Ambiente e Sustentabilidade / Environment and Sustainability
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Browsing Ambiente e Sustentabilidade / Environment and Sustainability by Sustainable Development Goals (SDG) "09:Indústria, Inovação e Infraestruturas"
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- Aplicação de instrumentos voluntários de gestão ambiental: rótulo ecológico europeu na indústria da pasta de papel: the navigator companyPublication . Correia, Orlando C. G.; Caeiro, SandraAo longo do século XX, as sucessivas revoluções industriais, o crescimento da população, assim como o crescimento do sector industrial, contribuíram para o forte desgaste do ambiente e do Planeta. A sociedade tem-se desenvolvido sustentada num consumo energético e de recursos indispensáveis ao ambiente, deixando para trás a sua enorme pegada ecológica, influenciando diretamente a capacidade de não comprometimento das gerações futuras em suprir as suas próprias necessidades (Brundtland; WCED,1987). Na contemporaneidade do século XXI, a Sustentabilidade Ecológica ganhou, assim, uma assinalável relevância, levando a que consumidores e empresas adotassem medidas e políticas de sustentabilidade cada vez mais exigentes. O sector empresarial tem vindo a ser considerado como um dos principais responsáveis pelo consumo desenfreado de recursos e emissão de resíduos, com especial destaque para o sector industrial. O trabalho descrito neste relatório, pretende evidenciar a crescente adoção de medidas de sustentabilidade e avaliar as respetivas vantagens, com destaque na atribuição de certificação ecológica, por parte do sector empresarial, a exigência que estas representam em todo o processo produtivo e o valor acrescentado que permitem atribuir à respetiva cadeia de valor. A The Navigator Company, empresa Portuguesa do sector papeleiro, serviu de referência e base para o projeto, enquanto companhia de grande expressão no sector industrial europeu, pioneira na adoção de medidas e definição de metas de sustentabilidade exigentes. Tem por isso, a natural preocupação de tornar bem equilibrado todo o processo de sustentabilidade e que o mesmo seja uma constante efetiva nas decisões da empresa
- Assessing heavy metal contamination in Sado EstuaryPublication . Caeiro, Sandra; Costa, Maria Helena; Ramos, Tomás B.; Fernandes, F.; Silveira, N.; Coimbra, Ana Paula; Medeiros, G.; Painho, MarcoThe Sado Estuary in Portugal is a good example of a site where human pressures and ecological values collide with each other. An overall contamination assessment has never been conducted in a way that is comprehensible to estuary managers. One of the aims of this work was to select different types of index to aggregate and assess heavy metal contamination in the Sado Estuary in an accessible manner. Another aim was to use interpolation surfaces per metal to compare and gauge the results of the indices and to assess the contamination separately per metal. Seventy-eight stations were sampled within the main bay of the estuary and a set of heavy metals and metalloids was established, Cd, Cu, Pb, Cr, Hg, Al, Zn and As. The sediment fine fraction content, organic matter and redox potential were also analysed. Various indices for contamination, background enrichment and ecological risk were used, tested, compared and performance-evaluated. All metals and metalloids were strongly correlated, and the indices appear to reflect heavy metal variability satisfactorily. Difficulties were found in some indices regarding boundary definition (minimum and maximum) and comparability with other estuaries, thus better methods of standardization should be a priority issue. According to the index that has the highest performance score within the group of ecological risk indices – the Sediment Quality Guideline Quotient – only 3% of the stations are highly contaminated and register a high potential for observing adverse biological effects, whereas 47% display moderate contamination. This index can be complemented with the contamination index, which allows more site-specific and accurate information on contaminant levels. If the aim of work on contamination evaluation is to assess the overall contamination of a study area, the indices are highly appropriate. For spatial and source evaluation per metal, interpolation surfaces should also be used.
