História / History
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- Aquilino Ribeiro: percursos de um escritor, em tempo de ditadura (1926-1963)Publication . Nunes, Renato David Simões; João, Maria IsabelAquilino Ribeiro foi um intelectual, um escritor prestigiado, mas também um homem de ação, que nasceu no último quartel do século XIX, numa remota e periférica aldeia das Beiras, região que marcou para sempre a sua vida e obra literária. Influenciado por uma educação de matriz católica, até porque o seu pai era padre, frequentou o seminário de Beja, mas acabou por abandoná-lo em 1903. Já em Lisboa, viveu o ambiente fervilhante da revolução que se avizinhava, conviveu com os republicanos radicais, de filiação maçónica, mas também carbonária, desenvolveu uma ação panfletária contra a Monarquia Constitucional, inspirou-se nas leituras de anarquistas como Jean Grave ou Kropoktine e forjou o seu ideário republicano nas famigeradas tertúlias dos cafés lisboetas. Do seu currículo fazem parte três exílios em França, duas rocambolescas evasões de calabouços nacionais, bem como a participação direta em revoltas republicanas, primeiro contra a Monarquia Constitucional e depois contra a Ditadura Militar. Em 1959, o Estado Novo salazarista instruiu-lhe um processo-crime, em virtude da publicação do romance Quando os lobos uivam. É esse percurso, em tempo de ditadura, que nos propomos aqui reconstituir, à luz de um exercício problematizador e objetivo, construído fundamentalmente a partir das fontes primárias consultadas. Um percurso de vida de um homem, que teve como programa de vida (o grande sentido da sua existência) ser escritor em exclusividade, num país pouco povoado, marcado por elevadas taxas de analfabetismo e onde os direitos de autor eram quase uma miragem. Numa época, acrescente-se, marcada pela censura e pela repressão. A nossa representação desse percurso, também marcado por sombras e luzes, pretende afirmar-se como mais um contributo para desvendar a vida de um mestre lido, admirado e recomendado, até mesmo por António de Oliveira Salazar.
- A arte de bem viver : a encenação do quotidiano na azulejaria portuguesa da segunda metade de setecentosPublication . Câmara, Maria Alexandra Gago da; Moreira, Rafael; Tavares, Maria José FerroO tema da presente dissertação que apresentamos tem por título "A arte de bem viver": a encenação do quotidiano na azulejaria portuguesa da segunda metade de Setecentos e centra-se justamente sobre o estudo das questões relativas ao espaço da representação e ao lugar do "espectador", na sua reciprocidade e na relação essencial entre estes dois aspectos, num suporte plástico específico e durante um período de tempo determinado. O tema em estudo prende-se deste modo com a procura e registo de cenários sociais íntimos e mundanos na azulejaria portuguesa do período em questão, concebidos como um sistema de reflexos das posturas e vivências sociais. Uma visão cruzada entre a azulejaria portuguesa e a própria representação da sociedade coetânea foi a ideia que guiou este projecto de investigação, apresentando-se assim, simultaneamente como um estudo do azulejo civil na região de Lisboa e um contributo para a história das práticas do quotidiano vividas na capital – enquanto corte - num período, se quisermos, balizado entre duas datas significativas: 1750 e 1807. Realidades cronológicas e tempos de mudança, acompanharam na história da azulejaria um longo período de produção, variado e rico de soluções e propostas decorativas. Assim, 1750, correspondeu ao nascimento do reinado de D. José e a um novo ciclo que se inicia na evolução do azulejo português traduzido pelo esgotamento da predominância do azul de cobalto e pela generalização dos modelos decorativos formais veiculados pelas gravuras de Ausburgo, ao mesmo tempo que se recupera a tradição seiscentista da padronagem, ligada à marca de renovação estética mais evidente da segunda metade do século XVIII: a reconstrução de Lisboa. A segunda data 1807 liga-se esquematicamente ao momento mais agudo das Invasões Francesas e à partida da fami1ia real e da Corte para o Brasil, acontecimentos que provocaram uma estagnação criativa e até mesmo o declínio da produção do azulejo. A depuração ornamental dos meados do século XIX prenuncia o seu fim como material sumptuário das classes dominantes do Antigo Regime e a banalização pela construção burguesa. A área deste trabalho é, assim, a azulejaria civil, entendida numa contextualização cultural e ao mesmo tempo apreendida na sua dimensão e papel eminentemente social, perspectivando-se as relações e as significações entre o discurso da iconografia