História / History
Permanent URI for this community
Browse
Browsing História / History by Issue Date
Now showing 1 - 10 of 29
Results Per Page
Sort Options
- Projecção espacial de domínios das relações de poder ao burgo portuense (1385-1502)Publication . Costa, Adelaide Millán; Tavares, Maria José FerroEste estudo filia-se no eclético campo da história urbana e tem por objecto o Porto medieval; uma área de pesquisa e um tema que se caracterizam pela pluralidade das concretizações. Assume, contudo, determinadas premissas que epistemologicamente o especificam. Antes de mais, a que veicula o carácter fundamental da análise do espaço para apreender os núcleos urbanos; e, também, a que traça um vínculo primário entre a organização da sociedade e a configuração do espaço. Dentro desta concepção geral, a proposta traduz-se na hipótese de conhecer o burgo portuense em Quatrocentos a partir da arqueologia de uma relação de poder mantida entre a coroa e o concelho; para tanto, estudam-se as manifestações espaciais de domínio dessas estruturas, quer se situem ao nível da encenação quer ao da afectiva intervenção. Outro eixo fundamental orientador da pesquisa passa pela tentativa de alargar as margens do confronto, ou seja, de estabelecer paralelos com outras cidades e vilas. O método utilizado convoca o maior número possível de leituras de factos e de representações, com vista a, pela desmontagem sucessiva de discursos, depurar a “realidade” passada.
- Da ars historica : a cronística portuguesa da expansão no confronto com a alteridade : (1ª metade do séc. XVI)Publication . Avelar, Ana Paula; Tavares, Maria José FerroA dissertação tem como objectivo demonstrar a existência de um modelo de escrita da História comum aos cronistas da Expansão na primeira metade do séc. XVI, assumindo como núcleo de análise a História do Descobrimento e Conquista da Índia pelos Portugueses, de Fernão Lopes de Castanheda, a Ásia…, de João de Barros e as Lendas da Índia, de Gaspar Correia. Considerando que estes textos denunciam uma concretização específica de afirmação de poder, o de um autor, o cronista, e o de um reino, Portugal afirmando-se num Oriente e numa Europa. Deste modo, desvendamos quer os processos de construção de um texto quer o cronista, o arquitecto da História que escreveu; o agente que se deseja tradutor da realidade. Consequentemente, revelamos estruturas temáticas que, no espelhar de vivências, denunciam a formulação ou recuperação de ficções ou imaginários. Fundamentamos o nosso percurso analítico a partir do princípio metafórico da viagem, a nossa, e a dos homens de Quinhentos. Definimos assim três momentos aos quais correspondem três capítulos. No primeiro – À descoberta do sujeito e da História- A construção da Ars Histórica-, observamos de que forma se concebe um modelo de cronista da Expansão, em diálogo com a percepção de novas formas de ver o espaço e os outros. No segundo – A viagem – Desvendando a diferença, construindo a novidade-, analisamos a concepção de um paradigma em torno da primeira viagem de Vasco da Gama, entendendo-se igualmente o conceito de viagem como percurso iniciático e indiciador dos primeiros contactos com as novidades. No terceiro – Construções do Outro nos horizontes da Ars Histórica-, centramo-nos na chegada à Índia e nos vários processos de conhecimento do Outro, sejam eles a memória do que foi feito e dito, ou a actuação pessoal. Com este percurso metodológico propomos uma abordagem do objecto, sustentada pelo desvendar de afinidades, interacções e diálogos, que nos permitem entender os textos da Expansão num espaço mais amplo de um tempo novo que emerge.
