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CEMRI | Teses

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  • A Multi/Interculturalidade em contexto empresarial multinacional e global: desafios, estratégias e competências
    Publication . Pinheiro, José Carlos Martins; Ramos, Natália
    Esta dissertação analisa a relevância da multi/interculturalidade em contextos empresariais multinacionais, salientando os desafios, as preocupações, os obstáculos e as soluções, bem como apresentando estratégias para a gestão da diversidade cultural no local de trabalho, num cenário marcado pelo dinamismo do mundo contemporâneo. Com a globalização dos mercados e o aumento da interconetividade social e económica, torna-se essencial para as organizações compreender e gerir eficazmente as dife-renças culturais, promovendo as interações interculturais que potenciem o sucesso orga-nizacional. A investigação centrou-se nos desafios enfrentados pela EnergyNorthStar, adotando uma abordagem de métodos mistos (integrando técnicas quantitativas e qualitativas) para recolher e analisar dados sobre a inclusão, a formação transcultural, a consciência multicultural e as práticas de gestão da diversidade cultural. A pesquisa incluiu a aná-lise das Dimensões Culturais de Geert Hofstede e de Edward T. Hall, avaliando o impacto das barreiras de comunicação, das normas culturais divergentes e da experiência de equi-pas diversificadas. Os resultados evidenciam tanto os desafios como os benefícios da multi/interculturalidade. Entre os principais desafios destacam-se as barreiras culturais e de comunicação, enquanto os benefícios incluem soluções inovadoras e perspetivas enriquecedoras provenientes das diversas origens e experiências dos colaboradores. Com base nos dados apurados, propõem-se estratégias centradas na promoção da inteligência cultural (i.e. capacidade de interagir de uma forma eficiente em contextos culturais diversos, nomeadamente com pessoas de diferentes países, etnias, religiões, organizações ou até mesmo de áreas profissionais que têm valores, costumes e formas de comunicação distintos) e da competência intercultural (i.e. capacidade de interagir de forma eficaz e apropriada com pessoas de outras culturas), na implementação de políticas de diversidade e de inclusão e, ainda, no desenvolvimento de programas de formação intercultural, com o objetivo de criar ambientes laborais respeitadores, adaptáveis e eficazes, em conformidade com as exigências de um mercado globalizado.
  • Famílias imigrantes, cuidados aos idosos e género: um estudo de famílias imigrantes no Luxemburgo com familiares idosos no país de origem
    Publication . Gonçalves, Maria da Conceição Loureiro; Ramos, Natália
    A crescente globalização e o aumento da mobilidade humana são realidades incontestáveis no mundo contemporâneo. Os indivíduos, as culturas e as formas de compreender o mundo atravessam fronteiras, alterando estilos de vida e estabelecendo novos vínculos noutras geografias. Outra realidade refere-se ao envelhecimento populacional e às preocupações relacionadas com os cuidados aos idosos. Num cenário de migração, estas questões adquirem grande dimensão. O fenómeno do envelhecimento populacional preocupa os familiares, as instituições governamentais e políticas e a sociedade. O presente estudo procura compreender como os familiares da pessoa idosa gerem o seu quotidiano e os cuidados à distância. Para tal, foi adotada uma abordagem qualitativa de caráter indutivo. Numa perspetiva interseccional de relações de género, procurou-se compreender as práticas dos cuidados, as dificuldades e as (des)igualdades que permeiam essas relações no contexto familiar dos entrevistados. A pesquisa sublinha que a interseccionalidade das relações de género no âmbito dos cuidados à distância apresenta complexidades e desafios para os familiares, considerando as dimensões culturais, económicas, sociais e emocionais envolvidas. Ademais, destaca que os cuidados à distância são frequentemente atribuídos às mulheres, refletindo normas culturais tradicionais, além de sentimentos de dever moral e filial. Assim como sentimentos de culpa, impotência e tristeza. O estudo revela a importância dos meios de comunicação em rede na aproximação das famílias e na partilha dos cuidados à distância. A investigação permitiu-nos avaliar a complexidade dos cuidados transnacionais, abrir reflexões para estudos futuros e apontar caminhos para novas abordagens.
