Sustentabilidade Social e Desenvolvimento | Social Sustainability and Development
Permanent URI for this community
Browse
Browsing Sustentabilidade Social e Desenvolvimento | Social Sustainability and Development by Issue Date
Now showing 1 - 10 of 59
Results Per Page
Sort Options
- Participatory approaches in higher education's sustainability practices : a mixed-methods study leading to a proposal of a new assessment modPublication . Disterheft, Antje; Caeiro, Sandra; Azeiteiro, Ulisses; Leal Filho, WalterTransformar as Instituições do Ensino Superior (IES) pode ser visto como um dos grandes desafios na transição para um futuro mais sustentável. A estas instituições tem sido atribuído um papel importante na mudança de paradigma no sentido de permitir que as gerações atuais e futuras possam viver de modo saudável e em harmonia com os ecossistemas. Este papel assume múltiplas funções e desafios. As IES são desafiadas a repensarem a sua missão institucional, as suas estruturas e o funcionamento dos seus cursos, como por exemplo a necessidade dos conteúdos se abrirem para a inter- e transdisciplinaridade, mas também a repensarem a sua missão e finalidade educativa. Na perspetiva dos estudantes enquanto futuros líderes e decisores, estes devem estar habilitados com as competências necessárias para serem capazes de enfrentar os complexos desafios com que as sociedades de hoje estão confrontadas. Assim, as IES devem ser convidadas a reformularem os seus currículos para a literacia da sustentabilidade. Os esforços relacionados com a Educação para a Sustentabilidade (ES) / Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS) são a prova de um movimento crescente de investigadores e atuação dedicadas à investigação, à ação e ao debate e prática sobre como envolver as IES nessas mudanças institucionais e educacionais. Um número crescente de IES já começaram a responder com estratégias diversas para a implementação da sustentabilidade e transformação institucional. O conceito de participação tem sido considerado útil neste contexto enquanto contributo e reforço da governação institucional e para o discurso da EDS na promoção de uma cidadania democrática. As abordagens participativas têm ganho crescente atenção nestes esforços, mas permanecem muitas vezes vagas e não sendo consideradas nos procedimentos de avaliação da sustentabilidade. Existe uma escassez de estudos sobre as dimensões da participação no âmbito da implementação da sustentabilidade no ensino superior, e uma incompreensão desses processos, tanto na prática da realização de um processo participativo, bem como na avaliação da sustentabilidade. Para a implementação da sustentabilidade as abordagens participativas podem e devem ser vistas como cruciais na mudança de paradigma para a sustentabilidade e contribuir para a integração do conceito de sustentabilidade na cultura universitária. Mesmo que a participação seja, em parte, considerada nas práticas de avaliação existentes, ainda não está claro o que medir, e como medir os processos participativos. Abordagens holísticas são muitas vezes anunciadas, mas os métodos de avaliação reducionistas são os mais frequentemente seguidos. O foco parece estar colocado no desempenho e benchmarking, levantando preocupações de que as práticas de avaliação da sustentabilidade possam atender mais às necessidades de mercado do que às necessidades da sociedade e da sua transformação. Apesar de em alguns casos de aplicação, apenas um número reduzido de instituições seguir uma abordagem integradora da sustentabilidade na sua organização, a designada ‘whole-institution approach’. Há tendências unilaterais de alguma forma enganadoras de "tornar-se verde" (greenwashing), impulsionado por necessidades do mercado, pelas vantagens de marketing, e pelos benefícios económicos, aumentando contudo os riscos do designado greenwashing. Partindo deste estado atual dos conhecimentos, foram delineados três objetivos principais de investigação: (i) Estudar os conceitos de ES/EDS, da ciência da sustentabilidade e da avaliação da sustentabilidade, com foco em abordagens participativas dentro de iniciativas de sustentabilidade em instituições de ensino superior; (ii) Identificar os fatores críticos de sucesso e possíveis critérios de avaliação para abordagens participativas na implementação da sustentabilidade do ensino superior; (iii) desenvolver um modelo conceptual de suporte à avaliação da qualidade de um processo participativo em termos de eficácia e potencial de transformação da comunidade académica, em iniciativas para a sustentabilidade. Para responder a estes objectivos, foi analisado como as IES envolvem as suas comunidades nas iniciativas de educação para a sustentabilidade e como essas iniciativas são avaliadas. Em resposta à necessidade de abordagens mais holísticas, propõe-se um novo modelo de avaliação, o modelo INDICARE. O estudo segue um desenho de investigação com métodos mistos utilizando entrevistas semi-estruturadas, grupos focais, workshops e apontamentos sobre observações de campo como levantamentos qualitativos; e questionários como método quantitativo, bem como contínuas revisões de literatura e triangulação de dados. A pesquisa foi desenvolvida em fases de investigação sequenciais, inspirada no método Delphi. Como primeiro passo, foi realizada uma revisão da literatura e reflexão crítica sobre a ciência para a sustentabilidade e a educação para o desenvolvimento sustentável, como teorias de base e campos emergentes de investigação para uma transição a universidades (mais) sustentáveis. A seguir, realizou-se uma sistematização das ferramentas de avaliação de sustentabilidade aplicadas nas IES, para analisar em que medida a participação da comunidade no campus é efetuada. Esta análise foi utilizada para preparar entrevistas semi-estruturadas e grupos focais com profissionais da área da sustentabilidade (n = 51), a trabalharem no ensino superior, de 22 países diferentes, a fim de identificar os fatores críticos de sucesso e possíveis critérios de avaliação para abordagens participativas. A análise foi realizada de acordo com a análise qualitativa de conteúdo e suportada num software