo amplamente evidenciados ao nível científico como uma preocupação emergente de saúde à escala mundial. Provenientes da relação comportamental do indivíduo face à sua ingestão alimentar, a informação disponibilizada no rótulo alimentar é um dos fatores chave para uma aquisição de alimentos segura, contudo, o aumento da Rotulagem de Precaução neste, gerou no consumidor uma perda de credibilidade, insegurança e stresse nas suas escolhas alimentares. Objetivos: Pretende-se analisar as perspetivas existentes ao nível nacional sobre o aumento de Rotulagem de Precaução e o possível impacto na qualidade de vida do consumidor, considerando a identificação da prevalência destas patologias, as principais causas deste aumento e barreiras encontradas, sendo desenvolvida uma proposta de atuação. Os recursos utilizados incidiram-se na revisão bibliográfica e desenvolvimento de 3 inquéritos para os grupos definidos: População em Geral, Profissionais de Saúde e Indústria Alimentar, cujo tratamento estatístico foi efetuado através do programa estatístico “Real Statistics”. A prevalência de alergias e intolerâncias alimentares incidiu-se em 8% e 20%, existindo uma predominância no sexo feminino 75%. A Rotulagem de Precaução tem influência e impacto nas escolhas alimentares do consumidor. As principais barreiras para o seu aumento de utilização, deveu-se a falta de diretrizes, sendo os motivos referidos nos sectores alimentares provenientes da necessidade de cumprir com funções de gestão e de comunicação de risco. O comportamento do consumidor é limitado devido a uma insegurança e dúvida existente sobre a real presença ou não dos alergénios, existindo um nível de risco identificado quando não tida em atenção. À semelhança das perspetivas encontradas a nível mundial, existe uma necessidade aumentada em reformular/atualizar e/ou desenvolver um regulamento e/ou diretrizes, extensíveis e normalizadas a nível mundial que regulem e permitam melhor orientar os sectores alimentares sobre a utilização da Rotulagem de Precaução, mas também, apostar na educação nas demais frentes e possibilitem a aquisição de conhecimento mais sólido sobre os presentes temas abordados, sendo esta, uma excelente ferramenta preventiva e essencial na diminuição da exposição acidental de alergénios. É apresentada uma proposta de uso de pictogramas específicos para a presença de alergénios e quando em quantidade superior a 0,5 mg /100 g do produto alimentar.
  • Literacia alimentar e nutricional numa população de consumidores jovens de uma escola secundária do concelho de Mafra
    Publication . Almeida, Eunice Andrea Pedro de; Fernandes, Ana Paula
    A alteração que se tem registado nos últimos anos nos hábitos de vida dos portugueses em geral e dos jovens adolescentes em particular, tem entre outros fatores, gerado alterações nos hábitos e consumos alimentares, verificando-se uma insuficiente ingestão de frutas, vegetais e cereais aliada ao consumo excessivo de alimentos processados, ricos em sal, gorduras saturadas, gordura trans e açúcares, particularmente açúcares refinados e consequente diminuição ou mesmo o abandono da prática da Dieta Mediterrânica, dos seus costumes e hábitos associados bem como a adoção de uma vida mais sedentária. Com a crescente emancipação familiar pela crescente autonomia e aproximação dos seus pares, a influência das redes sociais e influencers, os adolescentes apresentam-se como um grupo vulnerável e com necessidades especiais em literacia em saúde e em particular em literacia alimentar. São cada vez mais os dados conhecidos e as evidências científicas sobre a influência dos hábitos de vida e alimentação saudável na promoção da saúde e na prevenção das Doenças Crónicas não Transmissíveis, através da adoção de hábitos de vida saudáveis. O presente estudo exploratório de carácter transversal, teve como principal objetivo caraterizar a literacia alimentar e os hábitos alimentares dos jovens adolescentes que frequentam a Escola Secundária José Saramago, no concelho de Mafra. A amostra foi constituída por 181 participantes, sendo 114 (63%) alunos do género feminino, 65 (35,9%) do género masculino e dois alunos que não se identificaram com qualquer dos géneros (1,1%). Os participantes tinham idades compreendidas entre