  • Estudantes do ensino superior e sensibilidade intercultural : contributos da geração Erasmus para a psicossociologia das relações e da comunicação intercultural
    Publication . Marques, Tânia Santos; Ramos, Natália
    A interação com indivíduos de outras culturas pode contribuir para a mudança de atitudes etnocêntricas, e o contato entre grupos pode fortalecer as relações intergrupais. Favorece também o desenvolvimento da sensibilidade intercultural, que se refere à dimensão afetiva da competência de comunicação intercultural. Os programas de intercâmbio e mobilidade, nomeadamente o ERASMUS, têm sido instrumentos da maior importância para encorajar a interação entre os jovens europeus e fomentar a interculturalidade, e a experiência de contato colabora de forma positiva para o aumento da consciência intercultural, das habilidades de comunicação intercultural e para o desenvolvimento de competências intelectuais e pessoais. As pesquisas reforçam o papel do contato na promoção da sensibilidade intercultural e evidenciam a sua correlação com algumas variáveis sociodemográficas e psicossociais, tais como, o sexo, o grau académico, o nível de literacia intercultural, a exposição prévia a a outros países e culturas, a competência linguística, a intencionalidade da exposição a outros países e culturas e a motivação para a intencionalidade da exposição a outros países e culturas. O presente trabalho teve como principal objetivo investigar questões relacionadas com a interação entre indivíduos de diferentes culturas, nomeadamente através da análise do nível de sensibilidade intercultural em estudantes do ensino superior e da sua relação com as variáveis em estudo, as quais se encontram ainda pouco exploradas no contexto da população portuguesa. Para este efeito, realizou-se um estudo exploratório e quantitativo com uma amostra de 97 estudantes do ensino superior. A recolha de dados foi realizada através de um questionário composto por variáveis sociodemográficas e psicossociais, e pela Escala de Sensibilidade Intercultural, de Chen & Starosta (2000). Os resultados revelam que o contato com diferentes países e culturas contribui para a promoção de relações interculturais mais satisfatórias, verificando-se, ao nível das variáveis analisadas um impacto positivo no desenvolvimento da sensibilidade intercultural.
  • Influência do processo de aculturação no bem-estar psicológico e na saúde mental de imigrantes portugueses que vivem no México
    Publication . Rodrigues, Charles; Ramos, Natália
    A aculturação refere-se ao processo de adaptação que os indivíduos experimentam ao se integrar em uma nova cultura, e a relação deste com a saúde mental, sendo um tema de interesse crescente, especificamente para as comunidades imigrantes. Assim, esta investigação teve como objetivo analisar a influência do processo de aculturação no bem-estar psicológico e na saúde mental de imigrantes portugueses que vivem no México. O método utilizado foi de enfoque descritivo e transversal, com um desenho misto. Participaram 79 indivíduos, 56 homens e 23 mulheres, com uma média de idade de 44.53; selecionados por conveniência. Os instrumentos utilizados tiveram por base as escalas do MIRIPS Questionnaire, a Escala de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS) e a Escala Positive and Negative Affet Schedule (PANAS), além do questionário sociodemográfico e uma entrevista semiestruturada. Os resultados revelam uma comunidade heterogénea cuja satisfação com a vida está relacionada com o uso de estratégias de aculturação de integração e assimilação, para os que são mão de obra qualificada e têm boa proficiência do português. No entanto, as variáveis: trabalho não qualificado, menor proficiência do espanhol, relação afetiva, discriminação percebida, comunicação interpessoal, envolvimento com a comunidade e o afeto positivo são preditores do uso de estratégias de separação; enquanto, ser maior de 60 anos conduz à utilização da estratégia de marginalização. De facto, toda as dimensões de adaptação sociocultural avaliadas influenciam a regulação emocional, porém, o que mais se evidencia é a ansiedade, cujas principais causas são a discriminação percebida e a insegurança.