de análise de dados qualitativos, o NVivo 10. Os resultados foram então utilizados para desenvolver o modelo de avaliação, que foi discutido e ajustado ao longo de seis fases de feedback, tendo sido apresentada a professores, investigadores, profissionais comunitários e estudantes de doutoramento (n = 98) durante conferências, workshops e encontros universitários, em cinco países diferentes. Os resultados das entrevistas e grupos focais sugerem que o sucesso das abordagens participativas é dependente das condições estruturais das instituições e dos indivíduos envolvidas, destacando a importância de aptidões específicas e competências para os processos participativos. A EDS no ensino superior está associada à capacitação e “empoderamento” (empowerment), e tem evoluído de uma abordagem mais restrita da sustentabilidade ambiental para aspetos da sustentabilidade social. Além disso, os participantes desta investigação deram evidências empíricas relacionadas, por um lado com algumas das dificuldades associadas ao envolvimento dos atores-chave, destacando por exemplo, a falta de recursos, a reduzida credibilidade e a frustração. Por outro lado realçaram aspetos positivos, como o aumento da aceitação, a confiança, o maior diálogo e o otimismo. No que diz respeito a possíveis critérios de avaliação, os resultados mostram que os processos participativos podem ser melhor avaliados a partir de uma perspectiva de aprendizagem social e aprendizagem organizacional enfatizando critérios não-lineares para a qualidade do processo em termos de profundidade e significado, bem como critérios em termos de produção de conhecimento e inovação. As respostas apontaram também embora implicitamente para a necessidade de considerar a aprendizagem transformadora no âmbito do double and triple - loop learning, se for de facto incorporada uma cultura de participação para a sustentabilidade, e sublinham o impacto forte na governação institucional. Com base nesses resultados, e inspirados na teoria de sistemas, bem como nos princípios da biofilia e das abordagens ecocêntricas, o modelo de avaliação INDICARE aqui proposto centra-se na avaliação da qualidade e no caráter transformador do processo participativo. O modelo fornece um conjunto preliminar de trinta e dois indicadores e práticas, agrupados em três categorias de i) contexto, ii) processo e iii) transformação. Estas categorias seguem uma perspectiva integradora, reconhecendo as interligações e conexões entre o contexto no qual o processo participativo acontece, o desenho do processo e a sua execução, bem como as transformações que podem acontecer durante e a posteriori de uma iniciativa participativa. No seu conjunto visam capturar as características não-lineares de processos participativos. O processo de avaliação em si é considerado como um exercício estimulador e não como uma ferramenta de controlo, e enfatiza a ligação entre a reflexão pessoal e as atividades comunitárias. Os indicadores e práticas sugeridos neste modelo pretendem não só ajudar a avaliar a participação no processo de transição para uma universidade (mais) sustentável, mas também para contribuir positivamente para o debate em curso em torno da sustentabilidade no ensino superior, e para incentivar especialmente novas perspectivas sobre as dimensões de participação. Para que processos participativos se tornem transformadores, o modelo INDICARE sugere a mudança da avaliação orientada para o desempenho no sentido de uma avaliação orientada para o “empoderamento” (empowerment) que ligue o crescimento individual ao coletivo. De acordo com as conclusões deste estudo as IES devem refletir mais profundamente sobre o que pode significar a adoção de uma perspectiva sistémica no âmbito da implementação da sustentabilidade e na procura da contribuição para a justiça sócio-ecológica. É essencial abrir espaços para práticas mais transformadoras para lidar com a complexidade da sustentabilidade. Muitas vezes, ainda se notam percepções reducionistas, expressas em estruturas organizacionais fragmentadas, tornando a inter- e transdisciplinaridade mais difícil. A terminologia em torno de abordagens integradoras organizacionais (whole-institution approach) baseia-se em novas formas de colaboração, contrariamente às atuais estruturas hierárquicas e modelos de gestão mais tradicionais. Entendendo as universidades como laboratórios vivos, estas instituições podem proporcionar excelentes oportunidades para envolver toda a comunidade (interna e externa) num discurso significativo para a sustentabilidade e servindo de exemplo para outro tipo de organizações. Este estudo pretende dinamizar o debate global sobre a sustentabilidade no ensino superior, nomeadamente propondo uma abordagem inovadora e mais holística na avaliação, que visa experienciar a interligação das relações homem-natureza, combinando com exercícios de reflexão, que possam assim responder melhor ao desafio para uma transformação ao nível individual e institucional, sem a qual os princípios da sustentabilidade serão dificilmente postos em prática. Esta investigação abre novos debates e conduzirá certamente a futuros estudos que serão necessário para melhor entender a implementação da sustentabilidade. Futuros estudos podem centrar-se, por exemplo, nos processos de aprendizagem transformadora e aproximações holísticas no seu impacte e potencial para o crescimento pessoal bem como para a transformação institucional, verificando também a eficácia deste tipo de processos. Mais investigação é necessária para entender as motivações nas quais se baseiam os esforços para a sustentabilidade, nomeadamente ao nível institucional, para poder responder melhor aos desafios de transformação e servir o bem comum. Neste âmbito, podem explorar-se novos métodos de colaboração, como a Teoria U ou o Dragon Dreaming, para perceber a sua capacidade de adaptação ao contexto universitário e melhorar processos colaborativos. Em geral, tal investigação poderia incidir sobre as interfaces da ciência-sociedade e sobre o seu potencial para a mudança em direção a um paradigma mais sustentável, colocando a investigação ao serviço dos sistemas sócio-ecológicos.
