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Relações Interculturais

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  • Racionalidades leigas e a prevenção da sífilis congênita no Brasil
    Publication . Silva, Ana Luísa Nepomuceno; Bäckström, Bárbara; Freitas, Marise Reis de
    A pesquisa proposta parte de dois pressupostos: o primeiro, que as práticas e os comportamentos na área da saúde são uma tríade entre fenômenos biológicos, psicológicos e sociais; o segundo, que as ações para a promoção da saúde são complexas e, apesar de considerarem o conhecimento dos sujeitos como elemento fundamental para a melhoria dessas práticas, reconhecem elementos subjetivos, representações e racionalidades que extrapolam o que o conhecimento puro traduz. O enquadramento teórico foi alicerçado, portanto, em autores do campo das ciências sociais e das ciências da saúde com contribuições nos debates sobre racionalidades leigas, representações sociais e saberes populares e em autores do campo da psicologia e neurociência que dialogam com as teorias sobre subjetividade e representação e atuam na área do comportamento, mais especificamente no comportamento em saúde. Além, claro, das referências fundantes sobre sífilis e sífilis congênita. A partir daí, e considerando o atual cenário da sífilis congênita no Brasil, pretendeu-se identificar e analisar quais são as racionalidades leigas sobre sífilis entre gestantes no país e suas relações com os comportamentos na área da saúde voltados à prevenção da sífilis congênita. A pesquisa, de viés qualitativo, foi composta por uma amostragem constituída de 20 gestantes com perfil social, econômico e cultural diferentes, distribuídas da seguinte forma: (a) 10 gestantes em situação econômica favorável, com fácil acesso aos serviços de saúde, identificadas a partir de grupos temáticos em redes sociais (whatsapp, telegram e instagram) voltados às gestantes; (b) 10 gestantes em situação de pobreza, incluindo gestantes em situação de rua ou com moradia precária, sendo, as gestantes em “situação de pobreza”, aquelas que recebem algum auxílio financeiro ou material de instâncias governamentais ou não. Os dados foram coletados a partir de entrevistas semiestruturadas e analisados a partir do Método da Análise de Conteúdo. Para isso, foram criadas categorias de análise com foco nos saberes, práticas, sentimentos das gestantes e sua relação com os serviços e profissionais da saúde. Os resultados da pesquisa revelaram que independentemente do grupo social ao qual a gestante estava vinculada, suas racionalidades devem ser percebidas de forma individualizada para que possam ser compreendidas, considerando que não identificamos relação direta entre essas racionalidades e elementos objetivos de caracterização. Assim, podemos dizer que os resultados da pesquisa revelaram que para a implementação de políticas para a eliminação de uma doença como a sífilis congênita, é preciso cautela e atenção às individualidades caso queiramos considerar os sujeitos como coparticipantes na implementação dessas políticas.
  • Do sensível nasce a obra do humano: um estudo sobre resistência e superação das epistemologias hegemónicas para outros significados plurais na formação humana
    Publication . Lourenço, Sónia Filipa da Silva Santos; Tavares, Manuel; Joaquim, Teresa
    No cenário do mundo atual, temos vindo a assistir a crescentes tensões locais, nacionais e globais que acentuam a degradação das relações humanas, fragilizam as democracias e expõem o olhar dual e maniqueísta com que temos sido conduzidos na delineação de estratégias políticas e sociais, que reforçaram/reforçam lógicas de hierarquização e subordinação. Este estudo pretende contribuir com uma proposta decolonial para a formação do ser humano, enfatiza a urgência de um projeto de interculturalidade crítica que reúna novas formas de solidariedade, que aluda ao descentramento do pensar e sentir para aspirar a uma educação de liberdade e esperança. A análise revê fundamentos ontológicos e epistemológicos que justificam a escolha de uma abordagem hermenêutica, conduzida à luz de um referencial decolonial no encontro com a dimensão da arte através da música e a relação desta com o indivíduo que resulte na projeção de uma constelação decolonial, a configuração de muitos centros de ação, em interdependência e equidade, que trará um novo significado ao que se entende essencial no processo de aprendizagem do ser humano. Acreditamos que este novo significado possa revelar-se por meio da linguagem do sensível, via da desconstrução de um pensamento construído pelos filtros da razão fria e hegemónica, no acesso a um conhecimento-outro. A arte, como experiência privilegiada da esfera do sensível, indica-nos que contém em si o potencial de liberdade, da exploração do individual profundo que se integrará e manifestará no coletivo vibrante, contribuindo, assim, para o desafio de uma possível conversão dos atuais paradigmas ontológicos e epistemológicos.
