Sustentabilidade Social e Desenvolvimento
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Browsing Sustentabilidade Social e Desenvolvimento by Sustainable Development Goals (SDG) "09:Indústria, Inovação e Infraestruturas"
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- Contributions from practice to the design of an ethical performance management systemPublication . Ribeiro, Ana Roque de Aguiar; Albuquerque, Rosana; Moreira, José Manuel; Figueiredo, José Manuel Costa Dias deHá uma ligação intrínseca entre desenvolvimento sustentável e ética empresarial, quer na origem — os maiores desastres do mundo foram fruto de companhias “que não seguiam standards aceitáveis” (United Nations, 1987, p. 188) — quer na convicção de que nenhum desenvolvimento sustentável será possível sem um alinhamento nesse objetivo por parte das empresas. Alinhamento que implica por si uma postura ética de preocupação com o bem comum. Esta tese tem como objetivo contribuir, através da reflexão sobre a prática, para o desenho de um sistema corporativo de gestão do desempenho ético para empresas transnacionais, que muitas vezes têm um turnover maior do que alguns países (United Nations, 1987). A investigação tem como ponto de partida uma convicção: a forma como as empresas gerem hoje em dia a ética é reativa e exógena, parte da regulação de pressões, do medo de penalizações e de perdas de mercado. É uma ética que não está incorporada que por vezes desperta mesmo algum cinismo nos colaboradores, ou seja, que chega a ser contraproducente. A abordagem à ética das empresas de que precisamos e que nos pode verdadeiramente ajudar a atingir um desenvolvimento sustentável não é esta. É uma ética incorporada na gestão, que faça parte da reflexão sobre cada ato, como acontece com áreas como as finanças. Para isso é necessária uma abordagem sistémica, global e holística, incorporada na cultura. A nossa investigação vai então no sentido de tentar perceber quais as condições necessárias para a adoção de uma abordagem sistémica na gestão do desempenho ético das empresas (com um foco nas empresas transnacionais e multinacionais). Essa reflexão é feita a partir de dentro, da prática, da forma como a ética é vivida nas empresas, uma investigação mais centrada no porquê da situação, incluindo as emoções, as tensões, os obstáculos e as estratégias para os ultrapassar. Acreditamos que esta abordagem, de um ponto de vista da Academia, permitirá reforçar o conhecimento relativamente às práticas da ética empresarial, aos processos utilizados pelas empresas para promoverem um melhor desempenho ético, à forma como a ética é vivida. Para quem atua no terreno, nomeadamente as entidades que desenvolvem referenciais na área da ética, pode permitir conceber mecanismos operacionais que possam incentivar de modo mais adequado o desenvolvimento de uma gestão ética mais eficaz e sustentável. Para as empresas, acreditamos que, o nosso trabalho, através de uma narrativa que lhes é próxima e onde eventualmente se podem rever, fornece bases para uma reflexão e poderá ser um elemento facilitador do diagnóstico e da definição de objetivos. Para identificar as condições necessárias à adoção de uma abordagem sistémica na gestão do desempenho ético das empresas procurámos a resposta a cinco perguntas: 1. Que características deve ter um sistema para gerir o desempenho ético? 2. Quais as características de uma empresa orientada para a ética? 3. Qual a abordagem das empresas à ética? 4. Que características deve ter um código de ética para que possa ser aceite em diferentes países e culturas? 