Estudos Portugueses | Portuguese Studies
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- Análise do atual planeamento e políticas de português língua estrangeira na China: comparação com o caso do espanhol língua estrangeira e recomendações para planeamento e políticas articuladasPublication . Pires, Luís Tiago Alves; Silva, Mário Filipe daA presente tese centra-se numa análise comparativa das políticas e estratégias estatais de promoção do português e espanhol como línguas estrangeiras na China. Para este efeito, perspetivam-se Portugal e Espanha como ‘exportadores’ destes idiomas, e a China como sua ‘importadora’. Estabelece-se, primeiro, o valor e relevância para a China do português e do espanhol, no contexto do seu estatuto como línguas globais, e das relações diplomáticas e económicas entre os países em apreço. De seguida, caracteriza-se a presença destas línguas no sistema de educação do gigante asiático, enfatizando-se o ensino superior na China Continental. Procura-se desvendar que forças motrizes e políticas têm favorecido ou contrariado a importação do português e do espanhol no país, bem como a sua situação atual. Por fim, retratam-se as políticas e estratégias dos estados ibéricos para a exportação dos idiomas em questão, com enfoque inicial na atuação global dos organismos encarregues desta missão, e, em sequência, na sua concretização na China. Concluída esta abordagem tripartida, procede-se a uma análise comparativa que procura evidenciar as diferenças nas abordagens adotadas por Portugal e Espanha. Foram identificadas lacunas na estratégia de exportação do português para a China, apesar do contexto favorável à sua importação. Portanto, face aos resultados, apresentam-se recomendações para uma utilização mais eficiente dos recursos atuais e identificam-se áreas com particular potencial de expansão, a fim de beneficiar todos os envolvidos na promoção e ensino do português língua estrangeira na China, desde professores e investigadores, a formuladores de políticas e diplomatas.
- A arquitetura da memória em Teixeira de PascoaesPublication . Marcante, Isabel Maria Pessanha; Vila Maior, DionísioA obra em prosa e em verso de Teixeira de Pascoaes (1877-1952) apresenta fortes marcas autobiográficas que nos reportam sempre à sua infância. Esta espécie de retorno mental à infância expressa-se fortemente nas suas duas obras memorialísticas Livro de Memórias (1928), escrita durante a sua mocidade, e também na sua obra memorialística da idade madura, Uma Fábula: o advogado e o poeta (1952). Neste seu percurso pela memória e sujeito às correntes das lembranças e ondas da memória, Teixeira de Pascoaes irá servir-se de evocações (e invocações), sendo acompanhado, neste processo, pelas suas figuras da memória, pela paisagem do Marão e pelos espaços da memória que irão fazê-lo regressar, sempre e sempre, ao seu período áureo e mítico – o período da infância. A edificação do edifício memorialístico pascoaesiano envolve uma interação entre o presente e o passado e é feita através da inscrição do autor-poeta na paisagem, nos espaços e nas figuras da memória, ultrapassando e diluindo Pascoaes, deste modo, o tempo e o espaço, e assumindo isto a forma de um eterno retorno.
- Cesário Verde: a aprendizagem da poesiaPublication . Meireles, Pedro; Piedade, Ana NascimentoA poesia de Cesário Verde constitui o «grau zero», para citar uma expressão de Eduardo Lourenço, da poesia portuguesa contemporânea. Cesário é também considerado um dos maiores poetas portugueses, sendo a sua poesia lida como exemplo para defesa de várias teses: assinala a passagem entre o romantismo e o realismo com uma perfeição formal parnasiana; representa o binómio contrastante do campo e da cidade; descreve a mulher como lugar de sossego e de desassossego. O presente trabalho, partindo destes pressupostos, pretende chegar àquele que Lourenço enuncia. Para isso, descrever-se-á um caminho de aprendizagem do dizer poético, caminho feito nos poemas «Nevroses», «Num Bairro Moderno», «Cristalizações» e «Noitada», avançando-se depois para «O Sentimento dum Ocidental» e «Nós». Do resultado desta aprendizagem, poder-se-á dizer que aqueles poemas instauram um idioma que permite colocá-los em diálogo com outros graus zeros da poesia contemporânea e mostrar que a poesia transmite, mais do que conhecimento, modos de ver.