  • Mobilidade estudantil internacional: estudantes estrangeiros de uma Universidade Federal
    Publication . Vieira, Zânia Maria Rios Aguiar; Ramos, Natália
    A presente investigação tem como objetivo analisar o acolhimento, a integração, as relações interculturais, as oportunidades e benefícios, assim como as dificuldades e riscos psicossociais de estudantes estrangeiros de uma Universidade Federal do nordeste brasileiro (UFRN), a considerar os ambientes universitário e onde o estudante cumpre o estágio curricular. Busca-se, portanto, analisar e compreender como ocorrem os processos migratórios internacionais relacionados com o acolhimento e a integração dos discentes na Universidade e na organização onde se dá o estágio, bem como os riscos psicossociais e as relações interculturais da vivência em país estrangeiro, especialmente em situação de estágio e oportunidades decorrentes desta experiência de mobilidade e internacionalização. Tal objetivo geral conta com a participação dos alunos estrangeiros matriculados na UFRN no período de 2017 a 2021 e matriculados na disciplina Estágio Curricular dos cursos de graduação desta Universidade Federal brasileira, através de um estudo de caso, com utilização de paradigmas qualitativo e quantitativo. A análise dos resultados foi dividida em cinco tópicos. O primeiro versou sobre o perfil sociodemográfico dos estudantes em mobilidade acadêmica, concluindo que a maioria dos participantes eram do sexo masculino, jovens, solteiros e mais de 85% eram do continente africano. No segundo tópico analisado sobre o acolhimento e cultura organizacional da Universidade, os estudantes avaliaram de forma positiva o acolhimento na Universidade, entretanto, mais de metade afirmou que a UFRN não apresentou as oportunidades de estágio aos alunos. Além disso, quase todos os estudantes afirmaram que a Universidade respeitava a diversidade religiosa, entretanto mais da metade relatou ter sofrido preconceito por ser estrangeiro, enquanto um terço informou ter presenciado palavras e ações ridicularizando os alunos por não falarem português. Por sua vez, no terceiro tópico analisamos o acolhimento na empresa/instituição onde realiza estágio, quase todos os participantes da pesquisa foram informados pela chefia sobre as atribuições que teriam a desenvolver na empresa/instituição, enquanto 80% relataram que cumpriram o plano de estágio. No quarto tópico analisamos as competências interculturais, que englobam atitudes, habilidades e conhecimentos. Os estudantes demonstraram conhecer bem a cultura brasileira e muitos adotaram modos de vida dos brasileiros, a grande maioria referiu atitudes tolerantes em relação a outras opiniões e estarem dispostos a resolver conflitos interculturais na Universidade e no ambiente de estágio. Por último, no quinto tópico sobre os riscos psicossociais, mais de metade dos discentes afirmaram que, às vezes, não tinham tempo para completar todas as tarefas do seu trabalho e estudos. Metade dos estudantes afirmou não ter oportunidade de apresentar novas ideias no ambiente de estágio, embora mais de três quartos dos participantes disse ter sido valorizados no estágio. Sobre a saúde, dois terços praticavam desporto, metade dos estudantes participantes da pesquisa consumiam álcool e menos de um quinto informou que usavam drogas. Cerca de dois terços sentiam solidão, um quarto dos estudantes apresentaram insônia e quase todos sentiam exaustão mental, com alteração de humor, além de outros riscos resultantes de algum assédio moral e sexual no ambiente do estágio relatados pelos estudantes.