- Inovação e capital social em empreendedorismo social para a redução da pobrezaPublication . Bento, Paulo Fernando Robalo Lisboa; Albuquerque, Rosana; Jacquinet, MarcO empreendedorismo social, congregando as componentes inovação e criação de valor (tradicionais do empreendedorismo) com uma vertente social, permite que as próprias populações em situação de pobreza sejam ativas na resolução do seu problema, podendo beneficiar do capital social existente e da sua promoção nas comunidades, ainda mais necessário nas regiões de maior pobreza, mais frágeis em termos de capital físico e capital humano. A maioria da população mundial ainda vive nos países menos desenvolvidos, grande parte em situação de pobreza, enquanto uma pequeníssima fração da população detém a maior parte da riqueza existente no planeta. A pobreza, e em especial a pobreza extrema, leva a situações de fome e exclusão de acesso à educação e a cuidados de saúde. O aumento que se tem verificado na riqueza mundial, ao mesmo tempo que se mantêm enormes desigualdades na sua distribuição, suscita do ponto de vista da ética em geral, e do utilitarismo em especial, a necessidade de os mais ricos ajudarem os mais pobres a saírem da sua condição desfavorecida. O estudo de empresas sociais de várias partes do mundo mostra-nos a relevância do empreendedorismo social para combater situações de pobreza nos países em desenvolvimento, e também em regiões desenvolvidas. Tendo por objetivo o estudo da inovação em empreendedorismo social e a construção e/ou reforço de capital social, foram pesquisadas empresas sociais de todo o mundo, com os dados a serem objeto de análise quantitativa e qualitativa. Foi desenvolvido um questionário, colocado a cerca de 1.300 empresas sociais, de várias dimensões e partes do globo. Das 254 respostas recebidas resultaram 106 respostas validadas e consideradas nas fases seguintes do trabalho. Pelas respostas obtidas, apurou-se que as empresas sociais são especialmente inovadoras no modelo para apoio às comunidades e no plano de formação (organização), na fidelização de entidades apoiantes e na promoção (financiamento), no estabelecimento de parcerias com entidades públicas e com outras organizações (parcerias). Em termos de construção e/ou reforço de capital social, destaque na contribuição das empresas sociais para a melhoria da integração na sociedade e na contribuição para o aumento da confiança e da inter-ajuda, nas comunidades em que atuam. Verifica-se que as empresas sociais estão mais orientadas para a construção e/ou reforço de capital social do que para a inovação – em especial em termos de parcerias e financiamento –, mais ligados à área da gestão, confirmando a oportunidade da formação e do ensino do empreendedorismo social, contribuindo para desenvolver empresas sociais mais fortes na redução da pobreza, promovendo assim a sustentabilidade social e o seu papel no desenvolvimento sustentável. São várias as implicações deste estudo para a teoria, contribuindo para a literatura nos domínios do empreendedorismo, empreendedorismo social, capital social, pobreza, e combate à pobreza. Com base em análise qualitativa e quantitativa, este trabalho tem implicações práticas para a gestão – no avanço em termos de conhecimento da forma como as empresas sociais inovam, e como utilizam ou ajudam a desenvolver o capital social nas comunidades onde atuam –, e tem implicações na política pública.
- Integração da componente não material na avaliação da sustentabilidade regional - local : o caso de Alagoas e Maceió - BrasilPublication . Viégas, Osvaldo; Caeiro, Sandra; Ramos, Tomás BarrosA inclusão da avaliação de componentes não materiais da sustentabilidade de uma determinada região é considerada, por diversos autores, uma lacuna, com a consequente necessidade de investigação. Este trabalho teve como objetivo desenvolver um sistema de avaliação da sustentabilidade incorporando componentes não materiais, através de um estudo de caso, às escalas regional - local: o estado de Alagoas e o município de Maceió – Brasil. Foi utilizada uma estratégia metodológica baseada num estudo de caso, fazendo uso de métodos mistos (qualitativo e quantitativo) e recorrendo a inquéritos por entrevistas, a atores-chave e a grupos focais, representativos de segmentos sociais. A componente não material foi conceptualmente definida como o conjunto de elementos intangíveis, que fazem parte da visão de mundo das pessoas e que deve ser avaliada através da opinião por elas expressa. Uma revisão bibliográfica sobre indicadores de sustentabilidade precede esta definição e levou a uma proposta de reconfiguração das dimensões da sustentabilidade, com o estabelecimento de duas macrodimensões: ambiental e cultural. É concebido que parte da macrodimensão ambiental (capital natural) não é apropriada pela macrodimensão cultural (capital humano, incluindo as dimensões social e económica), a qual também tem espaço próprio, exclusivo de elementos intangíveis. Ainda através da revisão, foi gerada uma lista preliminar de temas não materiais, os quais foram submetidos a atores-chave do processo de desenvolvimento em Alagoas e Maceió. Em entrevistas, os temas não materiais foram discutidos, assim como aspectos conceituais e de envolvimento com o DS. Temas e indicadores tradicionais, assim como as dimensões da sustentabilidade, também foram discutidos e, a partir da análise das contribuições, foi elaborada uma primeira proposta do sistema de avaliação, incluindo um questionário, através do qual serão avaliados conhecimentos, atitudes e opiniões sobre cada tema. Esse material foi apresentado e discutido em reuniões de grupos focais permitindo ajustar a proposta de reconfiguração das dimensões da sustentabilidade, refinar o desenho do sistema de avaliação e reestruturar o questionário à população. Indicadores tradicionais, fazendo uso de dados oficiais disponíveis, irão complementar o sistema de avaliação. O estudo apresenta, ainda, diretrizes para a aplicação do sistema, incluindo um roteiro geral, as informações e fontes dos indicadores e orientações para a comunicação e monitorização dos resultados, sugerindo a adoção de um painel de avaliação, com a supervisão de um Fórum Estadual de Desenvolvimento Sustentável. Este sistema de avaliação poderá, com adequações originadas em processo participativo específico, ser adotado em outras regiões e localidades e em organizações, como empresas e universidades. Este trabalho pretendeu contribuir para a melhoria dos sistemas de avaliação da sustentabilidade de uma dada região onde a componente não material e seus elementos intangíveis poderão ter um importante papel, disponibilizando informações sobre o envolvimento e a mobilização das pessoas.