- Barragem "Kinder Reservoir"Publication . Caeiro, Sandra; Silva, Helder Matta ePrograma de video sobre a barragem "Kinder Reservoir", UK
- Bioeconomia uma nova área de desenvolvimento económico (Tópico 3 EDS)Publication . Martinho, Ana Paula; Jacquinet, MarcUma primeira definição da bioeconomia é atribuída a Georgescu-Roegen (1975) num artigo sobre bioeconomia, que defendia uma perspetiva biofísica para a economia, embora esta atribuição não seja consensual entre os investigadores. O entendimento atual da bioeconomia, que foi desenvolvido na última década, está enraizado na ideia de que as matérias-primas industriais (por exemplo, materiais, químicos, energia) devem ser derivadas de recursos biológicos renováveis, utilizando a pesquisa e a inovação para determinar o processo de transformação. Pode-se assim dizer que a noção de Bioeconomia é multifacetada, onde se pode incluir três visões distintas, das quais pelo menos as duas primeiras parecem ser significativamente influenciadas por uma perspetiva de engenharia e ciências naturais. Essas visões de Bioeconomia são: 1. A visão da biotecnologia enfatiza a importância da investigação biotecnológica e a aplicação e comercialização da biotecnologia em diferentes sectores da economia; 2. A visão dos recursos biológicos centra-se no processamento e atualização de matérias-primas biológicas, assim como no estabelecimento de novas cadeias de valor; 3. A visão bio-ecológica destaca a sustentabilidade e os processos ecológicos que otimizam o uso de energia e nutrientes, promovem a biodiversidade e evitam monoculturas e a degradação do solo.
- Characterization of particulate residues from Greenlandic municipal waste incineration to evaluate potential use as secondary resources in local constructionPublication . Kirkelund, Gunvor M.; Ferreira, Célia; Jensen, Pernille ErlandIn Greenland, waste incineration is used in the larger towns to treat the municipal solid waste. The incineration reduces the amount of waste, but produces particulate incineration residues such as fly and bottom ash that are disposed of. Most construction materials are imported to Arctic areas. The focus in this study is a characterisation of Greenlandic incineration residues to assess the potential as local secondary resources. In this study, fly ash samples from all the incinerators and bottom ash from two incinerators were collected and investigated for several physical-chemical properties. The fly ash samples consisted of very fine-grained particles, with different grading for each incinerator. High water solubility due to high salt concentrations was seen for all fly ash samples along with high concentrations of leachable heavy metals, thus pretreatment is recommended before use as secondary material. The bottom ashes consisted of coarser particles and exhibited lower heavy metal leaching than the fly ash. All residue samples were different and evaluation of reuse should be made individually, however the fly ash shows potential as cement replacement and bottom ash as sand replacement for construction purposes.
- Circular economy in corporate sustainability reporting: a review of organisational approachesPublication . Opferkuch, Katelin; Caeiro, Sandra; Salomone, Roberta; Ramos, Tomás B.A growing commitment from companies to implement circular economy (CE) strategies demands the development of guidelines for consistent related external communication. The fields of non-financial reporting and sustainability are well established with numerous available international reporting frameworks and approaches; however, there is still an absence of standardised reporting principles and procedures for publishing progress on circularity. In this context, this article aims to explore how companies could include CE within their corporate sustainability reports, through an academic literature review and content analysis of existent reporting approaches. Results showed a clear disconnection between CE and sustainability reporting literature. Overall, only a few of the revised reporting approaches explicitly mention CE, and the guidance given to companies is very general, inconsistent and places the responsibility of selecting performance assessment approaches on the companies. The analysis contributes to identifying opportunities for transparent external communication of CE issues, as well as exploring the challenges and limitations.
- Co-creating a sustainability performance assessment tool for public sector organisationsPublication . Ramos, Tomás B.; Domingues, Ana Rita; Caeiro, Sandra; Cartaxo, Joana; Painho, Marco; Antunes, Paula; Santos, Rui; Videira, Nuno; Walker, Richard M.; Huisingh, DonaldOrganisations are increasingly being pushed to manage, assess and report their sustainability performance, including public sector organisations (PSO). Several approaches were developed to implement sustainability assessments at the organisation level. However, the majority are still for the private sector and are often not supported by active stakeholder involvement. Several PSO have adapted private-oriented models to assess their sustainability performance, which are often not adequate due to public administration, whose main mission is to provide public services. The present work aims at developing a conceptual framework to support PSO and to assess their sustainability performance. The proposed approach is supported by two sustainability performance assessment systems – Formal and Informal Sustainability Performance Assessment. The Formal Sustainability Performance Assessment system, which is the main focus of this paper, consists of a checklist of objectives and practices and a set of twenty-nine (29) performance indicators. An initial proposal was drawn from the literature review and then assessed through a participatory process involving practitioners and academics in semistructured interviews, questionnaire surveys and a collaborative workshop. The Portuguese central public administration was used as a case study. The developed checklist of objectives and practices and related performance indicators will allow PSO to assess and communicate complex information about organisational sustainability. Reference values support the normalization of indicators’ results, and consequently, the comparison of sustainability-related performance between PSO integrated into the context of the Portuguese central public administration. This research contributes to the debate on organisational sustainability assessment and communication, and the importance of selecting and developing sustainability indicators using co-creation processes with key stakeholders.
