DISSERTAÇÕES DE MESTRADO E TESES DE DOUTORAMENTO
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- Ação social no ensino superior português : práticas, estratégias e impactos socioeconómicosPublication . Pereira, Raquel Ferreira; Sardinha, Boguslawa Maria Barszczak; Albuquerque, RosanaA educação e o ensino superior, em particular, constituem elementos chave para o desenvolvimento pessoal e social. Daí a importância de um sistema de apoios sociais que permita a todos os cidadãos, independentemente da sua origem socioeconómica, ter a oportunidade de usufruir dos seus múltiplos benefícios. A ação social constitui, assim, um veículo prioritário de promoção da igualdade de oportunidades e da equidade no ensino superior, especialmente num momento em que as instituições de ensino superior enfrentam novos e complexos desafios, que requerem novas e inovadoras respostas. O presente trabalho de investigação teve como principal objetivo identificar, caracterizar e analisar a importância da ação social no ensino superior português e os seus impactos socioeconómicos. Pretendeu-se, assim, caracterizar e compreender o sistema de apoios sociais para estudantes oriundos de agregados familiares economicamente desfavorecidos e os mecanismos ao dispor das instituições de ensino superior, no sentido de se procurarem novas respostas e sugestões demelhoria das políticas sociais e educativas, que garantam a melhor ação social possível aos estudantes com reais necessidades de apoio. Sendo a ação social uma realidade complexa, com múltiplos intervenientes e interesses, desde os estudantes bolseiros e respetivas famílias, passando pelos serviços de ação social, instituições de ensino superior, até aos decisores de políticas sociais e educativas, partiuse para esta investigação com uma perspetiva holística, próxima do paradigma interpretativo. Omodelo de investigação privilegiou ométodo indutivo, numa tentativa de abrir portas a novas perspetivas sobre a temática, ainda que combinado com o método dedutivo, o que implicou a adoção de uma pesquisa científica mista, com utilização simultânea de metodologias quantitativas e qualitativas. Os resultados do estudo corroboram a importância decisiva dos apoios sociais, por permitirem o acesso e participação no ensino superior a estudantes de origens socioeconómicas e educativas desfavoráveis, a maioria dos quais, sem estes apoios, ficariam excluídos. Os estudantes demonstraram estar cientes da importância destes apoios e dos seus impactos socioeconómicos, ao permitirem a sua frequência e conclusão. Evidenciaram a perceção clara dos seus potenciais benefícios, individuais e sociais, não apenas financeiros, mas igualmente na formação de uma cidadania mais consciente e participativa. Aspetos fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa, equitativa, coesa e sustentável. A análise efetuada permitiu identificar alguns aspetos em que o atual sistema de apoios poderia ser aperfeiçoado, daí que o estudo termine com um conjunto de recomendações e sugestões de melhoria dos apoios disponibilizados aos estudantes carenciados.
- Avaliar a sustentabilidade social contributos: para a estruturação e aplicação empírica de um modelo de avaliaçãoPublication . Martins, João José de Almeida; Albuquerque, Rosana; Martinho, Ana PaulaA presente tese de doutoramento tem como tema e objeto central o conceito de sustentabilidade social e a procura da sua operacionalização num modelo de avaliação da sustentabilidade social, orientador e pró-ativo, que avalie, mas também promova, a sustentabilidade das ações planeadas (políticas, planos, programas ou projetos). A partir de uma perspetiva crítica e emancipatória, analisa-se o processo de construção da conceção dominante de desenvolvimento sustentável, as suas principais características e as contradições estruturais que comporta. A análise é então centrada na noção de sustentabilidade social, em busca de uma clarificação do seu significado. Da análise crítica de várias propostas de definição e de operacionalização da noção, bem como de outras perspetivas, conceções e propostas, como os direitos humanos, o capability approach de Amartya Sen e Marta Nussbaum, a perspetiva do buen vivir, e a atualização do conceito aristotélico de florescimento desenvolvida pela corrente do realismo crítico, resultou uma proposta, aberta, de conceção de sustentabilidade social como processo relacional de florescimento humano, e como processo de cuidar, compreendendo, necessariamente, uma dimensão atual e uma dimensão utópica, entendendo como utopia, seguindo Karl Manheim, a procura da concretização de futuros desejáveis, emancipatórios e realizáveis, num horizonte de possibilidades. Esta proposta foi configurada num conjunto de princípios de sustentabilidade social e de objetivos de sustentabilidade social procurando integrar e expressar a articulação das dimensões individual e relacional, de estrutura e agência, objetiva e subjetiva. Este conjunto de princípios e objetivos, de natureza ética, constitui uma base matricial para a orientação normativa da ação prática e, concomitantemente, de referencial de valores para a avaliação da sustentabilidade social das ações planeadas. Tendo como referência o campo da avaliação da sustentabilidade, é proposto um modelo de avaliação e promoção da sustentabilidade social de projetos, com contributos ao nível dos fundamentos teóricos, do processo metodológico, das dimensões de sustentabilidade social, da definição do âmbito e dos critérios de avaliação.