5. Será a ética completamente dependente dos líderes? Para responder a cada uma destas perguntas adotámos diferentes estratégias e abordagens metodológicas, podendo no entanto dizer-se que, de uma forma geral, a nossa abordagem nos diferentes artigos foi qualitativa, uma vez que o se pretendia era descobrir, através dos sinais e da interpretação desses sinais, a forma como a ética é vivida nas organizações e não testar variáveis (Corbin & Strauss, 2008, p. 13). As respostas às perguntas 2 e 3 (capítulo 2) deram origem ao artigo What do we Talk about when we Talk about Ethics? A Research Journey through the World Most Ethical Companies publicado no International Journal of Managerial Studies and Research (IJMSR) Volume 8, Issue 1, January 2020, PP 60-75. A resposta à pergunta 3 (capítulo 4) deu origem ao artigo Corporate Codes of Ethics — the How factor que foi submetido para publicação no International Journal of Cross Cultural Management e aguarda decisão. Finalmente a quinta pergunta (capítulo 5) corresponde ao artigo Ethics Beyond Leadership — Can ethics Survive Bad Leadership? Que foi aceite e aguarda publicação no Journal of Global Responsibility. De seguida apresentamos a abordagem para cada uma das perguntas e as conclusões a que chegámos. 1. Que características deve ter um sistema de gestão do desempenho ético das empresas? A primeira pergunta, fundamental para tentar clarificar o próprio objeto da tese, foi a única à qual não se tentou responder através da prática. Começámos por identificar o que diferencia um processo (o que a grande parte das empresas têm nomeadamente na gestão das reclamações) de um sistema, que tem por base a inter-relação, a necessidade do todo e a existência de um propósito. Foi realizada uma pesquisa em publicações académicas e empresariais que teve uma especial dívida para com o trabalho desenvolvido sobre os sistemas complexos por Edgar Morin (2008) e por Kelly-Eve Mitleton (2003, 2016). De facto, um sistema para gerir uma área tão ampla como a ética, potencialmente aplicável a qualquer operação da empresa, dependente da cultura e até das características pessoais do próprio ator na sua atuação e que diz respeito a comportamentos, não pode ser desenhado como se fosse a gestão de um produto ou de um serviço. Um sistema para gerir uma área como a ética é necessariamente um sistema complexo e isso implica a impossibilidade do controlo total, a aceitação de que sistemas complexos não se baseiam no cumprimento de ordens e planos definidos, são do âmbito do desassossego, da procura constante, da autodescoberta, da insatisfação, da satisfação incompleta. Quanto mais exigentes formos em relação à ética mais complexos terão de ser os sistemas para a gerir. 2. Quais as características de uma empresa orientada para a ética? Tomámos como referência o índice World’s Most Ethical Companies do Ethisphere Institute que, desde 2007, todos os anos distingue cerca de 100 empresas em todo o mundo pelo seu desempenho na área da ética. Escolhemos este índice no enquadramento da prática, por ser assumido como a referência pelas grandes empresas mundiais, aquilo a que procuram responder. Fizemos uma análise das perguntas do questionário de candidatura e das hipóteses de resposta que lá são apresentadas e desenhámos (concebemos) o retrato de uma empresa com orientação ética, que assumimos para este trabalho como o paradigma do que é pedido às empresas. De acordo com esse retrato, uma empresa orientada para a ética é: uma empresa que considera a ética como algo central, relativamente à qual o Conselho de Administração quer estar informado, e sobre cujo desempenho reflete para identificar novos desafios e novas formas de a fazer crescer dentro da organização; onde há uma pessoa com posicionamento de topo com a função de gerir a ética, que está exclusivamente dedicada a esta temática e que é convidada a apoiar a reflexão nas diferentes áreas da empresa, participando igualmente no desenvolvimento da estratégia geral e na análise de risco; uma empresa onde todos os colaboradores têm formação regular em ética, mas onde, para além dessa formação, a ética é um tema recorrente nas reuniões de trabalho das equipas; uma empresa onde a ética é um tema vivo, percecionado como um must have e que, como tal, faz parte das avaliações de desempenho e dos bónus dos gestores. Uma empresa onde o programa de gestão da ética é avaliado anualmente, bem como a cultura e o clima éticos sendo os resultados comunicados de forma adequada às partes interessadas. 