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CEMRI | Teses

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  • Mobilidade estudantil internacional: estudantes estrangeiros de uma Universidade Federal
    Publication . Vieira, Zânia Maria Rios Aguiar; Ramos, Natália
    A presente investigação tem como objetivo analisar o acolhimento, a integração, as relações interculturais, as oportunidades e benefícios, assim como as dificuldades e riscos psicossociais de estudantes estrangeiros de uma Universidade Federal do nordeste brasileiro (UFRN), a considerar os ambientes universitário e onde o estudante cumpre o estágio curricular. Busca-se, portanto, analisar e compreender como ocorrem os processos migratórios internacionais relacionados com o acolhimento e a integração dos discentes na Universidade e na organização onde se dá o estágio, bem como os riscos psicossociais e as relações interculturais da vivência em país estrangeiro, especialmente em situação de estágio e oportunidades decorrentes desta experiência de mobilidade e internacionalização. Tal objetivo geral conta com a participação dos alunos estrangeiros matriculados na UFRN no período de 2017 a 2021 e matriculados na disciplina Estágio Curricular dos cursos de graduação desta Universidade Federal brasileira, através de um estudo de caso, com utilização de paradigmas qualitativo e quantitativo. A análise dos resultados foi dividida em cinco tópicos. O primeiro versou sobre o perfil sociodemográfico dos estudantes em mobilidade acadêmica, concluindo que a maioria dos participantes eram do sexo masculino, jovens, solteiros e mais de 85% eram do continente africano. No segundo tópico analisado sobre o acolhimento e cultura organizacional da Universidade, os estudantes avaliaram de forma positiva o acolhimento na Universidade, entretanto, mais de metade afirmou que a UFRN não apresentou as oportunidades de estágio aos alunos. Além disso, quase todos os estudantes afirmaram que a Universidade respeitava a diversidade religiosa, entretanto mais da metade relatou ter sofrido preconceito por ser estrangeiro, enquanto um terço informou ter presenciado palavras e ações ridicularizando os alunos por não falarem português. Por sua vez, no terceiro tópico analisamos o acolhimento na empresa/instituição onde realiza estágio, quase todos os participantes da pesquisa foram informados pela chefia sobre as atribuições que teriam a desenvolver na empresa/instituição, enquanto 80% relataram que cumpriram o plano de estágio. No quarto tópico analisamos as competências interculturais, que englobam atitudes, habilidades e conhecimentos. Os estudantes demonstraram conhecer bem a cultura brasileira e muitos adotaram modos de vida dos brasileiros, a grande maioria referiu atitudes tolerantes em relação a outras opiniões e estarem dispostos a resolver conflitos interculturais na Universidade e no ambiente de estágio. Por último, no quinto tópico sobre os riscos psicossociais, mais de metade dos discentes afirmaram que, às vezes, não tinham tempo para completar todas as tarefas do seu trabalho e estudos. Metade dos estudantes afirmou não ter oportunidade de apresentar novas ideias no ambiente de estágio, embora mais de três quartos dos participantes disse ter sido valorizados no estágio. Sobre a saúde, dois terços praticavam desporto, metade dos estudantes participantes da pesquisa consumiam álcool e menos de um quinto informou que usavam drogas. Cerca de dois terços sentiam solidão, um quarto dos estudantes apresentaram insônia e quase todos sentiam exaustão mental, com alteração de humor, além de outros riscos resultantes de algum assédio moral e sexual no ambiente do estágio relatados pelos estudantes.