- Poder real e eclesiásticos : a evolução do conceito de soberania régia e a sua relação com a praxis política de Sancho I e Afonso IIPublication . Branco, Maria João; Tavares, Maria José FerroEsta dissertação procura analisar as formas pelas quais o poder real se foi afirmando em Portugal durante os finais do século XII e os primeiros anos do século XIII. O campo de análise sobre o qual se debruça esta observação é Portugal, um reino que, como outros, "nascera" no primeiro quartel do século XII fruto de uma conjuntura política que propiciara o desenvolvimento de uma autonomia suficientemente expressiva para conseguir resistir aos intentos centrípetos dos seus vizinhos hispânicos. A sua sobrevivência ainda por uma continuada luta diplomática em prol de um reconhecimento legal que lhe permitisse libertar-se do estreito mundo hispânico e suas contingências. Esse esforço, levado a cabo pelos eclesiásticos que desde cedo assessoriavam o rei, é detectável a partir do momento em que o rei se propõe a Roma como reino feudatário, logo em 1143, e continuado até à emissão da Manifestis Probatum, a bula que em 1179 Alexandre III concedeu ao rei e ao reino, reconhecendo por essa via a legitimidade das suas ambições como rei e o seu direito à posse do Reino. Por isso se dedica um primeiro capítulo introdutório ao estudo da conjuntura e os elementos constitutivos do diploma que consagrou na altura o poder real e que em certa medida também o tentava definir e delimitar no aspecto teórico. Procura-se assim entender qual o conceito de realeza e dos poderes do rei que lhe estavam subjacentes, bem como qual a teoria subjacente quanto à relação entre o poder deste rei com os seus pares e com o Papado, a única outra força que se lhe poderia opor...
- Memória e império : comemorações em Portugal : 1880-1960Publication . João, Maria Isabel; Magalhães, Joaquim Romero; Rocha-Trindade, Maria BeatrizEste estudo analisa as comemorações dos centenários relacionados com os descobrimentos, a expansão e o império. A única comemoração regular incluída é o 10 de Junho, Festa de Portugal desde 1925. As conotações de que se foi revestindo o feriado é uma história bem expressiva das apropriações ideológicas e políticas deste tipo de eventos. O período cronológico abordado situa-se entre 1880 e 1960. A delimitação decorre do próprio objecto de análise, visto que entre o primeiro ano e o último se situam os grandes centenários relacionados com os tópicos seleccionados. Depois de 1960, tais comemorações perderam o élan e tiveram uma projecção mais limitada. Mas mais importante ainda do que a questão dos centenários é a articulação que pode ser feita entre as duas datas no que se refere à edificação do Império Africano: em 1880, ainda dava os primeiros passos e, em 1960, estava a chegar ao princípio do fim. Assim, entre o tricentenário da morte de Camões e o quinto centenário da morte do Infante D. Henrique se situou o essencial da construção da memória e do imaginário nacionalista do país. Começamos, no primeiro capítulo, por situar os contextos em que ocorreram as comemorações e as perspectivas que as justificaram na época. Em seguida, caracterizamos as formas de organização e os protagonistas destes eventos do ponto de vista sociológico, com uma breve incursão pelo impacto e difusão dos vários centenários. Passamos, no terceiro capítulo, à análise das práticas e ritos comemorativos. O quarto capítulo é consagrado à iconografia e, o quinto, aos discursos através dos quais se pretendia configurar a memória colectiva e a identidade nacional.
- A arte de bem viver : a encenação do quotidiano na azulejaria portuguesa da segunda metade de setecentosPublication . Câmara, Maria Alexandra Gago da; Moreira, Rafael; Tavares, Maria José FerroO tema da presente dissertação que apresentamos tem por título "A arte de bem viver": a encenação do quotidiano na azulejaria portuguesa da segunda metade de Setecentos e centra-se justamente sobre o estudo das questões relativas ao espaço da representação e ao lugar do "espectador", na sua reciprocidade e na relação essencial entre estes dois aspectos, num suporte plástico específico e durante um período de tempo determinado. O tema em estudo prende-se deste modo com a procura e registo de cenários sociais íntimos e mundanos na azulejaria portuguesa do período em questão, concebidos como um sistema de reflexos das posturas e vivências sociais. Uma visão cruzada entre a azulejaria portuguesa e a própria representação da sociedade coetânea foi a ideia que guiou este projecto de investigação, apresentando-se assim, simultaneamente como um estudo do azulejo civil na região de Lisboa e um contributo para a história das práticas do quotidiano vividas na capital – enquanto corte - num período, se quisermos, balizado entre duas datas significativas: 1750 e 1807. Realidades cronológicas e tempos de mudança, acompanharam na história da azulejaria um longo período de produção, variado e rico de soluções e propostas decorativas. Assim, 1750, correspondeu ao nascimento do reinado de D. José e a um novo ciclo