- Conciliação da vida profissional, pessoal e familiar no município de Gondomar: a licença parental partilhadaPublication . Gomes, Diana Filipa Martins; Perista, Heloísa; Albuquerque, RosanaA conciliação da vida profissional, pessoal e familiar potencia uma efetiva igualdade entre homens e mulheres, permitindo a realização individual ao nível das suas escolhas em todas as esferas da sua vida. Contudo, esse equilíbrio tão almejado, pode muitas vezes ser difícil de se alcançar, colocando em questão as interações sociais e profissionais entre homens e mulheres e entre os/as mesmos/as e as suas entidades patronais. As alterações sociais, demográficas e económicas, que se têm sentido ao longo dos últimos anos, fazem-se acompanhar de alguma exigência e pressão quer individual, familiar, organizacional e da sociedade em geral, no modo em como são conjugados o trabalho e a vida pessoal e familiar. As dificuldades de conciliação entre as esferas ocorrem muitas vezes devido aos estereótipos de género existentes na sociedade, reproduzidos pelos indivíduos através dos seus comportamentos ao nível organizacional. É nesse sentido que pretendemos compreender com este estudo de caso dos trabalhadores do município de Gondomar, que foram pais entre o ano de 2017 e 2019, a sua opção de não exercício do direito à licença parental partilhada.
- Conciliação entre a vida profissional e a vida pessoal e familiar na Administração Pública Central Portuguesa: o caso da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG)Publication . Andrade, Alexandra Silva Ramos Moreira de; Casaca, Sara Falcão; Albuquerque, RosanaConsiderando a necessidade de assegurar uma adequada articulação entre a vida profissional, pessoal e familiar para combater as assimetrias de género que ainda persistem na sociedade portuguesa, e que a conciliação é um tema central na agenda política nacional porque tem impacto na produtividade e sustentabilidade demográfica do país selecionou‐se um organismo da Administração Pública Central, a Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género para, no âmbito de um estudo de caso, identificar e analisar as necessidades das pessoas trabalhadoras em termos de articulação entre a vida pessoal familiar e profissional e identificar os obstáculos à adoção de medidas de conciliação, os quais sejam transversais aos restantes organismos da Administração Pública Central. O presente estudo procura desta forma iniciar uma reflexão sobre as limitações e obstáculos existentes na Administração Pública (AP), para dar resposta, dentro de um quadro legal onde a lei é o princípio e o fim da atuação da AP, às necessidades dos trabalhadores e das trabalhadoras de flexibilidade e inovação na gestão dos seus tempos de trabalho.