  • Envelhecimento ativo, digno e saudável: contributos dos idosos e seus cuidadores
    Publication . Brito, Maria Emília Campos; Ramos, Natália; Oliveira, Albertina Lima
    Neste estudo pretendeu-se dar voz às pessoas idosas e aos seus cuidadores (familiares/informais e profissionais/formais) para conhecer as suas perspetivas sobre a discriminação e violência para com as pessoas idosas e quais os seus contributos para a sua prevenção. Seguimos uma abordagem metodológica de natureza qualitativa que permite compreender o significado que as pessoas idosas e seus cuidadores atribuem à discriminação e à violência de que são alvo os mais velhos. Participaram pessoas idosas, num total de 27, através de focus group, e seus cuidadores, num total de 38, através de entrevistas semiestruturadas, em contexto comunitário, meio urbano e rural. Dos resultados obtidos sobre a perceção dos participantes relativos à discriminação e violência, destacamos: que as pessoas idosas são um grupo heterogéneo, frequentemente não são respeitadas, o que afeta a sua dignidade humana e consequentemente não são tidos em conta os seus direitos; que os estereótipos e preconceitos influenciam a representação social das pessoas idosas e afetam o seu bem-estar, surgindo na sociedade em geral, e em contextos de saúde e sociais; que a discriminação é uma forma de violência e um ato condenável e criminal, originando medo e vergonha por parte das pessoas idosas, pois os agressores são, na maioria das vezes, os próprios familiares; que a (in)visibilidade da violência, torna difícil a sua identificação, existindo um défice de denúncia; que os participantes reconhecem diversos tipos de violência, nomeadamente física, psicológica, económico-financeira, negligência, abandono, os quais ocorrem em casa, nos lares e em casas de acolhimento: Os participantes destacam ainda diversos fatores de risco, tais como: a falta de apoios na comunidade adequados à pessoa idosa e família; as condições de saúde e sociais da pessoa idosa, o isolamento; a sobrecarga dos cuidadores familiares; a falta de formação dos diversos cuidadores; cuidados de saúde inadequados incluindo a falta de resposta atempada da RNCCI; educação pessoal insuficiente; pessoa idosa a viver sozinha; história familiar de violência; aumento da população idosa; características do agressor; o próprio sistema político; falta de amor e respeito; e programas de televisão violentos. Em relação aos contributos para a prevenção da discriminação e violência para com a pessoa idosa, foi salientada a relação das pessoas idosas com quem as rodeia, através de interações baseadas no respeito e afetividade, e um acompanhamento efetivo das pessoas idosas, através de serviços de proximidade. Há necessidade de dar suporte ao cuidador familiar. Na comunidade, foi reforçada a importância da relação amistosa com os profissionais de saúde e de uma forma geral, a necessidade de intervenção conjunta dos vários atores de apoio e segurança, o trabalho em parceria, a supervisão dos cuidadores familiares, dos lares/instituições e cuidadores profissionais, a necessidade de identificação da população idosa, e de mais recursos humanos e materiais nas áreas da saúde e social, tendo em conta a real necessidade das pessoas idosas e famílias. Em termos políticos são necessárias medidas mais eficazes de proteção da pessoa idosa, supervisão das instituições, melhoria das condições de vida das pessoas idosas, promoção da dignidade das pessoas idosas, políticas de apoio às famílias, restruturação dos recursos de saúde e sociais adaptados às necessidades reais das pessoas idosas e família, melhoria do funcionamento da RNCCI, promoção da justiça social e terminar com a mudança da hora legal. A educação foi referida por todos os participantes como uma importante medida de prevenção da discriminação e violência, devendo ocorrer a nível individual, familiar, dos cuidadores familiares e profissionais e da sociedade em geral, através de programas sobre o processo de envelhecimento e de programas de educação intergeracional. Foi referido ainda dar mais visibilidade à discriminação e violência para com a pessoa idosa, para a tomada de consciência de toda a população, usando a comunicação social e as redes sociais, bem como investigar o impacto da violência na pessoa idosa. O envelhecimento ativo, digno e saudável pode contribuir, a nível individual, para a promoção de comportamentos de vida saudáveis ao longo de todo o ciclo de vida e preparar para o envelhecimento desde o nascimento. A família tem o dever de promover relações intergeracionais e solidárias, a transmissão de comportamentos saudáveis e valores. Na comunidade é importante fortalecer as relações intergeracionais, o amor, a solidariedade, infraestruturas de saúde e sociais que promovam o envelhecimento ativo, digno e saudável ao longo da vida e o desenvolvimento do trabalho em parceria. A nível político é necessário fazer reformas estruturais nas áreas educativa, social e de saúde.