que se inicia na evolução do azulejo português traduzido pelo esgotamento da predominância do azul de cobalto e pela generalização dos modelos decorativos formais veiculados pelas gravuras de Ausburgo, ao mesmo tempo que se recupera a tradição seiscentista da padronagem, ligada à marca de renovação estética mais evidente da segunda metade do século XVIII: a reconstrução de Lisboa. A segunda data 1807 liga-se esquematicamente ao momento mais agudo das Invasões Francesas e à partida da fami1ia real e da Corte para o Brasil, acontecimentos que provocaram uma estagnação criativa e até mesmo o declínio da produção do azulejo. A depuração ornamental dos meados do século XIX prenuncia o seu fim como material sumptuário das classes dominantes do Antigo Regime e a banalização pela construção burguesa. A área deste trabalho é, assim, a azulejaria civil, entendida numa contextualização cultural e ao mesmo tempo apreendida na sua dimensão e papel eminentemente social, perspectivando-se as relações e as significações entre o discurso da iconografia azulejar e o terreno mais vasto da arte e da cultura portuguesa de Setecentos. Neste percurso, abordámos a azulejaria pelo ângulo dos seus contactos com áreas de estudo tangentes e afins, seguindo sempre uma perspectiva de correspondência e procurando um modelo interpretativo. Foi na intersecção de outros campos que o objecto da nossa pesquisa se foi definindo. Forçosamente, a investigação levou-nos por arrastamento a falar de temáticas diversas que não nos pareceram de modo algum marginais ao objecto do nosso estudo: dos modelos de civilidade aos discursos normativos e às práticas de comportamento social, da identificação de formas e espaços de sociabilidade à tentativa de definição e distribuição do espaço social e físico da casa nobre e sua utência; aspectos mal conhecidos, que podem causar à partida alguma perplexidade numa dissertação em História da Arte, e até mesmo um risco, merecendo portanto uma explicação e um espaço de reflexão. Considerando a relativa abundância de regestes ligados ao quotidiano na azulejaria portuguesa, decidimos apresentá-los como temas iconográficos, intimamente conotados com uma certa "arte de viver" protagonizando e acompanhando a evolução do gosto e tipo especifico de "consumo" estético da sociedade portuguesa de então. Torna-se evidente que a azulejaria deste período se assume como vocabulário social numa espécie de catálogo de regras do "saber estar' que surgem concomitantemente como contribuiu de prestígio para uma hierarquia social e como veículo do imaginário mundano. Do ponto de vista da recriação do quotidiano, ela é potenciadora de leituras dinâmicas, constituindo inevitáveis testemunhos de uma nova "arte de bem viver". A questão central que nos interessou responder foi saber que relações encontrar e estabelecer entre a caracterização destes modelos socio-culturais e o discurso plástico do azulejo. O nosso propósito foi assim captar e apreender na sua totalidade a função social do azulejo, apresentando-o nas suas variantes de discursividade mundana. Nesta perspectiva, preferimos intencionalmente o termo "encenação" do quotidiano ao da "representação ", residindo neste ponto a chave de leitura e a própria legitimidade da azulejaria portuguesa. O conceito de encenação presta-se a diferentes apropriações ideológicas que fazem sentido quando aplicadas e incorporadas no universo da pintura azulejar, como também na percepção que a própria sociedade do século XVIII faz de si própria - na medida em que se estabelecem pontos de encontro entre os que "actuam" e os que "observam", tendendo a constituir-se momentos privilegiados de "espectáculo". A azulejaria reflecte, assim, esta atitude de exibição, procurando elevar actividades comuns à dimensão e categoria teatral, trazendo ao nível da consciência, posturas e vivências até então encarados como espontâneas. Considerámos e dividimos este texto em quatro momentos, que sistematizam as diferentes vias de interpretação do objecto em estudo. Em primeiro lugar, a necessidade de tratar questões relacionadas com o quotidiano levou-nos a reflectir e enquadrar experiências sobre um quadro cultural e social, enquanto instrumentos conceptuais da maior importância para se conceber um entendimento alargado das práticas setecentistas. Entendemos neste ponto: a percepção de conceitos como cortesia, etiqueta e civilidade, a evolução de um discurso normativo; o valor atribuído a uma imensa panóplia de textos do "bem viver" como formulários de práticas sociais, a sua operacionalidade e a definição do próprio espaço e contexto geográfico - a cidade de Lisboa, simultaneamente corte e capital - como ideia de lugar social preeminente. Em segundo lugar avaliou-se o espaço da casa, pois a imposição de um papel social, permitiu a uma elite promotora da construção de palácios e casas nobres informada pelas modas europeias e seguindo as "modernas" condutas de civilidade - exigir para o quadro da vida que a envolve, o cenário da decoração, que escolhe como forma de prestígio e de auto-representação. As