- Desafios da extensão agrária no desenvolvimento sustentável em MoçambiquePublication . Alage, Albertina; Carmo, Hermano; Albuquerque, RosanaO presente estudo debruçou-se sobre os desafios da extensão agrária no desenvolvimento sustentável em Moçambique, sendo a extensão agrária uma das áreas chave do Plano Estratégico de Desenvolvimento do Sector Agrário (PEDSA, 2011-2020), vocacionada para difundir tecnologias geradas ou adaptadas pela investigação para o aumento da produção e produtividade. Realizada em Moçambique, na Província de Maputo, no Distrito de Magude, a pesquisa adotou o método de estudo de caso e incidiu sobre duas metodologias de extensão, nomeadamente, Escola na Machamba do Camponês (EMC) e o Programa Integrado de Transferência de Tecnologias (PITTA). A análise centrou-se nos aspetos metodológicos e tecnológicos utilizados pelos agentes de extensão no seu relacionamento com os protagonistas agrários, sobretudo produtores, e no seu relacionamento com o meio ambiente. A entrevista semiestruturada foi o instrumento privilegiado para a recolha de dados, tendo sido feita a amostragem por saturação. As entrevistas foram conduzidas a uma amostra de 130 pessoas (36 do sistema interventor e 94 do sistema cliente). A pesquisa orientou-se através das seguintes molduras teóricas: Intervenção Social, Participação e Desenvolvimento Comunitário. Tendo como base a intervenção social, o estudo considerou os agentes de extensão como Sistema Interventor, os produtores como Sistema Cliente e incluiu as outras componentes de uma Intervenção Social, designadamente o contexto e o processo de intervenção. A pesquisa defende que as metodologias e as tecnologias das EMC e do PITTA contribuem para o desenvolvimento sustentável em Moçambique, mas precisam de ser aperfeiçoadas e continuamente monitoradas para o seu melhor desempenho.
- Sustainable higher education institutions : sustainable development challenges of portuguese higher education institutionsPublication . Santos, Ana Marta Aleixo Figueira dos; Azeiteiro, Ulisses; Leal, SusanaEsta investigação insere-se no domínio do desenvolvimento sustentável das instituições de ensino superior (IES). O seu desenvolvimento foi aplicado às IES portuguesas. Atualmente são conhecidas diferentes práticas internacionais das IES face ao desenvolvimento sustentável. No entanto, em Portugal, os estudos na área são praticamente inexistentes e a perceção geral é de que estas práticas são, ainda, escassas. Este estudo propõe-se contribuir para reduzir a escassez de estudos na área, no contexto Português. Para a prossecução de tal desiderato, delinearam-se os seguintes objetivos principais de investigação: (i) Conhecer e caracterizar a abordagem das IES face ao desenvolvimento sustentável; (ii) Identificar as práticas que caracterizam as IES sustentáveis; (iii) Identificar as dificuldades, os estímulos e os desafios na implementação da sustentabilidade nas IES portuguesas; (iv) Analisar o estágio de implementação das práticas de desenvolvimento sustentável nas IES portuguesas. Para alcançar tais objetivos gerais, desenvolveram-se três estudos separados, mas complementares (organizados e publicados em quatro artigos científicos). O primeiro visou identificar as práticas promotoras do desenvolvimento sustentável existentes nas IES portuguesas. Como fonte de informação utilizou-se a informação pública, disponível nos sítios de Internet das instituições de ensino. Este primeiro estudo circunscreveu-se às práticas formalmente comunicadas, pelas instituições, à comunidade. As práticas comunicadas foram analisadas através de uma abordagem qualitativa, recorrendo-se para o efeito à análise de conteúdo. Foram analisados os sítios da Internet nucleares de todas as instituições de ensino superior portuguesas públicas (excluiu-se da análise os sítios de departamentos, escolas e faculdades). A identificação de exemplos que pudessem constituir estas práticas nas diferentes dimensões do desenvolvimento sustentável (ambiental, económica, social e cultural, e institucional, educacional e política) resultou da revisão da literatura sobre desenvolvimento sustentável e IES sustentáveis. Os resultados sugerem que mais de 50% das instituições de ensino superior portuguesas encontram-se perante estágios iniciais de implementação e comunicação do desenvolvimento sustentável. Apesar da revisão da literatura revelar a importância da dimensão ambiental nas instituições de ensino superior, também associadas ao conceito de práticas de greenwashing (lavagem verde), os resultados mostram que as instituições portuguesas dão maior ênfase às dimensões económica e social (pelo menos no que respeita às práticas que são comunicadas à comunidade). Ao priorizar as questões relativas à sustentabilidade na sua agenda, as instituições de ensino superior portuguesas podem melhorar a sua relação com as principais partes interessadas (por exemplo, no âmbito da sua classificação em rankings internacionais, para efeitos de financiamento e ainda no reforço a sua imagem e competitividade). Face a uma maioria de instituições que não desenvolvem, ou que desenvolvem e não comunicam práticas de desenvolvimento sustentável, emergiu como relevante conhecer e identificar o que influencia a adoção de práticas sustentáveis pelas IES, como as IES veem o seu próprio desenvolvimento