  • Avaliação da competência intercultural em agências europeias descentralizadas: estudo comparativo entre as agências do domínio da justiça e dos assuntos internos e restantes
    Publication . Cabaço, João; Ramos, Natália
    A União Europeia dispõe de um conjunto de instituições para atingir os seus objetivos comunitários. Cada uma delas, de acordo com os seus propósitos e fins específicos, deverá contribuir com informação para um bem comum. De entre todas estas instituições da UE, existem as Agências Europeias descentralizadas e que foram criadas para desenvolver funções técnicas e científicas, com o objetivo de informarem e ajudarem as instituições de gestão política da União Europeia a tomar decisões. São estas agências que se ocupam de questões e problemas que afetam a vida quotidiana dos 500 milhões de pessoas que vivem na UE. Estas agências desempenham no espaço comunitário tarefas especializadas em diferentes domínios que vão desde a pesquisa, propostas de regulamentação e fiscalização sobre os alimentos que comemos, à medicação, à educação e direitos fundamentais, à segurança e justiça, entre outros que nos afetam diariamente e que normalmente não paramos para pensar neles. A importância do tema reside na necessidade de promover a paz, a justiça social e a coesão social em sociedades cada vez mais diversas. Através da diversidade intercultural e da gestão da interculturalidade através e da promoção do diálogo intercultural, é possível construir pontes entre diferentes culturas, aumentar a compreensão mútua e prevenir conflitos e exclusão social. Sendo as Agências Europeias organizações constituídas e frequentadas por pessoas provenientes de toda a Europa, interessa saber como é que as relações sociais se desenvolvem, como são negociadas as diferenças culturais e como é que é feita a comunicação entre os pares e com o exterior, onde a compreensão e a aceitação do outro sem discriminações devem ser permanentes e fazer parte dos seus códigos de conduta. O bom desempenho destas agências pode afetar diretamente a vida de muitos outros residentes da UE, mas também de muitos outros que procuram a UE como um espaço comum, saudável, seguro, social e culturalmente enriquecedor e integrativo e não como fonte de discriminação, violência e exclusão. Assim, no nosso estudo a proposta consistiu em analisar estas agências com o objetivo comum de verificarmos qual a perceção sobre diferentes dimensões da competência intercultural e como é que esta faz parte do quotidiano da vida das pessoas dentro destas agências e das suas funções. De uma forma breve, o nosso estudo verificou que, de uma forma geral, não existem diferenças significativas entre as Agências JHA e as Restantes Agências ao nível da perceção e avaliação que fazem sobre a competência intercultural. Porém, e sendo um estudo exploratório constatam-se diversas linhas possíveis para futuras investigações, como por exemplo; constatou-se que cerca de 53% dos funcionários europeus destas agências não possui qualquer formação na área da interculturalidade, e que em comparação entre os dois grupos de agências, são os da JHA que mais formação possuem (55%). De referir que a maioria dos participantes não é atento (60,7%) às barreiras institucionais discriminatórias, e que estes valores são praticamente iguais para ambos os grupos das agências estudadas. Salientamos também que cerca de 30% dos funcionários das Agências Europeias Descentralizadas já se sentiu culturalmente discriminado, em algum momento, dentro da agência onde trabalha. Só com a realização contínua e aprofundada de estudos nestas áreas se pode entender melhor como essas questões afetam o funcionamento das Agências Europeias Descentralizadas e como podem ser abordadas de maneira eficaz, a fim de promover a inclusão, a diversidade e a igualdade de oportunidades para todos os indivíduos que trabalham nestas organizações, bem como a qualidade do seu funcionamento.
