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  • Uma «nova teologia» para um tempo novo
    Publication . Pinto, Porfírio
    Lutero foi, fundamentalmente, um teólogo, mas um teólogo de um tempo novo. Ele é, provavelmente, um dos primeiros frutos da «nova teologia» anunciada por Lorenzo Valla, fundada nas Escrituras e nos Padres da Igreja, simultaneamente antiescolástica e antiespeculativa. Como houve outros, em Alcalá, Paris, Salamanca ou Lovaina. Desejava-se uma teologia «positiva» e pastoralmente relevante. Lutero, além disso, pugnava por uma teologia também existencial, com impacto na vida quotidiana do crente. Ia nesse sentido a descoberta feita nos anos de lecionação das cartas paulinas: a descoberta do sentido da justificação pela fé! Ele encontra neste tema teológico o âmago do anúncio cristão. Depois, lança-se num combate contra a «teologia da glória»(a teologia escolástica e especulativa), para sublinhar a verdadeira teologia revelada por Deus, a «teologia da cruz». Não lhe interessa um Deus abstrato (o Deus absconditus), mas o Deus que se comunica e relaciona com o homem. Ou seja, o pro me da soteriologia luterana.
  • “O Amor Jamais Passará”: O Descensus Christi e a Vida Além-Túmulo
    Publication . Pinto, Porfírio
    Incorporada ao Símbolo dos Apóstolos, a fórmula cristológica descendit ad inferos remete para uma realidade cultural e teológica veterotestamentária, o sheol, que é profundamente transformada (do ponto de vista teológico) pela revelação neotestamentária. Depois da morte na cruz, Jesus foi sepultado e a sua alma (nepheseh) desceu ao sheol, partilhando a condição de todos os seres humanos. O homem- -Deus é solidário com todos os defuntos, experimenta a derrelicção total e leva a sua obediência ao extremo (a verdadeira “obediência do cadáver”). Essa obediência na derrelicção é simultaneamente uma vitória, que culmina no resgate divino: Deus ressuscitou-o dentre os mortos. Paradoxalmente, Deus identificar-se com Jesus morto! Poderíamos pensar que, no descensus Christi, houve como que uma autoredefinição de Deus a favor de todos os homens, criando uma possibilidade de relação amorosa além-túmulo.
  • Origens da sensibilidade devocional da narrativa de Fátima
    Publication . Franco, José Eduardo; Pinto, Porfírio
    A narrativa de Fátima é profundamente devedora das correntes modernas de espiritualidade mariana, ou cristológico-mariana. A Senhora que apareceu em Fátima, na última das suas aparições, revelou-se como «a Senhora do Rosário». Esta invocação mariana, que se afirmou nos anos subsequentes à conclusão do concílio de Trento (sobretudo depois da Batalha de Lepanto, em 1571), era particularmente venerada pelos Pastorinhos na sua paróquia de Fátima. No entanto, nas conversas destes com a Senhora vestida de branco, «mais brilhante que o sol» (cf. Ct 6, 10; Ap 12, 1), sobressai a doutrina reparadora do Imaculado Coração de Maria, bem como a sombra protetora da Mãezinha do Céu, a «Mãe de misericórdia» da tradição monástica. São estas duas sensibilidades modernas que constituirão o objeto da breve abordagem apresentada neste nosso ensaio.
  • O Flos sanctorum proibido
    Publication . Pinto, Porfírio
    O presente estudo debruça-se sobre a sorte dos legendários hagiográficos medievais no século XVI, quando deixaram de ser publicados e deram lugar a outros legendários historiograficamente mais críticos e veiculando um novo tipo ou modelo de santidade, que correspondia melhor às exigências do concílio de Trento. Durante este processo de mudança, é curioso observar que ditos legendários em romance foram objeto de um controlo apertado da Inquisição, pelo que alguns deles incorporaram os índices de livros proibidos da altura.
  • Retórica y teología en el siglo XVII en Portugal: el caso del padre António Vieira
    Publication . Pinto, Porfírio
    Durante dos siglos (entre mediados del s. xv y mediados del s. xvii), retórica y teología han establecido un diálogo proficuo en post de la renovación de los estudios teológicos (studia divinitatis), frente a la exhausta escolástica, recurriendo a las posibilidades concedidas por los estudios humanistas (studia humanitatis), mayormente la filología y la historia crítica. Ese diálogo sería interrumpido con la aparición de la manualística (fines del s. xvii) y la “muerte” de la retórica bajo los golpes del racionalismo (Descartes), del empirismo (Locke) y del jansenismo (Pascal). Una de las últimas expresiones de ese diálogo la encontramos en las obras del jesuita António Vieira, que aquí estudiamos en su doble función: como orador sacro y como teólogo.
  • O desejo de imortalidade em tempos “Apocalípticos”
    Publication . Pinto, Porfírio
    Um dos aspetos da doutrina cristã mais criticados pelos meios libertinos dos sécs. xvii e xviii foi a escatologia dos “fins últimos” (novissima), que marcou toda a Idade Média e também serviu para alimentar uma certa “pastoral do medo”. Essa escatologia distinguia entre os fins individuais – os “novíssimos do homem”: morte, juízo, inferno e paraíso – e os fins gerais – os “novíssimos do mundo”: o fim do mundo, a parusia, a ressurreição dos mortos e o juízo final. Nas narrativas “apocalípticas” de carácter popular que aflorámos neste estudo não é difícil detetar um “diálogo” pós-moderno com essas doutrinas cristãs. Podemos mesmo considerar ditas narrativas num plano de mediação entre o desconstrucionismo pós-moderno e a escatologia judaico-cristã (ver WÖLL, 2019). De todos os modos, como vimos, as narrativas da cultura popular atual comungam de um pessimismo que contrasta vivamente com a esperança da escatologia cristã.
  • A violência nos escritos bíblicos: em torno do hérem deuteronomista
    Publication . Pinto, Porfírio
    A Bíblia, nomeadamente o Antigo Testamento, tem textos de uma violência insuportável. Já na Antiguidade, Marcião não queria nada com o Deus veterotestamentário, que ordenava a Abraão que matasse o seu próprio filho, ou aos israelitas que exterminassem os cananeus ou os amalecitas. O Abbé Pierre, há trinta anos atrás, referia-se às conquistas de Josué como o “primeiro genocídio”. Se entendermos essas narrativas como textos históricos, então, temos de concordar que a Bíblia é “um manual de maus costumes” (José Saramago). Todavia, hoje, temos cada vez mais consciência de estar perante textos de propaganda, textos retóricos ao serviço de uma ideologia, em confronto com outras, e é através desse conjunto heterogéneo que Deus “fala”.