  • Migração e saúde : adaptação, stress e bem-estar psicossocial de enfermeiros portugueses em contexto migratório no espaço europeu
    Publication . Teixeira, Mário Rui Pereira; Ramos, Natália
    O presente estudo procurou identificar, compreender e analisar as vulnerabilidades, riscos psicossociais, stress, saúde e bem-estar psicossocial de enfermeiros portugueses em contexto migratório noutros países europeus. Como ponto de partida empírico utilizou-se uma metodologia mista que conciliou como instrumentos de recolha de dados as entrevistas semiestruturadas e o inventário Brief-COPE a imigrantes portugueses que viviam e trabalhavam nos seguintes países: Bélgica, Irlanda, Liechtenstein, Noruega, Reino Unido e Suíça. Os principais resultados indicam que a maior parte dos stressores físicos experienciados em contexto migratório são similares aos enfrentados pelos enfermeiros nativos, com exceção do trabalho em turnos de 12 horas ou mais, e o fator climático, ambos stressores físicos específicos no contexto estudado. O idioma, a discriminação, a separação da família e dos amigos e a maternidade em situação migratória são os principais stressores psicossociais que afetaram a saúde e o bem-estar destes imigrantes. Na sua perspetiva, é na dimensão linguística e comunicacional que os imigrantes, numa fase inicial, sentiram as maiores dificuldades. Face às evidências empíricas, concluiu-se que a maioria destes enfermeiros migrantes considera que a sua saúde e bem-estar melhoraram bastante, associando esta condição à melhoria do seu nível económico e de qualidade de vida, e fazendo um balanço positivo da sua integração nestas geografias de destino. Contudo, para 31,5% dos participantes a saúde e bem-estar pioraram a nível do sistema musculoesquelético e da saúde mental, pelo que seria pertinente aprofundar os fatores que podem explicar o agravamento da saúde e bem-estar em situação migratória.
  • Comunicação em saúde : percepção de pessoas negras e pardas face à representação da terceira fase da campanha publicitária de combate à Sífilis no Brasil
    Publication . Almeida, Anderson; Ramos, Natália; Lacerda, Juciano
    Desde o século XV que o mundo convive com a sífilis, uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema Pallidum. Desde o seu surgimento até hoje, a doença segue em alerta por todo o mundo e preocupa autoridades de saúde, mesmo existindo tratamento e cura. Um grande desafio societal é ter um comportamento sexual responsável e o compartilhamento de informação adequada por meio de uma comunicação assertiva. No Brasil esse cenário não é diferente. Por isso, o governo brasileiro, por intermédio do Ministério da Saúde, decretou em 2016 que o país enfrentava uma epidemia de sífilis. O Tribunal de Contas da União, por meio do Acórdão 2019/2017, determinou a execução de variadas e inovadoras ações de comunicação com o objetivo de impactar mais efetivamente a problemática da doença e robustecer a questão dos cuidados preventivos da população brasileira. A partir disso, entrou em atividade o “Projeto de Resposta Rápida ao Enfrentamento da Sífilis nas Redes de Atenção”, popularmente conhecido como “Sífilis Não”. Entre as ações do projeto, na área de comunicação, estavam a criação de seis campanhas publicitárias que informassem a população sobre a doença, estimulassem a testagem, o tratamento e a cura. Este trabalho de pesquisa debruça-se sobre a terceira campanha criada, intitulada de “Eu sei, você sabe? ”, lançada durante a pandemia da Covid-19, nas redes sociais do projeto “Sífilis Não”. Num país onde 56,1% da sua população é composta por negros e pardos, segundo o IBGE (2021), e que tem uma raiz histórica com a essa etnia, é fundamental analisar se a campanha publicitária criada que contempla essa parcela de brasileiros e brasileiras, principalmente, em função dos números da doença no país apontarem para uma infecção mais acentuada nesse público e entre os 20 e 40 anos. A partir das peças publicitárias criadas, o estudo organizou cinco grupos focais (Trad, 2009) com pessoas negras e pardas que, a partir de olhares subjetivos, propiciaram a análise de conteúdo da pesquisa (Bardin, 2011). Ademais, tornou possível discutir questões éticas, de interculturalidade, contexto na publicidade e situação de discriminação com o objetivo de promover resultados a serem apresentados ao Ministério da Saúde, a fim de se tornar uma importante ferramenta para o desenvolvimento de uma comunicação assertiva com parte significativa da população do Brasil. A pesquisa revelou, a partir do resultado das análises, que o conteúdo empregado nas peças publicitárias se mostrou próspero uma vez que apontamentos importantes na interpretação e identificação do material foram feitos (Bardin, 2011). Essa constatação dialoga diretamente com a pretensão da campanha em estabelecer uma relação emissor-receptor salutar no que diz respeito à busca pela conscientização, prevenção, tratamento e cura da sífilis. O alinhamento de todo o conteúdo informacional (Bauer e Gaskell, 2017), com a presença maioritária de pessoas negras e pardas, além da pluralidade de idades presentes, géneros e etnias gerou reconhecimento, por identificar características gerais do povo brasileiro. As tecnologias acessíveis, utilizadas na campanha publicitária, mostraram-se assertivas, visto o envolvimento, cada vez mais efetivo, das sociedades com as plataformas digitais de informação e entretenimento, bem como de relacionamento interpessoal.