  • Ensino a distância e tecnologias digitais enquanto promotores da comunicação e integração educacional e intercultural no ensino superior: oportunidades e desafios na atualidade e em tempos de pandemia Covid-19
    Publication . Lopes, Ana Cristina Duarte; Ramos, Natália
    Em 2020, com o surgimento da pandemia Covid-19, o mundo foi confrontado com mudanças drásticas que evidenciaram desigualdades sociais entre países e nos países, com maior reflexo nos grupos mais vulneráveis, em situação de pobreza ou migração. Estes desafios verificaram-se na área da educação que, em poucos dias, sofreu uma adaptação de um modelo presencial para um ensino remoto, o que fez renascer o debate sobre o modelo educativo existente, e sobre a disseminação tecnológica no ensino. Estas evidencias motivaram o desenvolvimento do presente estudo, que teve como objetivo perceber o impacto do uso das tecnologias digitais, enquanto facilitadoras da integração educacional e intercultural. A introdução das tecnologias digitais, para além de permitir a manutenção do ensino, pode ainda facilitar a integração de alunos provenientes de diferentes países e culturas, contribuindo para um ensino mais adaptado à realidade do mundo de trabalho global, plural e mutável. No entanto, também apresenta desafios, pois apesar de uma abordagem digital ser mais próxima da realidade social, é mais adaptada a determinados públicos-alvo e mais exigente e potencialmente mais solitária para o aluno, contrariamente ao ensino pré-pandemia, onde a base era a proximidade ao professor evitando que o aluno dependa tanto de si próprio. Para melhor compreender e quantificar o impacto desta dinâmica realizou-se um estudo descritivo e exploratório, de cariz misto (qualitativo e quantitativo). Na fase qualitativa participaram coordenadores e professores de Instituições do Ensino Superior Portuguesas, que deram o seu contributo especializado através de entrevistas individuais semiestruturadas, tendo sido analisados os resultados através de uma análise de conteúdo. A fase quantitativa abrangeu uma amostra não probabilística de alunos de Instituições de Ensino superior portuguesas, recolhida através de uma entrevista online, o que permitiu uma análise estatística descritiva dos dados. Os resultados demonstram que a pandemia impôs desafios como a falta de preparação da maioria das instituições de ensino superior para uma migração tecnológica, o que implica uma necessidade de investimento financeiro, assim como o impacto negativo em termos de efeitos psicológicos que um ensino totalmente a distância pode ter na comunidade educativa que não se identifica com este tipo de modalidade de ensino, ou para os alunos que não têm condições para o frequentar. No entanto, todos os desafios devem ser encarados como oportunidades, e percebeu-se a essencialidade do apoio aos professores bem como destes aos alunos e a necessidade de capacitação de competências digitais, comunicacionais e interculturais através da implementação de ações de formação. Uma abordagem mais tecnológica amplifica a possibilidade de manter um ensino em qualquer circunstância, em paralelo com a facilitação da integração sociocultural de todos os alunos independentemente da sua origem. Estas alterações não só preparam a educação para possíveis novas adversidades futuras, como permitem diminuir desigualdades, conferindo maior inclusão e abertura ao ensino superior.
  • Percursos de integração dos novos fluxos de migrantes portugueses no Cantão de Zurique: estratégias e desafios
    Publication . Pinto, Maria Carolina da Cunha; Horta, Ana Paula Beja
    O presente estudo procurou mapear, compreender e analisar o percurso de integração dos novos fluxos de migrantes portugueses, na Suíça, no Cantão de Zurique, a partir das suas autoperceções. Como ponto de partida empírico recorreu-se a uma metodologia mista que conciliou diferentes instrumentos de recolha de dados tais como: o inquérito por questionário aplicado em diversas redes sociais, as entrevistas autobiográficas realizadas aos migrantes e as entrevistas semiestruturadas não só aos administradores de grupos na rede social Facebook como também aos atores sociais com vínculo a instituições suíças e portuguesas. Os principais resultados obtidos revelam uma diversificação de perfis e alterações estruturais ao nível das qualificações, em que predominam os migrantes com habilitações de nível superior. A maioria dos portugueses inicia o seu percurso de integração pela via laboral. A estratégia para uma integração com sucesso tem como pilar fundamental as redes familiares e de amigos portugueses já estabelecidos na Suíça. Elas figuram como a estrutura segura e de apoio ao projeto migratório e, posteriormente, ao percurso de integração. Por seu turno, as redes de colegas suíços e estrangeiros contribuem não só para a sua integração sociocultural, mas também para a sua mobilidade profissional. Nas suas autoperceções, é na dimensão da linguística que os migrantes, numa fase inicial, sentiram maiores dificuldades. Face às evidências empíricas, concluiu-se que os portugueses que migraram para o Cantão de Zurique, no arco temporal de 2013-2019, se consideram bem integrados na sociedade suíça, fazendo um balanço positivo da sua integração nesta geografia de destino.