azulejar e o terreno mais vasto da arte e da cultura portuguesa de Setecentos. Neste percurso, abordámos a azulejaria pelo ângulo dos seus contactos com áreas de estudo tangentes e afins, seguindo sempre uma perspectiva de correspondência e procurando um modelo interpretativo. Foi na intersecção de outros campos que o objecto da nossa pesquisa se foi definindo. Forçosamente, a investigação levou-nos por arrastamento a falar de temáticas diversas que não nos pareceram de modo algum marginais ao objecto do nosso estudo: dos modelos de civilidade aos discursos normativos e às práticas de comportamento social, da identificação de formas e espaços de sociabilidade à tentativa de definição e distribuição do espaço social e físico da casa nobre e sua utência; aspectos mal conhecidos, que podem causar à partida alguma perplexidade numa dissertação em História da Arte, e até mesmo um risco, merecendo portanto uma explicação e um espaço de reflexão. Considerando a relativa abundância de regestes ligados ao quotidiano na azulejaria portuguesa, decidimos apresentá-los como temas iconográficos, intimamente conotados com uma certa "arte de viver" protagonizando e acompanhando a evolução do gosto e tipo especifico de "consumo" estético da sociedade portuguesa de então. Torna-se evidente que a azulejaria deste período se assume como vocabulário social numa espécie de catálogo de regras do "saber estar' que surgem concomitantemente como contribuiu de prestígio para uma hierarquia social e como veículo do imaginário mundano. Do ponto de vista da recriação do quotidiano, ela é potenciadora de leituras dinâmicas, constituindo inevitáveis testemunhos de uma nova "arte de bem viver". A questão central que nos interessou responder foi saber que relações encontrar e estabelecer entre a caracterização destes modelos socio-culturais e o discurso plástico do azulejo. O nosso propósito foi assim captar e apreender na sua totalidade a função social do azulejo, apresentando-o nas suas variantes de discursividade mundana. Nesta perspectiva, preferimos intencionalmente o termo "encenação" do quotidiano ao da "representação ", residindo neste ponto a chave de leitura e a própria legitimidade da azulejaria portuguesa. O conceito de encenação presta-se a diferentes apropriações ideológicas que fazem sentido quando aplicadas e incorporadas no universo da pintura azulejar, como também na percepção que a própria sociedade do século XVIII faz de si própria - na medida em que se estabelecem pontos de encontro entre os que "actuam" e os que "observam", tendendo a constituir-se momentos privilegiados de "espectáculo". A azulejaria reflecte, assim, esta atitude de exibição, procurando elevar actividades comuns à dimensão e categoria teatral, trazendo ao nível da consciência, posturas e vivências até então encarados como espontâneas. Considerámos e dividimos este texto em quatro momentos, que sistematizam as diferentes vias de interpretação do objecto em estudo. Em primeiro lugar, a necessidade de tratar questões relacionadas com o quotidiano levou-nos a reflectir e enquadrar experiências sobre um quadro cultural e social, enquanto instrumentos conceptuais da maior importância para se conceber um entendimento alargado das práticas setecentistas. Entendemos neste ponto: a percepção de conceitos como cortesia, etiqueta e civilidade, a evolução de um discurso normativo; o valor atribuído a uma imensa panóplia de textos do "bem viver" como formulários de práticas sociais, a sua operacionalidade e a definição do próprio espaço e contexto geográfico - a cidade de Lisboa, simultaneamente corte e capital - como ideia de lugar social preeminente. Em segundo lugar avaliou-se o espaço da casa, pois a imposição de um papel social, permitiu a uma elite promotora da construção de palácios e casas nobres informada pelas modas europeias e seguindo as "modernas" condutas de civilidade - exigir para o quadro da vida que a envolve, o cenário da decoração, que escolhe como forma de prestígio e de auto-representação. As características particulares desta franja social, a forma como se distinguem socialmente a sua postura e comportamento social, reflectiram-se de forma evidente na organização do espaço que habita e na importância dada à decoração da sua própria habitação. Constatámos o sentido modelar e de representação de que se revela a habitação nobre, com uma ostentação particular em espaços determinados, criados pela luz e brilho do azulejo, relacionado com a ideia de espelho, a que está associada uma linguagem característica, formulada por temas do quotidiano. As figurações vão integrar espaços do edifício