os 15 e os 21 anos e com média de idades de 16,94 anos. A recolha de dados foi realizada pelo preenchimento de um questionário online distribuído às turmas pelos Diretores de Turma da Escola. O questionário integrou secções para a caraterização sociodemográfica e antropométrica, frequência de consumo dos principais tipos de alimentos processados e ultraprocessados incluindo o Questionário de Conhecimentos Gerais de Nutrição – Adolescentes (GNKQ_A General Nutritional Knowledge Questionnaire - Adolescents). Os resultados revelaram que os alunos participantes não atingiram um conhecimento de 50% para o índice de literacia total (49,4%), com registo de um maior défice a nível das escolhas diárias da alimentação (47,6%) e a nível das fontes de nutrientes (49,8%). Para o item relação dieta e doença, o valor foi de 50%, sendo que a maior percentagem de conhecimento se verificou em relação ao item recomendações dietéticas (60,2%). Registaram-se também diferenças entre os géneros no que respeita ao consumo de alimentos pré-confecionados, de hambúrgueres, pizzas, peixe, molhos cerveja, bebidas brancas, refrigerantes e fruta enlatada. No que respeita às duas classes de percentil de IMC verificou-se um consumo de peixe mais frequente pelos alunos com excesso ponderal e obesos do que pelos alunos com baixo peso e peso saudável. Perante os resultados obtidos neste estudo poder-se-á concluir que, de acordo com as indicações de entidades como a Organização Mundial de Saúde e a Direção Geral de Saúde, é necessário aumentar o investimento na educação alimentar junto da população em geral e em especial nas faixas etárias mais jovens, de forma a contribuir para uma ingestão alimentar consciente, informada e certa no que à escolha de alimentos saudáveis diz respeito, uma vez que podem contribuir para a diminuição da prevalência das doenças crónicas não transmissíveis na idade adulta.
  • Planetary health diet: could ir be a sustainable and healthy solution for infants in a plant-based diet? A survey with german parents and guardians
    Publication . Figueiredo, Marina Torres; Carapeto, Cristina
    Durante todas as fases da vida, mas especialmente durante a primeira infância, infância e adolescência, uma dieta saudável é muito importante para apoiar o crescimento normal, o desenvolvimento físico e cognitivo e para promover a saúde. A amamentação satisfaz todas as necessidades energéticas e nutricionais durante os primeiros seis meses de vida do bebé, além de promover a imunidade e uma capacidade cognitiva ideal. Durante a segunda metade do primeiro ano de vida de uma criança, satisfazer as necessidades de micronutrientes é o maior desafio. Portanto, é recomendado o consumo de alimentos complementares. Crianças com menos de 12 meses de idade precisam de alimentos nutritivos com alto teor de gordura e energia, bem como de alimentos densos em nutrientes para fornecer-lhes energia e vitaminas lipossolúveis. A alimentação complementar consiste em, para além do leite materno, alimentos dados aos bebês para atingir as suas necessidades energéticas e nutricionais. Uma dieta complementar saudável é essencial para prevenir a morbimortalidade infantil. Como os bebés não comem uma grande quantidade de alimentos, é necessária uma dieta rica em nutrientes para apoiar o seu crescimento e desenvolvimento. Portanto, a densidade de nutrientes na fase de alimentação complementar deve ser suficiente para atender às necessidades do bebé. O leite líquido ainda é uma parte importante dessa fase podendo ser fornecido como leite materno ou como leites de transição. Na Alemanha, o Instituto de Pesquisa em Nutrição Infantil (FKE) é a sociedade científica responsável pela nutrição infantil e são utilizados os valores de referência DACH para ingestão de nutrientes. Estes valores são emitidos pelas sociedades científicas na área de nutrição da Alemanha, Áustria e Suíça (D-A-CH). Além do leite, a alimentação complementar recomendada na Alemanha começa com uma papa de legumes, batata e carne ao almoço, não antes do 5º mês de idade e não depois do 7º mês. Nos meses seguintes, aproximadamente com intervalo de um mês cada, devem ser introduzidos na dieta do bebê um cereal com leite à noite e uma papa de cereais e frutas à tarde. As novas refeições