  • Mobilidade estudantil internacional: estudantes estrangeiros de uma Universidade Federal
    Publication . Vieira, Zânia Maria Rios Aguiar; Ramos, Natália
    A presente investigação tem como objetivo analisar o acolhimento, a integração, as relações interculturais, as oportunidades e benefícios, assim como as dificuldades e riscos psicossociais de estudantes estrangeiros de uma Universidade Federal do nordeste brasileiro (UFRN), a considerar os ambientes universitário e onde o estudante cumpre o estágio curricular. Busca-se, portanto, analisar e compreender como ocorrem os processos migratórios internacionais relacionados com o acolhimento e a integração dos discentes na Universidade e na organização onde se dá o estágio, bem como os riscos psicossociais e as relações interculturais da vivência em país estrangeiro, especialmente em situação de estágio e oportunidades decorrentes desta experiência de mobilidade e internacionalização. Tal objetivo geral conta com a participação dos alunos estrangeiros matriculados na UFRN no período de 2017 a 2021 e matriculados na disciplina Estágio Curricular dos cursos de graduação desta Universidade Federal brasileira, através de um estudo de caso, com utilização de paradigmas qualitativo e quantitativo. A análise dos resultados foi dividida em cinco tópicos. O primeiro versou sobre o perfil sociodemográfico dos estudantes em mobilidade acadêmica, concluindo que a maioria dos participantes eram do sexo masculino, jovens, solteiros e mais de 85% eram do continente africano. No segundo tópico analisado sobre o acolhimento e cultura organizacional da Universidade, os estudantes avaliaram de forma positiva o acolhimento na Universidade, entretanto, mais de metade afirmou que a UFRN não apresentou as oportunidades de estágio aos alunos. Além disso, quase todos os estudantes afirmaram que a Universidade respeitava a diversidade religiosa, entretanto mais da metade relatou ter sofrido preconceito por ser estrangeiro, enquanto um terço informou ter presenciado palavras e ações ridicularizando os alunos por não falarem português. Por sua vez, no terceiro tópico analisamos o acolhimento na empresa/instituição onde realiza estágio, quase todos os participantes da pesquisa foram informados pela chefia sobre as atribuições que teriam a desenvolver na empresa/instituição, enquanto 80% relataram que cumpriram o plano de estágio. No quarto tópico analisamos as competências interculturais, que englobam atitudes, habilidades e conhecimentos. Os estudantes demonstraram conhecer bem a cultura brasileira e muitos adotaram modos de vida dos brasileiros, a grande maioria referiu atitudes tolerantes em relação a outras opiniões e estarem dispostos a resolver conflitos interculturais na Universidade e no ambiente de estágio. Por último, no quinto tópico sobre os riscos psicossociais, mais de metade dos discentes afirmaram que, às vezes, não tinham tempo para completar todas as tarefas do seu trabalho e estudos. Metade dos estudantes afirmou não ter oportunidade de apresentar novas ideias no ambiente de estágio, embora mais de três quartos dos participantes disse ter sido valorizados no estágio. Sobre a saúde, dois terços praticavam desporto, metade dos estudantes participantes da pesquisa consumiam álcool e menos de um quinto informou que usavam drogas. Cerca de dois terços sentiam solidão, um quarto dos estudantes apresentaram insônia e quase todos sentiam exaustão mental, com alteração de humor, além de outros riscos resultantes de algum assédio moral e sexual no ambiente do estágio relatados pelos estudantes.