caracterizados pelo efeito lúdico e formal, comportarem-se como cenários. Numa dupla leitura que incide na interacção e diálogo entre arquitectura e pintura azulejar, apresentamos alguns exemplos ao nível da vivência dos espaços azulejares civis interiores e exteriores da região de Lisboa. O terceiro momento foi o da análise de um discurso da iconografia azulejar definindo um elenco de cenas-tipo e formulando um modelo de interpretação particularizado segundo os diversos signíficados que cada um dos temas reflecte. O quarto e último momento forjaram um percurso formal e estilístico do azulejo civil, indagando locais e ritmos de produção, identificando principais protagonistas e modelos, definindo os ritmos estéticos, as motivações, o perfil e o gosto de encomendadores e clientes, como agentes de inovação que foram neste processo artístico.
- A arte do renascimento na antiga Diocese de Miranda (1545-1609)Publication . Pereira, Fernando Pires; Flor, PedroEste estudo tem dois objetivos de investigação bem explícitos, que decorrem em paralelo ao longo deste estudo: estudar a arte do Renascimento na Antiga Diocese de Miranda do Douro e constatar a influência dos primeiros sete prelados na incrementação deste estilo artístico. Fixámos como limite temporal inferior, os meados do século XVI (1545), e superior, os inícios do século XVII (1608), meio século sensivelmente. O primeiro corresponde à criação da Diocese e o segundo marca o fim da prelazia de D. Diogo de Sousa, sétimo bispo de Miranda, a quem se deve a criação do seminário nesta cidade. A partir desta data, o maneirismo já está plenamente implantado. Naquela Antiga Diocese, foi necessário adquirir quase tudo de forma a dignificar o culto. O resultado com que nos deparamos é uma amálgama constituída por elementos de arte de inspiração flamenga, italiana, espanhola e, ainda, por obras de artistas nacionais. No que se refere à arquitetura, a dinâmica foi enorme. Surgiram construções que acabam por se integrar no abrangente Estilo Chão. A escultura não deixou vestígios significativos. Na pintura, preservam-se alguns frescos e pinturas a óleo, a maior parte inseridos em retábulos. Mais haveria, como se refere nos Inventários, mas terão desaparecido por variadíssimos motivos. A ourivesaria religiosa é de grande qualidade. Também aqui aproveitaremos para contactar com algumas peças de produção nacional e com outras que vieram de Espanha.
- A arte do retrato em Portugal : entre o fim da idade média e o RenascimentoPublication . Flor, Pedro; Serrão, Vitor; Tavares, Maria José FerroEstudar a arte do retrato em Portugal, em particular a produzida entre o final da Idade Média e o Renascimento, constitui o objecto de estudo fulcral da presente tese doutoral. Ao longo deste período, vários espécimes de retrato foram executados sob os mais diversos formatos, materiais, tipos e qualidades. Em primeiro lugar, tornar-se-á fundamental estudar com profundidade o conceito de ‘retrato’, termo este que pode assumir vários significados, consoante os vectores estruturantes de espaço e tempo. O conhecimento dos padrões representativos e o modo como um retrato era executado serão também questões constantes durante o nosso trabalho. Depois, procuraremos proceder a uma leitura transversal e longitudinal das manifestações retratísticas no Ocidente europeu, encetando as pesquisas na Antiguidade e caminhando pela Idade Média até à Modernidade. A identificação dos principais momentos desse longo trajecto, a enumeração dos nomes e das obras de maior significado cultural e a sua integração nos movimentos artísticos próprios serão objectivos absolutamente essenciais que nos irão nortear o pensamento. Após a análise do panorama retratístico europeu e a tomada de consciência dos seus principais momentos e problemáticas, tentaremos, por último, estabelecer uma tipologia alargada de retratos, adoptando vocabulário específico, recolhido na tratadística coeva. Para a compreensão do fenómeno da arte do Retrato no crepúsculo da Idade Média e durante a aurora e o triunfo do Renascimento em Portugal, é elementar perceber quais as suas raízes e os seus modelos de inspiração. A aplicação de uma metodologia analítica, crítica e problematizante no caso português, bem como a adopção do vocabulário e da tipologia propostas irão pautar o nosso posicionamento científico perante as obras de arte. A selecção de um corpus com cerca de cem exemplares, entre espécimes de pintura, escultura, iluminura e vitral, permitir-nos-á ensaiar a utilização de tais meios científicos no estudo da arte do retrato em Portugal, no final do século XV e na primeira metade do século XVI.
