CEMRI | Teses
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- An tia : partilha ritual e organização social entre os Bunak de Lamak Hitu, Bobonaro, Timor-LestePublication . Sousa, Lúcio; Friedberg, Claudine; Rocha-Trindade, Maria BeatrizEsta tese etnográfica, realizada junto de uma comunidade montanhesa do grupo etnolinguístico Bunak, no subdistrito de Bobonaro, Timor-Leste, insere-se no campo de estudos sobre as sociedades do Sudeste Asiático. O seu objectivo, e singularidade consistem em analisar como é que, num contexto pós-conflito, uma comunidade se reconstitui, refazendo a sua organização social e as suas práticas rituais, no contexto das mudanças sociopolíticas ocorridas no passado recente. Na senda da tradição antropológica característica dos estudos da área, será dada particular relevância à forma como o ritual e a tradição oral dualista se relacionam enquanto ideologias estruturantes da comunidade – cientes, no entanto, da pluralidade de visões existentes no seu seio – e da sua inserção cosmológica. Mas, compete, igualmente, relacionar estes dois campos com a agência e a capacidade de adaptação que os indivíduos colocaram nas opções tomadas na reconstrução da sua comunidade, no momento actual, e as tensões que a perseverança dessa identidade coloca, face à modernidade, nomeadamente o Estado e a Igreja. A organização social e a prática ritual não podem deixar de ser contextualizadas nas relações de poder e autoridade que se jogam na comunidade dar-se-á particular relevo a esta dimensão já que a performance ritual é, na acepção local, eminentemente política, pois está associada à necessidade de impor ordem e definir estatutos. O trabalho foi desenvolvido numa perspectiva essencialmente emic, procurando confrontar as ideias e interpretações locais da comunidade com o mundo envolvente, nomeadamente a nova nação. Para o efeito, foi efectuado um trabalho de campo, que assume uma perspectiva diacrónica, tendo por base uma metodologia exploratória, qualitativa, com recurso a diversas técnicas de pesquisa como a etno-história, entrevistas semi-estruturadas e observação participante.
- Associativismo, capital social e mobilidade : contributos para o estudo da participação associativa de descendentes de imigrantes africanos lusófonos em PortugalPublication . Albuquerque, Rosana; Rocha-Trindade, Maria Beatriz; Carmo, HermanoOs resultados que se apresentam decorrem de um projecto de investigação sobre a participação associativa de descendentes de imigrantes de origem africana lusófona em Portugal. A problemática sobre a qual se delineou a pesquisa centra-se na compreensão do processo de participação cívica activa na sociedade portuguesa, mediante a análise dos factores que condicionaram o seu envolvimento em associações e das interacções entre a acção individual e o contexto sociopolítico. A questão central orientou-se em dois eixos, relacionados entre si: um primeiro, que procura identificar catalisadores da participação cívica; um segundo, tenta compreender o papel que a participação associativa desempenha na vida dos sujeitos participantes na pesquisa, especificamente no que respeita a trajectórias de mobilidade social. O associativismo é estudado enquanto instrumento de aquisição de capital social, pois permite o acesso a redes sociais que lhe são intrínsecas, e pelos efeitos que exerce em trajectórias de mobilidade individuais. A estratégia metodológica adoptada nesta investigação caracterizou-se pela abordagem qualitativa e a primazia do paradigma interpretativo. A matéria-prima empírica foi recolhida com base em histórias de vida, a partir de múltiplas entrevistas focalizadas nas trajectórias de dirigentes associativos, descendentes de imigrantes africanos lusófonos. A análise das trajectórias conduziu à elaboração de um sistema de catalisação da participação, que sublinha a influência recíproca entre factores estruturais e individuais. Confirma-se o papel do associativismo como fonte de capital social e de capital cultural e que a articulação de ambos favorece trajectórias de mobilidade social ascendente. Evidencia-se que o associativismo promove a socialização para a cidadania.