enquanto IES sustentável, que barreiras existem nesse processo e como devem ser ultrapassadas. Para responder a estas questões desenvolveuse o segundo estudo. Neste estudo começou-se por procurar conhecer, junto das principais partes interessadas (presidentes e reitores, funcionários docentes e não docentes, estudantes e entidades externas), qual o conceito de desenvolvimento sustentável, o que entendiam por IES sustentáveis e, ainda, que dificuldades, estímulos e desafios percecionavam perante a implementação da sustentabilidade no ensino superior português. O estudo foi desenvolvido através de entrevistas semiestruturadas às principais partes interessadas (presidentes e reitores, funcionários docentes e não docentes, estudantes e entidades externas) de quatro instituições de ensino superior (dois politécnicos e duas universidades), as quais foram tratadas através da análise de conteúdo (com recurso ao programa de análise qualitativa MAXQDA). Os resultados foram utilizados para compreender a conceptualização que cada uma das partes interessadas apresentava em relação aos diversos conceitos (desenvolvimento sustentável, IES sustentáveis, barreiras e desafios à implementação da sustentabilidade). Os resultados sugerem que embora a sustentabilidade seja um conceito amplo, o conceito de IES sustentável está associado à sobrevivência da própria Instituição e à dimensão ambiental. Apesar das principais partes interessadas, desde os líderes institucionais aos estudantes, apresentarem uma visão clara do papel que as IES devem ter em prol da sustentabilidade, prevalecem questões de ordem conjuntural que condicionam a estratégia e a implementação dessa visão, pelo menos nas IES portuguesas, tais como: (i) fatores socioeconómicos, (ii) demografia dos estudantes, (iii) redução de receitas, e (iv) competitividade entre Instituições. Face a este contexto, estas terão que ser priorizadas em detrimento das relacionadas com a sustentabilidade, porque são as primeiras que plenificam o quotidiano das instituições e, podem fazer depender a sua continuidade. Assim, as questões relacionadas com a sustentabilidade, apesar de consideradas significativas, acabam por ser secundarizadas, apesar de planeadas na estratégia de algumas IES Portuguesas. Deste modo, constrangimentos de recursos financeiros e humanos vão implicar menores investimentos numa estratégia das IES orientada para a sustentabilidade. Por conseguinte, torna-se fundamental conhecer boas práticas nacionais e internacionais e, ainda, desenvolver a criação de redes, uma vez que estas poderão fornecer pistas sobre como as Instituições podem enfrentar os desafios relacionados com a competitividade, o financiamento, o número de estudantes matriculados, as parcerias institucionais e a qualidade/excelência do ensino e da investigação. Este trabalho contribuiu, também, para investigar como as principais partes interessadas das IES compreendem o comprometimento das instituições Portuguesas no que se refere: (i) ao ensino da sustentabilidade em todos os cursos; (ii) ao incentivo à investigação e divulgação de conhecimentos da sustentabilidade; (iii) à implementação de campi verdes e apoio dos esforços locais de sustentabilidade, e (iv) ao envolvimento e partilha de informação com redes de contactos internacionais (tal como definido na iniciativa de sustentabilidade do ensino superior das Nações Unidas). Pretendia-se, ainda, compreender que boas práticas ou medidas são reconhecidas como promotoras do desenvolvimento sustentável ou para se tornarem instituições de ensino superior sustentáveis. Os resultados sugerem que a sustentabilidade é reconhecida como importante quer para as IES, quer para a sociedade, no entanto verifica-se que a sustentabilidade não se encontra, ainda, incorporada, implementada e institucionalizada em todo o sistema e atividades das IES. Na maior parte das Instituições, a sustentabilidade encontra-se apenas em algumas das atividades das IES, principalmente ao nível da educação. Apesar das principais partes interessadas serem unânimes em aceitar a importância da educação para o desenvolvimento sustentável, na maioria das IES portuguesas não há declarações formais e estratégicas que encorajem a sua implementação. Na prática, nas IES Portuguesas, as atividades para a promoção da sustentabilidade não estão implementadas em todo o sistema das IES, nem mesmo ao nível da educação para o desenvolvimento sustentável. No entanto, verifica-se que em algumas das atividades existem já algumas iniciativas, nomeadamente ao nível da investigação e da divulgação comunitária. Face à Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2014-2025) torna-se imprescindível a identificação das estratégias promovidas pelas IES em prol do desenvolvimento sustentável. Torna-se ainda essencial introduzir as questões da sustentabilidade, em todas as atividades, através de uma abordagem descendente (de cima para baixo), com o comprometimento e planeamento por parte dos órgãos de governo e, envolvendo todas as principais partes interessadas. Para melhor compreender o nível de implementação de práticas sustentáveis nas IES portuguesas prosseguiu-se com o terceiro estudo desta investigação. Neste âmbito, foi desenvolvido um inquérito por questionário disponibilizado à totalidade das instituições de ensino superiores públicas em