- Bahia e Costa da Mina: dos laços atlânticos e da sua herança religiosa pelas vozes de Ferreira Pires, Alves de Souza e Ribeiro Rocha (1750-1800)Publication . Brito, Rafael Magno Maciel Costa e; Avelar, Ana PaulaA história é mais do que um processo. Ela é uma construção coletiva, fruto das interações humanas e destes com os eventos que os cercam, bem como do tempo histórico em que estes ocorrem. As relações entre a Bahia e a Costa da Mina não foram a exceção. Estes laços atlânticos, em particular no século XVIII, legaram ao Brasil elementos importantes de sua cultura e religiosidade. Foram muitos os pensadores que, ao longo desse processo aportaram suas visões e representações sobre os ditos laços. Porém, as vozes de Vicente Ferreira Pires, Francisco Alves de Souza e Manuel Ribeiro Rocha constituíram marcos analíticos de relevo para uma melhor compreensão do fenômeno em estudo, visto que apresentaram perspectivas complementares, ainda que de densidade variada, nas áreas da escravidão, tráfico negreiro e laços culturais. O ponto essencial foi o debate atemporal entre as três vozes que, escrevendo sobre os respectivos temas em diferentes períodos dos setecentos, adquiriu um caráter atemporal, visto que os três pensadores nunca se leram, mas graças a História puderam travar tal debate.
- O baixo Vouga em tempos medievos : do preâmbulo da Monarquia aos finais do reinado de D.DinisPublication . Bastos, Rosário; Tavares, Maria José FerroA evolução da linha de costa do Baixo Vouga entre os finais do século IX e 1325 foi profundamente dependente do crescimento de uma restinga arenosa, enraizada a sul de Espinho, que, ao desenvolver-se de Norte para Sul, separou a costa do oceano e condicionou a emergente laguna de Aveiro. A este factor natural acresceu outro, de ordem político-militar, plasmado na pacificação do território decorrente da tomada definitiva de Coimbra pelos cristãos, em 1064. Directamente relacionadas com as duas condicionantes expostas e dependentes das mesmas, estiveram as variações dos níveis de ocupação e aproveitamento dos solos, a salicultura, as pescas, o comércio e a navegação. Temos no presente caso, um exemplo evidente da forma como o meio condiciona as actividades humanas e, por outro lado, como estas intervêm na transformação desse mesmo meio, nomeadamente através do aumento ou diminuição do abastecimento sedimentar resultante da variação da pressão demográfica e consequente intensificação das actividades produtivas.