- Comunicação para a sustentabilidade através de websites: um estudo em instituições de ensino superior internacionaisPublication . Pinheiro, Ted; Mapar, Mahsa; Pereira, Pedro; Fernandes, Ana Paula; Caeiro, Sandra
- A conceptual model for integrating non-material components in sustainability assessmentPublication . Viégas, Osvaldo; Caeiro, Sandra; Ramos, Tomás B.A adoção do conceito de desenvolvimento sustentável (DS) originou inúmeros sistemas de avaliação da sustentabilidade, para os quais diversos autores têm sugerido a incorporação de componentes não materiais. O presente trabalho teve como objetivo principal o desenvolvimento de um modelo conceitual para a futura integração desses componentes em sistemas de avaliação da sustentabilidade. A revisão da literatura possibilitou construir um modelo conceitual para os componentes não materiais da sustentabilidade e identificar temas associados. Essa proposta foi analisada em escala local-regional, através de entrevistas semiestruturadas dirigidas a atores-chave no estado de Alagoas e na cidade de Maceió, Brasil. A proposta foi considerada pelos atores envolvidos como genericamente adequada, e foram apresentadas propostas de melhoria e ajuste, para facilitar compreensão e aplicação prática. A análise da percepção dos entrevistados permitiu identificar o vínculo preferencial do termo sustentabilidade com a dimensão ambiental e a restrita referência ao compromisso intergeracional.
- Contributions from practice to the design of an ethical performance management systemPublication . Ribeiro, Ana Roque de Aguiar; Albuquerque, Rosana; Moreira, José Manuel; Figueiredo, José Manuel Costa Dias deHá uma ligação intrínseca entre desenvolvimento sustentável e ética empresarial, quer na origem — os maiores desastres do mundo foram fruto de companhias “que não seguiam standards aceitáveis” (United Nations, 1987, p. 188) — quer na convicção de que nenhum desenvolvimento sustentável será possível sem um alinhamento nesse objetivo por parte das empresas. Alinhamento que implica por si uma postura ética de preocupação com o bem comum. Esta tese tem como objetivo contribuir, através da reflexão sobre a prática, para o desenho de um sistema corporativo de gestão do desempenho ético para empresas transnacionais, que muitas vezes têm um turnover maior do que alguns países (United Nations, 1987). A investigação tem como ponto de partida uma convicção: a forma como as empresas gerem hoje em dia a ética é reativa e exógena, parte da regulação de pressões, do medo de penalizações e de perdas de mercado. É uma ética que não está incorporada que por vezes desperta mesmo algum cinismo nos colaboradores, ou seja, que chega a ser contraproducente. A abordagem à ética das empresas de que precisamos e que nos pode verdadeiramente ajudar a atingir um desenvolvimento sustentável não é esta. É uma ética incorporada na gestão, que faça parte da reflexão sobre cada ato, como acontece com áreas como as finanças. Para isso é necessária uma abordagem sistémica, global e holística, incorporada na cultura. A nossa investigação vai então no sentido de tentar perceber quais as condições necessárias para a adoção de uma abordagem sistémica na gestão do desempenho ético das empresas (com um foco nas empresas transnacionais e multinacionais). Essa reflexão é feita a partir de dentro, da prática, da forma como a ética é vivida nas empresas, uma investigação mais centrada no porquê da situação, incluindo as emoções, as tensões, os obstáculos e as estratégias para os ultrapassar. Acreditamos que esta abordagem, de um ponto de vista da Academia, permitirá reforçar o conhecimento relativamente às práticas da ética empresarial, aos processos utilizados pelas empresas para promoverem um melhor desempenho ético, à forma como a ética é vivida. Para quem atua no terreno, nomeadamente as entidades que desenvolvem referenciais na área da ética, pode permitir conceber mecanismos operacionais que possam incentivar de modo mais adequado o desenvolvimento de uma gestão ética mais eficaz e sustentável. Para as empresas, acreditamos que, o nosso trabalho, através de uma narrativa que lhes é próxima e onde eventualmente se podem rever, fornece bases para uma reflexão e poderá ser um elemento facilitador do diagnóstico e da definição de objetivos. Para identificar as condições necessárias à adoção de uma abordagem sistémica na gestão do desempenho ético das empresas procurámos a resposta a cinco perguntas: 1. Que características deve ter um sistema para gerir o desempenho ético? 