características particulares desta franja social, a forma como se distinguem socialmente a sua postura e comportamento social, reflectiram-se de forma evidente na organização do espaço que habita e na importância dada à decoração da sua própria habitação. Constatámos o sentido modelar e de representação de que se revela a habitação nobre, com uma ostentação particular em espaços determinados, criados pela luz e brilho do azulejo, relacionado com a ideia de espelho, a que está associada uma linguagem característica, formulada por temas do quotidiano. As figurações vão integrar espaços do edifício caracterizados pelo efeito lúdico e formal, comportarem-se como cenários. Numa dupla leitura que incide na interacção e diálogo entre arquitectura e pintura azulejar, apresentamos alguns exemplos ao nível da vivência dos espaços azulejares civis interiores e exteriores da região de Lisboa. O terceiro momento foi o da análise de um discurso da iconografia azulejar definindo um elenco de cenas-tipo e formulando um modelo de interpretação particularizado segundo os diversos signíficados que cada um dos temas reflecte. O quarto e último momento forjaram um percurso formal e estilístico do azulejo civil, indagando locais e ritmos de produção, identificando principais protagonistas e modelos, definindo os ritmos estéticos, as motivações, o perfil e o gosto de encomendadores e clientes, como agentes de inovação que foram neste processo artístico.
- Ideologia e propaganda real no Egipto ptolomaico (305-30 a.c.)Publication . Sales, José das Candeias; Tavares, António AugustoSabendo de antemão que a ideia real era estruturante na realidade político-cultural da Macedónia e do Egipto e que a inserção dos Lágidas foi marcada por uma permanente tensão entre as interpretationes Graeca e Aegyptiaca, a problemática principal de estudo e análise nesta obra são as modalidades propagandísticas e ideológicas a que a realeza lágida recorreu para harmonizar essas tradições de forma satisfatória, isto é, segundo os seus desejos de dominação e governação. A propaganda real lágida, como estratégia de persuasão e técnica de transmissão dos ideais de realeza, reflecte, obviamente, a ideologia monárquica que a inspirou e foi organizada de forma intencional para condicionar os comportamentos dos súbditos e para conquistar a hegemonia institucional no Egipto ptolomaico. A propaganda e a ideologia real dos Lágidas ocupam, assim, o território que se situa entre a condição verdadeira e histórica da monarquia lágida em território egípcio e os modelos de comportamento que as culturas macedónica-helénica e a egípcia para ela traçaram. Isto equivale a dizer que a visão que transmitiram da sociedade e do seu funcionamento não é um reflexo fiel dos seus mecanismos históricos. Como sistema de representação tendente a satisfazer e preservar os interesses da realeza, a ideologia dos Lágidas foi marcada pela permanente tentativa de articulação, feita de inevitáveis ajustes-desajustes, dos valores directamente envolvidos. Inevitavelmente, a própria duração do quadro cronológico em que se situa o trabalho exigiu alguma plasticidade e flexibilidade das representações e dos valores, não obstante uma matriz estrutural global mais ou menos fixa. A ideologia dos Lágidas não fugiu, por isso, a uma característica idiossincrática do fenómeno ideológico, isto é, a sua vertente dinâmica, cúmplice da própria transformação do devir histórico. Todo o nosso esforço de pesquisa e de concatenação dos factos foi desenvolvido no sentido de traçar um quadro interpretativo alargado e sistematizado sobre os mecanismos e comportamentos políticos dos Ptolomeus no Egipto, nos últimos quatro séculos a.C., a partir dos vários tipos de fontes disponíveis, que pusesse particularmente em evidência os fundamentos ideológicos do seu poder e que apontasse a comunicação entre os diferentes domínios e subdomínios da ideologia e entre as suas diversas formas de expressão. Formalmente, a obra está dividida em sete capítulos. No capítulo I, intitulado genericamente Características gerais da monarquia lágida traça-se, naturalmente de forma sucinta, um quadro das principais características e dos momentos mais significativos da actuação ideológica dos reis da dinastia lágida. Nos outros seis capítulos, de acordo com a problemática de estudo definida, procuram-se os nexos de ligação entre as medidas e preocupações de afirmação e de propaganda de Ptolomeu I Sóter I e dos seus descendentes no trono do Egipto e a história e mentalidade macedónica e grega, por um lado, e as multimilenares história e tradição ideológica faraónicas, por outro. Na maior parte dos casos recorreu-se às fontes primárias, em grego e em egípcio, com o objectivo de se conseguir um maior aprofundamento e entendimento das temáticas ou das perspectivas de interpretação em causa. Não se deixou necessariamente de utilizar reputadas edições críticas de fontes, permanentemente atentos ao estudo comparativo e ao cotejo da versão com a fonte original, de forma a garantir o procurado rigor científico do estudo.