  • Imigrantes acadêmicas, suas carreiras interrompidas e construção de identidades e saúde mental: tudo em nome de um amor
    Publication . Queiroz, Gláucia Maria de; Joaquim, Teresa
    Este estudo visou investigar a saúde mental e bem-estar de imigrantes acadêmicas latinas que se mudaram para a Alemanha devido a uma relação de conjugalidade com uma pessoa de nacionalidade alemã que aí reside. São centrais as questões relacionadas à vida profissional dessas mulheres, sua construção de identidade – com destaque para a identidade bicultural e a profissional – assim como a importância da maternidade nesse contexto. A literatura é rica em estudos que têm como foco os imigrantes mais vulneráveis, ou seja, refugiados e imigrantes indocumentados. O presente estudo, entretanto, focaliza mulheres latinas com formação acadêmica, as barreiras que elas encontram para inserir-se no novo mercado laboral, o papel da maternidade e o impacto da (in)satisfação vivenciadas no campo laboral sobre seu bem-estar e sua saúde mental. Ao todo, 215 mulheres responderam o inquérito online e a informação foi analisada estatisticamente. Dez dessas mulheres foram entrevistadas e a informação obtida foi analisada usando o método análise de conteúdo. Posteriormente usou-se a o método de triangulação para aprofundar a análise combinando os resultados quantitativos com os qualitativos. Os resultados apontam uma correlação entre a importância da vida laboral para a identidade e a saúde mental das imigrantes.
  • Representações sociais dos profissionais do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras - SEF: crenças, valores e atitudes relativamente aos migrantes
    Publication . Gaspar, Hugo Manuel Romão Serra dos Santos; Ramos, Natália
    As migrações são um fenómeno histórico e um dos principais desafios das sociedades modernas, dada a sua transversalidade e dimensão. Estas movimentações de massas acentuaram-se e provocaram transformações que se fizeram sentir a um nível planetário, em que as sociedades se passaram a caracterizar pela diversidade cultural e pelo multiculturalismo, vivemos agora num mundo globalizado e interligado. A realização desta dissertação teve como principal objetivo obter conhecimentos e compreender as crenças, valores e atitudes de profissionais do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras – SEF, relativamente aos migrantes, por serem o primeiro organismo de contacto. Pretendeu-se aferir se estes profissionais alteravam o seu comportamento profissional, pela influência de preconceitos e estereótipos na construção das suas representações sociais em relação aos migrantes. Foi selecionada uma amostra de 24 profissionais do SEF, originários das regiões Norte, Centro e Sul do país, com ensino secundário e ensino superior, a exercer funções na Direção de Fronteiras de Lisboa. Para este estudo exploratório, foi privilegiado o uso do método qualitativo, pela aplicação de um questionário, através de entrevista semiestruturada, que permitiu a recolha de dados, que foram sujeitos a análise de conteúdo. Concluiu-se que praticamente todos os profissionais do SEF que participaram neste estudo evidenciaram crenças, valores e atitudes favoráveis aos imigrantes, com particular sensibilidade em relação ao fenómeno e demonstraram atuar com profissionalismo. Contudo, atendendo aos resultados obtidos, foi percetível, ainda que em números residuais, que alguns profissionais deste serviço de segurança, agora extinto, pensavam e atuavam sob influência de representações, estereótipos e preconceitos. Os resultados ilustram a possibilidade de realizar melhoramentos ao nível da formação, sobretudo através da aprendizagem e desenvolvimento de competências interculturais, fulcrais no processo de comunicação e interação, que facilitarão esta dinâmica entre povos e culturas diversas.