3. Qual a abordagem das empresas à ética? O índice World’s Most Ethical Companies e as empresas distinguidas, serviram-nos também de base para a resposta à terceira pergunta. A pesquisa foi feita através da grounded theory, uma metodologia onde se parte do nada para a construção da teoria, ou seja, é uma metodologia que implica uma abertura para identificar a teoria que possa emergir nos objetos de análise, a análise começa quando se começa a recolher a informação (Corbin & Strauss, 1990, p. 6). Os objetos de análise neste caso foram os relatórios (gestão, ética, sustentabilidade) das 18 empresas europeias distinguidas no índice. A análise da informação foi feita com o apoio do software MAXQDA e mostrou inconsistências no uso da palavra ética e falta de clareza relativamente ao papel da ética nas organizações. Mostrou também que a maioria das empresas está no modo de compliance, sem uma incorporação real da ética na estratégia e nas questões core. O aspeto-chave para uma incorporação decisiva da ética parece ser a assunção de um propósito que encoraje a ação para além da existência ou não de exigências legais ou de regulação. 4. Que características deve ter um código de ética para que possa ser aceite em diferentes países e culturas? A formulação desta pergunta teve como ponto de partida o facto de o código de ética ser o instrumento fundador da generalidade dos programas de ética nas empresas. É, contudo, um instrumento com palavras que podem ter diferentes interpretações, de cultura para cultura, o que pode afetar a sua credibilidade e aceitação por parte dos colaboradores (Talaulicar, 2009). Para responder a esta pergunta foi realizado um estudo de caso em profundidade da revisão de um código de ética por uma empresa transnacional utilizando uma estratégia investigação-ação. O caso é apresentado numa abordagem de storytelling. Documenta-se o processo de elaboração do código e da avaliação do resultado obtido em dois momentos: na altura e três anos depois. O estudo de caso foi antecedido de uma pesquisa de arquivo sobre a relevância dos códigos de ética para as organizações transnacionais e sobre o impacto do método utilizado no seu desenvolvimento para a aceitação e incorporação do código na organização. Concluiu-se que uma metodologia participativa na conceção do código e uma abordagem mais axiológica do que normativa no conteúdo são aspetos críticos para a aceitação do código. O código deve ser concebido numa perspetiva de negociação e de abertura onde seja possível manter as diferenças que se justifiquem. Em termos de conteúdo é importante não colocar no código o que não pode ser conseguido e ter contenção no uso de palavras como “nunca” quando se assume que pode haver exceções. A questão da tradução e da linguagem aparece como uma questão chave que merece mais atenção do que lhe tem sido dada. Palavras como respeito tem significados diferentes de país para país (materializam-se de forma diferente) e mesmo expressões como corrupção, podem ter traduções tecnicamente corretas com significados jurídicos distintos de país para país. No desenvolvimento do código as características pessoais do líder, a energia que o move, são um aspeto fundamental para dar credibilidade ao processo e para os resultados que são conseguidos. É, naturalmente, o aspeto mais difícil de replicar e que pode fazer com que, seguindo os mesmos procedimentos, se chegue a resultados completamente diferentes. 