- Avaliação da competência intercultural em agências europeias descentralizadas: estudo comparativo entre as agências do domínio da justiça e dos assuntos internos e restantesPublication . Cabaço, João; Ramos, NatáliaA União Europeia dispõe de um conjunto de instituições para atingir os seus objetivos comunitários. Cada uma delas, de acordo com os seus propósitos e fins específicos, deverá contribuir com informação para um bem comum. De entre todas estas instituições da UE, existem as Agências Europeias descentralizadas e que foram criadas para desenvolver funções técnicas e científicas, com o objetivo de informarem e ajudarem as instituições de gestão política da União Europeia a tomar decisões. São estas agências que se ocupam de questões e problemas que afetam a vida quotidiana dos 500 milhões de pessoas que vivem na UE. Estas agências desempenham no espaço comunitário tarefas especializadas em diferentes domínios que vão desde a pesquisa, propostas de regulamentação e fiscalização sobre os alimentos que comemos, à medicação, à educação e direitos fundamentais, à segurança e justiça, entre outros que nos afetam diariamente e que normalmente não paramos para pensar neles. A importância do tema reside na necessidade de promover a paz, a justiça social e a coesão social em sociedades cada vez mais diversas. Através da diversidade intercultural e da gestão da interculturalidade através e da promoção do diálogo intercultural, é possível construir pontes entre diferentes culturas, aumentar a compreensão mútua e prevenir conflitos e exclusão social. Sendo as Agências Europeias organizações constituídas e frequentadas por pessoas provenientes de toda a Europa, interessa saber como é que as relações sociais se desenvolvem, como são negociadas as diferenças culturais e como é que é feita a comunicação entre os pares e com o exterior, onde a compreensão e a aceitação do outro sem discriminações devem ser permanentes e fazer parte dos seus códigos de conduta. O bom desempenho destas agências pode afetar diretamente a vida de muitos outros residentes da UE, mas também de muitos outros que procuram a UE como um espaço comum, saudável, seguro, social e culturalmente enriquecedor e integrativo e não como fonte de discriminação, violência e exclusão. Assim, no nosso estudo a proposta consistiu em analisar estas agências com o objetivo comum de verificarmos qual a perceção sobre diferentes dimensões da competência intercultural e como é que esta faz parte do quotidiano da vida das pessoas dentro destas agências e das suas funções. De uma forma breve, o nosso estudo verificou que, de uma forma geral, não existem diferenças significativas entre as Agências JHA e as Restantes Agências ao nível da perceção e avaliação que fazem sobre a competência intercultural. Porém, e sendo um estudo exploratório constatam-se diversas linhas possíveis para futuras investigações, como por exemplo; constatou-se que cerca de 53% dos funcionários europeus destas agências não possui qualquer formação na área da interculturalidade, e que em comparação entre os dois grupos de agências, são os da JHA que mais formação possuem (55%). De referir que a maioria dos participantes não é atento (60,7%) às barreiras institucionais discriminatórias, e que estes valores são praticamente iguais para ambos os grupos das agências estudadas. Salientamos também que cerca de 30% dos funcionários das Agências Europeias Descentralizadas já se sentiu culturalmente discriminado, em algum momento, dentro da agência onde trabalha. Só com a realização contínua e aprofundada de estudos nestas áreas se pode entender melhor como essas questões afetam o funcionamento das Agências Europeias Descentralizadas e como podem ser abordadas de maneira eficaz, a fim de promover a inclusão, a diversidade e a igualdade de oportunidades para todos os indivíduos que trabalham nestas organizações, bem como a qualidade do seu funcionamento.
- Comportamentos contracetivos de mulheres migrantes : conhecimentos, atitudes e práticas em contexto de diversidade culturalPublication . Lopes, Lídia Maria Mota Correia; Ramos, NatáliaA gravidez não desejada representa um problema de saúde pública a nível mundial, traduzindo-se em graves sequelas para a saúde da mulher, do feto e da criança, tornando-se emergente compreender os vários fatores que podem influenciar a efetiva prática contracetiva. Perante a diversidade cultural e étnica da sociedade portuguesa, com destaque para a população imigrante feminina, considerou-se importante identificar e compreender os conhecimentos, as atitudes e as práticas face aos métodos contracetivos das mulheres de origem africana e brasileira residentes em Portugal, na região de Lisboa. Desenvolveu-se um estudo descritivo, exploratório e transversal, com o recurso a metodologia mista. Foi utilizado o processo de amostragem não probabilística por conveniência; o universo de trabalho é constituído por 75 participantes, mulheres em idade fértil, a viver em Portugal há pelo menos um ano, oriundas do Brasil, Cabo Verde, Angola, Guiné-Bissau e S. Tomé e Príncipe. A recolha de dados foi efetuada por entrevista semiestruturada e os dados analisados no software SPSS 24.0 (dados quantitativos) e com o recurso à técnica de análise de conteúdo temática (dados qualitativos). Os resultados destacam que as participantes têm conhecimento da existência de um número médio de métodos contracetivos, mas apresentaram, no geral, um nível baixo de conhecimento sobre as suas características. Maioritariamente, apresentaram uma atitude positiva face à contraceção e ao benefício do seu uso, mas a adesão à contraceção revelouse mínima, sendo a prática contracetiva baseada no uso de métodos que exigem um uso correto e consistente para a sua eficácia e que dependem da participação masculina. É necessário que os profissionais de saúde desenvolvam estratégias de comunicação e educação para a saúde adequadas, promovendo a aquisição de conhecimentos por parte da mulher/casal e uma escolha livre e informada do método contracetivo, com ênfase nos grupos mais vulneráveis, considerando a variabilidade e particularidades individual, grupal e cultural.