  • Envelhecimento ativo, digno e saudável: contributos dos idosos e seus cuidadores
    Publication . Brito, Maria Emília Campos; Ramos, Natália; Oliveira, Albertina Lima
    Neste estudo pretendeu-se dar voz às pessoas idosas e aos seus cuidadores (familiares/informais e profissionais/formais) para conhecer as suas perspetivas sobre a discriminação e violência para com as pessoas idosas e quais os seus contributos para a sua prevenção. Seguimos uma abordagem metodológica de natureza qualitativa que permite compreender o significado que as pessoas idosas e seus cuidadores atribuem à discriminação e à violência de que são alvo os mais velhos. Participaram pessoas idosas, num total de 27, através de focus group, e seus cuidadores, num total de 38, através de entrevistas semiestruturadas, em contexto comunitário, meio urbano e rural. Dos resultados obtidos sobre a perceção dos participantes relativos à discriminação e violência, destacamos: que as pessoas idosas são um grupo heterogéneo, frequentemente não são respeitadas, o que afeta a sua dignidade humana e consequentemente não são tidos em conta os seus direitos; que os estereótipos e preconceitos influenciam a representação social das pessoas idosas e afetam o seu bem-estar, surgindo na sociedade em geral, e em contextos de saúde e sociais; que a discriminação é uma forma de violência e um ato condenável e criminal, originando medo e vergonha por parte das pessoas idosas, pois os agressores são, na maioria das vezes, os próprios familiares; que a (in)visibilidade da violência, torna difícil a sua identificação, existindo um défice de denúncia; que os participantes reconhecem diversos tipos de violência, nomeadamente física, psicológica, económico-financeira, negligência, abandono, os quais ocorrem em casa, nos lares e em casas de acolhimento: Os participantes destacam ainda diversos fatores de risco, tais como: a falta de apoios na comunidade adequados à pessoa idosa e família; as condições de saúde e sociais da pessoa idosa, o isolamento; a sobrecarga dos cuidadores familiares; a falta de formação dos diversos cuidadores; cuidados de saúde inadequados incluindo a falta de resposta atempada da RNCCI; educação pessoal insuficiente; pessoa idosa a viver sozinha; história familiar de violência; aumento da população idosa; características do agressor; o próprio sistema político; falta de amor e respeito; e programas de televisão violentos. Em relação aos contributos para a prevenção da discriminação e violência para com a pessoa idosa, foi salientada a relação das pessoas idosas com quem as rodeia, através de interações baseadas no respeito e afetividade, e um acompanhamento efetivo das pessoas idosas, através de serviços de proximidade. Há necessidade de dar suporte ao cuidador familiar. Na comunidade, foi reforçada a importância da relação amistosa com os profissionais de saúde e de uma forma geral, a necessidade de intervenção conjunta dos vários atores de apoio e segurança, o trabalho em parceria, a supervisão dos cuidadores familiares, dos lares/instituições e cuidadores profissionais, a necessidade de identificação da população idosa, e de mais recursos humanos e materiais nas áreas da saúde e social, tendo em conta a real necessidade das pessoas idosas e famílias. Em termos políticos são necessárias medidas mais eficazes de proteção da pessoa idosa, supervisão das instituições, melhoria das condições de vida das pessoas idosas, promoção da dignidade das pessoas idosas, políticas de apoio às famílias, restruturação dos recursos de saúde e sociais adaptados às necessidades reais das pessoas idosas e família, melhoria do funcionamento da RNCCI, promoção da justiça social e terminar com a mudança da hora legal. A educação foi referida por todos os participantes como uma importante medida de prevenção da discriminação e violência, devendo ocorrer a nível individual, familiar, dos cuidadores familiares e profissionais e da sociedade em geral, através de programas sobre o processo de envelhecimento e de programas de educação intergeracional. Foi referido ainda dar mais visibilidade à discriminação e violência para com a pessoa idosa, para a tomada de consciência de toda a população, usando a comunicação social e as redes sociais, bem como investigar o impacto da violência na pessoa idosa. O envelhecimento ativo, digno e saudável pode contribuir, a nível individual, para a promoção de comportamentos de vida saudáveis ao longo de todo o ciclo de vida e preparar para o envelhecimento desde o nascimento. A família tem o dever de promover relações intergeracionais e solidárias, a transmissão de comportamentos saudáveis e valores. Na comunidade é importante fortalecer as relações intergeracionais, o amor, a solidariedade, infraestruturas de saúde e sociais que promovam o envelhecimento ativo, digno e saudável ao longo da vida e o desenvolvimento do trabalho em parceria. A nível político é necessário fazer reformas estruturais nas áreas educativa, social e de saúde.