  • Saberes e práticas de mães angolanas sobre os cuidados ao recém-nascido: contributos para melhorar a intervenção em saúde infantil e promover cuidados de saúde culturalmente competentes
    Publication . Tavares, Elsy; Ramos, Natália
    O período neonatal é crítico na vida de uma criança, pela sua maior vulnerabilidade e maior risco de morte. Assim, os cuidados realizados ao recém-nascido (RN) revestem-se da maior importância e têm reflexos na sua saúde futura. A cultura, mitos e crenças revelamse num conjunto de saberes tradicionais que muitas vezes prevalecem perante os conhecimentos científicos, levando a práticas de cuidados com consequências negativas para a saúde, como é o caso da onfalite. Em Angola, existe um elevado número de mortes nos recém-nascidos, sendo a septicemia uma das principais causas. Mantendo-se a tendência atual, entre 2017 e 2030, prevê-se que cerca de 60 milhões de crianças morrerão em todo o mundo, sendo metade recém-nascidos (UNIGME, 2017). Estas evidencias motivaram-nos a desenvolver o presente estudo, que teve como objetivo estudar os saberes e práticas de mães angolanas nos cuidados ao recém-nascido, nomeadamente ao coto umbilical. Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, comparativo e transversal que tem por base uma metodologia sobretudo de cariz qualitativa. Optamos por uma amostra não probabilística por conveniência. Solicitamos a participação de informadores qualificados para dar o seu contributo especializado sobre o tema. Utilizamos a triangulação de meios de colheita de dados através da entrevista semiestruturada, observação fílmica, fotográfica, observação direta e registo em grelha de observação. Realizamos o tratamento através de estatística descritiva e de análise de conteúdo. Os principais resultados evidenciam que os saberes e as práticas de mães angolanas nos cuidados ao recém-nascido, nomeadamente ao coto umbilical, derivam da componente empírica transmitida maioritariamente pela família através das gerações, e sobretudo pelas avós do recém-nascido e da componente científica atráves dos profissionais de saúde. O tempo de permanência na cidade de Luanda, das mães naturais de várias províncias de Angola, pode ser indicador da aculturação à cidade e a razão de algumas semelhanças nos seus testemunhos quando comparadas com as mães naturais de Luanda. Contudo, observamos que as mães com experiência migratória revelam alguns comportamentos distintos das mães naturais de Luanda, nomeadamente, ao mencionar com mais frequência o álcool como conhecimento prévio, sendo no entanto, as mães naturais de Luanda que mais o utilizam de forma isolada como prática nos cuidados ao coto umbilical. As práticas nos cuidados ao coto umbilical revelam uma variedade de meios e de produtos tradicionais, traduzindo-se em práticas incorretas e com consequências nocivas para o recém-nascido. Constatamos que existem mães que mesmo referindo conhecer a prática recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), optam por manter os cuidados tradicionais. Perante a elevada influência cultural nos cuidados das mães angolanas recomendamos o investimento na formação de profissionais no âmbito de cuidados de saúde culturalmente competentes, contribuindo para a capacitação das mães e diminuição da morbimortalidade neonatal em Angola.
  • Migrações e os desafios às democracias europeias: uma análise sob a perspetiva da ética contratualista à abertura das fronteiras
    Publication . Figueiredo, Paula Alexandra Carvalho de; Sousa, Lúcio; Fontes, José
    Após o Tratado de Lisboa a União Europeia manteve a pretensão em alcançar uma política de asilo e migração comum, sustentada no Código de Fronteiras Schengen e no desenvolvimento do sistema de asilo. No entanto, o afluxo de migrantes e as constantes tragédias no Mediterrâneo dominaram as decisões políticas da instituição, durante a 8ª Legislatura. A Ética Contratualista possibilita apelar a um acordo racional ou razoável entre indivíduos, mas também entre as relações dos Estados, neste contexto, da União Europeia, sobre os princípios de justiça que devem orientar a política da instituição. Neste sentido, o objetivo da investigação foi analisar se a abertura das fronteiras a nacionais de países terceiros, pela UE, é compatível com as democracias europeias, com base na Ética Contratualista. Quanto ao método, esta foi uma investigação exploratória, com um enfoque misto, com três instrumentos de avaliação: um questionário, com onze participantes; uma entrevista; e uma análise do conteúdo do discurso em sessão plenária, de sessenta e seis Eurodeputados portugueses e espanhóis, da 8ª Legislatura, que representaram cinco Grupos Parlamentares. A discussão dos Eurodeputados centrou-se na incapacidade das instituições europeias em reformar o sistema de asilo, dando origem a uma orientação securitária das fronteiras externas, com o reforço de Schengen, da FRONTEX e da externalização da gestão da migração, em detrimento dos direitos humanos. Esta postura evidenciou uma nova “soberania dos Estadosmembros da União”, a mesma que condiciona a liberdade de circulação, o que se revelou incompatível com os valores democráticos, de acordo com a perspetiva da Ética Contratualista. Mas as críticas, também, incidiram no incumprimento sistemático dos Tratados, por parte dos Estados-membros, o que colocou em causa a legitimidade democrática da União, uma falta de confiança por parte das democracias europeias. Apesar dos resultados corroborarem que na prática os Grupos Parlamentares manifestaram-se em conformidade com a sua ideologia política. Desde a perspetiva ideal do Contratualismo, o discurso dos Eurodeputados apresentou um elevado nível de concordância com os princípios de justiça estabelecidos nos Tratados, principalmente, o primado dos direitos humanos, o que revelou uma postura favorável ao argumento das fronteiras abertas.
