Sustentabilidade Social e Desenvolvimento | Social Sustainability and Development
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Browsing Sustentabilidade Social e Desenvolvimento | Social Sustainability and Development by advisor "Azeiteiro, Ulisses"
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- Assessment of sustainability implementation in public policies and strategies in portuguese public universitiesPublication . Farinha, Carla; Caeiro, Sandra; Azeiteiro, UlissesResumo alargado: No cumprimento da sua missão a UNESCO teve, desde a sua criação em 1945, como uma das suas preocupações colocar a qualidade da educação na base do desenvolvimento, abordando-a através de uma visão holística como meio para a promoção da paz, da erradicação da pobreza e como impulsionadora do desenvolvimento e do diálogo intercultural. A educação é um pré-requisito para promover alterações comportamentais e fornecer as competências para o Desenvolvimento Sustentável (DS) na medida em que permite a igualdade de oportunidades entre classes, géneros, e crenças ainda que o conceito de Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS), que nasceu após a Conferência de Joanesburgo em 2002, deva ser enquadrado a nível local e temporal. A recomendação da adoção da Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (UN DEDS) 2005-2014, tem por objetivo integrar, num quadro temporal definido os princípios, os valores e as práticas do DS a todos os aspetos da educação e da aprendizagem. Uma boa parte destas responsabilidades recai sobre as Instituições de Ensino Superior (IES), que têm assim uma acrescida responsabilidade moral na consciencialização, no alargamento do conhecimento, e no desenvolvimento das competências e dos valores de um futuro sustentável e justo. O papel que as IES podem desempenhar na educação integrada para a EDS é um dos grandes desafios na transição para um futuro mais sustentável. Para tal, espera-se das IES que, na sequência do caminho que têm vindo a trilhar, continuem a assumir o seu papel central na mudança de paradigma de forma a permitir às gerações atuais e futuras viverem de modo mais saudável e em harmonia e respeito com a Terra, que tem recursos finitos e limites biofísicos que têm sido demonstrados de forma evidente e incontornável. Dados assentarem nos três pilares do “triângulo do conhecimento”: Ensino, Investigação e Inovação, as IES são, neste quadro, absolutamente fundamentais. Muitas Declarações e Compromissos foram assinados. A assinatura e comprometimento dos líderes das IES, tornando-as verdadeiros catalisadores do DS, são consideradas um sinal promotor da sustentabilidade, como se constata através de diversas Declarações pré-DEDS 2005-2014: Talloires (1990), Halifax (1992), Quioto (1993), Swansea (1993), Copernicus (CO-operation Programme in Europe for Research on Nature and Industry through Coordinated University Studies) (1994), Global Higher Education for Sustainability Partnership (GHESP) (2000), Luneburgo (2001) e Barcelona (2004). A Declaração de Talloires, de 1990, foi o primeiro ato oficial de compromisso do ensino superior com o DS para que este se assuma como agente de mudança na incorporação e disseminação da sustentabilidade. Em 1994, a Declaração Copernicus, assinada por 196 universidades, foi entendida como o compromisso da gestão de topo das IES com o DS com vista a preservar o ambiente e à promoção do DS. É importante conhecer-se o perfil e nível de compromisso das universidades em todo o mundo, em particular na Europa, continente onde se encontram as mais antigas instituições, e tendo em conta o seu papel como líder nas estratégias e políticas de implementação da sustentabilidade no ensino superior. Não existe atualmente em Portugal um estudo sistemático que permita conhecer o perfil das IES, em particular das universidades públicas, e identificar pistas e boas práticas para a sua melhor implementação. Este facto leva a questionar de que forma e em que termos foi integrada a sustentabilidade nas estratégias institucionais no ensino superior universitário em Portugal, nomeadamente nos planos, programas e políticas do Governo e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) e nas estratégias e práticas das Instituições de Ensino Superior Universitário Público (IESUP) como balanço da DESD 2005-2014. O objetivo geral deste trabalho foi avaliar de que forma a sustentabilidade foi integrada nas Instituições de Ensino Superior Universitário (IESU) público em Portugal, através das suas estratégias institucionais, no âmbito dos objetivos da UN DEDS 2005-2014. Os objetivos