- A competência intercultural e o texto literário no ensino portuguêsPublication . Vale, Madalena Alves do; Sequeira, Rosa MariaNa era da globalização assume particular importância o desenvolvimento da competência intercultural. É determinante formar cidadãos detentores de uma consciência crítica intercultural, de um espírito de abertura e de tolerância face a outros valores e culturas e capazes de questionar o seu próprio sistema de valores. A presente investigação incide sobre o desenvolvimento da competência intercultural em sala de aula. É analisada a pertinência do ensino por competências, que esteve na base de alterações no sistema educativo em diferentes países. Coloca-se a tónica no confronto entre os documentos reguladores referentes à disciplina de Português e o modelo de Byram e o Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas. Procede-se ainda à articulação com o Quadro de Competências para a Cultura Democrática e com pressupostos de cidadania defendidos por Nussbaum. Há ainda lugar a uma reflexão sobre as práticas interculturais na aula de Português. Aborda-se o texto literário enquanto elemento potenciador do desenvolvimento da interculturalidade e reflete-se sobre as suas práticas e as representações da alteridade na obra literária. Pretende-se verificar se, independentemente do paradigma subjacente aos programas de Português, a competência intercultural pode ser desenvolvida através do estudo do texto literário, atendendo ao facto de este abrir janelas para novas culturas, novos mundos e novas vivências. São definidos objetivos no domínio da comunicação intercultural, tendo por base o quadro teórico anteriormente mencionado, que servirão de base ao estudo empírico. Procede-se depois à testagem dos objetivos em produções textuais que constituem resposta a textos literários em contexto de sala de aula e à consequente interpretação e análise de resultados.
- Contributos da sociolinguística interacional para a análise de narrativas interativas realizadas em cartas no contexto pós-colonial (1974-1980)Publication . Santos, Maria Sofia Dias Ferreira Godinho Silva; Almeida, Carla Aurélia deO presente trabalho de investigação é realizado no âmbito do Doutoramento em Estudos Portugueses, da Universidade Aberta, e desenvolve uma ação de pesquisa centrada nos contributos da Sociolinguística Interacional para a análise de narrativas interativas, realizadas em contexto pós-colonial (1974-1980). Tem por base a constituição, delimitação e análise de um corpus de 786 cartas, de caráter pessoal, escritas entre setembro de 1974 e setembro de 1980, na sequência da separação imposta entre marido e mulher por força do contexto da descolonização. A investigação incide na análise de narrativas de experiências de vida que configuram relatos de vivências individuais moldadas pelos contextos específicos em que se inscrevem. Observa-se, em particular, os processos de construção de sentido num movimento de influência recíproca entre as narrativas conversacionais quotidianas e os contextos interacionais em que estão incorporadas. Considerando a emoção no âmbito do trabalho interacional (Almeida, 2022b: 255), observam-se as estratégias discursivas que contribuem para a construção de um discurso emotivo, nomeadamente os rituais verbais realizados através da alternância e encaixe de sequências de atos de discurso de ameaça, de agradecimento, de crítica e de reparação. Num estudo que se pretende confluente entre teoria analítica e análise empírica (Almeida, 2011: 36), observa-se que a noção de “envolvimento conversacional”, na linha de Gumperz (1982: 2-3) e Tannen (1989), está na base da interação social, como Goffman (1981) assinala. Com efeito, a presente perspetiva considera que a interpretação do sentido resulta da construção conjunta da interação (Almeida, 2012d: 109; 180; 213), introduzindo ainda o conceito de “comunhão fática” como um tipo de discurso em que os laços de união se reforçam ou desatam por ação de “uma simples troca de palavras” (Malinowski, 2018).
- Contributos das poéticas de David Mourão-Ferreira e de Pedro Homem de Mello para o novo fado de Amália RodriguesPublication . Ferreira, Rui Manuel Martins; Pais, Carlos Castilho; Couto, Anabela GalhardoO presente estudo pretende analisar o contributo das poéticas de Pedro Homem de Mello e David Mourão-Ferreira para o surgimento do Novo Fado de Amália Rodrigues, nos anos 60 e 70 do século XX. Importa ressaltar que as obras poéticas específicas de Pedro e David são vastas e pré-existentes ao universo temporal que é objeto desta investigação. Também a carreira de Amália Rodrigues já se tinha iniciado muito antes desta época, mas a contribuição da poesia dos dois autores e a carreira de Amália representam um encontro particular no espaço e no tempo, materializado numa produção artística específica, designada por Novo Fado. O critério de seleção subjacente à centralidade do estudo da poética de Pedro e David prende-se com a pertinência da obra destes poetas, por terem sido os primeiros poetas eruditos vivos a estabelecerem uma colaboração estreita e dedicada com a artista Amália Rodrigues, que se manteve ao longo das suas vidas. Esta ligação adveio da intervenção do compositor Alain Oulman na adequação da poesia ao fado, procedendo ao levantamento dos poemas, com suporte musical da sua autoria, para os divulgar num novo tipo de fado. A obra poética de Pedro Homem de Mello, cantada por Amália, introduziu no repertório do fado poemas que exploram uma densa versatilidade de sentimentos humanos e emoções, com manifestação lírica. Já David Mourão-Ferreira, ao trazer a sua poesia para o fado, transmite-lhe simbolicamente um ambiente festivo e um tipo de sensualidade que, dispensando narrativas, introduzem inovação no conteúdo do fado, pela forma como aborda as emoções complexas ligadas ao amor e à paixão. A ambiguidade do fado e da personalidade de Amália acabará por lhe proporcionar um encontro feliz com novos e diversos tipos de públicos. Os encontros e desencontros da vida acabaram por servir de mensagem a este novo tipo de fado, que recorria a um simbolismo particular e a uma sensibilidade nova, para abordar as temáticas eternas, da vida e da morte.