substituem gradualmente a amamentação durante o desenvolvimento da criança. Nesta fase, a criança deve comer alimentos em puré fino. A composição da papa vegetais-batata-carne varia ao longo da semana, sendo recomendada uma refeição de carne 5x/semana, peixe 1x/semana e 1x/semana uma refeição totalmente vegetal. Como os bebés tendem a seguir os hábitos de suas famílias, é possível supor que o número de casos de alimentação complementar à base de plantas também esteja aumentando já que as dietas à base de vegetais estão a ser encorajadas como substitutos do atual padrão alimentar global e dos padrões de consumo. As dietas à base de plantas englobam as dietas vegan, vegetariana (lacto-vegetariana, ovolacto-vegetariana, ovo-vegetariana, pesco-vegetariana) e flexitariana. A maior desvantagem das dietas à base de plantas ocorre quando não são bem planeadas, causando deficiências de micronutrientes. Alguns micronutrientes como o ferro, a vitamina A, o zinco, as vitaminas D e B12 estão menos disponíveis nas plantas do que nas fontes alimentares de origem animal. Para resolver este problema, as dietas baseadas em plantas, especialmente as dietas vegans, devem ser bem planeadas para atingir as necessidades de nutrientes dietéticos para todas as faixas etárias. Atualmente, existe um desacordo entre as sociedades científicas na área de nutrição mundiais quanto à aceitação de dietas à base de plantas em todas as fases da vida, especialmente durante a gravidez, lactação e primeira infância. Para o Programa Nacional Português para a Promoção de uma Alimentação Saudável uma dieta vegetariana bem planeada e com suplementação quando necessária, é adequada para qualquer indivíduo, incluindo os grupos mais frágeis. Posição oposta tem a Sociedade Alemã de Nutrição (DGE), que recomenda uma dieta com todos os grupos alimentares, bem como produtos de origem animal, especialmente para os grupos mencionados anteriormente. Porém, para a DGE, caso o indivíduo opte por seguir uma dieta vegetariana, três pontos são essenciais: suplementação, seleção de alimentos e acompanhamento médico. Devido à procura de dietas saudáveis e de uma produção sustentável de alimentos foi desenvolvida a Dieta da Saúde Planetária. Essa dieta é baseada no consumo de alimentos à base de plantas desenvolvida para adultos e visa principalmente o consumo de frutas, vegetais, grãos integrais, leguminosas, nozes e óleos insaturados. O consumo de carne, laticínios, açúcares adicionados e vegetais ricos em amido deve ser baixo ou moderado. Esta dieta pode ser adaptada às necessidades alimentares, preferências pessoais e tradições culturais. O presente trabalho teve como objetivo avaliar os hábitos alimentares das crianças alemãs entre 6 meses e 1 ano de idade. O inquérito foi desenvolvido com 27 questões sendo 25 de escolha múltipla e 2 questões abertas. A pesquisa foi dividida em quatro seções: a primeira composta por perguntas gerais sobre as crianças, a segunda relacionada aos hábitos alimentares das crianças, seguida de uma seção sobre alimentos prontos para consumo e a última sobre a família. Os participantes foram convidados a responder ao questionário tendo como sujeitos o filho mais novo com mais de 6 meses de idade. Caso a criança já tivesse ultrapassado a idade da alimentação complementar, foi solicitado que os participantes respondessem às questões referentes a esse período (6º ao 12º mês) de vida. Como em muitos casos os participantes responderam às questões relativamente ao passado, a alternativa “não tenho certeza” esteve presente em muitas questões para evitar respostas falsas, o que influenciaria os resultados. A participação foi voluntária e anónima. O estudo forneceu informações sobre a frequência com que os bebés consomem diferentes grupos de alimentos, no entanto, o baixo número de participantes influenciou o sucesso desse trabalho, sendo necessárias pesquisas adicionais com um maior número de participantes para validar os resultados obtidos assim como para investigar a quantidade de alimentos consumidos, em quais refeições e para determinar se o programa nutricional alemão para o primeiro ano de vida está a ser seguido. Quando o consumo de diferentes grupos de alimentos é comparado entre bebés omnívoros e em dietas à base de plantas, verifica-se