específicos, que estão organizados por ordem cronológica e de forma a responder ao objetivo geral, foram: (i) Avaliar a integração da sustentabilidade nos planos, programas e políticas do Governo português e do MCTES; (ii) Avaliar a integração da sustentabilidade nas estratégias e políticas das catorze IESUP na perspetiva de alguns dos atores chave com impacto no processo de decisão; (iii) Analisar as ações e as (boas) práticas nas IESUP onde tenha sido identificada a aplicação de estratégias, políticas para a sustentabilidade com vista a avaliar e definir um perfil do país; e (iv) Propor um modelo de inclusão de melhorias de sustentabilidade (think tank de iniciativas) nas estratégias e políticas das IESUP, com vista a aumentar, transferir o conhecimento e partilhar as (melhores) práticas integradas entre as Instituições de ensino superior portuguesas. Esta investigação segue um desenho de investigação baseado no estudo sobre as catorze universidades públicas em Portugal, de acordo com uma abordagem maioritariamente dedutiva (onde se recorreu em parte à Grounded-Theory), com métodos mistos, embora maioritariamente qualitativos, utilizando análise de documentação (dados secundários) e entrevistas semiestruturadas (dados primários). Como primeiro passo, foi realizada uma revisão da literatura e reflexão crítica sobre diversos documentos de origem governamental e do Ministério (MCTES) recolhidos e organizados cronologicamente. Para a análise de conteúdo foi utilizada o software NVivo, cujo objetivo foi avaliar se nos programas e políticas do Governo em geral e, especificamente, do MCTES, a sustentabilidade foi integrada nas universidades públicas, e em caso afirmativo, de que forma, em particular durante a DEDS 2005-2014. Seguidamente, realizou-se um estudo exploratório de acordo com uma abordagem qualitativa através de entrevistas semiestruturadas com atores chave com impacto no processo de decisão de implementação da sustentabilidade nas universidades públicas portuguesas. Esta fase visou obter mais informação sobre planos, políticas e programas não acessíveis ou não tornados públicos, que de outra forma estariam fora do nosso alcance, bem como obter indicações relativamente às barreiras sobre a implementação da EDS nas universidades públicas. Na terceira fase procedeu-se à análise, ao nível de cada uma das instituições, do conteúdo de planos estratégicos, planos e relatórios de atividades e relatórios de sustentabilidade (PEs, PAs, RAs e RSs, respetivamente) das catorze IES, o que foi essencial na avaliação de uma primeira definição do perfil do País no que respeita à implementação da sustentabilidade no sector da educação superior. Por último, foram realizadas entrevistas semiestruturadas (ainda que na primeira parte do guião a entrevista indiciasse uma entrevista estruturada) aos atores com papel relevante na integração da sustentabilidade em cada uma das universidades. O objetivo foi o de listar as diferentes ações implementadas, bem como de que forma se ultrapassaram as barreiras, quer durante a UN DEDS 2005-2014 quer na atualidade (2018), e ainda conhecer os desafios que se anteveem para as universidades. Foram, igualmente, discutidas iniciativas e boas práticas por parte de quase todas as IES. Verificou-se assim que, ao longo da DEDS 2005-2014, houve alguma insuficiência quer de orientações estratégicas quer de políticas nacionais respeitantes à implementação da EDS no ensino superior emanadas quer do Governo quer do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Estes resultados decorrem quer da análise de documentos quer das entrevistas a atores chave. Ainda que o Programa Massachusetts Institute of Technology (MIT) Portugal tenha sido um bom exemplo de compromisso político e estratégico de aplicação de sustentabilidade no ensino superior, com a criação de Mestrados (MSc) e Doutoramentos (PhD), este focou-se maioritariamente na área da energia. O mesmo se pode dizer do programa de Eficiência Energética na Administração Pública (Eco.AP), um outro bom exemplo do envolvimento Ministerial, cujo papel é o de avaliar e implementar medidas para melhorar e reduzir o consumo energético nas universidades. Os resultados obtidos sugerem que a UN DESD 2005-2014 não foi considerada em si mesma uma motivação para a incorporação da sustentabilidade nas universidades, tal como a assinatura de declarações formais não foram nem condição necessária nem suficiente para tal. Foram as Universidades, por sua iniciativa, que protagonizaram o seu próprio movimento de implementação, tendo sido possível recolher no seu conjunto