  • Contribuições para o estudo da fecundidade diferencial em Moçambique: o caso particular da cidade de Maputo
    Publication . Bäckström, Bárbara
    Uma análise da abundante literatura sobre a fecundidade mostra que até hoje poucas respostas foram realmente levadas a cabo na tentativa de dar conta do seu carácter multidimensional. Venefica-se a existência de uma "barreira" que separa os estudos demográficos dos estudos sociológicos. Os demógrafos preocupam-se sobretudo com o nível e a tendência dos fenômenos demográficos enquanto os sociólogos se preocupam pouco com o significado destes mesmos fenômenos enquanto elementos integrantes do social. Partindo do pressuposto que a fecundidade se encontra no cruzamento de diferentes domínios da sociedade nomeadamente o demográfico. O sociológico. o cultural, o económico e o biológico e que a fecundidade nos pode revelar uma diferenciação social dos comportamentos reprodutivos, este estudo pretende constituir uma análise sociológica de um fenômeno demográfico A ambição deste estudo é a de tentar encontrar um certo equilibro entre a análise estatística da fecundidade diferencial em Maputo, através da análise dos dados do Inquérito Demográfico Nacional Moçambicano de 1991 e a explicação dessa fecundidade diferencial. Por um lado, pressupõe o domínio dos conceitos e das técnicas de análise, por outro? A localização dos fenômenos demográficos numa perspectiva mais ampla, tendo em conta os determinantes biológicos, sociais e econômicos. Temos como objectivo conhecer a fecundidade ao nível de um grupo de mulheres em idades reprodutivas na cidade de Maputo e estabelecer uma tipologia dos seus comportamentos fecundos. Queremos também debruçarmo-nos sobre a comparação do comportamento ao nível dos diferentes grupos etários. Para uma melhor sistematização divide-se o presente trabalho em 5 capítulos. O primeiro dedica-se à problematização e orientação teórica. na qual se definem os conceitos e os factores determinantes da fecundidade diferencial. Neste capítulo contextualiza-se teoricamente a análise em relação à realidade africana. Para além desta contextualização e orientação teórica, definem-se o objecto de estudo e as hipóteses de investigação. O segundo refere-se à contextualização demográfica, abrangendo as tendências e perspectivas da dinâmica demográfica moçambicana e as características da fecundidade em Moçambique. No terceiro apresenta-se a metodologia. São abordados neste capitulo o instrumento de observação. os conceitos básicos e a qualidade dos dados. O quarto é consagrado å análise do fenómeno fecundidade. Este capítulo comporta ao mesmo tempo o estudo da fecundidade e o dos seus determinantes. Inclui a caracterização da amostra e do casal bem como a sua respectiva fecundidade diferencial. A parte V deste capitulo: examina os dados através da análise factorial e subdivide-se numa análise multivariada das correspondências múltiplas e na classificação automática dos dados. Finalmente o quinto resume as principais conclusões discutidas ao longo do texto.
  • Gravidez na adolescência na região de Lisboa: cultura ou literacia em saúde?