  • Imigrantes acadêmicas, suas carreiras interrompidas e construção de identidades e saúde mental: tudo em nome de um amor
    Publication . Queiroz, Gláucia Maria de; Joaquim, Teresa
    Este estudo visou investigar a saúde mental e bem-estar de imigrantes acadêmicas latinas que se mudaram para a Alemanha devido a uma relação de conjugalidade com uma pessoa de nacionalidade alemã que aí reside. São centrais as questões relacionadas à vida profissional dessas mulheres, sua construção de identidade – com destaque para a identidade bicultural e a profissional – assim como a importância da maternidade nesse contexto. A literatura é rica em estudos que têm como foco os imigrantes mais vulneráveis, ou seja, refugiados e imigrantes indocumentados. O presente estudo, entretanto, focaliza mulheres latinas com formação acadêmica, as barreiras que elas encontram para inserir-se no novo mercado laboral, o papel da maternidade e o impacto da (in)satisfação vivenciadas no campo laboral sobre seu bem-estar e sua saúde mental. Ao todo, 215 mulheres responderam o inquérito online e a informação foi analisada estatisticamente. Dez dessas mulheres foram entrevistadas e a informação obtida foi analisada usando o método análise de conteúdo. Posteriormente usou-se a o método de triangulação para aprofundar a análise combinando os resultados quantitativos com os qualitativos. Os resultados apontam uma correlação entre a importância da vida laboral para a identidade e a saúde mental das imigrantes.
  • Representações do lado sombrio (Dark exoticism) da cultura chinesa em Macau: 1850-1915. Alteridade, interculturalidade e construções do corpo
    Publication . Santos, Anabela Leandro dos; Ramos, Natália
    O fenómeno representativo do exotismo numa vertente sombria (dark exoticism) no século XIX encontra-se presente na grande maioria das narrativas ocidentais/europeias sobre a China, assim como nas representações visuais através de fotografias, gravuras, desenhos. É no século XIX que ocorrem os (des) encontros mais fluidos entre ocidentais/asiáticos, com a permanência de grande parte das potências europeias em território sínico; é também neste século e nos começos do século XX que a China, bastante debilitada pelas Guerras do Ópio, pelas rebeliões constantes ao poder manchu, entre outras ocorrências, se expõe mais à modernidade ocidental e deixa antever as abissais diferenças a vários níveis, nomeadamente o da medicina e o próprio procedimento penal com a pena de morte por decapitação e por leng chi (esquartejamento). Este projecto de investigação visa particularmente a produção de 1850 a 1915 - que corresponde às balizas cronológicas das fontes escritas e visuais, produzidas localmente em Macau e sobre a China na generalidade – recolher, descrever, analisar e interpretar representações acerca do sistema judicial/penal chinês, assim como desconstruir representações corporais, particularmente nas fontes de carácter visual, que permitam identificá-las com a vertente sombria do exotismo à luz da modernidade. De igual modo pretende discutir e reflectir sobre o conceito de exotismo/exótico e extirpá-lo da reputação que foi ganhando pela e durante a modernidade, inequivocamente associado ao imperialismo/colonialismo europeu em que o discurso do exotismo – como uma construção social de alteridade - permitiu a supremacia económica, militar e política da Europa, acompanhado pela modernidade e conceitos/ideologias de progresso e permitindo representações e discursos de diferença no sentido da inferiorização do Outro. A investigação conduziu, não só aos vários exotismos internos/externos, às performances penais de castigo e morte como também ao mise en scène que permite desvelar um exotismo de retorno, pelo que o fenómeno do exotismo é pluridireccional e entendido como tal pelos asiáticos.