- Contributions from practice to the design of an ethical performance management systemPublication . Ribeiro, Ana Roque de Aguiar; Albuquerque, Rosana; Moreira, José Manuel; Figueiredo, José Manuel Costa Dias deHá uma ligação intrínseca entre desenvolvimento sustentável e ética empresarial, quer na origem — os maiores desastres do mundo foram fruto de companhias “que não seguiam standards aceitáveis” (United Nations, 1987, p. 188) — quer na convicção de que nenhum desenvolvimento sustentável será possível sem um alinhamento nesse objetivo por parte das empresas. Alinhamento que implica por si uma postura ética de preocupação com o bem comum. Esta tese tem como objetivo contribuir, através da reflexão sobre a prática, para o desenho de um sistema corporativo de gestão do desempenho ético para empresas transnacionais, que muitas vezes têm um turnover maior do que alguns países (United Nations, 1987). A investigação tem como ponto de partida uma convicção: a forma como as empresas gerem hoje em dia a ética é reativa e exógena, parte da regulação de pressões, do medo de penalizações e de perdas de mercado. É uma ética que não está incorporada que por vezes desperta mesmo algum cinismo nos colaboradores, ou seja, que chega a ser contraproducente. A abordagem à ética das empresas de que precisamos e que nos pode verdadeiramente ajudar a atingir um desenvolvimento sustentável não é esta. É uma ética incorporada na gestão, que faça parte da reflexão sobre cada ato, como acontece com áreas como as finanças. Para isso é necessária uma abordagem sistémica, global e holística, incorporada na cultura. A nossa investigação vai então no sentido de tentar perceber quais as condições necessárias para a adoção de uma abordagem sistémica na gestão do desempenho ético das empresas (com um foco nas empresas transnacionais e multinacionais). Essa reflexão é feita a partir de dentro, da prática, da forma como a ética é vivida nas empresas, uma investigação mais centrada no porquê da situação, incluindo as emoções, as tensões, os obstáculos e as estratégias para os ultrapassar. Acreditamos que esta abordagem, de um ponto de vista da Academia, permitirá reforçar o conhecimento relativamente às práticas da ética empresarial, aos processos utilizados pelas empresas para promoverem um melhor desempenho ético, à forma como a ética é vivida. Para quem atua no terreno, nomeadamente as entidades que desenvolvem referenciais na área da ética, pode permitir conceber mecanismos operacionais que possam incentivar de modo mais adequado o desenvolvimento de uma gestão ética mais eficaz e sustentável. Para as empresas, acreditamos que, o nosso trabalho, através de uma narrativa que lhes é próxima e onde eventualmente se podem rever, fornece bases para uma reflexão e poderá ser um elemento facilitador do diagnóstico e da definição de objetivos. Para identificar as condições necessárias à adoção de uma abordagem sistémica na gestão do desempenho ético das empresas procurámos a resposta a cinco perguntas: 1. Que características deve ter um sistema para gerir o desempenho ético? 2. Quais as características de uma empresa orientada para a ética? 3. Qual a abordagem das empresas à ética? 4. Que características deve ter um código de ética para que possa ser aceite em diferentes países e culturas? 5. Será a ética completamente dependente dos líderes? Para responder a cada uma destas perguntas adotámos diferentes estratégias e abordagens metodológicas, podendo no entanto dizer-se que, de uma forma geral, a nossa abordagem nos diferentes artigos foi qualitativa, uma vez que o se pretendia era descobrir, através dos sinais e da interpretação desses sinais, a forma como a ética é vivida nas organizações e não testar variáveis (Corbin & Strauss, 2008, p. 13). As respostas às perguntas 2 e 3 (capítulo 2) deram origem ao artigo What do we Talk about when we Talk about Ethics? A Research Journey through the World Most Ethical Companies publicado no International Journal of Managerial Studies and Research (IJMSR) Volume 8, Issue 1, January 2020, PP 60-75. A resposta à pergunta 3 (capítulo 4) deu origem ao artigo Corporate Codes of Ethics — the How factor que foi submetido para publicação no International Journal of Cross Cultural Management e aguarda decisão. Finalmente a quinta pergunta (capítulo 5) corresponde ao artigo Ethics Beyond Leadership — Can ethics Survive Bad Leadership? Que foi aceite e aguarda publicação no Journal of Global Responsibility. De seguida apresentamos a abordagem para cada uma das perguntas e as conclusões a que chegámos. 