2. Quais as características de uma empresa orientada para a ética? 3. Qual a abordagem das empresas à ética? 4. Que características deve ter um código de ética para que possa ser aceite em diferentes países e culturas? 5. Será a ética completamente dependente dos líderes? Para responder a cada uma destas perguntas adotámos diferentes estratégias e abordagens metodológicas, podendo no entanto dizer-se que, de uma forma geral, a nossa abordagem nos diferentes artigos foi qualitativa, uma vez que o se pretendia era descobrir, através dos sinais e da interpretação desses sinais, a forma como a ética é vivida nas organizações e não testar variáveis (Corbin & Strauss, 2008, p. 13). As respostas às perguntas 2 e 3 (capítulo 2) deram origem ao artigo What do we Talk about when we Talk about Ethics? A Research Journey through the World Most Ethical Companies publicado no International Journal of Managerial Studies and Research (IJMSR) Volume 8, Issue 1, January 2020, PP 60-75. A resposta à pergunta 3 (capítulo 4) deu origem ao artigo Corporate Codes of Ethics — the How factor que foi submetido para publicação no International Journal of Cross Cultural Management e aguarda decisão. Finalmente a quinta pergunta (capítulo 5) corresponde ao artigo Ethics Beyond Leadership — Can ethics Survive Bad Leadership? Que foi aceite e aguarda publicação no Journal of Global Responsibility. De seguida apresentamos a abordagem para cada uma das perguntas e as conclusões a que chegámos. 1. Que características deve ter um sistema de gestão do desempenho ético das empresas? A primeira pergunta, fundamental para tentar clarificar o próprio objeto da tese, foi a única à qual não se tentou responder através da prática. Começámos por identificar o que diferencia um processo (o que a grande parte das empresas têm nomeadamente na gestão das reclamações) de um sistema, que tem por base a inter-relação, a necessidade do todo e a existência de um propósito. Foi realizada uma pesquisa em publicações académicas e empresariais que teve uma especial dívida para com o trabalho desenvolvido sobre os sistemas complexos por Edgar Morin (2008) e por Kelly-Eve Mitleton (2003, 2016). De facto, um sistema para gerir uma área tão ampla como a ética, potencialmente aplicável a qualquer operação da empresa, dependente da cultura e até das características pessoais do próprio ator na sua atuação e que diz respeito a comportamentos, não pode ser desenhado como se fosse a gestão de um produto ou de um serviço. Um sistema para gerir uma área como a ética é necessariamente um sistema complexo e isso implica a impossibilidade do controlo total, a aceitação de que sistemas complexos não se baseiam no cumprimento de ordens e planos definidos, são do âmbito do desassossego, da procura constante, da autodescoberta, da insatisfação, da satisfação incompleta. Quanto mais exigentes formos em relação à ética mais complexos terão de ser os sistemas para a gerir. 2. Quais as características de uma empresa orientada para a ética? Tomámos como referência o índice World’s Most Ethical Companies do Ethisphere Institute que, desde 2007, todos os anos distingue cerca de 100 empresas em todo o mundo pelo seu desempenho na área da ética. Escolhemos este índice no enquadramento da prática, por ser assumido como a referência pelas grandes empresas mundiais, aquilo a que procuram responder. Fizemos uma análise das perguntas do questionário de candidatura e das hipóteses de resposta que lá são apresentadas e desenhámos (concebemos) o retrato de uma empresa com orientação ética, que assumimos para este trabalho como o paradigma do que é pedido às empresas. De acordo com esse retrato, uma empresa orientada para a ética é: uma empresa que considera a ética como algo central, relativamente à qual o Conselho de Administração quer estar informado, e sobre cujo desempenho reflete para identificar