Portugal. O questionário visava recolher dados que permitissem auferir as perceções dos dirigentes das IES quanto ao estado de implementação de práticas, projetos ou iniciativas para a sustentabilidade das próprias instituições, nas diferentes dimensões (ambiental, económica, social e cultural, e institucional, educacional e política). Pretendia-se, ainda, que a IES indicasse se havia aderido a rankings, se possuía certificações ou declarações na área do desenvolvimento sustentável ou na área da educação para o desenvolvimento sustentável. O inquérito por questionário foi enviado por correio eletrónico, através do LimeSurvey, a todos os Reitores, Presidentes, Diretores de Escolas, Faculdades e Departamentos de todas IES públicas e portuguesas. Os resultados sugerem que as instituições de ensino superior portuguesas começam a dar relevância à sustentabilidade nas diferentes dimensões e a incluir esta questão nos seus planos estratégicos e políticas de comunicação. No entanto, a maioria das práticas associadas às dimensões da sustentabilidade encontram-se, ainda, em fase de projeto, ou na fase de planeamento. De acordo com as conclusões finais, as IES portuguesas encontram-se ainda numa fase embrionária no que concerne à implementação, incorporação e institucionalização da sustentabilidade em todo o seu sistema, quer ao nível das atividades (educação, investigação, operações no campus, extensão comunitária e avaliação e comunicação através de relatórios), quer ao nível das dimensões (ambiental, económica, social e cultural e institucional, política e educacional). Os resultados corroboram o papel importante que as IES desempenham (ou podem desempenhar) na promoção da sustentabilidade. No entanto, a falta de recursos financeiros, a diminuição do financiamento no ensino superior e a diminuição do número de estudantes são percecionadas como as principais barreiras pelas IES, o que por sua vez condicionam este empoderamento, porque estas práticas ainda estão associadas à utilização de recursos financeiros. A investigação sugere, também, que é essencial identificar as estratégias das instituições de ensino superior, no que diz respeito à sustentabilidade e sua implementação, incorporação e institucionalização em todas as atividades, através de uma abordagem descendente, iniciando-se com atividades de planeamento dirigidas pelos órgãos de governo e que envolvam todas as principais partes interessadas. Por último, a investigação identifica, igualmente, a importância de uma mudança conceptual e organizacional das IES, relacionada com uma maior aproximação às principais partes interessadas, e resultando da incorporação, implementação e institucionalização da sustentabilidade em todo o sistema da IES, permitindo o estabelecimento de objetivos em consonância com as diferentes partes interessadas, bem como a diminuição da resistência por parte de alguma das partes interessadas ao desenvolvimento da sustentabilidade.
- Trabalho infantil em Moçambique e sustentabilidade social : perceção das crianças envolvidas no garimpo na Província de ManicaPublication . Manhice, Antonieta; Amador, Filomena; Carmo, HermanoMoçambique é uma parcela do planeta com uma população agora estimada em 26 milhões de habitantes, de acordo com informação disponibilizada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), 52% dos quais constituem população infantil (UNICEF, 2014). Este dado representa desafios para a capacidade do Estado para satisfazer a demanda pelos cuidados de saúde, educação, emprego. Trabalho Infantil em Moçambique e Sustentabilidade Social: Perceção das crianças envolvidas no garimpo na Província de Manica é o título de uma tese, um estudo de caso que, a partir de uma metodologia fenomenológica pretende apresentar um quadro aproximado de um fenómeno pouco conhecido e, ao mesmo tempo, denunciar uma prática cuja vivência potencia efeitos a médio prazo que condicionam o bem-estar da criança. O estudo centra-se na observação do contexto da exploração do trabalho infantil, nomeadamente em atividades de garimpo, analisando também a forma diferenciada como as diferentes culturas olham para a criança, a evolução histórica desses mesmos olhares até à emergência em épocas mais recentes dos direitos da criança. Passamos em revista a perspetiva histórica do trabalho infantil até desembocar na criação da Organização Internacional do Trabalho. Contextualizamos o trabalho infantil em Moçambique e ainda descrevemos a atividade do garimpo no âmbito do fenómeno. A análise procura compreender a perceção que as crianças têm da sua participação no garimpo nos âmbitos social, económico e ambiental. Os resultados do estudo apresentam um quadro estrutural do fenómeno que evidencia uma experiência mais negativa do que positiva. A experiência não denota uma satisfação sustentável das necessidades sociais, económicas e educativas das crianças. A experiência das crianças decorre num contexto social onde o tema é tratado de forma marginal, numa sociedade que não tem a magnitude do fenómeno, por isso numa sociedade pouco informada sobre a problemática, num país onde os níveis de pobreza atingem 60% da população, onde há muita legislação aprovada mas a Lei do Trabalho é omissa quanto ao prevenir o fenómeno. Uma questão fica no ar: estará o país a construir o ideal de Desenvolvimento Sustentável?