1. Que características deve ter um sistema de gestão do desempenho ético das empresas? A primeira pergunta, fundamental para tentar clarificar o próprio objeto da tese, foi a única à qual não se tentou responder através da prática. Começámos por identificar o que diferencia um processo (o que a grande parte das empresas têm nomeadamente na gestão das reclamações) de um sistema, que tem por base a inter-relação, a necessidade do todo e a existência de um propósito. Foi realizada uma pesquisa em publicações académicas e empresariais que teve uma especial dívida para com o trabalho desenvolvido sobre os sistemas complexos por Edgar Morin (2008) e por Kelly-Eve Mitleton (2003, 2016). De facto, um sistema para gerir uma área tão ampla como a ética, potencialmente aplicável a qualquer operação da empresa, dependente da cultura e até das características pessoais do próprio ator na sua atuação e que diz respeito a comportamentos, não pode ser desenhado como se fosse a gestão de um produto ou de um serviço. Um sistema para gerir uma área como a ética é necessariamente um sistema complexo e isso implica a impossibilidade do controlo total, a aceitação de que sistemas complexos não se baseiam no cumprimento de ordens e planos definidos, são do âmbito do desassossego, da procura constante, da autodescoberta, da insatisfação, da satisfação incompleta. Quanto mais exigentes formos em relação à ética mais complexos terão de ser os sistemas para a gerir. 2. Quais as características de uma empresa orientada para a ética? Tomámos como referência o índice World’s Most Ethical Companies do Ethisphere Institute que, desde 2007, todos os anos distingue cerca de 100 empresas em todo o mundo pelo seu desempenho na área da ética. Escolhemos este índice no enquadramento da prática, por ser assumido como a referência pelas grandes empresas mundiais, aquilo a que procuram responder. Fizemos uma análise das perguntas do questionário de candidatura e das hipóteses de resposta que lá são apresentadas e desenhámos (concebemos) o retrato de uma empresa com orientação ética, que assumimos para este trabalho como o paradigma do que é pedido às empresas. De acordo com esse retrato, uma empresa orientada para a ética é: uma empresa que considera a ética como algo central, relativamente à qual o Conselho de Administração quer estar informado, e sobre cujo desempenho reflete para identificar novos desafios e novas formas de a fazer crescer dentro da organização; onde há uma pessoa com posicionamento de topo com a função de gerir a ética, que está exclusivamente dedicada a esta temática e que é convidada a apoiar a reflexão nas diferentes áreas da empresa, participando igualmente no desenvolvimento da estratégia geral e na análise de risco; uma empresa onde todos os colaboradores têm formação regular em ética, mas onde, para além dessa formação, a ética é um tema recorrente nas reuniões de trabalho das equipas; uma empresa onde a ética é um tema vivo, percecionado como um must have e que, como tal, faz parte das avaliações de desempenho e dos bónus dos gestores. Uma empresa onde o programa de gestão da ética é avaliado anualmente, bem como a cultura e o clima éticos sendo os resultados comunicados de forma adequada às partes interessadas. 3. Qual a abordagem das empresas à ética? O índice World’s Most Ethical Companies e as empresas distinguidas, serviram-nos também de base para a resposta à terceira pergunta. A pesquisa foi feita através da grounded theory, uma metodologia onde se parte do nada para a construção da teoria, ou seja, é uma metodologia que implica uma abertura para identificar a teoria que possa emergir nos objetos de análise, a análise começa quando se começa a recolher a informação (Corbin & Strauss, 1990, p. 6). Os objetos de análise neste caso foram os relatórios (gestão, ética, sustentabilidade) das 18 empresas europeias distinguidas no índice. A análise da informação foi feita com o apoio do software MAXQDA e mostrou inconsistências no uso da palavra ética e falta de clareza relativamente ao papel da ética nas organizações. Mostrou também que a maioria das empresas está no modo de compliance, sem uma incorporação real da ética na estratégia e nas questões core. O aspeto-chave para uma incorporação decisiva da ética parece ser a assunção de um propósito que encoraje a ação para além da existência ou não de exigências legais ou de regulação. 