- Comunicação em saúde : percepção de pessoas negras e pardas face à representação da terceira fase da campanha publicitária de combate à Sífilis no BrasilPublication . Almeida, Anderson; Ramos, Natália; Lacerda, JucianoDesde o século XV que o mundo convive com a sífilis, uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema Pallidum. Desde o seu surgimento até hoje, a doença segue em alerta por todo o mundo e preocupa autoridades de saúde, mesmo existindo tratamento e cura. Um grande desafio societal é ter um comportamento sexual responsável e o compartilhamento de informação adequada por meio de uma comunicação assertiva. No Brasil esse cenário não é diferente. Por isso, o governo brasileiro, por intermédio do Ministério da Saúde, decretou em 2016 que o país enfrentava uma epidemia de sífilis. O Tribunal de Contas da União, por meio do Acórdão 2019/2017, determinou a execução de variadas e inovadoras ações de comunicação com o objetivo de impactar mais efetivamente a problemática da doença e robustecer a questão dos cuidados preventivos da população brasileira. A partir disso, entrou em atividade o “Projeto de Resposta Rápida ao Enfrentamento da Sífilis nas Redes de Atenção”, popularmente conhecido como “Sífilis Não”. Entre as ações do projeto, na área de comunicação, estavam a criação de seis campanhas publicitárias que informassem a população sobre a doença, estimulassem a testagem, o tratamento e a cura. Este trabalho de pesquisa debruça-se sobre a terceira campanha criada, intitulada de “Eu sei, você sabe? ”, lançada durante a pandemia da Covid-19, nas redes sociais do projeto “Sífilis Não”. Num país onde 56,1% da sua população é composta por negros e pardos, segundo o IBGE (2021), e que tem uma raiz histórica com a essa etnia, é fundamental analisar se a campanha publicitária criada que contempla essa parcela de brasileiros e brasileiras, principalmente, em função dos números da doença no país apontarem para uma infecção mais acentuada nesse público e entre os 20 e 40 anos. A partir das peças publicitárias criadas, o estudo organizou cinco grupos focais (Trad, 2009) com pessoas negras e pardas que, a partir de olhares subjetivos, propiciaram a análise de conteúdo da pesquisa (Bardin, 2011). Ademais, tornou possível discutir questões éticas, de interculturalidade, contexto na publicidade e situação de discriminação com o objetivo de promover resultados a serem apresentados ao Ministério da Saúde, a fim de se tornar uma importante ferramenta para o desenvolvimento de uma comunicação assertiva com parte significativa da população do Brasil. A pesquisa revelou, a partir do resultado das análises, que o conteúdo empregado nas peças publicitárias se mostrou próspero uma vez que apontamentos importantes na interpretação e identificação do material foram feitos (Bardin, 2011). Essa constatação dialoga diretamente com a pretensão da campanha em estabelecer uma relação emissor-receptor salutar no que diz respeito à busca pela conscientização, prevenção, tratamento e cura da sífilis. O alinhamento de todo o conteúdo informacional (Bauer e Gaskell, 2017), com a presença maioritária de pessoas negras e pardas, além da pluralidade de idades presentes, géneros e etnias gerou reconhecimento, por identificar características gerais do povo brasileiro. As tecnologias acessíveis, utilizadas na campanha publicitária, mostraram-se assertivas, visto o envolvimento, cada vez mais efetivo, das sociedades com as plataformas digitais de informação e entretenimento, bem como de relacionamento interpessoal.