bons exemplos e iniciativas. Da análise de documentação das universidades públicas portuguesas no período da DEDS 2005-2014, constata-se que estas integraram a sustentabilidade nas suas políticas e estratégias principalmente através das dimensões “operações no campus”, “alcance e colaboração” e “DS através de experiências no campus”, através de múltiplas e diferentes ações, algumas delas não circunscritas a uma única universidade. Quando, para efeitos desta investigação, se procedeu à realização de entrevistas aos atores com papel relevante na temática da sustentabilidade nas universidades públicas e se questionou quer o período da década quer o ano de 2018, as dimensões que surgem como relevantes na integração da sustentabilidade, e sem alteração entre momentos, são: (i) “operações no campus”, (ii) “educação”, (iii)“alcance e colaboração”, (iv) “investigação” e, só depois, (v) “DS através de experiências no campus”. As ações das universidades relacionadas com a EDS mostram que as ações relacionadas com EDS foram realizadas de forma “isolada” e não de forma integrada de acordo com a “whole institution approach” da Organização das Nações Unidas. Realce-se a exceção de parcerias no DS, nos projetos de investigação, publicações, colaboração em projetos de desenvolvimento sustentado (DS) e financiamento para a investigação. Foi, ainda, possível conhecer as (melhores) práticas nas universidades públicas onde, apesar de existirem áreas chave onde as IES, não obstante barreiras como a falta de recursos financeiros e humanos e da falta de enquadramento de políticas governamentais, enfrentaram os desafios no âmbito da sustentabilidade. Através deste estudo foi possível chegar a uma definição de perfil do País para a implementação da sustentabilidade no sector da educação superior, em particular nas universidades públicas, sendo proposta uma plataforma de diálogo e partilha - Sustainability4U - com vista a potenciar a aprendizagem do tema no seio da comunidade das IES. Esta plataforma Sustainability4U é uma proposta de iniciativas para ampliar e transferir o conhecimento, bem como para partilhar as (melhores) práticas integradas entre as IES portuguesas, sejam elas universidades ou politécnicos. Os desafios à implementação do DS estão relacionados com iniciativas: (i) ao nível governamental e institucional, como sejam um maior financiamento e uma maior regulamentação governamental, mas também com (ii) iniciativas ao nível das próprias IES. São necessárias estratégias para a implementação do DS nos planos institucionais, na criação de um gabinete dedicado à EDS nas universidades ou nas faculdades onde tal estrutura não exista e na criação de competências transversais em DS acessíveis a todos os estudantes, através de disciplinas e/ou cursos para promover a transdisciplinaridade. O propósito é que o DS seja parte integrante da cultura da universidade e crie um fator multiplicador na instituição e na sociedade não só a longo prazo, como também no futuro próximo. Em 2018 foi criada a “Rede Campus Sustentável” entre os membros da comunidade das IES (universidades e politécnicos) com vista à partilha de conhecimento e experiências, mas igualmente para levar a gestão de topo a assinar uma carta de compromisso baseada na Declaração de Copernicus e na Estratégia Nacional para a Educação Ambiental (ENEA). Esta Iniciativa mostra não só um compromisso da comunidade académica portuguesa como um bom exemplo de uma abordagem “bottom-up”. O compromisso para a implementação de políticas públicas nas universidades é crítico para que o processo seja efetivo no que respeita à EDS inclusivo. Consequentemente, há uma necessidade premente de alterar o paradigma nas universidades portuguesas e ainda debelar alguns obstáculos. * * * Este estudo apresenta algumas limitações, nomeadamente o escasso número e qualidade de documentos originários de fontes Governamentais e Ministeriais ou mesmo da Sociedade Civil (capítulo 1) aplicáveis à temática (DESD 2005-2014). Poder-se-á considerar que este facto denota uma falta de compromisso por parte das instituições governamentais face à EDS. No entanto, nada se pode referir com acuidade sobre a representatividade da amostra dado que, apesar dos elevados esforços desenvolvidos, e ainda que não tenham recolhido mais documentos, eles poderiam existir e não estar disponíveis e/ou alcance dos investigadores. No que concerne às perceções dos atores chave (capítulo 2) face à implementação da EDS o estudo poderia ter sido enriquecido com a opinião do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Secretários de