4. Que características deve ter um código de ética para que possa ser aceite em diferentes países e culturas? A formulação desta pergunta teve como ponto de partida o facto de o código de ética ser o instrumento fundador da generalidade dos programas de ética nas empresas. É, contudo, um instrumento com palavras que podem ter diferentes interpretações, de cultura para cultura, o que pode afetar a sua credibilidade e aceitação por parte dos colaboradores (Talaulicar, 2009). Para responder a esta pergunta foi realizado um estudo de caso em profundidade da revisão de um código de ética por uma empresa transnacional utilizando uma estratégia investigação-ação. O caso é apresentado numa abordagem de storytelling. Documenta-se o processo de elaboração do código e da avaliação do resultado obtido em dois momentos: na altura e três anos depois. O estudo de caso foi antecedido de uma pesquisa de arquivo sobre a relevância dos códigos de ética para as organizações transnacionais e sobre o impacto do método utilizado no seu desenvolvimento para a aceitação e incorporação do código na organização. Concluiu-se que uma metodologia participativa na conceção do código e uma abordagem mais axiológica do que normativa no conteúdo são aspetos críticos para a aceitação do código. O código deve ser concebido numa perspetiva de negociação e de abertura onde seja possível manter as diferenças que se justifiquem. Em termos de conteúdo é importante não colocar no código o que não pode ser conseguido e ter contenção no uso de palavras como “nunca” quando se assume que pode haver exceções. A questão da tradução e da linguagem aparece como uma questão chave que merece mais atenção do que lhe tem sido dada. Palavras como respeito tem significados diferentes de país para país (materializam-se de forma diferente) e mesmo expressões como corrupção, podem ter traduções tecnicamente corretas com significados jurídicos distintos de país para país. No desenvolvimento do código as características pessoais do líder, a energia que o move, são um aspeto fundamental para dar credibilidade ao processo e para os resultados que são conseguidos. É, naturalmente, o aspeto mais difícil de replicar e que pode fazer com que, seguindo os mesmos procedimentos, se chegue a resultados completamente diferentes. 5. Será a ética completamente dependente dos líderes? Se a cultura ética de uma organização for totalmente dependente dos líderes então qualquer sistema que se desenvolva estará sempre dependente de cada mudança de líder. Nesse sentido, o objetivo da nossa investigação, mais do que responder à questão sobre a dependência, é tentar perceber o que pode tornar a cultura ética de uma organização mais resistente às mudanças de líder. Foi realizado um estudo de caso onde se retrata o impacto em ternos de clima e cultura éticos da mudança de liderança numa empresa multinacional — trata-se de uma narrativa construída a partir da entrevista ao CEO já afastado das suas funções e à responsável pelo Compliance. O objetivo foi, a partir da análise da narrativa, a partir da revisão da literatura e da nossa experiência, tentar identificar as circunstâncias (instrumentos, processos, procedimentos) que teriam, por hipótese, dificultado a ocorrência do caso relatado ou, de forma mais abrangente, tornado esta ou outra qualquer empresa mais resiliente face a mudanças de liderança. A estratégia metodológica adotada foi a narrativa, sendo construída através da reprodução do discurso oral dos narradores (oral history), seguida depois de uma análise crítica. Escolhemos esta metodologia porque acreditamos, tal como refere Hannah Arendt, que através dos discursos, das suas exatas palavras, as pessoas mostram quem são, revelam a sua identidade pessoal e as suas singularidades (Arendt, 2001). Esta abordagem permite mostrar os sentimentos que enquadram a ação, que são, de acordo com Scharmer (2015), um dos elementos menos estudados. Concluímos que os aspetos que