  • Vozes educacionais e culturais da ilha do Príncipe: uma reflexão sobre identidade(s)
    Publication . Teles, Ana Filipa Teixeira Rodrigues Ferreira; Sequeira, Rosa Maria
    A tese Vozes educacionais e culturais da ilha do Príncipe: Uma reflexão sobre identidade (s) aborda o tema da identidade cultural da ilha do Príncipe, no arquipélago de São Tomé e Príncipe. O objetivo é refletir sobre a forma como o dinamismo da identidade cultural principense na contemporaneidade e como a educação podem contribuir para a sua construção e reconstrução. A pesquisa explora conceitos fundamentais como cultura, identidade, colonialismo, pós-colonialismo e colonialidade, além de teorias como a teoria racial crítica e a pedagogia culturalmente relevante. Após séculos de presença de cultura europeia, a cultura da ilha do Príncipe enfrenta uma reconstrução. Abordam-se os desafios linguísticos por que a ilha está a passar com a perda gradual da língua nativa, o lung´ie, e o predomínio crescente de outras línguas, como o crioulo cabo-verdiano e o português, bem como a importância de manifestações culturais como o Auto de Floripes, para preservação da memória histórica. A pesquisa busca uma compreensão abrangente da identidade cultural principense, com destaque para a diversidade cultural e linguística, com recurso a metodologias qualitativas e quantitativas, como entrevistas e questionários. Enfatizando-se o potencial transformador da educação, alinhado com as recomendações da Organização das Nações Unidas, em 2023, apresenta-se uma proposta de reformulação curricular para disciplinas de humanidades da ilha do Príncipe, visando promover uma sociedade mais justa e inclusiva, assim como uma democracia cultural crescente.
  • Do descolonial ao decolonial na educação brasileira: um estudo de caso das tecnologias educacionais produzidas pela Rede Anísio Teixeira
    Publication . Moraes, Joalva Menezes de; Vidal, Nuno; Caetano, João Relvão
    A presente tese questiona se as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 enquadram-se em um perfil epistemológico decolonial ou descolonial. Tais legislações impõem o ensino da história e cultura africana, afro-brasileira e indígenas nas escolas brasileiras. Sendo assim, a hipótese, aqui defendida, gira em torno da afirmação de que o espírito das legislações é decolonial, ao passo que sua aplicação e efetivação, na prática pedagógica, estão direcionadas à descolonialidade. Adotamos, como bases teóricas, além dos conceitos e diferenciações acerca das epistemologias descoloniais e decoloniais, os estudos relacionados às Epistemologia do Sul, de Boaventura de Sousa Santos, acrescentando a eles a definição metafórica correspondente ao suleamento de saberes, inspirados nos brasileiros Márcio Campos e Paulo Freire. Como estudo de caso, que nos permitiu verificar indícios de tais abordagens, utilizamos as tecnologias educacionais, como instrumentos que auxiliam na prática educativa de escolas baianas, nomeadamente conteúdos digitais produzidos pela Rede Anísio Teixeira, programa de tecnologias educacionais do Instituto Anísio Teixeira, Secretaria da Educação da Bahia. Para tanto, foram analisadas fotografias still das produções de conteúdos da TV AT (Anísio Teixeira), realizadas entre os anos de 2009 e 2014, utilizando a Análise do Discurso, baseada nas teorias de Michail Backtin, e realizámos 20 entrevistas, sendo 10 com pessoas envolvidas na sua produção e 10 com educadores que atuam hoje na Rede Anísio Teixeira. A partir dos dados obtidos, no percurso metodológico, constatou-se que a aplicação e efetividade das referidas legislações na prática educativa do caso estudado, ainda trilha o caminho da descolonialidade.