5. Será a ética completamente dependente dos líderes? Se a cultura ética de uma organização for totalmente dependente dos líderes então qualquer sistema que se desenvolva estará sempre dependente de cada mudança de líder. Nesse sentido, o objetivo da nossa investigação, mais do que responder à questão sobre a dependência, é tentar perceber o que pode tornar a cultura ética de uma organização mais resistente às mudanças de líder. Foi realizado um estudo de caso onde se retrata o impacto em ternos de clima e cultura éticos da mudança de liderança numa empresa multinacional — trata-se de uma narrativa construída a partir da entrevista ao CEO já afastado das suas funções e à responsável pelo Compliance. O objetivo foi, a partir da análise da narrativa, a partir da revisão da literatura e da nossa experiência, tentar identificar as circunstâncias (instrumentos, processos, procedimentos) que teriam, por hipótese, dificultado a ocorrência do caso relatado ou, de forma mais abrangente, tornado esta ou outra qualquer empresa mais resiliente face a mudanças de liderança. A estratégia metodológica adotada foi a narrativa, sendo construída através da reprodução do discurso oral dos narradores (oral history), seguida depois de uma análise crítica. Escolhemos esta metodologia porque acreditamos, tal como refere Hannah Arendt, que através dos discursos, das suas exatas palavras, as pessoas mostram quem são, revelam a sua identidade pessoal e as suas singularidades (Arendt, 2001). Esta abordagem permite mostrar os sentimentos que enquadram a ação, que são, de acordo com Scharmer (2015), um dos elementos menos estudados. Concluímos que os aspetos que poderiam tornar a organização mais resiliente às mudanças de liderança seriam o tipo de formação que é dada aos colaboradores, que deve ser mais centrada nos valores, na responsabilidade individual e no desenvolvimento de soft skills. A preparação do processo de sucessão dos líderes também é um aspeto fundamental. A implementação de medidas de combate ao silêncio moral, tais como a explicitação da obrigação de falar (denunciar), criar espaços seguros para diálogo e desenvolver ferramentas que garantam que a empresa sabe o que se passa, como por exemplo entrevistas de saída, são aspetos relevantes tal como divulgar o resultado das denuncias que são feitas, para mostrar que vale a pena, que falar tem impacto. Conclusões gerais Mais do que a soma das conclusões de cada um dos artigos, apresentamos uma reflexão sobre os aspetos que encontrámos transversalmente na resposta a cada uma das nossas perguntas de investigação. Concluímos que, para a maior parte das empresas analisadas, este é ainda o momento do compliance. Não há uma identificação clara do propósito da ética e não há, sobretudo, uma assunção da ética como fazendo parte do propósito da empresa e da missão dos líderes. A questão da liderança, da falha, no ponto de vista ético da liderança, é também uma conclusão transversal. Há a perceção de que um sistema de gestão do desempenho ético dificilmente pode ter como motor, de uma forma ampla, os líderes. Os líderes empresariais, tal como são hoje na sua maioria, têm medo de gerir a complexidade, não acreditam suficientemente na ética ao ponto de a incluir na reflexão estratégica, sentem que, se forem pelo caminho da ética, não têm futuro e, enquanto líderes, têm muito a perder. Esta situação é fruto de um modelo vigente que qualquer sistema de gestão do desempenho ético seriamente assumido tem de ter como propósito mudar, empresa a empresa. Surgem como condições fundamentais para a adoção de uma abordagem sistémica à gestão do desempenho ético nas empresas, a identificação do propósito por caminhos diferentes dos que têm até agora maioritariamente sido seguidos, a aceitação da complexidade, uma abordagem mais axiológica do que normativa, a aposta nas pessoas com liderança ética, independentemente de serem líderes formais ou informais, a perceção de que serão os 10% que procuram ter de modo constante uma conduta ética que farão a diferença e que é importante desenhar um sistema a pensar nessas pessoas e a apoiá-las.