poderiam tornar a organização mais resiliente às mudanças de liderança seriam o tipo de formação que é dada aos colaboradores, que deve ser mais centrada nos valores, na responsabilidade individual e no desenvolvimento de soft skills. A preparação do processo de sucessão dos líderes também é um aspeto fundamental. A implementação de medidas de combate ao silêncio moral, tais como a explicitação da obrigação de falar (denunciar), criar espaços seguros para diálogo e desenvolver ferramentas que garantam que a empresa sabe o que se passa, como por exemplo entrevistas de saída, são aspetos relevantes tal como divulgar o resultado das denuncias que são feitas, para mostrar que vale a pena, que falar tem impacto. Conclusões gerais Mais do que a soma das conclusões de cada um dos artigos, apresentamos uma reflexão sobre os aspetos que encontrámos transversalmente na resposta a cada uma das nossas perguntas de investigação. Concluímos que, para a maior parte das empresas analisadas, este é ainda o momento do compliance. Não há uma identificação clara do propósito da ética e não há, sobretudo, uma assunção da ética como fazendo parte do propósito da empresa e da missão dos líderes. A questão da liderança, da falha, no ponto de vista ético da liderança, é também uma conclusão transversal. Há a perceção de que um sistema de gestão do desempenho ético dificilmente pode ter como motor, de uma forma ampla, os líderes. Os líderes empresariais, tal como são hoje na sua maioria, têm medo de gerir a complexidade, não acreditam suficientemente na ética ao ponto de a incluir na reflexão estratégica, sentem que, se forem pelo caminho da ética, não têm futuro e, enquanto líderes, têm muito a perder. Esta situação é fruto de um modelo vigente que qualquer sistema de gestão do desempenho ético seriamente assumido tem de ter como propósito mudar, empresa a empresa. Surgem como condições fundamentais para a adoção de uma abordagem sistémica à gestão do desempenho ético nas empresas, a identificação do propósito por caminhos diferentes dos que têm até agora maioritariamente sido seguidos, a aceitação da complexidade, uma abordagem mais axiológica do que normativa, a aposta nas pessoas com liderança ética, independentemente de serem líderes formais ou informais, a perceção de que serão os 10% que procuram ter de modo constante uma conduta ética que farão a diferença e que é importante desenhar um sistema a pensar nessas pessoas e a apoiá-las.
- Desafios da extensão agrária no desenvolvimento sustentável em MoçambiquePublication . Alage, Albertina; Carmo, Hermano; Albuquerque, RosanaO presente estudo debruçou-se sobre os desafios da extensão agrária no desenvolvimento sustentável em Moçambique, sendo a extensão agrária uma das áreas chave do Plano Estratégico de Desenvolvimento do Sector Agrário (PEDSA, 2011-2020), vocacionada para difundir tecnologias geradas ou adaptadas pela investigação para o aumento da produção e produtividade. Realizada em Moçambique, na Província de Maputo, no Distrito de Magude, a pesquisa adotou o método de estudo de caso e incidiu sobre duas metodologias de extensão, nomeadamente, Escola na Machamba do Camponês (EMC) e o Programa Integrado de Transferência de Tecnologias (PITTA). A análise centrou-se nos aspetos metodológicos e tecnológicos utilizados pelos agentes de extensão no seu relacionamento com os protagonistas agrários, sobretudo produtores, e no seu relacionamento com o meio ambiente. A entrevista semiestruturada foi o instrumento privilegiado para a recolha de dados, tendo sido feita a amostragem por saturação. As entrevistas foram conduzidas a uma amostra de 130 pessoas (36 do sistema interventor e 94 do sistema cliente). A pesquisa orientou-se através das seguintes molduras teóricas: Intervenção Social, Participação e Desenvolvimento Comunitário. Tendo como base a intervenção social, o estudo considerou os agentes de extensão como Sistema Interventor, os produtores como Sistema Cliente e incluiu as outras componentes de uma Intervenção Social, designadamente o contexto e o processo de intervenção. A pesquisa defende que as metodologias e as tecnologias das EMC e do PITTA contribuem para o desenvolvimento sustentável em Moçambique, mas precisam de ser aperfeiçoadas e continuamente monitoradas para o seu melhor desempenho.