- Beja setecentista: o senado camarário, poderes e representaçõesPublication . Mósca, Joaquim Filipe; Avelar, Ana PaulaA tese de doutoramento que ora se apresenta, à qual subjaz a renovação teórico- -historiográfica que suportou a ruptura com a doutrinação e o paradigma estadualista herdados de Herculano e da historiografia novecentista, versa sobre o senado camarário bejense, o seu papel no exercício do poder local e as representações que esse mesmo poder assumia no universo setecentista. Porque o poder não se exerce no vazio tomou-se, como ponto de partida, a análise do espaço natural e social onde os agentes do poder camarário viviam e exercitavam as suas funções, no pressuposto de que essas condicionantes, para além da mundividência e do ordenamento jurídico e político coetâneos, se constituíam como os elementos estruturantes que moldavam e orientavam os comportamentos. Caracterizava-se essa mundividência, fundamentalmente, de um ponto de vista social, pela ética e estética barrocas e pela assunção da desigualdade e da excepção, plasmadas no corpus jurídico coevo; de um ponto de vista político, pelo absolutismo e, já na segunda metade do século, pela emergência do despotismo esclarecido; e, de um ponto de vista económico, pela autarcia insolidária e pela regulamentação camarária da economia local. Abrange este estudo, em termos espaciais, a cidade de Beja e o seu termo concelhio durante o período setecentista, até aos finais do reinado josefino. Particular atenção mereceram os processos eleitorais, não somente da oligarquia como dos agentes menores do poder camarário, que esta elegia numa lógica a que não eram estranhos propósitos de criação de redes clientelares baseadas em critérios de amizade, parentesco, fidelidade, honra e serviço instituidores de deveres recíprocos. Tomando como institutos fulcrais do exercício desse poder a Câmara Municipal, a Misericórdia e as ordenanças, adoptou-se uma estratégia de identificação e delimitação dos intervenientes no seu exercício, numa prática de investigação de carácter prosopográfico. Para tal, recorreu-se a um conjunto de fontes que possibilitaram, através do seu cruzamento, delinear uma lógica de compreensão desses protagonistas, em moldes de preeminência política e social e sua consequente estratificação no exercício desse poder. Nesta conformidade, pretendeu-se captar as diferentes estratégias de conquista e manutenção do poder, formas de exercício desse mesmo poder e situações de conflitualidade resultantes desse exercício, não apenas entre os institutos e protagonistas locais, mas entre estes e o poder central.
- Os cristãos-novos de Elvas no Reinado de D. João IV : heróis ou anti-heróis?Publication . Pinto, Maria do Carmo Teixeira; Tavares, Maria José FerroOs dezasseis anos do reinado de D. João IV foram marcados por uma situação económica, social e política particularmente delicada, tanto do ponto de vista interno como externo, tendo-se assistido no seio da sociedade portuguesa à alteração do equilíbrio de forças entre alguns dos sectores que a compunham. Tendo, precisamente, como pano de fundo esta realidade a nossa análise e reflexão, num primeiro momento, privilegiou a correlação de forças e de interesses estabelecida entre alguns dos protagonistas da dinâmica social e política do reinado joanino: o próprio monarca, o Tribunal do Santo Ofício, a Companhia de Jesus e os cristãos novos. Assim, buscámos continuidades e rupturas com o passado recente – o da governação filipina – mas também com a realidade mais distante – o século XVI. Procurámos, deste modo, averiguar não apenas em que medida o equilíbrio de poderes entre os referidos intervenientes sofreu eventuais alterações com a subida ao trono do representante da Casa de Bragança, mas também como é que os cristãos novos se enquadraram na nova e conturbada conjuntura restauracionista e o que podiam esperar da sociedade portuguesa da época. Interessou-nos, em particular, procurar compreender as formas de interacção que a gente de nação estabeleceu não apenas com o poder real, mas também com a Companhia de Jesus e com a própria Inquisição e vice-versa. É neste complexo e delicado contexto que nos deparamos com os cristãos novos elvenses e foi sobre eles que a nossa atenção incidiu, num segundo momento do nosso trabalho, procurando reconstituir a vida dos homens e mulheres, cujos antepassados tinham sido judeus, tentando reencontrar a forma como a sua vida se estruturava em termos familiares, religiosos, culturais e socioeconómicos e em que medida, por um lado, essa sua vivência quotidiana era, ou não, devedora de uma herança passada e, por outro, qual o eventual carácter de especificidade que a mesma assumiu. Por último, a nossa atenção incidiu sobre o modo como a Inquisição de Évora accionou os seus mecanismos de controlo e repressão sobre a população cristã nova de Elvas. Esforçámo-nos, neste campo, por ultrapassar uma análise meramente quantitativa, procurando, sempre que nos foi possível, não apenas acompanhar o percurso de vida dos homens e mulheres que caíram nas malhas inquisitoriais, mas também esclarecer sobre os meios que encontraram para contornar a pressão exercida sobre eles, que em muitos casos se consubstanciou na partida para terras do Brasil, Índia, Angola, Castela ou França, em busca de liberdade e fortuna.