- Comunidade política, imigração e coesão social: o caso portuguêsPublication . Costa, Paulo Manuel; Rosas, João Cardoso; Horta, Ana Paula BejaO presente trabalho é um contributo para entender em que medida a existência de múltiplas pertenças étnico-culturais na comunidade política é conciliável com a manutenção de uma comunidade socialmente coesa e politicamente unitária. Tendo em conta a realidade imigratória em Portugal, procurou-se saber quais os laços que ligam os imigrantes à comunidade política e em que medida eles podem ser mobilizados para a integração dos imigrantes num projecto comum de vivência em território nacional. Metodologicamente, este trabalho tem por base a análise qualitativa e quantitativa das políticas e medidas adoptados em Portugal em matéria de imigração, bem como, os resultados do trabalho empírico por nós realizado junto de dois grupos de imigrantes (brasileiros e cabo-verdianos) residentes na área metropolitana de Lisboa, assim como os resultados de um questionário enviado às associações de imigrantes. Os resultados da pesquisa apontam para a existência de uma certa ambivalência política no processo de integração dos imigrantes, a qual se reflecte de algum modo na forma como os nacionais e os imigrantes valorizam o contributo dos imigrantes para a sociedade portuguesa, sobressaindo uma ideia difusa generalizada de que os custos da imigração não compensam os seus benefícios, o que provavelmente afectará o relacionamento recíproco. Apesar de situações objectivas de desigualdade social e económica e da percepção de discriminação existente entre os imigrantes, é possível identificar uma progressiva universalização da cidadania e a aceitação formal das tradições religiosas e culturais dos imigrantes, mesmo não sendo o parlamento português representativo dessa diversidade. Deste modo, afigura-se ser possível assegurar direitos específicos de protecção das minorias étnicas e culturais sem que seja necessária a etnicização ou a culturalização da representação política e os princípios gerais que estruturam a comunidade política nacional poderão ser suficientes para assegurar essa protecção. No entanto, existem indícios que sugerem que o acesso dos imigrantes à esfera pública poderá não ser fácil, o que se poderá traduzir na visibilidade e na discussão pública das suas reivindicações, com consequências a nível do tipo de políticas de integração adoptadas em Portugal.
- Contribuições para o estudo da fecundidade diferencial em Moçambique: o caso particular da cidade de MaputoPublication . Bäckström, BárbaraUma análise da abundante literatura sobre a fecundidade mostra que até hoje poucas respostas foram realmente levadas a cabo na tentativa de dar conta do seu carácter multidimensional. Venefica-se a existência de uma "barreira" que separa os estudos demográficos dos estudos sociológicos. Os demógrafos preocupam-se sobretudo com o nível e a tendência dos fenômenos demográficos enquanto os sociólogos se preocupam pouco com o significado destes mesmos fenômenos enquanto elementos integrantes do social. Partindo do pressuposto que a fecundidade se encontra no cruzamento de diferentes domínios da sociedade nomeadamente o demográfico. O sociológico. o cultural, o económico e o biológico e que a fecundidade nos pode revelar uma diferenciação social dos comportamentos reprodutivos, este estudo pretende constituir uma análise sociológica de um fenômeno demográfico A ambição deste estudo é a de tentar encontrar um certo equilibro entre a análise estatística da fecundidade diferencial em Maputo, através da análise dos dados do Inquérito Demográfico Nacional Moçambicano de 1991 e a explicação dessa fecundidade diferencial. Por um lado, pressupõe o domínio dos conceitos e das técnicas de análise, por outro? A localização dos fenômenos demográficos numa perspectiva mais ampla, tendo em conta os determinantes biológicos, sociais e econômicos. Temos como objectivo conhecer a fecundidade ao nível de um grupo de mulheres em idades reprodutivas na cidade de Maputo e estabelecer uma tipologia dos seus comportamentos fecundos. Queremos também debruçarmo-nos sobre a comparação do comportamento ao nível dos diferentes grupos etários. Para uma melhor sistematização divide-se o presente trabalho em 5 capítulos. O primeiro dedica-se à problematização e orientação teórica. na qual se definem os conceitos e os factores determinantes da fecundidade diferencial. Neste capítulo contextualiza-se teoricamente a análise em relação à realidade africana. Para além desta contextualização e orientação teórica, definem-se o objecto de estudo e as hipóteses de investigação. O segundo refere-se à contextualização demográfica, abrangendo as tendências e perspectivas da dinâmica demográfica moçambicana e as características da fecundidade em Moçambique. No terceiro apresenta-se a metodologia. São abordados neste capitulo o instrumento de observação. os conceitos básicos e a qualidade dos dados. O quarto é consagrado å análise do fenómeno fecundidade. Este capítulo comporta ao mesmo tempo o estudo da fecundidade e o dos seus determinantes. Inclui a caracterização da amostra e do casal bem como a sua respectiva fecundidade diferencial. A parte V deste capitulo: examina os dados através da análise factorial e subdivide-se numa análise multivariada das correspondências múltiplas e na classificação automática dos dados. Finalmente o quinto resume as principais conclusões discutidas ao longo do texto.