- Contributos da aprendizagem ao longo da vida através do modelo pedagógico b-learning no processo de envelhecimento ativoPublication . Jorge, Sandro; Vieira, Cristina Pereira; Martins, Maria ManuelaNo atual quadro de alterações demográficas várias entidades preconizam o envelhecimento ativo, enquanto estratégia mitigadora de impactos multidimensionais e como garantia de resposta, sobretudo, a três grandes desafios: à magnitude do envelhecimento demográfico, à complexidade da sua heterogeneidade, e à urgência da mobilização de respostas integradas e qualificadas. No quadro do desenvolvimento massivo e acelerado da mobilidade digital, verifica-se significativas alterações no modo como pensamos, agimos e vivemos, ocupando um espaço cada vez mais quotidiano entre as pessoas idosas, coexistindo evidentes impactos socioculturais, educativos e económicos. O objetivo desta investigação é compreender de que modo a aprendizagem ao longo da vida através do modelo pedagógico b-learning, pode contribuir para a promoção do envelhecimento ativo. Foram avaliados impactos em alunos das Universidades Seniores da Região Autónoma dos Açores, que participaram no curso ALV B’SÉNIOR. Metodologicamente, optamos pelo estudo de caso, combinando várias fontes de dados, com recurso à entrevista semiestruturada, observação participante, inquérito por questionário e inquérito de satisfação. Os resultados demonstram que o curso, ALV B’SÉNIOR, contribuiu para o desenvolvimento intrapessoal, potenciou competências pessoais e digitais, promoveu multiliteracias e favoreceu múltiplas estratégias de autopromoção de envelhecimento ativo, conferindo uma potencial via inovadora de sustentabilidade social. O cenário de aprendizagem em ambiente presencial foi o que reuniu maiores níveis de satisfação, quando comparado com o ambiente a distância (e-learning). Destacam-se potencialidades da integração de alunos séniores em processos de aprendizagem em ambientes híbridos, constituindo um importante preditor de envelhecimento ativo. Emerge assim, a necessidade da mobilização de entidades públicas e privadas na implementação de medidas integradas e sustentáveis, que promovam a coconstrução de uma sociedade mais plural, solidária e inclusiva.
- Diminuição da dependência energética de edifícios pela integração de materiais de mudança de fase: contributo para a sustentabilidadePublication . Flambó, Tiago Miguel Albano; Caetano, Fernando J. P.O desenvolvimento sustentável, como conceito fulcral para a sobrevivência do nosso planeta, engloba um conjunto de fatores dos quais a energia constitui uma parte vital. Esta ideia aparece inclusivamente vertida em diversos Objetivos do Desenvolvimentos Sustentável (ODS), tais como os Objetivos N.º 9, 11, 12 e 13. Os edifícios representam cerca de 50% do fenómeno de poluição ambiental, fruto do consumo energético inerente à sua utilização, que ascende a 41% de toda a energia primária produzida. Estes dados podem ser explicados pelo aumento da população mundial, a pouca reabilitação de edifícios a nível global e o exponencial aumento do consumo energético para suprir necessidades de aquecimento e arrefecimento de edifícios. Neste âmbito, considerou-se importante verificar a viabilidade de novas soluções que permitam criar estabilidade térmica dentro dos edifícios, como é o caso da aplicação de Materiais de Mudança de Fase (Phase Change Materials – PCM) em soluções construtivas. Os PCM apresentam uma comprovada capacidade de armazenamento térmico em comparação com as soluções tradicionais. Contudo, uma das grandes vantagens destes materiais reside na não necessidade de armazenamento de energia elétrica, mas sim o armazenamento da energia térmica do ambiente envolvente. A modelação da aplicação dos materiais num edifício-tipo e num edifício real, permitiu obter diferenças nas temperaturas de pico interiores de até 1 °C, bem como uma redução global de consumos energéticos entre 12% e 23%, para a espessura mínima dos PCM comerciais analisados. A introdução dos PCM permitiu, de igual forma, a redução da amplitude térmica interior, observando-se reduções até 83%. A adoção deste tipo de soluções leva a que seja possível obter reduções de emissões entre os 3,3% e os 33%, no edifício de mais baixa eficiência energética e entre os 2% e os 8%, para o caso de um edifício de maior eficiência energética. O período de retorno do investimento nestes materiais mostrou-se elevando, sendo um desafio ao vetor social da sustentabilidade.