- Governança da política de saneamento, uma proposta de índices de sustentabilidade no Estado de Mato Grosso do Sul (ISSB-MS)Publication . Godoy, Zaida; Jacquinet, MarcNesta tese, investiga-se a governança das políticas públicas de Saneamento Básico e o desenvolvimento de um índice de sustentabilidade, buscando contribuir com a avaliação da gestão integrada desses serviços públicos essenciais. Assim, esta tese versa sobre a “Governança da Política de Saneamento, uma Proposta de Índice de Sustentabilidade no Estado de Mato Grosso do Sul (ISSB – MS)”. A delimitação espacial abrange os municípios do Estado de Mato Grosso do Sul, no período de 2014, com a amplitude necessária para a análise. O referencial teórico inicial utilizado foi o Relatório de Brundtland, que forneceu as diretrizes do Desenvolvimento Sustentável, bem como as demais literaturas clássicas de sustentabilidade. Para a construção deste índice, tomou-se como base a avaliação institucional e da governança de Elinor Ostrom, por estarem envolvidas as questões da água, bem como as abordagens de avaliação do desenvolvimento, tais como Bellagio STAMP e princípios de Dublin, orientando a avaliação e monitoramento da gestão integrada da água. Assim, abordaram-se temas pertencentes ao campo da economia aplicada e dos direitos humanos internacional, sobretudo nas questões regulatórias que envolvem: (a) meio ambiente; (b) instituições; (c) políticas públicas de saneamento; (d) desenvolvimento de índices de sustentabilidade, monitoramento e avaliação da gestão integrada da água e (e) participação social. A metodologia utilizada foi o estudo de caso, envolvendo abordagens de análises qualitativa e quantitativa com métodos de cluster e econométricos. Na fase exploratória para a construção do índice, utilizou-se agrupamento de cluster e, após o método econométrico. As variáveis que compõem o índice são dados secundários obtidos a partir dos bancos oficiais de dados: Sistema Nacional de Saneamento Básico (SNIS) e Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE). Desse modo, o objetivo da pesquisa foi alcançado, com um índice relativo anual capaz de retratar o desempenho da prestação dos serviços de saneamento básico em três componentes: água e esgoto (AE), resíduos sólidos (RS) e socioeconômico (SE), contemplando dez indicadores e vinte quatro variáveis. O mérito da pesquisa justifica-se pela obtenção de um instrumento de avaliação, inovador e de fácil visualização, com predominância de variáveis ambientais e, que propicia interações de dados entre instituições reconhecidas. A estrutura de apresentação do ISSB-MS foi elaborada em mapas para ajudar nas interpretações e comparações dos resultados. Este índice permite avaliações e análises contextualizadas, que vão além do acompanhamento de cumprimento de metas, com comparações entre as localizações e tipo de prestação de serviços, e, assim, ajudando o desenvolvimento de hipóteses e medidas de melhorias na prestação e gestão desses serviços de SB. Desse modo, o resultado da pesquisa concretiza-se com o Índice de Sustentabilidade do Saneamento Básico em MS – ISSB/MS. Ressalta-se que a governança, a gestão e a regulação impactam diretamente o nível da prestação dos serviços de saneamento e, consequentemente, a qualidade de vida. Devido à complexidade das políticas socioambientais e inter-relações multi-institucionais, são demandadas equipes técnicas especializadas e instrumentalizadas para sua gestão, porém, não prescindem da participação social, condição sine qua non para a efetividade dos resultados das políticas de saneamento básico.
- As cidades educadoras e o desenvolvimento local : caminhar para a sustentabilidade : um estudo de caso no município de LeiriaPublication . Frazão, Celeste; Amador, Filomena; Macías, EscolásticaA maioria das cidades nas últimas décadas, passou por processos de crescimento intensos, ligados à expansão da atividade económica e a migrações populacionais, confrontando-se atualmente com uma série de problemas, a nível educativo, ambiental e social, que têm posto em causa a qualidade de vida dos cidadãos. Neste sentido, torna-se pertinente refletir sobre a Educação para o Desenvolvimento Sustentável com incidência em projetos com capacidades para mudar mentalidades e comportamentos, como o Movimento das Cidades Educadoras. Este projeto com caráter internacional e multicultural, da responsabilidade dos municípios que o subscrevem, visa criar condições ao estabelecer estratégias de cooperação a nível local e mobilizar recursos de caráter público e privado, centrado na ideia da cidade como espaço educativo. Exige-se a criação de novas formas de governança, assim como a promoção de dinâmicas que possam produzir efeitos económicos, sociais e ambientais, que permitam caminhar para a sustentabilidade. Nesta sequência, equacionamos o nosso problema em redor das implicações da adesão do Município de Leiria ao Movimento das Cidades Educadoras no domínio de uma Educação para o Desenvolvimento Sustentável. Analisam-se e interpretam-se os discursos de diversos intervenientes envolvidos no Movimento das Cidades Educadoras para compreendermos o seu impacto a nível local. A nível metodológico privilegia-se o paradigma qualitativo, expresso na forma de estudo de caso e centrado no Município de Leiria. Para além da análise documental, parte significativa dos dados foi recolhida através de entrevistas semiestruturadas, posteriormente transcritas e objeto de análise de conteúdo. O trabalho de interpretação realizado permitiu identificar convergências e divergências entre instituições escolares e o Município de Leiria e sugerem caminhos de atuação não só a nível local, como também a um nível mais geral, relacionado com o próprio Movimento das Cidades Educadoras.