- Contributos para a análise de modelos organizativos de Intervenção Precoce na Infância em PortugalPublication . Gronita, Joaquim; Ramos, Natália; Pimentel, Júlia SerpaA presente pesquisa pretende contribuir para uma caraterização pormenorizada dos modelos organizativos da Intervenção Precoce na Infância, clarificando a sua diversidade organizativa e a sua relação com as práticas. Procurou-se recolher as ideias dos profissionais sobre a operacionalização da Intervenção Precoce na Infância na comunidade onde desenvolvem a sua atividade profissional. Participaram no estudo organismos/equipas de doze distritos, a partir dos quais caraterizamos modelos organizativos da Intervenção Precoce na Infância em Portugal. O primeiro estudo incide sobre as perceções dos profissionais e é um estudo descritivo, onde se analisam 62 respostas a um questionário aplicado ao mesmo número de equipas sobre o modelo organizativo e funcional da intervenção precoce na área geográfica do inquirido. O segundo é um estudo de caso, onde são observadas as práticas. É um estudo qualitativo e exploratório, que visa compreender quais os procedimentos dos profissionais de intervenção precoce observados no âmbito do desempenho das suas tarefas profissionais. Analisámos a heterogeneidade dos organismos/equipas de Intervenção Precoce na Infância e as suas implicações nas dimensões organizacionais e nas práticas profissionais. Os resultados confirmam que têm coexistido em Portugal diferentes modelos organizativos das respostas em Intervenção Precoce na Infância e a inexistência de opções políticas nacionais consistentes, claras e amplas, com vista ao atendimento das crianças nos primeiros anos de vida e das suas famílias. Esta diversidade organizativa tem repercussões nas práticas profissionais. Encontramos caraterísticas dos modelos organizativos e das práticas de gestão que agrupam os organismos/equipas de intervenção precoce na infância entre si e percebemos a influência destas modalidades na prática dos profissionais, aproximando-as ou afastando-as das práticas recomendadas. Emergiram recomendações que parecem adequar as práticas profissionais à realidade da sociedade portuguesa. A par da afetação de pessoal, assinala-se a necessidade de concertação com os de outros programas, de modo a afirmar uma estratégia global para a resolução dos problemas que afetam as crianças com menos de seis anos, na sociedade portuguesa. Reconhecemos a importância da participação das Contributos para a Análise de Modelos Organizativos de Intervenção Precoce na Infância em Portugal organizações não governamentais e da sociedade civil em geral, no desenvolvimento das comunidades, influenciadoras do desenvolvimento das crianças e das suas famílias. As organizações não governamentais, envolviam e articulavam muito mais com toda a comunidade, incluindo as estruturas oficiais o que nem sempre acontecia, quando a iniciativa da resposta social era das entidades públicas. A legislação fomentou a estatização da IPI, desresponsabilizando e condicionando a iniciativa privada e a participação da sociedade civil na resolução dos problemas das crianças e das suas famílias. No segundo estudo observámos práticas de profissionais de um organismo de Intervenção Precoce na Infância. Procuramos compreender a apropriação dos profissionais em relação às teorias, modelos, conceitos e recomendações internacionais. Neste estudo estivemos mais centrados no que efetivamente acontece, nas funções/tarefas dos profissionais, no âmbito do atendimento às crianças/famílias. Os casos observados proporcionaram a compreensão do que se passa no atendimento das crianças e das famílias e a sua relação com a maneira como a resposta social está organizada. Concluímos que as práticas dos profissionais são diferentes, mesmo quando partilham o mesmo enquadramento teórico e combinam práticas. Esta diferença, quando relacionada com as características específicas das famílias/crianças e dos seus contextos de vida, pode ser considerada como uma prática recomendada e um procedimento de adequação à realidade social e cultural portuguesa. Reconheceram-se procedimentos dos profissionais que visam reunir informação da criança e da família, numa perspetiva holística e que, genericamente correspondem às recomendações internacionais. O estudo identifica práticas recomendadas.