novos desafios e novas formas de a fazer crescer dentro da organização; onde há uma pessoa com posicionamento de topo com a função de gerir a ética, que está exclusivamente dedicada a esta temática e que é convidada a apoiar a reflexão nas diferentes áreas da empresa, participando igualmente no desenvolvimento da estratégia geral e na análise de risco; uma empresa onde todos os colaboradores têm formação regular em ética, mas onde, para além dessa formação, a ética é um tema recorrente nas reuniões de trabalho das equipas; uma empresa onde a ética é um tema vivo, percecionado como um must have e que, como tal, faz parte das avaliações de desempenho e dos bónus dos gestores. Uma empresa onde o programa de gestão da ética é avaliado anualmente, bem como a cultura e o clima éticos sendo os resultados comunicados de forma adequada às partes interessadas. 3. Qual a abordagem das empresas à ética? O índice World’s Most Ethical Companies e as empresas distinguidas, serviram-nos também de base para a resposta à terceira pergunta. A pesquisa foi feita através da grounded theory, uma metodologia onde se parte do nada para a construção da teoria, ou seja, é uma metodologia que implica uma abertura para identificar a teoria que possa emergir nos objetos de análise, a análise começa quando se começa a recolher a informação (Corbin & Strauss, 1990, p. 6). Os objetos de análise neste caso foram os relatórios (gestão, ética, sustentabilidade) das 18 empresas europeias distinguidas no índice. A análise da informação foi feita com o apoio do software MAXQDA e mostrou inconsistências no uso da palavra ética e falta de clareza relativamente ao papel da ética nas organizações. Mostrou também que a maioria das empresas está no modo de compliance, sem uma incorporação real da ética na estratégia e nas questões core. O aspeto-chave para uma incorporação decisiva da ética parece ser a assunção de um propósito que encoraje a ação para além da existência ou não de exigências legais ou de regulação. 4. Que características deve ter um código de ética para que possa ser aceite em diferentes países e culturas? A formulação desta pergunta teve como ponto de partida o facto de o código de ética ser o instrumento fundador da generalidade dos programas de ética nas empresas. É, contudo, um instrumento com palavras que podem ter diferentes interpretações, de cultura para cultura, o que pode afetar a sua credibilidade e aceitação por parte dos colaboradores (Talaulicar, 2009). Para responder a esta pergunta foi realizado um estudo de caso em profundidade da revisão de um código de ética por uma empresa transnacional utilizando uma estratégia investigação-ação. O caso é apresentado numa abordagem de storytelling. Documenta-se o processo de elaboração do código e da avaliação do resultado obtido em dois momentos: na altura e três anos depois. O estudo de caso foi antecedido de uma pesquisa de arquivo sobre a relevância dos códigos de ética para as organizações transnacionais e sobre o impacto do método utilizado no seu desenvolvimento para a aceitação e incorporação do código na organização. Concluiu-se que uma metodologia participativa na conceção do código e uma abordagem mais axiológica do que normativa no conteúdo são aspetos críticos para a aceitação do código. O código deve ser concebido numa perspetiva de negociação e de abertura onde seja possível manter as diferenças que se justifiquem. Em termos de conteúdo é importante não colocar no código o que não pode ser conseguido e ter contenção no uso de palavras como “nunca” quando se assume que pode haver exceções. A questão da tradução e da linguagem aparece como uma questão chave que merece mais atenção do que lhe tem sido dada. Palavras como respeito tem significados diferentes de país para país (materializam-se de forma diferente) e mesmo expressões como corrupção, podem ter traduções tecnicamente corretas com significados jurídicos distintos de país para país. No desenvolvimento do código as características pessoais do líder, a energia que o move, são um aspeto fundamental para dar credibilidade ao processo e para os resultados que são conseguidos. É, naturalmente, o aspeto mais difícil de replicar e que pode fazer com que, seguindo os mesmos procedimentos, se chegue a resultados completamente diferentes. 