- A ética e a responsabilidade social empresarial nas licenciaturas em gestãoPublication . Vilar, Vítor Hugo Duarte; Simão, João; Amaral, Alberto Manuel de Sampaio e Castro; Rosa, Maria João Machado Pires daExiste hoje uma pressão da opinião pública para que as empresas divulguem mais informação sobre o seu desempenho social e ambiental. Mas a polissemia e até comoditiza- ção, dos conceitos de sustentabilidade e responsabilidade social, criaram a possibilidade de, oportunisticamente, se mascararem os verdadeiros impactos da atividade empresarial. Muitos gestores, pressionados pelo imperativo da eficiência económica, sentem-se autorizados a prescindir de considerações éticas nas suas decisões, viabilizando opera- ções considerando apenas a sua dimensão legal. É neste contexto que as Instituições de Ensino Superior, signatárias de pactos globais para o Desenvolvimento Sustentável, assumem a responsabilidade em formar gestores com ferramentas de análise ética, aptos a compatibilizar as exigências profissionais com as suas responsabilidades enquanto indivíduos sociais. Aqui investiga-se se este movimento global, mas disruptivo, produziu já efeitos nas licenciaturas portuguesas em Gestão. A revisão da literatura contextualiza o problema abordando a agência moral das organizações, os imperativos éticos da sua atividade e um novo paradigma organizacional aberto e contingente, fundado na teoria dos stakeholders. É estudada a tomada de decisão e os seus moderadores, em gestores e estudantes. Empiricamente, recorre-se a uma metodologia de investigação mista e estuda-se, através da análise de conteúdo aos guiões usados na acreditação dos ciclos de estudos, a forma como integram o DS, a Ética Empresarial e a Responsabilidade Social Empresarial, nos seus objetivos e currículos. Investiga-se, através de questioná- rios a alunos finalistas, o seu processo de tomada de decisão, auditando-o em busca de tendências na sensibilidade à RSE, filosofia empresarial e moderadores individuais. Entre os resultados mais relevantes, está a confirmação da inexistência de um currículo integrado no conceito de sustentabilidade e a identificação de moderadores da carga ética na decisão. Os padrões na filosofia empresarial destes alunos apontam para uma elevada influência de idiossincrasias do contexto nacional. Conclui-se nesta tese acerca da ineficácia do atual modelo de ensino da EE e RSE sobre o perfil ético dos alunos e a confirmação da influência de alguns moderadores e do descomprometimento moral, sobre a carga ética na tomada de decisão.
- Informação geográfica, sustentabilidade e Amazônia: geointeligência aplicada à avaliação de manejos florestais sustentáveis no Sul do AmazonasPublication . Perazzoni, Franco; Nicolau, Paula Bacelar; Painho, MarcoEm razão das próprias características da região Amazônica, realizar vistorias in loco com regularidade e frequência em todas as áreas licenciadas de manejo florestal (denominadas Plano de Manejo Florestal Sustentável - PMFS), revela-se tarefa praticamente impossível, notadamente pelos custos, tempo e recursos exigidos. Nesses termos, a presente investigação objetivou: (i) analisar se e como a utilização das modernas tecnologias de geointeligência e análise dos dados constantes do sistema de controle da comercialização de produtos florestais (SisDOF) e de outras fontes oficiais, podem nos permitir conhecer a real situação da exploração florestal em áreas autorizadas pelo poder público; e (ii) verificar se PMFS localizados na Mesorregião Sul do Amazonas estão a ser executados em consonância com as respectivas normas ambientais. Para cada tipo de dado (espacial ou não-espacial), buscou-se utilizar métodos adequados de análise, o que resultou no estabelecimento de 22 critérios de avaliação, aplicados, inicialmente, a um PMFS “padrão” e posteriormente replicados para um total de 83 PMFS situados na Mesorregião Sul do Amazonas. Os resultados obtidos são valiosos e animadores. A análise conjunta dos dados e informações espaciais (imagens satelitais, dados vetoriais dos polígonos autorizados, rios, áreas protegidas etc.) e não-espaciais (SisDOF e outras fontes oficiais) permitiram uma melhor compreensão e avaliação do contexto de cada PMFS, sobretudo quanto à indícios de existência de transação comercial e/ou transporte simulados no SisDOF apenas para legalizar produtos florestais extraídos ilegalmente de outras áreas. Verificouse, ainda, que o modelo matemático proposto pela Lei de Benford já há muito utilizado para a detecção de fraudes econômicas e financeiras, pode se revelar útil, também, à detecção de possíveis fraudes em inventários florestais.