- Da personagem romanesca à personagem fílmica : as Pupilas do Senhor ReitorPublication . Padeira, Ana Rita Soveral; Reis, CarlosConstituiu objectivo do presente trabalho estudar a categoria da personagem no âmbito da ficção dinisiana, com particular incidência em As Pupilas do Senhor Reitor, precisamente por ser este o romance de um escritor português que maior número de adaptações sofreu, particularmente cinematográficas, não só no contexto da obra de Júlio Dinis, mas também no panorama mais vasto da literatura portuguesa. Em «Uma Visão de Época» procurámos fazer uma resenha, tanto quanto possível, exaustiva da crítica surgida ao romancista e à sua obra, ordenada numa perspectiva cronológica, até à data da realização da primeira adaptação cinematográfica, tendo-se elaborado o que acreditamos ser um inventário crítico sobre a bibliografia passiva de Júlio Dinis. Em «Imagens e Representações Contemporâneas», procurámos estabelecer o percurso evolutivo da escrita literária de Júlio Dinis, passando pelas diversas fases experimentais, como aquelas em que se exercitou enquanto poeta e dramaturgo, depois como contista, para, finalmente, atingir a plena maturidade literária de que os quatro romances são prova incontestável. Ao longo do caminho trilhado, não deixa de ser significativo que, precisamente, no final da sua breve carreira, enquanto ficcionista, tenha reunido de forma sistemática e absolutamente inédita, o que podemos considerar como uma estética do romance 'moderno', contribuindo assim, de forma objectiva, para a fixação de um género. Estes são os aspectos que basicamente enformam a abordagem de «Um Perfil Literário». Em «Um Signo Entre Signos» debruçámo-nos sobre a personagem enquanto importante elemento diegético da narrativa. Procurámos fazer o ponto da situação dos estudos sobre a personagem no âmbito da narratologia. Com este intuito, incluiu-se uma apreciação parcial sobre o estado da bibliografia existente e estabeleceu-se o confronto entre as posições antagónicas defendidas pelas teorias puristas ou semióticas, de um lado, e as teorias referenciais e miméticas que consideram a personagem à semelhança da pessoa, representativa por conseguinte do modelo humano, por outro. Apesar de termos concedido particular atenção à abordagem semiológica de Philippe Hamon, procurámos encaminhar a exposição teórica elaborada no sentido de melhor servir os objectivos visados, ou seja, verificar de que forma se processa a construção deste signo literário através das diferentes categorias do discurso, retirando das principais teorias enunciadas os aspectos que permitiram caracterizar esta categoria de relevo diegético importante, que é a personagem, também uma questão de relevo no contexto da sua ficção, conforme confessou o próprio romancista. Em «A Personagem Romanesca», procurámos aplicar os conceitos teóricos mais importantes, subjacentes à análise que elaborámos partindo do léxico de personagens dinisianas, com particular incidência no elenco que constitui as Pupilas. Salientámos a importância da dimensão psicológica na caracterização dos principais protagonistas, sem esquecer, todavia, a extraordinária subtileza que Júlio Dinis emprestou à configuração dos tipos. Importou-nos ainda a abordagem do discurso da personagem, não só pela intrínseca cumplicidade que afecta estes dois elementos da narrativa (personagem e discurso), mas também porque através desse mesmo discurso Júlio Dinis procurou criar um tipo de monólogo interior, não obstante a simplicidade e a insipiência da construção, afinal próprias de quem experimenta novos caminhos. Estes e outros aspectos constituíram o estudo que empreendemos em «A Personagem Dinisiana». Em «O Discurso Fílmico: um sistema semiótico diferente» procurámos confrontar, sucintamente, dois sistemas semióticos, nomeadamente, o discurso verbal, fundamentalmente veiculado pela palavra e o discurso fílmico, a que a imagem, o som e uma série de outros procedimentos conjuntos vão dar forma. À riqueza pictórica e imediata transmitida pela imagem visual, contrapusemos o poder da sobre significação da imagem verbal e mental. Debruçámo-nos ainda sobre algumas questões da adaptação, sem perder de vista as épocas em que foi realizada a "filmografia" dinisiana, isto é, confirmando a dependência em que se encontra relativamente aos padrões de