- D. Luís Filipe, Portugal e o mar (1887-1908): relações e importânciaPublication . Canhota, Tiago; Bastos, Rosário; Pereira, Olegário Nelson AzevedoQuando no dia 1 de fevereiro de 1908, foram assassinados na Praça do Comércio, el-rei D. Carlos e o príncipe real D. Luís Filipe, liquidou-se igualmente um audacioso e extenso plano político/marítimo. Tomando corpo na sequência da independência brasileira, ele pautou-se pela construção de um império marítimo em África. Concomitantemente, desenvolveu-se na Europa uma nova atitude relativamente aos assuntos talássicos, encarado agora como um campo de oportunidades e fruição e não apenas de agruras e laboração. O novo conhecimento científico, a criação do conceito de praia e de práticas vilegiaturais, a revolução dos transportes e a preocupação com a prevenção dos naufrágios e assistência aos náufragos, contribuíram para este novo posicionamento. Se no panorama lusitano, a relação marítima de D. Carlos, era por demais evidente e sobejamente conhecida, com especial destaque para a vertente científica, no caso de D. Luís Filipe, era desconhecida, até mesmo inexistente, para o grande público! Assim, foi esse mesmo binómio príncipe-mar (extensível também à Família Real) com especial destaque para as vertentes política, diplomática, intelectual e lúdica que aqui se expõem e discutem. Do mesmo modo, apresenta-se um trabalho biográfico acerca da vida e dos feitos do príncipe, com elementos até este momento desconhecidos, o qual se pretendeu que fosse o mais abrangente e possível.
- Da ars historica : a cronística portuguesa da expansão no confronto com a alteridade : (1ª metade do séc. XVI)Publication . Avelar, Ana Paula; Tavares, Maria José FerroA dissertação tem como objectivo demonstrar a existência de um modelo de escrita da História comum aos cronistas da Expansão na primeira metade do séc. XVI, assumindo como núcleo de análise a História do Descobrimento e Conquista da Índia pelos Portugueses, de Fernão Lopes de Castanheda, a Ásia…, de João de Barros e as Lendas da Índia, de Gaspar Correia. Considerando que estes textos denunciam uma concretização específica de afirmação de poder, o de um autor, o cronista, e o de um reino, Portugal afirmando-se num Oriente e numa Europa. Deste modo, desvendamos quer os processos de construção de um texto quer o cronista, o arquitecto da História que escreveu; o agente que se deseja tradutor da realidade. Consequentemente, revelamos estruturas temáticas que, no espelhar de vivências, denunciam a formulação ou recuperação de ficções ou imaginários. Fundamentamos o nosso percurso analítico a partir do princípio metafórico da viagem, a nossa, e a dos homens de Quinhentos. Definimos assim três momentos aos quais correspondem três capítulos. No primeiro – À descoberta do sujeito e da História- A construção da Ars Histórica-, observamos de que forma se concebe um modelo de cronista da Expansão, em diálogo com a percepção de novas formas de ver o espaço e os outros. No segundo – A viagem – Desvendando a diferença, construindo a novidade-, analisamos a concepção de um paradigma em torno da primeira viagem de Vasco da Gama, entendendo-se igualmente o conceito de viagem como percurso iniciático e indiciador dos primeiros contactos com as novidades. No terceiro – Construções do Outro nos horizontes da Ars Histórica-, centramo-nos na chegada à Índia e nos vários processos de conhecimento do Outro, sejam eles a memória do que foi feito e dito, ou a actuação pessoal. Com este percurso metodológico propomos uma abordagem do objecto, sustentada pelo desvendar de afinidades, interacções e diálogos, que nos permitem entender os textos da Expansão num espaço mais amplo de um tempo novo que emerge.
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