  • A formação continuada de professores(as) da educação rural: da Escola Ativa à Escola da Terra (2009 a 2014)
    Publication . Melo, Maria Guiomar de; Moreira, Darlinda; Albuquerque, Rosana
    A tese versa sobre a formação continuada de professores(as) da educação rural e indígena mediante o Programa Escola Ativa e a acção da Escola da Terra, que decorrem de incentivos do Ministério da Educação; e averigua os efeitos desse aprimoramento ao ministrar disciplinas correlatas ao saber tradicional (etnociência, etno-história, etnomatemática etc.) para docentes e gestores das escolas de aldeias Pemon (Makuxi e Taurepang) e Wapixana na tríplice fronteira entre Brasil, Guiana e Venezuela. As qualificações das instituições académicas públicas visavam ampliar habilidades metodológicas à escolarização a classes multisseriadas da alfabetização à literacia. Parcela dessas instituições não compartilhava o programa, mas considerava opção a maximizar o fortalecimento da escolarização. Tal atitude possibilitou arquitetar a acção da Escola da Terra numa atuação conjunta aos movimentos sociais rurais a partir de 2013. Essas iniciativas governamentais se tornaram renovadoras num país com seis biomas e imensa diversidade cultural ao representar meio a equilibrar a adversidade sociopolítica à escolarização dessa população. Portanto, averigou os procedimentos decorrentes dessas medidas educacionais ao expor, desde a introdução, a fundamentação do tema, o enquadramento teórico e a pesquisa de terreno realizada em anos anteriores em atividade laboral, e deu sequência ao tratar de um breve histórico educacional com ênfase da catequese à escolarização indígena, do ordenamento jurídico à educação, essencial aos fundamentos das metodologias à formação pedagógica, a educação informar versus formar diante do perspetivismo ameríndio do circum-Roraima e a escolarização nesse contexto social. Por fim apresenta o epílogo quando teceu a prospetiva e a conclusão desta investigação.
  • Avaliação da competência intercultural em agências europeias descentralizadas: estudo comparativo entre as agências do domínio da justiça e dos assuntos internos e restantes
    Publication . Cabaço, João; Ramos, Natália
    A União Europeia dispõe de um conjunto de instituições para atingir os seus objetivos comunitários. Cada uma delas, de acordo com os seus propósitos e fins específicos, deverá contribuir com informação para um bem comum. De entre todas estas instituições da UE, existem as Agências Europeias descentralizadas e que foram criadas para desenvolver funções técnicas e científicas, com o objetivo de informarem e ajudarem as instituições de gestão política da União Europeia a tomar decisões. São estas agências que se ocupam de questões e problemas que afetam a vida quotidiana dos 500 milhões de pessoas que vivem na UE. Estas agências desempenham no espaço comunitário tarefas especializadas em diferentes domínios que vão desde a pesquisa, propostas de regulamentação e fiscalização sobre os alimentos que comemos, à medicação, à educação e direitos fundamentais, à segurança e justiça, entre outros que nos afetam diariamente e que normalmente não paramos para pensar neles. A importância do tema reside na necessidade de promover a paz, a justiça social e a coesão social em sociedades cada vez mais diversas. Através da diversidade intercultural e da gestão da interculturalidade através e da promoção do diálogo intercultural, é possível construir pontes entre diferentes culturas, aumentar a compreensão mútua e prevenir conflitos e exclusão social. Sendo as Agências Europeias organizações constituídas e frequentadas por pessoas provenientes de toda a Europa, interessa saber como é que as relações sociais se desenvolvem, como são negociadas as diferenças culturais e como é que é feita a comunicação entre os pares e com o exterior, onde a compreensão e a aceitação do outro sem discriminações devem ser permanentes e fazer parte dos seus códigos de conduta. O bom desempenho destas agências pode afetar diretamente a vida de muitos outros residentes da UE, mas também de muitos outros que procuram a UE como um espaço comum, saudável, seguro, social e culturalmente enriquecedor e integrativo e não como fonte de discriminação, violência e exclusão. Assim, no nosso estudo a proposta consistiu em analisar estas agências com o objetivo comum de verificarmos qual a perceção sobre diferentes dimensões da competência intercultural e como é que esta faz parte do quotidiano da vida das pessoas dentro destas agências e das suas funções. De uma forma breve, o nosso estudo verificou que, de uma forma geral, não existem diferenças significativas entre as Agências JHA e as Restantes Agências ao nível da perceção e avaliação que fazem sobre a competência intercultural. Porém, e sendo um estudo exploratório constatam-se diversas linhas possíveis para futuras investigações, como por exemplo; constatou-se que cerca de 53% dos funcionários europeus destas agências não possui qualquer formação na área da interculturalidade, e que em comparação entre os dois grupos de agências, são os da JHA que mais formação possuem (55%). De referir que a maioria dos participantes não é atento (60,7%) às barreiras institucionais discriminatórias, e que estes valores são praticamente iguais para ambos os grupos das agências estudadas. Salientamos também que cerca de 30% dos funcionários das Agências Europeias Descentralizadas já se sentiu culturalmente discriminado, em algum momento, dentro da agência onde trabalha. Só com a realização contínua e aprofundada de estudos nestas áreas se pode entender melhor como essas questões afetam o funcionamento das Agências Europeias Descentralizadas e como podem ser abordadas de maneira eficaz, a fim de promover a inclusão, a diversidade e a igualdade de oportunidades para todos os indivíduos que trabalham nestas organizações, bem como a qualidade do seu funcionamento.