    Publication . Carmona, Ana Paula Reis; Ramos, Natália
    Na prática clínica e ao longo do tempo, constatou-se uma realidade social e multicultural relativa a um conjunto de jovens adolescentes que recorriam, já grávidas, aos cuidados de saúde, por vezes numa fase tardia da gestação, verbalizando tê-la aceite e estarem felizes, algumas admitindo ainda tê-la planeado, enquanto outras referiam que “aconteceu” mas que “tiram” pois a IVG não é difícil. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (2018), Portugal era o segundo país da União Europeia com maior taxa de partos em mães entre os 15 e os 19 anos. As implicações para a vida destas jovens são de ordem física, psicológica, educacional e sócio-económica uma vez que, os nascimentos em jovens menores de 19 anos trazem à mãe, bebé e comunidade em que se inserem variados problemas, sendo actualmente considerados um problema de saúde pública. Esta evidência tornou-se factor motivador para o desenvolvimento de uma investigação qualitativa não experimental, desenvolvida em contexto natural, tendo como objectivos conhecer e analisar os valores, as crenças e os comportamentos que levam à gravidez na adolescência; descrever crenças universais e específicas relacionadas com os valores culturais e os comportamentos em adolescentes autóctones e migrantes e identificar as influências resultantes dos contactos entre as várias culturas, decorrentes do processo migratório. Trata-se de um estudo exploratório descritivo e indutivo, de forma a estudar e compreender os determinantes em saúde relacionados com este fenómeno, assim como as desigualdades sociais e processos de exclusão em comunidades específicas de minorias desfavorecidas. Realizou-se uma abordagem micro no município da Amadora, um concelho com grande variabilidade social e cultural. Utilizou-se o processo de amostragem não probabilística, com amostra em “bola de neve” tendo participado informantes qualificados, “indivíduos de referência” e grávidas adolescentes autóctones e migrantes. A recolha de dados foi efectuada com triangulação de métodos tais como questionários sócio-demograficos; entrevistas semi-estruturadas em profundidade com recolha áudio e fílmica; observação participante directa e ainda fotografias, tal como outros documentos visuais de redes sociais. Para tratamento dos dados foi utilizada a técnica da análise de conteúdo. Concluiu-se que o fenómeno da gravidez na adolescência se afigura complexo e de causas multifactoriais, motivo por que foi compreendido e abordado em várias dimensões e vertentes, tendo sido necessário distinguir gravidez não planeada ou acidental que implica a necessidade de uma tomada de decisão entre seguir com a gravidez, ou a possibilidade legal de realizar IVG, se atempadamente; do desejo, explícito ou não, de uma gravidez precoce que também pode ser devido a um conjunto de envolvências, das quais se destaca o desejo do parceiro pela gravidez, idealizando-a como meio de conseguir o amor do namorado, consciencializando apenas o futuro imediato, com a idealização de uma vida perfeita, romântica e cheia de amor. Uma forma de viver o seu ritual de passagem à vida de adulta, uma necessidade de afirmação como mulher, tal como haviam feito anteriormente mães e avós. Também uma baixa escolarização e ausência de projecto profissional, assim como a literacia da comunidade em que se inserem e as condições habitacionais em contexto de bairro social levam à idealização de que o bebé permite desempenhar “o papel da sua vida” de forma a pertencer e ser aceite, numa cultura ou comunidade, onde o “correto” e “habitual” é ser mãe adolescente. Não foi encontrada evidência de que a convivência entre culturas resultasse em significativa diferenciação entre adolescentes autóctones e migrantes, ao nível dos determinantes psicossociais, culturais e de saúde, mas sim de que o processo de aculturação tenha influenciado ambas para a gravidez precoce. Recomenda-se a aquisição/aperfeiçoamento de competências Comunicacionais e Interculturais, por parte dos profissionais, através do Conhecimento dos Determinantes Culturais e Psicossociais, para uma adequação da prática de cuidados em saúde, tanto a nível individual como comunitário para o aumento da literacia; trabalho em equipa multidisciplinar, também em contexto escolar, envolvendo a comunidade, as famílias e o meio ambiente onde se inserem, desenvolvendo programas de educação para a saúde e para a cidadania. Para estudo futuro, sugere-se a realização de um projecto-piloto de investigação-acção, através de uma abordagem longitudinal com utilização da metodologia fílmica, para além da recolha de dados também de forma didáctica.