5. Será a ética completamente dependente dos líderes? Se a cultura ética de uma organização for totalmente dependente dos líderes então qualquer sistema que se desenvolva estará sempre dependente de cada mudança de líder. Nesse sentido, o objetivo da nossa investigação, mais do que responder à questão sobre a dependência, é tentar perceber o que pode tornar a cultura ética de uma organização mais resistente às mudanças de líder. Foi realizado um estudo de caso onde se retrata o impacto em ternos de clima e cultura éticos da mudança de liderança numa empresa multinacional — trata-se de uma narrativa construída a partir da entrevista ao CEO já afastado das suas funções e à responsável pelo Compliance. O objetivo foi, a partir da análise da narrativa, a partir da revisão da literatura e da nossa experiência, tentar identificar as circunstâncias (instrumentos, processos, procedimentos) que teriam, por hipótese, dificultado a ocorrência do caso relatado ou, de forma mais abrangente, tornado esta ou outra qualquer empresa mais resiliente face a mudanças de liderança. A estratégia metodológica adotada foi a narrativa, sendo construída através da reprodução do discurso oral dos narradores (oral history), seguida depois de uma análise crítica. Escolhemos esta metodologia porque acreditamos, tal como refere Hannah Arendt, que através dos discursos, das suas exatas palavras, as pessoas mostram quem são, revelam a sua identidade pessoal e as suas singularidades (Arendt, 2001). Esta abordagem permite mostrar os sentimentos que enquadram a ação, que são, de acordo com Scharmer (2015), um dos elementos menos estudados. Concluímos que os aspetos que poderiam tornar a organização mais resiliente às mudanças de liderança seriam o tipo de formação que é dada aos colaboradores, que deve ser mais centrada nos valores, na responsabilidade individual e no desenvolvimento de soft skills. A preparação do processo de sucessão dos líderes também é um aspeto fundamental. A implementação de medidas de combate ao silêncio moral, tais como a explicitação da obrigação de falar (denunciar), criar espaços seguros para diálogo e desenvolver ferramentas que garantam que a empresa sabe o que se passa, como por exemplo entrevistas de saída, são aspetos relevantes tal como divulgar o resultado das denuncias que são feitas, para mostrar que vale a pena, que falar tem impacto. Conclusões gerais Mais do que a soma das conclusões de cada um dos artigos, apresentamos uma reflexão sobre os aspetos que encontrámos transversalmente na resposta a cada uma das nossas perguntas de investigação. Concluímos que, para a maior parte das empresas analisadas, este é ainda o momento do compliance. Não há uma identificação clara do propósito da ética e não há, sobretudo, uma assunção da ética como fazendo parte do propósito da empresa e da missão dos líderes. A questão da liderança, da falha, no ponto de vista ético da liderança, é também uma conclusão transversal. Há a perceção de que um sistema de gestão do desempenho ético dificilmente pode ter como motor, de uma forma ampla, os líderes. Os líderes empresariais, tal como são hoje na sua maioria, têm medo de gerir a complexidade, não acreditam suficientemente na ética ao ponto de a incluir na reflexão estratégica, sentem que, se forem pelo caminho da ética, não têm futuro e, enquanto líderes, têm muito a perder. Esta situação é fruto de um modelo vigente que qualquer sistema de gestão do desempenho ético seriamente assumido tem de ter como propósito mudar, empresa a empresa. Surgem como condições fundamentais para a adoção de uma abordagem sistémica à gestão do desempenho ético nas empresas, a identificação do propósito por caminhos diferentes dos que têm até agora maioritariamente sido seguidos, a aceitação da complexidade, uma abordagem mais axiológica do que normativa, a aposta nas pessoas com liderança ética, independentemente de serem líderes formais ou informais, a perceção de que serão os 10% que procuram ter de modo constante uma conduta ética que farão a diferença e que é importante desenhar um sistema a pensar nessas pessoas e a apoiá-las.