- Inovação e capital social em empreendedorismo social para a redução da pobrezaPublication . Bento, Paulo Fernando Robalo Lisboa; Albuquerque, Rosana; Jacquinet, MarcO empreendedorismo social, congregando as componentes inovação e criação de valor (tradicionais do empreendedorismo) com uma vertente social, permite que as próprias populações em situação de pobreza sejam ativas na resolução do seu problema, podendo beneficiar do capital social existente e da sua promoção nas comunidades, ainda mais necessário nas regiões de maior pobreza, mais frágeis em termos de capital físico e capital humano. A maioria da população mundial ainda vive nos países menos desenvolvidos, grande parte em situação de pobreza, enquanto uma pequeníssima fração da população detém a maior parte da riqueza existente no planeta. A pobreza, e em especial a pobreza extrema, leva a situações de fome e exclusão de acesso à educação e a cuidados de saúde. O aumento que se tem verificado na riqueza mundial, ao mesmo tempo que se mantêm enormes desigualdades na sua distribuição, suscita do ponto de vista da ética em geral, e do utilitarismo em especial, a necessidade de os mais ricos ajudarem os mais pobres a saírem da sua condição desfavorecida. O estudo de empresas sociais de várias partes do mundo mostra-nos a relevância do empreendedorismo social para combater situações de pobreza nos países em desenvolvimento, e também em regiões desenvolvidas. Tendo por objetivo o estudo da inovação em empreendedorismo social e a construção e/ou reforço de capital social, foram pesquisadas empresas sociais de todo o mundo, com os dados a serem objeto de análise quantitativa e qualitativa. Foi desenvolvido um questionário, colocado a cerca de 1.300 empresas sociais, de várias dimensões e partes do globo. Das 254 respostas recebidas resultaram 106 respostas validadas e consideradas nas fases seguintes do trabalho. Pelas respostas obtidas, apurou-se que as empresas sociais são especialmente inovadoras no modelo para apoio às comunidades e no plano de formação (organização), na fidelização de entidades apoiantes e na promoção (financiamento), no estabelecimento de parcerias com entidades públicas e com outras organizações (parcerias). Em termos de construção e/ou reforço de capital social, destaque na contribuição das empresas sociais para a melhoria da integração na sociedade e na contribuição para o aumento da confiança e da inter-ajuda, nas comunidades em que atuam. Verifica-se que as empresas sociais estão mais orientadas para a construção e/ou reforço de capital social do que para a inovação – em especial em termos de parcerias e financiamento –, mais ligados à área da gestão, confirmando a oportunidade da formação e do ensino do empreendedorismo social, contribuindo para desenvolver empresas sociais mais fortes na redução da pobreza, promovendo assim a sustentabilidade social e o seu papel no desenvolvimento sustentável. São várias as implicações deste estudo para a teoria, contribuindo para a literatura nos domínios do empreendedorismo, empreendedorismo social, capital social, pobreza, e combate à pobreza. Com base em análise qualitativa e quantitativa, este trabalho tem implicações práticas para a gestão – no avanço em termos de conhecimento da forma como as empresas sociais inovam, e como utilizam ou ajudam a desenvolver o capital social nas comunidades onde atuam –, e tem implicações na política pública.