- Crianças sobredotadas : dinâmicas familiares, escolares e socioculturaisPublication . Santos, Ana Karina Costa; Ramos, NatáliaEste trabalho de investigação objectivou conhecer e compreender os processos de desenvolvimento de algumas dinâmicas familiares, escolares e socioculturais de crianças sobredotadas residentes em Portugal (distritos de Setúbal e Lisboa) e que frequentam escolas (do ensino público ou particular) do 1.º Ciclo do Ensino Básico. Neste sentido, considerou-se importante explorar como se estabelecem as relações das crianças sobredotadas com as suas famílias, assim como com os professores e colegas nas escolas e com o meio envolvente em geral. Procurou-se também saber quais são as características positivas das crianças sobredotadas e quais as implicações destas características nas dinâmicas familiares e socioeducativas. Considerou-se ainda pertinente compreender de que forma as famílias e as escolas gerem as problemáticas inerentes às crianças sobredotadas e qual o nível de aceitação destas crianças nas famílias, por parte dos colegas e professores nas escolas, e no meio sociocultural em que vivem. Se as famílias e as escolas conhecerem e compreenderem as características e necessidades das crianças sobredotadas, se trabalharem colaborativamente e conseguirem construir uma plataforma comunicativa efectiva e funcional, poderemos dizer que estarão erguidos dois pilares fundamentais que irão certamente contribuir para a adequação e para o planeamento de intervenções que permitam potenciar e maximizar as capacidades e a criatividade destas crianças e assegurar que estas se sintam compreendidas, aceites e efectivamente felizes.
- Das Motiv des Doppelgängers als Spaltungsphantasie in der Literatur und im deutschen StummfilmPublication . Bär, Gerald; Pires, Maria Laura Bettencourt; Scheidl, LudwigEmbora enquadrado na Área de Línguas e Literaturas Modernas, mais concretamente no âmbito dos Estudos Alemães a tese entende-se como um trabalho interdisciplinar no campo das Literaturas Inglesas e Norte-Americanas explorando também as dimensões cinematográficas do motivo do Doppelgänger. A tese compõe-se de quatro partes: A primeira parte contém uma introdução à temática da dissertação, explicando o aparecimento e o desenvolvimento das várias definições do conceito de Doppelgänger e termos relacionados (Sósia, duplo, clone, etc.), posições da crítica, assim como a comparação dos resultados dos trabalhos sobre o motivo mais relevante para a nossa abordagem. A segunda parte explora circunstâncias e situações que favorecem o desenvolvimento de fantasias de fragmentação do Eu. Encontramos o fenómeno na literatura mundial no pensamento filosófico, religioso e antroposófico, no espiritismo, na psicanálise e até na medicina. Tenta-se explicar as condições sociais e individuais que acompanham estas fantasias recorrentes desde os tempos míticos. Numa linha de interpretação que seguimos de Novalis a Adorno, o Doppelgänger parece uma figuração do ausente – um símbolo de alienação existencial. Na terceira parte analisam-se as múltiplas formas do motivo literário e a sua utilização por autores de várias épocas. Ao contrário de outros trabalhos sobre o tema, dividimos o corpus literário em géneros e tentamos seguir uma cronologia. Em foco estão sobretudo peças, poemas e narrativas com o motivo em questão na literatura alemã dos séculos XVIII, XIX e XX. Tenta-se encontrar características que as representações das fantasias de fragmentação têm em comum e explicar a longevidade do motivo. A quarta parte, antes de explicar técnicas fotográficas e cinematográficas importantes para a captação do imaginário, tenta abordar o tema através da pintura e outras artes. Estabelece um corpus de filmes ligados ao motivo e resume os resultados da pesquisa no campo cinematográfico sobretudo em filmes mudos alemães. Em vários estudos literários sobre o Doppelgänger encontram-se pistas sobre a sua representação nas outras artes, nomeadamente na cinematografia, mas faltava um trabalho compreensivo que ligasse as duas áreas de Estudos Literários e Estudos de Cinema. Com a técnica do novo medium fílme conseguiu-se tornar visível o duplo que foi adoptado pela literatura fantástica. O Doppelgänger, a sombra, a imagem no espelho e os fantasmas, tirados do seu habitat literário, saem do reino da mera imaginação e ganham vida própria no ecrã. Uma seleção de cenas montadas num vídeo que faz parte integral da dissertação ilustra como as fantasias de fragmentação são tornadas visíveis. Procuramos demonstrar como as novas tecnologias fílmicas tornaram possível a integração do fantástico e do inédito na experiência visual dos espectadores.