- A sustentabilidade dos sistemas de abastecimento de água: a emergência do combate às perdas de água e o papel do reguladorPublication . Almeida, Octávio; Martinho, Ana Paula; Jacquinet, MarcA crescente importância e complexidade da gestão dos Sistemas de Abastecimento de Água, aliada às profundas alterações legislativas, institucionais, infraestruturais e de universalidade e qualidade de serviço, verificadas em Portugal, e iniciadas a partir de finais de 1993, justificam uma reflexão sobre este tema. No presente trabalho é feito um levantamento e caracterização da situação atual em Portugal e do seu passado recente, centrado na sustentabilidade dos Sistemas, tendo em conta os muito significativos investimentos desde 1993. São evidenciados os grandes progressos conseguidos nos últimos 23 anos, onde se criaram serviços de qualidade e com evidente eficácia, levando água de boa qualidade à esmagadora maioria da população, e nesse aspeto, comparando Portugal com os países mais desenvolvidos do mundo, mas onde ainda subsistem problemas de Eficiência e Sustentabilidade de grande parte dos sistemas de abastecimento de água. Assim, são propostas algumas medidas de gestão, organizativas e outras, para melhorar e aumentar de forma significativa o combate generalizado às Perdas de Água e com essas medidas aumentar a Eficiência e conseguir a Sustentabilidade dos serviços de Abastecimento de Água em Portugal. O caso de estudo, que se apresenta relacionado com o combate às Perdas de Água, espera ser um contributo para apoiar as Entidades Gestoras neste problema que ainda se apresenta de forma preocupante no conjunto do país e merece uma urgente intervenção. Para isso propõe-se uma maior abordagem das Entidades Gestoras (EG) ao Índice Infraestrutural de Perdas e a sua adequação aos sistemas de água em Portugal. Foi ainda estudada a atividade do Regulador português, que tem desempenhado um papel muito importante na melhoria do funcionamento dos sistemas de abastecimento de água, em especial os de maior carência técnica e também porque a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) pode e deve ser um parceiro importante das EG na melhoria dos níveis de sustentabilidade, eficiência e excelência da atividade das Entidades Gestoras e na redução significativa da Água Não Faturada.
- A ética e a responsabilidade social empresarial nas licenciaturas em gestãoPublication . Vilar, Vítor Hugo Duarte; Simão, João; Amaral, Alberto Manuel de Sampaio e Castro; Rosa, Maria João Machado Pires daExiste hoje uma pressão da opinião pública para que as empresas divulguem mais informação sobre o seu desempenho social e ambiental. Mas a polissemia e até comoditiza- ção, dos conceitos de sustentabilidade e responsabilidade social, criaram a possibilidade de, oportunisticamente, se mascararem os verdadeiros impactos da atividade empresarial. Muitos gestores, pressionados pelo imperativo da eficiência económica, sentem-se autorizados a prescindir de considerações éticas nas suas decisões, viabilizando opera- ções considerando apenas a sua dimensão legal. É neste contexto que as Instituições de Ensino Superior, signatárias de pactos globais para o Desenvolvimento Sustentável, assumem a responsabilidade em formar gestores com ferramentas de análise ética, aptos a compatibilizar as exigências profissionais com as suas responsabilidades enquanto indivíduos sociais. Aqui investiga-se se este movimento global, mas disruptivo, produziu já efeitos nas licenciaturas portuguesas em Gestão. A revisão da literatura contextualiza o problema abordando a agência moral das organizações, os imperativos éticos da sua atividade e um novo paradigma organizacional aberto e contingente, fundado na teoria dos stakeholders. É estudada a tomada de decisão e os seus moderadores, em gestores e estudantes. Empiricamente, recorre-se a uma metodologia de investigação mista e estuda-se, através da análise de conteúdo aos guiões usados na acreditação dos ciclos de estudos, a forma como integram o DS, a Ética Empresarial e a Responsabilidade Social Empresarial, nos seus objetivos e currículos. Investiga-se, através de questioná- rios a alunos finalistas, o seu processo de tomada de decisão, auditando-o em busca de tendências na sensibilidade à RSE, filosofia empresarial e moderadores individuais. Entre os resultados mais relevantes, está a confirmação da inexistência de um currículo integrado no conceito de sustentabilidade e a identificação de moderadores da carga ética na decisão. Os padrões na filosofia empresarial destes alunos apontam para uma elevada influência de idiossincrasias do contexto nacional. Conclui-se nesta tese acerca da ineficácia do atual modelo de ensino da EE e RSE sobre o perfil ético dos alunos e a confirmação da influência de alguns moderadores e do descomprometimento moral, sobre a carga ética na tomada de decisão.