- Inovação social e desenvolvimento sustentável: uma abordagem no contexto autárquico portuguêsPublication . Ruela, Maria João Farinhas; Simão, João; Almeida, Filipe Jorge Ribeiro deA inovação social pressupõe uma dimensão interventiva e performativa das comunidades na resolução dos seus próprios problemas e a capacidade de implementar novas abordagens aos problemas sociais, económicos e ambientais. Nesta medida pode constituir um instrumento de desenvolvimento sustentável. Este facto foi utilizado como elemento narrativo para mudança de paradigma de desenvolvimento pela União Europeia, na Estratégia Europa 2020 de mitigação à crise económica e alterações climáticas. Portugal assumiu um papel pioneiro no desenvolvimento e implementação do conceito, através de um programa público de estímulo e financiamento de projetos de inovação social, com impacto significativo ao nível autárquico. Esta investigação pretendeu relacionar os conceitos de inovação social e desenvolvimento sustentável no âmbito da realidade portuguesa, recorrendo à dimensão local, através da análise aos projetos de inovação social financiados pelo instrumento Parcerias para o Impacto da iniciativa pública Portugal Inovação Social, em que existiu investimento autárquico, tentando responder à questão de partida: “Quais os determinantes e os impactos da inovação social para o desenvolvimento sustentável local?” A análise valorizou as perceções dos atores envolvidos na implementação dos projetos de inovação social, com maior volume de investimento, em 10 concelhos do país. Privilegiouse, a nível metodológico, uma estratégia qualitativa, tendo como base entrevistas e análise documental para recolha de dados. Refletindo sobre a apropriação do conceito de inovação social pelas instâncias de governança local, esta tese conclui que a experiência resultou em contributos positivos, na promoção de novas práticas, relações de colaboração e capacitação das redes de ação social locais, apesar do desenvolvimento sustentável não ser ainda encarado enquanto um conceito operativo. A relevância da investigação está no aprofundamento do conhecimento científico sobre a articulação dos dois conceitos, área de reconhecida falta de investigação académica, promovendo o debate assente numa experiência portuguesa, sobre a qual carece, igualmente, investigação ao nível de doutoramento.
- Responsabilidade social empresarial, envolvimento da comunidade e território: abordagem multicasos no AlentejoPublication . Silva, Maria Luísa Fernandes de Carvalho e; Jacquinet, MarcA partir dos conceitos de responsabilidade social (RS) e stakeholders, investiga-se a relação entre a RS das empresas, comunidade e território. Ao identificar as práticas de RS adotadas por organizações no Alentejo - DELTA Cafés, SGPS; EMBRAER Portugal, SA; Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas de Alqueva, S.A. (EDIA); ESPORÃO, S.A.; Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia, SA (PACT) e TYCO Electronics, Ld.ª (TE), analisa-se a atitude destas empresas relativamente àquelas práticas, a sua relação com a sustentabilidade empresarial e o território, caracteriza-se a comunicação de RS, as abordagens utilizadas pelas empresas para envolver a comunidade e as expectativas que esta tem relativamente à RS de cada uma. Em termos de metodologia começou-se pela pesquisa bibliográfica para identificar os principais autores sobre os temas em análise. Seguiu-se a pesquisa descritiva. Depois o estudo de casos múltiplos com uma abordagem qualitativa dos dados. Para a obtenção dos dados foram utilizadas diversas fontes: sites e rede social Facebook das empresas, relatórios, entrevistas nas empresas e inquéritos aos stakeholders identificados na comunidade. Foi considerado o paradigma científico do realismo crítico. As empresas estudadas reconhecem benefícios da RS para os territórios, estão disponíveis para integrar alguma rede de organizações ou cluster de empresas da região para potenciar iniciativas de RS, tendo em vista o desenvolvimento do território que integram e afirmam a importância de algumas medidas de política pública para a implementação de práticas de RSE. Somos levados a concluir sobre a relação existente entre responsabilidade social empresarial, comunidade e território. Entendemos que há trabalho a desenvolver nestas empresas, principalmente em metade delas e que poderá potenciar benefícios da sua atuação não só para a sua sustentabilidade como também para o território em que se inserem.