- E aos centos, em multidão... com os olhos postos numa felicidade : a visibilidade da emigração na imprensa, 1890-1920Publication . Caeiro, Domingos; Rocha-Trindade, Maria BeatrizAbrangendo todo o século XIX e primeiro terço do XX, a pesquisa abarcou um período que levanta particulares dificuldades a uma visão de conjunto e a um conhecimento rigoroso da massa dos nossos jornais e em que, ao mesmo tempo, estes passam a desempenhar uma relevante função social, constituindo uma fonte histórica de primeira importância. Desta forma, representando a imprensa, neste período, uma função crucial de ligação entre a tribuna e a rua, de informação e de comunicação, afigurou-se-nos, não é de mais repeti-lo, que a intelecção do tema da “visibilidade da emigração portuguesa na imprensa periódica”, no período atrás definido, passava irremediavelmente, por um levantamento, tão exaustivo quanto possível, da imprensa periódica com dimensão nacional, porque todo esse universo de notícias desvenda um panorama do fenómeno migratório e da forma como este foi vivenciado e debatido em certos sectores. Portugal esteve longe de ser um caso isolado na engrenagem dos fluxos migratórios europeus, e parece-nos que nem tão pouco se pode afirmar que Portugal teve um comportamento migratório distinto ou individualizado, excepção, talvez, no que diz respeito à invariabilidade do país de destino da emigração – o Brasil. Por tudo isto, tornou-se imprescindível situar o caso de Portugal no seu conjunto, à luz da historiografia internacional, e fazer um esforço de avaliação e aferição de hipóteses explícitas. A análise das características mais marcantes do movimento emigratório permitiu constatar que Portugal apresentou um comportamento emigratório semelhante ao de outros países europeus, em particular os da Europa do Sul, como a Espanha e a Itália. Destacando-se duas particularidades: • a sua quase exclusiva e constante orientação em direcção ao Brasil; • e a sua maior concentração a partir dos finais da década de oitenta de oitocentos até ao início da Primeira Grande Guerra. O Brasil, foi sem dúvida o destino preferencial da corrente emigratória portuguesa neste período. A existência de contactos frequentes a nível económico e a manutenção dos laços históricos e culturais desde a época colonial, foram importantes para a manutenção desta preferência. No que respeita à composição por sexos e idades, a emigração portuguesa participou das características básicas e essencialmente selectivas de todos os movimentos emigratórios: forte presença masculina e revelando uma maior concentração nas faixas etárias mais produtivas. Por sua vez, dada a estrutura da economia portuguesa neste período, a maioria dos emigrantes eram agricultores e jornaleiros; embora à medida que cronologicamente avançamos e se regista também um aumenta do fluxo emigratório, constata-se a presença de outros grupos socio-profissionais distintos dos de agricultor. Outra das características da emigração portuguesa na sua comparação com outros países europeus – Espanha e Itália – é a grande concentração nos anos 1911 a 1913. Outro aspecto significativo a destacar foi o facto de ter existido em Portugal uma verdadeira preocupação pela emigração, primeiro por parte de intelectuais e depois a partir de meados da primeira década de novecentos, quando a emigração começa a atingir magnitudes que chamaram a atenção dos contemporâneos, foi, então, a imprensa o espaço privilegiado para o debate. Todavia, a emigração, com excepção de uns poucos, foi considerada por intelectuais e políticos, como um mal e, sobretudo, como um sinal de decadência para Portugal. A maior intensidade do movimento emigratório teve início, precisamente, num período em que se questionavam os