- Os descendentes de emigrantes portugueses em França : o reencontro com as suas raízesPublication . Torrado, Mireille Heleno; Albuquerque, RosanaA partir dos anos cinquenta do século XX alguns países do norte da Europa, em franca expansão económica, optaram por abrir as suas fronteiras e deixar entrar mão de obra que iria, ao longo dos anos, contribuir para o desenvolvimento desses países. Assim muitos portugueses decidiram migrar, em busca de uma vida melhor e de um trabalho cujo ordenado lhes permitisse realizar muitos dos seus sonhos e ambições. Para muitos desses portugueses, o país de acolhimento foi a França. Lá, acabaram por nascer muitas crianças que serão designadas de filhos de imigrantes, segunda geração, franco-portugueses e mais recentemente luso-descendentes. O objectivo principal de voltar para Portugal acabou, para muitos, por ser um projeto adiado e, nalguns casos, posto de parte. Este trabalho debruçou-se sobre os filhos destes migrantes portugueses residentes em França que, apesar de estarem plenamente inseridos na sociedade de acolhimento dos seus progenitores preferiu, a dada altura, vir para Portugal sem que todavia os seus pais seguissem as suas pisadas. Assim, tentámos saber quem são e quais as razões que levaram alguns lusodescendentes de França a migrar para Portugal, sabendo que os seus progenitores não fizeram essa opção e preferiram ficar em França. Muitos foram os trabalhos que analisaram as vivências dos luso-descendentes após o “regresso” a Portugal com os seus pais, mas poucos ainda são os estudos em que os luso-descendentes migram voluntariamente para Portugal sem as suas famílias.
- Desigualdade(s) de gênero na magistratura: impactos da organização de trabalho genderizada na carreira das mulheres magistradas do tribunal de justiça Estado do Paraná - BrasilPublication . Zanetti, Luciene Oliveira Vizzotto; Albuquerque, Rosana; Mariano, Silvana Aparecida; Marques, Susana RamalhoA presente investigação adota uma perspectiva de gênero para examinar o impacto da organização genderizada na carreira das magistradas do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, Brasil. Adotando o conceito de gênero de Joan Scott (1990), por meio dos estudos de Rosabeth Kanter (1977 e 1993) de Joan Acker (1990) e Santos e Amâncio (2014) aborda o debate sobre a desigualdade de gênero apresentando o conceito de tokenismo/sobreminoria e de organização genderizada. A pesquisa analisa a teoria neutra das organizações laborais que sustenta que a desigualdade nos locais de trabalho é consequência da neutralidade atribuída às instituições que na verdade são baseadas no gênero masculino, conhecida como genderização. A segregação vertical é contextualizada por metáforas compiladas do Manual "Gênero de Mudança Organizacional" (Casaca & Lortie, 2018), partindo do conceito de "teto de vidro" (Steil, A. V. 1997), que simboliza as barreiras invisíveis que dificultam a trajetória feminina até os cargos de maior poder. Além disso, o trabalho examina a representação feminina nas Supremas Cortes de países da América Latina (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe - CEPAL, 2022), bem como, trabalhos recentes sobre a presença das mulheres na magistratura brasileira (Bonelli & Oliveira, 2020; Bonelli, 2011; Fragale Filho, 2015; Severi & Jesus Filho, 2022; Sciamarella, 2020; Yoshida & Held, 2019; Yoshida, 2022), juntamente com dados disponíveis no país (Conselho Nacional de Justiça – CNJ e Associação Juízes Federais - AJUFE). Nesta senda, este estudo tem como objetivo investigar se as mulheres magistradas do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná são afetadas pela organização de trabalho baseada no gênero masculino, uma vez que ocupam posições de destaque na hierarquia da instituição e são consideradas símbolos. Em virtude da escassez de informações específicas sobre a temática no contexto do Tribunal em voga, optou-se pela aplicação de um questionário, o qual obteve a participação de 74 juízas de direito da instituição num universo de 354 mulheres. Os resultados da pesquisa indicam que as magistradas paranaenses enfrentam obstáculos institucionais, preconceito e discriminação no seu percurso profissional, desde o ingresso na carreira até a promoção e nas designações para assumir cargos administrativos na instituição.