narração do filme clássico. Em «Uma Leitura de As Pupilas cinematografadas» apresentámos as diversas adaptações, levadas a cabo em épocas diferentes do cinema português. Elas remetem para determinadas representações mentais, social e culturalmente construídas. Procurámos explicar os motivos pelos quais surgiram, contextualizando-as em espaço e tempo próprios. A propósito do interesse que despertaram, buscámos o testemunho das críticas veiculadas em alguns periódicos da época e da especialidade, particularmente significativas no caso dos filmes que, lamentavelmente, o tempo acabou por destruir. Os aspectos folclóricos e etnográficos, que constituem fortes atractivos nos filmes, são outra componente que não pudemos deixar de assinalar, mesmo porque se trata de aspectos que reforçam certa ideia da "portugalidade', cuja propaganda, no contexto da época, importava divulgar. A dimensão metonímica dos filmes, bem assim como o tratamento cinematográfico da personagem foram, por conseguinte, constantes que procurámos não perder de vista no decurso da análise. Nas Conclusões, procurámos sistematizar as ideias mais relevantes quanto ao estudo da personagem nos romances de Júlio Dinis e o que dela ficou nos filmes que visionámos. Tentámos, fundamentalmente, reabilitar a imagem do romancista, que, apesar da inovação trazida pela sua escrita ficcional e apesar dos conteúdos humanos e dos valores simples que divulgou, foi, todavia, um escritor 'catalogado'.
- Da polémica à agressividade verbal: uma análise pragmáticodiscursiva de conferências de imprensa de treinadores de futebolPublication . Oliveira, Guilherme Delgado; Seara, IsabelEsta pesquisa, enquadrada no âmbito dos estudos linguísticos da delicadeza, indelicadeza verbais e do ethos construído no discurso, assim como da polémica verbal, tem como finalidade verificar as estratégias pragmático-discursivas das interações verbais protagonizadas pelos treinadores de futebol portugueses em excertos de conferências de imprensa de caráter menos harmonioso. Neste contexto, esta investigação de caráter empírico situa-se na confluência de paradigmas, como a Sociolinguística Interacional (Gumperz 1982; Tannen, 1989; Almeida, 2012), Análise Conversacional (Sacks, Schegloff & Jefferson 1974; Harvey Sacks 1966; Binet, 2013) e Pragmática Discursiva (Searle, 1984; Austin 1936; Fonseca, 1992; Carrilho, 1994). Para a sua efetivação, recorremo-nos a um corpus constituído por excertos de conferências de imprensa protagonizados por treinadores portugueses, circunscritos às épocas desportivas dois mil e dezasseis a dois mil e dezoito, os quais foram transcritos, tendo em conta o modelo aplicado pelos investigadores brasileiros (PETEDI) para o estudo dos géneros orais. Nela, tentamos demonstrar que, aquando das interações verbais menos harmoniosas, os treinadores, ao convocarem para a cena de enunciação (Maingueneau, 2006) os seus mais diretos adversários na luta por objetivos comuns, fazem uso de estratégias de descredibilização ou desqualificação do outro, características do discurso polémico (Amossy, 2017), assentes em atos de indelicadeza verbal (Culpeper, 1996; Locher & Bousfield, 2008), o que lhes permitem projetar ethè (Amossy, 2011; Charaudeau, 2006; Maingueneau, 2005; 2008) completamente antagónicos (Marques, 2008). Porém, estes atos de desacordo não se limitam aos colegas de profissão, mas também se estendem a outros intervenientes, nomeadamente, aos jornalistas, quem tem incumbência de lhes questionar sobre os eventos dos jogos, e às equipas de arbitragem. Na construção dessas imagens, faz-se uso de atos de ameaça (Almeida, 2011), sob forma de crítica e insinuação, isto é, atos cujo objetivo passa-se pelo ataque “ad hominem”, acarretando problemas para face do próprio locutor. Por isso, em conferências de imprensa subsequentes, são obrigados a retratarem-se com atos reparadores (Briz, 2003), de pedido de desculpa (Brown & Levinson, 1987), justificação (Almeida, 2011), recorrendo a outras estratégias, como a polifonia de vozes (Fonseca, 1992), histórias de vida (Flannery, 2011; Gunthner, 2011), a atos de elogio (Kerbrat-Orecchioni, 1992) para captação, legitimação e credibilização discursivas (Charaudeau, 2014) e envolver, não só os jornalistas em presença, como também as testemunhas ausentes das trocas – os telespetadores/adeptos.