grandes temas da sociedade portuguesa, coincidindo também com o descrédito do regime monárquico e posteriormente com a fase de implantação do regime republicano. A Lei de 1907 (Lei dos Passaportes) não resolveu nada, a não ser mais alguns proventos para o Estado. A Lei de 1919 foi muito tardia, comparada com a legislação nesta matéria por parte de outros países europeus, e o seu carácter tutelar não fez mais do que reflectir a preocupação restritiva que esteve sempre presente em toda a legislação portuguesa até aí publicada, isto é, tentar evitar as saídas clandestinas e os abusos. Com o objectivo de pretender analisar o comportamento específico da emigração portuguesa na sua vertente cronológica, tentou-se explorar as possíveis conexões entre determinadas variáveis macro-económicas e a emigração. Neste âmbito, prestou-se alguma atenção ao fenómeno da crise agrária “finisecular”, bem como o seu impacto na sociedade rural. Da análise realizada pode-se concluir que a relação entre a emigração e os indicadores da economia portuguesa neste período, em particular os indicadores do crescimento do produto agrícola e os níveis de produtividade agrícola nalgumas culturas, assim como os níveis de produtividade de mão-de-obra, mostra-se ambígua, nomeadamente em relação às suas flutuações, em especial nas últimas décadas do século XIX. No século XX, até à Primeira Grande Guerra, a aceleração da emigração portuguesa é paralela à dos indicadores da actividade económica. No entanto, a variável que demonstra ter uma maior incidência nas flutuações da emigração é a protecção á agricultura portuguesa (proteccionismo cerealífero) desde os finais do século XIX, revelando-se um poderoso travão a um maior crescimento da emigração. Como não podia deixar de ser, tentou-se mostrar que a conjunção dos factores internos e externos marcaram também o curso da emigração. Pode-se afirmar que os indicadores gerais da economia portuguesa em certos períodos tiveram um papel quase secundário face à procura e às solicitações, bem como á agressividade da política imigratória brasileira, que pareceram ser mais poderosas e desempenharam neste âmbito um papel importante. Em suma, os factores de atracção mostraram também uma grande influência, a par das características específicas da economia portuguesa, porém, dentro destas últimas, provavelmente, poder-se-á afirmar que se não tivesse existido, nesta época, semelhante nível de protecção à agricultura, a emigração portuguesa teria sido ainda maior. No fundo, pode-se arriscar a dizer que, nessa altura, tinham emigrado os antepassados daqueles que acabariam por fazê-lo nos anos sessenta do século XX.
- A princesinha branca e esbelta e o dragão negro e rotundo : um estudo de história do património de Lisboa : 1888 - anos 50Publication . Ramos, Paulo Oliveira; Mendes, José M. Amado; Sousa, João Manuel Rocha deA temática desta tese de doutoramento centra-se na polémica que, desde 1888 e durante décadas, opôs a Torre de Belém à Fábrica de Gás de Belém, funcionando este caso como epítome da história da salvaguarda do património edificado de Lisboa. Ensaia-se, deste modo, uma démarche original, centrada num único monumento e isto ao longo de seis décadas e três regimes políticos – Monarquia, I República e Estado Novo – que nos introduzem no que nos pareceu, desde bem cedo, ser “un grand moment de l’histoire du patrimoine” (Chastel e Babelon) em Portugal. A orientação deste trabalho – que releva de algumas novas tendências de abordagem patrimonial que nos chegam de França, Grã-Bretanha, Itália e Espanha – procurou, ainda, seguir um percurso que ilumine as ideias-força que marcaram a salvaguarda do património em Portugal, sobretudo, entre finais de oitocentos e meados do século XX.