- A desistência escolar das raparigas no ensino primário em Moçambique: o caso da Escola Primária 3 de Fevereiro-NicoadalaPublication . Patia, Inocência Adriano Penicela; Pinto, Teresa; Albuquerque, RosanaO presente estudo versa sobre “A desistência escolar das raparigas no Ensino Primário em Moçambique: o caso da Escola Primária 3 de Fevereiro-Nicoadala”, tendo como ponto de partida o seguinte problema: porque continuam as raparigas a desistir da escola, sobretudo no 3º ciclo do Ensino Primário? O objetivo é de compreender como atuam e interagem os fatores que influenciam na desistência das raparigas no 3º ciclo de aprendizagem na perspetiva de contribuir para um conhecimento mais aprofundado do fenómeno da desistência escolar das raparigas em Moçambique a partir de um estudo de caso aprofundado tendo em conta as diversidades regionais e as particularidades de cada uma das comunidades. Para a efetivação do estudo tomou-se como base uma revisão de literatura sobre a desistência escolar, sendo igualmente analisados dados estatísticos sobre a desistência escolar de forma a contextualizar o fenómeno registado na Escola Primária 3 de Fevereiro-Nicoadala cuja abordagem foi de natureza qualitativa, numa perspetiva descritiva. Teve a participação de oito (8) pessoas de entre membros de direção da escola, docentes, alunas e mães e/ou encarregadas de educação, os quais foram conduzidas entrevistas a partir de 5 guiões elaborados de forma had hoc para este estudo. Com base nos resultados do estudo, concluiu-se que na Escola Primária 3 de Fevereiro, constituem fatores de Desistência Escolar das Raparigas, os seguintes: Fatores institucionais que têm a ver com as formas de tratamento das raparigas durante a condução do Processo de Ensino-Aprendizagem; o comportamento inadequado de alguns rapazes sobre as raparigas; possibilidades de assédio sexual perpetrado por professores; indefinição clara de iniciativas de combate à desistência escolar e de sensibilização das famílias e das raparigas desistentes para o retorno à escola; inexistência de um sistema devidamente organizado para tratar assuntos relacionados com questões de género; fraco desempenho dos principais órgãos de gestão escolar (sobretudo o Conselho de Escola) tendo em vista o real papel a ser desempenhado por estes. Fatores socioculturais que têm a ver com a passividade das famílias e da liderança local em relação aos casos emergentes uniões prematuras e gravidezes precoces; fraco acompanhamento da escolaridade das raparigas, denotando passividade das famílias na exigência de frequência escolar ou de retorno à escola para os casos assumidos como de desistência. Fatores económicos que têm a ver com a privação das raparigas nas atividades agrícolas e nos negócios realizados pelas famílias como forma de assegurar o sustento familiar.
- As e os assistentes sociais e o seu papel na intervenção com as pessoas em situação de sem-abrigoPublication . Nunes, Mara Maria Pereira; Albuquerque, RosanaA presente investigação pretende compreender o papel dos profissionais de Serviço Social na promoção da cidadania e inclusão social das pessoas em situação de sem-abrigo. Partindo desta questão orientadora, definiram-se os seguintes objetivos de investigação: caracterizar e analisar as políticas sociais que enquadram a intervenção da e do assistente social na intervenção com a pessoa em situação de sem-abrigo; caracterizar as técnicas, os métodos e as práticas de intervenção do Serviço Social face à situação de sem-abrigo; identificar, na perspetiva da e do assistente social, as dificuldades no exercício da atividade profissional; identificar, na perspetiva da e do assistente social, as lacunas nas respostas sociais dirigidas à população em situação de sem-abrigo, bem como as estratégias para as superar e que permitam contribuir para melhorias na intervenção; compreender como a atuação da e do assistente social promove a cidadania e inclusão social da pessoa sem-abrigo; compreender o papel das competências interculturais na intervenção do e da assistente social. No sentido de responder aos objetivos traçados, foi realizado um estudo de caso cuja amostra abrangeu as e os assistentes sociais inseridos nos Núcleos de Prevenção e Intervenção Sem-Abrigo (NIPSA) existentes em território nacional. A investigação permitiu-nos concluir que os e as assistentes sociais revelam ter um papel de facilitador, mediador e interventivo, desde a elaboração até à execução das políticas sociais. No entanto, na atuação no terreno, persiste uma intervenção direcionada para as práticas assistencialistas, com poucos recursos humanos e financeiros, respostas de emergência e estruturas organizacionais e intervencionais com algumas falhas, desadequadas à realidade de uma sociedade multicultural. Esperamos com esta pesquisa contribuir para a construção de um olhar reflexivo, a nível académico e social, sobre a intervenção com as pessoas em situação de sem-abrigo e a profissão do Serviço Social.
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