  • Ensino a distância e tecnologias digitais enquanto promotores da comunicação e integração educacional e intercultural no ensino superior: oportunidades e desafios na atualidade e em tempos de pandemia Covid-19
    Publication . Lopes, Ana Cristina Duarte; Ramos, Natália
    Em 2020, com o surgimento da pandemia Covid-19, o mundo foi confrontado com mudanças drásticas que evidenciaram desigualdades sociais entre países e nos países, com maior reflexo nos grupos mais vulneráveis, em situação de pobreza ou migração. Estes desafios verificaram-se na área da educação que, em poucos dias, sofreu uma adaptação de um modelo presencial para um ensino remoto, o que fez renascer o debate sobre o modelo educativo existente, e sobre a disseminação tecnológica no ensino. Estas evidencias motivaram o desenvolvimento do presente estudo, que teve como objetivo perceber o impacto do uso das tecnologias digitais, enquanto facilitadoras da integração educacional e intercultural. A introdução das tecnologias digitais, para além de permitir a manutenção do ensino, pode ainda facilitar a integração de alunos provenientes de diferentes países e culturas, contribuindo para um ensino mais adaptado à realidade do mundo de trabalho global, plural e mutável. No entanto, também apresenta desafios, pois apesar de uma abordagem digital ser mais próxima da realidade social, é mais adaptada a determinados públicos-alvo e mais exigente e potencialmente mais solitária para o aluno, contrariamente ao ensino pré-pandemia, onde a base era a proximidade ao professor evitando que o aluno dependa tanto de si próprio. Para melhor compreender e quantificar o impacto desta dinâmica realizou-se um estudo descritivo e exploratório, de cariz misto (qualitativo e quantitativo). Na fase qualitativa participaram coordenadores e professores de Instituições do Ensino Superior Portuguesas, que deram o seu contributo especializado através de entrevistas individuais semiestruturadas, tendo sido analisados os resultados através de uma análise de conteúdo. A fase quantitativa abrangeu uma amostra não probabilística de alunos de Instituições de Ensino superior portuguesas, recolhida através de uma entrevista online, o que permitiu uma análise estatística descritiva dos dados. Os resultados demonstram que a pandemia impôs desafios como a falta de preparação da maioria das instituições de ensino superior para uma migração tecnológica, o que implica uma necessidade de investimento financeiro, assim como o impacto negativo em termos de efeitos psicológicos que um ensino totalmente a distância pode ter na comunidade educativa que não se identifica com este tipo de modalidade de ensino, ou para os alunos que não têm condições para o frequentar. No entanto, todos os desafios devem ser encarados como oportunidades, e percebeu-se a essencialidade do apoio aos professores bem como destes aos alunos e a necessidade de capacitação de competências digitais, comunicacionais e interculturais através da implementação de ações de formação. Uma abordagem mais tecnológica amplifica a possibilidade de manter um ensino em qualquer circunstância, em paralelo com a facilitação da integração sociocultural de todos os alunos independentemente da sua origem. Estas alterações não só preparam a educação para possíveis novas adversidades futuras, como permitem diminuir desigualdades, conferindo maior inclusão e abertura ao ensino superior.