- Os cristãos-novos de Elvas no Reinado de D. João IV : heróis ou anti-heróis?Publication . Pinto, Maria do Carmo Teixeira; Tavares, Maria José FerroOs dezasseis anos do reinado de D. João IV foram marcados por uma situação económica, social e política particularmente delicada, tanto do ponto de vista interno como externo, tendo-se assistido no seio da sociedade portuguesa à alteração do equilíbrio de forças entre alguns dos sectores que a compunham. Tendo, precisamente, como pano de fundo esta realidade a nossa análise e reflexão, num primeiro momento, privilegiou a correlação de forças e de interesses estabelecida entre alguns dos protagonistas da dinâmica social e política do reinado joanino: o próprio monarca, o Tribunal do Santo Ofício, a Companhia de Jesus e os cristãos novos. Assim, buscámos continuidades e rupturas com o passado recente – o da governação filipina – mas também com a realidade mais distante – o século XVI. Procurámos, deste modo, averiguar não apenas em que medida o equilíbrio de poderes entre os referidos intervenientes sofreu eventuais alterações com a subida ao trono do representante da Casa de Bragança, mas também como é que os cristãos novos se enquadraram na nova e conturbada conjuntura restauracionista e o que podiam esperar da sociedade portuguesa da época. Interessou-nos, em particular, procurar compreender as formas de interacção que a gente de nação estabeleceu não apenas com o poder real, mas também com a Companhia de Jesus e com a própria Inquisição e vice-versa. É neste complexo e delicado contexto que nos deparamos com os cristãos novos elvenses e foi sobre eles que a nossa atenção incidiu, num segundo momento do nosso trabalho, procurando reconstituir a vida dos homens e mulheres, cujos antepassados tinham sido judeus, tentando reencontrar a forma como a sua vida se estruturava em termos familiares, religiosos, culturais e socioeconómicos e em que medida, por um lado, essa sua vivência quotidiana era, ou não, devedora de uma herança passada e, por outro, qual o eventual carácter de especificidade que a mesma assumiu. Por último, a nossa atenção incidiu sobre o modo como a Inquisição de Évora accionou os seus mecanismos de controlo e repressão sobre a população cristã nova de Elvas. Esforçámo-nos, neste campo, por ultrapassar uma análise meramente quantitativa, procurando, sempre que nos foi possível, não apenas acompanhar o percurso de vida dos homens e mulheres que caíram nas malhas inquisitoriais, mas também esclarecer sobre os meios que encontraram para contornar a pressão exercida sobre eles, que em muitos casos se consubstanciou na partida para terras do Brasil, Índia, Angola, Castela ou França, em busca de liberdade e fortuna.
- A arte do retrato em Portugal : entre o fim da idade média e o RenascimentoPublication . Flor, Pedro; Serrão, Vitor; Tavares, Maria José FerroEstudar a arte do retrato em Portugal, em particular a produzida entre o final da Idade Média e o Renascimento, constitui o objecto de estudo fulcral da presente tese doutoral. Ao longo deste período, vários espécimes de retrato foram executados sob os mais diversos formatos, materiais, tipos e qualidades. Em primeiro lugar, tornar-se-á fundamental estudar com profundidade o conceito de ‘retrato’, termo este que pode assumir vários significados, consoante os vectores estruturantes de espaço e tempo. O conhecimento dos padrões representativos e o modo como um retrato era executado serão também questões constantes durante o nosso trabalho. Depois, procuraremos proceder a uma leitura transversal e longitudinal das manifestações retratísticas no Ocidente europeu, encetando as pesquisas na Antiguidade e caminhando pela Idade Média até à Modernidade. A identificação dos principais momentos desse longo trajecto, a enumeração dos nomes e das obras de maior significado cultural e a sua integração nos movimentos artísticos próprios serão objectivos absolutamente essenciais que nos irão nortear o pensamento. Após a análise do panorama retratístico europeu e a tomada de consciência dos seus principais momentos e problemáticas, tentaremos, por último, estabelecer uma tipologia alargada de retratos, adoptando vocabulário específico, recolhido na tratadística coeva. Para a compreensão do fenómeno da arte do Retrato no crepúsculo da Idade Média e durante a aurora e o triunfo do Renascimento em Portugal, é elementar perceber quais as suas raízes e os seus modelos de inspiração. A aplicação de uma metodologia analítica, crítica e problematizante no caso português, bem como a adopção do vocabulário e da tipologia propostas irão pautar o nosso posicionamento científico perante as obras de arte. A selecção de um corpus com cerca de cem exemplares, entre espécimes de pintura, escultura, iluminura e vitral, permitir-nos-á ensaiar a utilização de tais meios científicos no estudo da arte do retrato em Portugal, no final do século XV e na primeira metade do século XVI.
- «
- 1 (current)
- 2
- 3
- »