que os bebés omnívoros consomem mais carne e laticínios, enquanto os bebés em dietas à base de plantas consomem mais grãos integrais, leguminosas, nozes e sementes do que os bebés omnívoros. O consumo de vegetais ricos em amido, leguminosas e frutas foi semelhante entre os dois grupos. Muitas pessoas ainda não estão familiarizadas com a Dieta da Saúde Planetária portanto, quanto mais se falar sobre o tema, mais conhecimento é distribuído e talvez mais pessoas a adotem. Como este inquérito foi realizado principalmente em Munique e em Pfaffenhofen, Alemanha e uma vez que a população-alvo era menor do que o esperado, os resultados não são indicativos de toda a Alemanha e menos ainda dos hábitos alimentares das crianças da Europa. Um estudo mais amplo deve ser realizado para obter um melhor conhecimento dos hábitos alimentares das crianças em vários tipos de dietas. A nutrição infantil é um tema complexo e, embora este estudo tenha conseguido comparar com sucesso os dados obtidos no questionário com as recomendações do Instituto de Pesquisa em Nutrição Infantil alemão para alimentação complementar, não é possível recomendar a Dieta da Saúde Planetária como uma dieta alternativa às crianças alemãs. É pois necessária, uma investigação mais aprofundada de forma a chegar a uma adaptação viável da dieta para bebés de 6 meses a 1 ano de idade, levando em consideração todas as necessidades nutricionais desse grupo.
  • Perceção dos consumidores portugueses em relação ao consumo de carne cultivada
    Publication . Santos, Juan Carlos de Jesus dos; Fernandes, Ana Paula
    A carne é um alimento importante na dieta do ser humano devido ao seu conteúdo em proteínas, lípidos e micronutrientes, sendo que, por outro lado, determinados componentes como ácidos gordos saturados, colesterol e purinas são prejudiciais, pelo que o consumo de carne em excesso pode originar problemas de saúde. Os fatores que determinam o consumo de carne são complexos, por exemplo, a demografia, renda, preço, tradição e cultura, crenças religiosas, assim como preocupações ambientais, sociais, éticas e de saúde, podem condicionar o grau de ingestão. Neste âmbito, o crescimento populacional previsto nas próximas décadas, associado à produção intensiva e consumo desenfreado de carne podem colocar em causa a sustentabilidade do sistema alimentar, a segurança alimentar e o futuro do planeta. Existem evidências cientificamente comprovadas de que o sistema alimentar atual, dependente de um setor agropecuário global e intensivo, contribui para o aquecimento global da Terra e para as consequentes alterações climáticas. Desta forma, é necessário procurar soluções para mitigar a produção e o consumo de carne de origem animal, pelo que a implementação de proteínas alternativas pode ser uma das possíveis soluções. Neste sentido, a carne cultivada apresenta-se como uma alternativa viável, sendo produzida a partir de células-tronco de um animal, pelo que não é necessário criar animais para posterior abate. A produção de carne cultivada apresenta inúmeras vantagens, por exemplo, a redução do consumo de recursos como água, energia e solos, quando comparados com a produção de carne na agropecuária. No entanto, também possui algumas limitações e desafios, como por exemplo a neofobia alimentar por parte dos consumidores e o preço da carne cultivada, que está dependente do processo de produção em larga escala. O conhecimento do ser humano em relação aos problemas associados à agropecuária tradicional, assim como a perceção e aceitação dos consumidores em relação à carne cultivada são fundamentais para a implementação da carne cultivada como produto alimentar, sendo relevante avaliar o padrão de consumo de carne pelos consumidores, neste caso, dos portugueses. A perceção e aceitação dos consumidores portugueses são fatores-chave para a entrada deste novo produto no mercado português, sendo que o presente estudo pretende observar o padrão atual de consumo de carne convencional pelos portugueses, observar o grau de preocupação em relação aos vários problemas relacionados com o sistema alimentar, analisar o grau de conhecimento e a perceção dos consumidores sobre a carne cultivada. Neste sentido, desenvolveu-se um inquérito online dirigido a utilizadores