  • A educação intercultural na aula de português no 3º Ciclo do Ensino Básico
    Publication . Oliveira, Dulce Maria Garcia de; Sequeira, Rosa Maria
    Esta investigação foi realizada no âmbito do Doutoramento em Educação, na vertente de Educação e Interculturalidade, tendo como título “A educação intercultural na aula de Português no 3º Ciclo do Ensino Básico”. O principal objetivo foi não só o de conhecer as representações e práticas docentes relativamente à diversidade cultural nas turmas de 3º ciclo do Ensino Básico dos Agrupamentos de Escolas e das Escola Não Agrupadas da freguesia de Arrentela, - concelho do Seixal, península de Setúbal -, como também propor uma “matriz sociocultural” para a disciplina de Português no 3º Ciclo do Ensino Básico e aplicá-la a turmas alvo, permitindo verificar se a mesma propicia uma maior e efetiva participação de todos os alunos, contribuindo para o seu sucesso educativo. Esta investigação alicerçou-se no quadro teórico da educação para a cidadania intercultural, nomeadamente na educação intercultural e no modelo coorientacional de Byram. Este trabalho tomou a forma de estudo de caso, tendo-se recorrido ao paradigma quantitativo e qualitativo, tornando-os complementares na recolha de dados. No decorrer desta investigação, efetuou-se um processo de investigação exploratória, tendo-se realizado pesquisa documental para uma breve caracterização da Península de Setúbal, do concelho do Seixal, da freguesia de Arrentela. Fez-se um levantamento de dados sobre a diversidade cultural das escolas com 3º ciclo do Ensino Básico desta freguesia e sobre o insucesso dos alunos no exame de Português de 9º ano. Utilizou-se, ainda, um inquérito por questionário a vinte e um docentes do grupo 300 que lecionaram Português no 3º ciclo do Ensino Básico das escolas supra mencionadas, nos anos letivos 2011/2012, 2012/2013/ 2013-2014 (alguns dos quais ainda lecionam), para conhecer as representações docentes e práticas letivas recorrentes em escolas pluriculturais. A análise dos primeiros dados recolhidos por inquérito por questionário demonstrou que, para os docentes inquiridos, o objetivo primordial da educação intercultural é a abertura e aproximação ao Outro. No que concerne as práticas letivas, há uma preocupação dos professores em aproveitar uma parte do manancial e da riqueza da diversidade cultural das turmas heterogéneas, nomeadamente na prática da leitura/escuta, (re)escrita, na divulgação de textos enriquecedores entre cultura(s), na comparação entre culturas, na promoção de atividades colaborativas, nas atividades integrando a cultura de origem ou de herança. Verificou-se ainda que os materiais privilegiados na sala de aula são maioritariamente os manuais escolares e a compilação de textos emanados pelas editoras de livros escolares. Uma vez que os manuais escolares não contemplam muitas culturas, os docentes utilizam, em menor percentagem, textos de todo o género que permitem a comparação entre culturas, uma atitude crítica e a descentração. Relativamente à colaboração entre alunos, esta é essencialmente realizada através do trabalho de pares, enquanto a cooperação entre escola/comunidade é desenvolvida sobretudo por exposição e eventos escolares abertos à população e por atividades que podem ser corealizadas por alunos e Encarregados de Educação e/ou seus familiares. Como causas para a não implementação da educação intercultural nas aulas de Português, os inquiridos denunciaram fatores fulcrais como a ausência de formação adequada e de materiais didáticos e pedagógicos adequados ou o comportamento dos alunos, entre outros. Posteriormente, foi produzido e aplicado um inquérito por questionário a três turmas heterogéneas escolhidas (7.°, 8.° e 9.° anos) para sua posterior caracterização. Após esta etapa, foram recolhidos e selecionados materiais e atividades pedagógicos que foram integrados numa proposta de “matriz sociocultural” (Costa Afonso, 2002) aberta a modificações, transversal a outras disciplinas, baseada nas diversas identidades socioculturais dos alunos presentes em sala de aula, alicerçada, por um lado, essencialmente, no domínio da educação literária, por outro, na ponte que deve ser, continuamente, estabelecida entre escola/ comunidade local/ comunidade global. Nesta proposta é visível a preocupação na procura de textos literários canónicos, cujos conteúdos culturais permitam o contacto com a alteridade, com outras cosmovisões capazes de promover, por um lado, a desconstrução de preconceitos, estereótipos, do racismo e/ou suas manifestações, por outro, proporcionar a compreensão, a valorização crítica de culturas, a consciencialização da necessidade de liberdade, criatividade e reflexão crítica na criação de um mundo mais justo e na sustentação de um estado democrático. Aquando da aplicação experimental da “matriz”, envolvido nas interações comunicacionais interculturais propiciadas pelos materiais e atividades/projetos subsequentes, o discente assumiu o papel de sujeito sociocultural crítico, cidadão ativo e responsável. Da aplicação experimental foi efetuado um registo dos acontecimentos mais pertinentes. Outras sugestões de atividades/projetos foram veiculadas.