- (Des)acordo ortográfico: análise discursivo-pragmática da polémica verbal em textos de opinião sobre o acordo ortográfico de 1990Publication . Ninitas, Mariana Rosa Moita Silva; Seara, IsabelA presente tese de doutoramento é um trabalho de investigação cujo principal objetivo é estudar a construção da polémica verbal num corpus de artigos de opinião sobre o Acordo Ortográfico de 1990, nas perspetivas da Análise do Discurso, da Retórica, das Teorias da Argumentação e da Pragmática. Partindo de um corpus constituído por doze artigos de opinião, sobre o Acordo Ortográfico de 1990, dados à estampa na imprensa portuguesa, entre 2015 e 2017 (inclusive), ensaiámos perceber de que forma se constrói o discurso polémico no âmbito desses textos, identificando as regularidades da organização e do funcionamento da polémica escrita, bem como os argumentos e contraargumentos ativados nos exemplares. Privilegiámos, nesse sentido, e num primeiro momento, questões relacionadas com a construção discursiva dos ethè dos autores dos textos, evidências relativas à natureza dialógica dos discursos em análise, assim como dos diferentes graus de agressividade presentes. Seguidamente, procedemos ao levantamento dos tipos de argumentos e contra-argumentos convocados, procurando perceber se a sua natureza era estritamente linguística ou abarcava outras esferas, como a política e a pessoal. Complementarmente, refletimos sobre a própria estrutura do artigo de opinião, tendo em conta aquele que se prevê ser o seu modelo genérico. Os resultados da análise permitiram-nos comprovar que os textos de opinião analisados têm uma natureza polémica, centrada na necessidade de denegrir o adversário, mais do que em defender ou atacar o texto em apreço; a maioria dos autores esgrimem argumentos que se afastam do cerne da discussão dos fundamentos do AO e organizam o seu texto em torno de outras questões, como as falhas de conduta ou de caráter dos seus oponentes; e mobilizam, preferencialmente, argumentos de natureza pessoal, política, histórica, entre outros, distanciando-se dos argumentos de natureza linguística, que, quando convocados, incorrem em imprecisões linguísticas.
- A diversidade intertextual d' A Correspondência de Fradique Mendes : dandismo e jogo(s) de apresentação/simulaçãoPublication . Neto, Francisco José Sousa; Piedade, Ana NascimentoA Correspondência de Fradique Mendes de Eça de Queirós radica numa tradição textual que conheceu uma notória proliferação na literatura europeia do século XIX, nomeadamente em textos de Hippolyte Taine (Notes sur Paris) e Thomas Carlyle (Sartor Resartus). Na verdade, quando a obra é publicada, Fradique surge inserido num mistificador jogo textual, muito semelhante ao que Taine e Carlyle utilizaram para apresentar Graindorge e Teufelsdröckh, respetivamente. A produção ‘literária’ do dândi (um epistolário) vem acompanhada de um estudo biográfico, intitulado “Memórias e Notas”, onde um narrador anónimo, propositadamente confundível com Eça, recria o percurso humano e intelectual daquele originalíssimo ‘escritor’ entretanto falecido. Paralelamente a uma consistente estratégia autenticadora, o autor d’ Os Maias fornece ao leitor múltiplos indícios — por via da ironia, da hipérbole, do elemento burlesco — para que ele desconfie da veracidade da personagem e da genuinidade das cartas divulgadas, aspeto que nos remete para a construção igualmente humorística e ambivalente das obras de Taine e Carlyle. Um outro elemento comum às três produções literárias em estudo tem a ver com os laços que ligam Fradique, Graindorge e Teufelsdröckh a alguns dos traços distintivos da conduta dândi (de acordo com a teorização apresentada por Barbey d’Aurevilly e Baudelaire): a busca da originalidade e a recusa da uniformização, o culto da toilette e da aparência exterior, o desejo de surpreender e a impassibilidade.