de internet, o qual foi distribuído através das redes sociais (Facebook, Instagram, Whatsapp) e por email. O inquérito por questionário aplicado esteve estruturado em 6 secções e composto por 24 questões, sendo colocadas aos participantes questões de escolha múltipla, questões com caixas de verificação, de resposta curta e de escala linear. Disponibilizou-se também aos participantes dois vídeos curtos, os quais eram opcionais e que tiveram a duração de cerca de dois a cinco minutos cada um, tendo como objetivo esclarecer os participantes menos informados. No que se refere ao conteúdo do inquérito por questionário, abordaram-se questões de índole sociodemográfica, assim como problemáticas relacionadas com a agropecuária tradicional, hábitos alimentares dos participantes e questões direcionadas no campo de informação da carne cultivada. Os dados recolhidos foram tratados através do programa Statistical Package for de Social Sciences (SPSS) versão 26.0.0, tendo-se utilizado técnicas básicas de análise exploratória de dados. Nos resultados apresentados, observou-se que 91,9% dos participantes admitem consumir carne convencional, pelo que apenas 2,4% seguem uma dieta vegetariana e 1,3% um regime vegano, sendo que no cômputo geral, 8,0% refere não consumir carne, tendo em conta outras dietas alternativas Por outro lado, apesar de que a carne cultivada ainda não é comercializada em Portugal, mais de metade da amostra (55,2%) admitiu estar mais ou menos familiarizada com a temática, tendo-se observado que 59,0% dos participantes apresentaram disponibilidade em experimentar carne cultivada.
  • Insegurança e consumo alimentar em jovens praticantes de modalidade desportiva na Região Autónoma da Madeira
    Publication . Pereira, Suhail Ramos Nascimento; Fernandes, Ana Paula
    A adolescência é uma das fases da vida onde existem as maiores mudanças físicas e psicológicas no organismo do ser humano. São um grupo populacional vulnerável e de grande importância nos estudos de Insegurança e Consumo alimentar, associadas aos seus comportamentos, ao perfil dos jovens, a sua alimentação e ao seu desenvolvimento no contexto de gênero e na sua vida quotidiana familiar. Por esta razão, existiu a necessidade de estudar um grupo de jovens adolescentes da Região Autónoma da Madeira, no sentido de avaliar os indicadores que permitem analisar o grau de insegurança alimentar e ingestão de nutrientes. Neste sentido foram objetivos do estudo medir o grau de insegurança alimentar em jovens que praticam desporto, bem como quantificar a ingestão nutricional deste grupo. Foi realizado um estudo transversal com adolescentes que praticam desporto num clube da RAM entre julho e outubro de 2021. A recolha dos dados foi feita através de um questionário estruturado online distribuído aos jovens e que continha: i) questões para a caracterização sociodemográfica e antropométrica; ii) questões acerca da modalidade desportiva; iii) a Escala de Experiência da Insegurança Alimentar (Food Insecurity Experiencie Scale - FIES); e iv) Inquérito semi-quantitativo de Frequência de Consumo de Alimentos. Os dados alimentares foram analisados e convertidos em nutrientes usando o Software Food Processor. Usou-se SPSS para Windows versão 27.0 após a verificação de valores ausentes e valores discrepantes. Considerou-se, nos testes de hipóteses desenvolvidos, uma significância de 5%, ou seja, a hipótese nula considerou-se rejeitada sempre que p<0,05. A população em estudo tem em média de idades 13,89 ± 2,322 anos, verificando-se que 84 eram do sexo masculino (75%) e 28 eram do sexo feminino (25%), os jovens residem na sua maioria na cidade do Funchal (63,4%) e praticam como modalidade desportiva o futebol (80,2%). Foi verificado que 89,3% dos jovens tem segurança alimentar, 8,9% dos jovens tem insegurança alimentar ligeira e apenas 1,8 % dos jovens se encontravam na classe de insegurança alimentar moderada. No que se refere as classes de percentis de IMC, observou-se que 76,8% da amostra se encontra numa faixa de baixo peso e normoponderal, e 23,3% encontram-se em sobrecarga ponderal e obesidade. Em relação ao consumo alimentar destes jovens em todos os nutrientes se verificaram participantes com ingestão inadequada a exceção dos ácidos gordos trans.
