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- Da polémica à agressividade verbal: uma análise pragmáticodiscursiva de conferências de imprensa de treinadores de futebolPublication . Oliveira, Guilherme Delgado; Seara, IsabelEsta pesquisa, enquadrada no âmbito dos estudos linguísticos da delicadeza, indelicadeza verbais e do ethos construído no discurso, assim como da polémica verbal, tem como finalidade verificar as estratégias pragmático-discursivas das interações verbais protagonizadas pelos treinadores de futebol portugueses em excertos de conferências de imprensa de caráter menos harmonioso. Neste contexto, esta investigação de caráter empírico situa-se na confluência de paradigmas, como a Sociolinguística Interacional (Gumperz 1982; Tannen, 1989; Almeida, 2012), Análise Conversacional (Sacks, Schegloff & Jefferson 1974; Harvey Sacks 1966; Binet, 2013) e Pragmática Discursiva (Searle, 1984; Austin 1936; Fonseca, 1992; Carrilho, 1994). Para a sua efetivação, recorremo-nos a um corpus constituído por excertos de conferências de imprensa protagonizados por treinadores portugueses, circunscritos às épocas desportivas dois mil e dezasseis a dois mil e dezoito, os quais foram transcritos, tendo em conta o modelo aplicado pelos investigadores brasileiros (PETEDI) para o estudo dos géneros orais. Nela, tentamos demonstrar que, aquando das interações verbais menos harmoniosas, os treinadores, ao convocarem para a cena de enunciação (Maingueneau, 2006) os seus mais diretos adversários na luta por objetivos comuns, fazem uso de estratégias de descredibilização ou desqualificação do outro, características do discurso polémico (Amossy, 2017), assentes em atos de indelicadeza verbal (Culpeper, 1996; Locher & Bousfield, 2008), o que lhes permitem projetar ethè (Amossy, 2011; Charaudeau, 2006; Maingueneau, 2005; 2008) completamente antagónicos (Marques, 2008). Porém, estes atos de desacordo não se limitam aos colegas de profissão, mas também se estendem a outros intervenientes, nomeadamente, aos jornalistas, quem tem incumbência de lhes questionar sobre os eventos dos jogos, e às equipas de arbitragem. Na construção dessas imagens, faz-se uso de atos de ameaça (Almeida, 2011), sob forma de crítica e insinuação, isto é, atos cujo objetivo passa-se pelo ataque “ad hominem”, acarretando problemas para face do próprio locutor. Por isso, em conferências de imprensa subsequentes, são obrigados a retratarem-se com atos reparadores (Briz, 2003), de pedido de desculpa (Brown & Levinson, 1987), justificação (Almeida, 2011), recorrendo a outras estratégias, como a polifonia de vozes (Fonseca, 1992), histórias de vida (Flannery, 2011; Gunthner, 2011), a atos de elogio (Kerbrat-Orecchioni, 1992) para captação, legitimação e credibilização discursivas (Charaudeau, 2014) e envolver, não só os jornalistas em presença, como também as testemunhas ausentes das trocas – os telespetadores/adeptos.