  • Sustentabilidade económica e ambiental dos subprodutos da cerveja
    Publication . Pestana, Sandra dos Santos; Fernandes, Tiago A.; Caetano, Fernando J. P.
    A indústria cervejeira é responsável por gerar grandes quantidades de resíduos sólidos. A sua reutilização promove um dos princípios da economia circular, deitando por terra o modelo económico linear. Razões como a dependência dos combustíveis fósseis, as políticas económicas e ambientais e o crescimento demográfico incrementam a necessidade da adoção de procedimentos económicos e ambientalmente sustentáveis. A reutilização tem como desafio criar uma cadeia de valor para estes resíduos, que apesar das suas elevadas potencialidades, por vezes são negligenciados, pouco valorizados, e descartados em aterros. O principal objetivo desta dissertação consiste no desenvolvimento empírico, no que respeita à valorização dos subprodutos da cerveja, com vista a um processo rentável e ambientalmente sustentável. Numa primeira fase apresenta uma revisão do processo de fabrico da cerveja e suas matérias-primas, assim como a identificação e caracterização dos principais resíduos sólidos, nomeadamente, dreche (bagaço de malte), trub (resíduos de lúpulo) e levedura excedente. Numa segunda fase do documento, estão apresentadas as potenciais aplicações para valorização destes subprodutos. A título de exemplo, uma aplicação pode ter como destino a alimentação humana, uma vez que alguns destes subprodutos podem ser consumidos diretamente ou ser submetidos a tratamentos de forma a incrementar maior tempo de prateleira. Podemos encontrar estes subprodutos em forma de bolachas, suplementos, entre outros, ou utilizá-los para a extração de antioxidantes, proteínas, ou até mesmo de óleos essenciais. Na alimentação animal estes subprodutos podem ser misturados até 40% com outras farinhas, em forma de pellets ou farelo e utilizado na alimentação quer de ruminantes, como de galinhas, porcos e peixes. Existem estudos a comprovar que esta mistura melhora a qualidade da carne e a qualidade do leite, no caso dos ruminantes. Estes subprodutos também podem ser usados para a produção de energia através da libertação de calor ou através da fermentação anaeróbica. O calor ou o biogás produzido, poderão ser utilizados na produção de energia elétrica, sendo uma alternativa amiga do ambiente. Atualmente, a tecnologia de polímeros está a crescer. O ácido lático tem sido procurado para a produção do ácido polilático. Começam a surgir estudos para a utilização da dreche também na construção civil. Na construção de tijolos, foi possível verificar que este resíduo incrementa resistência mecânica e porosidade ao material. A compostagem dos terrenos com os subprodutos da cerveja, também se apresenta como uma mais-valia na fertilização dos terrenos agrícolas. Por último, temos a produção de carvão ativado, onde apenas pode ser usada a dreche. Esta, submetida a um processo de pirólise e ativação, dá origem a um excelente elemento filtrante, tanto para líquidos como para gases. Apesar destas inúmeras possibilidades de reaproveitamento, todas com o seu valor e interesse, cabe ao produtor adequar o melhor método à sua realidade. A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) alerta para a importância de uma escolha ponderada, pois estas medidas, muitas vezes, carecem de investimentos, cujo retorno económico poderá tardar. Por fim, numa terceira parte e através de uma pesquisa exploratória, foi possível apurar que grande parte dos produtores de cerveja portugueses entrevistados reutilizam os seus subprodutos para ração animal ou para compostagem. Apesar da consciência de que estas práticas sustentáveis podem reverter como fortes estratégias de marketing junto do consumidor final, certo é que também não estão acessíveis outras formas de valorização, quer seja pelas quantidades produzidas, por dificuldades de acondicionamento destes resíduos, ou por questões económicas. Já em relação aos consumidores de cerveja, mediante ao recurso de um inquérito por questionário, foi possível apurar que parte destes estão sensíveis a estas questões da sustentabilidade e estão dispostos a assumir até 5% do valor unitário por uma cerveja ambientalmente sustentável.