Estado e de pelo menos mais um responsável do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), nomeadamente o líder de 2010 a 2014. No entanto, tal não foi possível em tempo útil, apesar dos melhores esforços. A amostra por ser de conveniência não permite que os resultados sejam generalizados para o sistema de ensino superior português, não só devido ao escasso número de entrevistados (sete de uma amostra de quinze), mas também devido à sua natureza (provenientes do governo, academia e sociedade civil). No entanto, o objetivo das entrevistas com atores chave serviu para confirmar a análise prévia de documentos oficiais e cada entrevista foi muito completa, permitindo aproximação à saturação de informação, o que significa que informação adicional recolhida forneceria eventualmente poucos dados novos. Para o período em causa (2005-2014), as principais universidades publicaram toda a documentação necessária para tratamento e análise (capítulo 3). Ainda assim, teria sido importante aceder a um maior número de documentos publicados ou disponíveis, relativamente a algumas universidades. Para tal, foram envidados esforços para obter informação adicional quer através dos websites, quer por contacto direto com os técnicos e/ou centros de documentação. O método por convite direto da entrevista forneceu boas respostas (capítulo 4), mas (em alguns casos) pode não ter sido entrevistada a pessoa ideal no sentido de ser aquela com o maior conhecimento dos esforços de implementação da sustentabilidade e/ou de atividades na sua instituição. O guião de entrevista foi desenvolvido para ser compreendido por todos os respondentes e cobrir um largo espectro de temas. No entanto, pode ser difícil para um entrevistado ter um conhecimento adequado e suficiente de todos os tópicos e temas em causa. Pretende-se em desenvolvimentos futuros pôr em prática a plataforma Sustainability4U, não só entre as IES portuguesas, mas igualmente a nível europeu e internacional, baseado no estudo de caso de país do sul da Europa, Portugal. Regiões ou perfis semelhantes podem aprender com esta experiência, ganhando experiência com a forma como os obstáculos foram ultrapassados. O conhecimento do perfil detalhado das Universidades pode ser ainda alargado a todas as IES em Portugal.
- Biodiversidade, serviços de ecossistema, ecologia da paisagem e biologia da conservação: transposição didática e conceções do corpo docente e discentePublication . Silva, Rosa Estela Tomás Coelho da; Azeiteiro, Ulisses; Martinho, Ana PaulaAs mudanças climáticas, a escassez de água potável, a perda de biodiversidade, a ação moduladora do Homem sobre a paisagem, a necessidade de conservação dos ecossistemas, a iliteracia, entre outros, constituem indícios de que o ambiente continua frágil, apesar de nas últimas décadas, os esforços da educação, em geral, e da Educação Ambiental (EA) e de outras temáticas transversais, em particular. A comunidade internacional tentou, entretanto, ir apontando soluções de se enfrentarem esses desafios, como por exemplo a Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS). A presente dissertação visa responder à necessidade de levantamento das conceções em Literacia em Biodiversidade, LB, dos discentes e dos docentes de uma escola secundária no grande Porto com recurso a um inquérito por questionário escrito, e uma entrevista, aos docentes, que constituirá́ a base metodológica, aferindo, assim, a viabilidade da sua implementação. Através destes instrumentos, procurar-se-á conhecer os conhecimentos prévios dos discentes e docentes, no que concerne à sua Literacia em Biodiversidade. A análise dos dados dos questionários foi realizada sob a metodologia quantitativa, optando-se pelo estudo descritivo, correlacional e comparativo, por forma a responder aos objetivos estabelecidos. Os resultados obtidos sugerem que embora os docentes e discentes conheçam alguns dos conceitos, existe algum desconhecimento global sobre algumas das temáticas em estudo. Com os resultados obtidos com os alunos de 10 º ano de Ciências e Tecnologias, após a atividade outdoor, podemos sumarizar dizendo que as atividades são benéficas pois melhoram e estimulam as aprendizagens efetuadas em matéria de LB, fazem com que a aquisição dos conteúdos estudados ocorra de modo significativo, na maioria dos casos, e também ao nível das competências atitudinais, em suma melhoram a LB. Os resultados são o reflexo das estratégias usadas para a lecionação dos temas, do meio em que a escola se insere, dos modos de vida dos alunos e da importância que estes atribuem à cultura ao ambiente e, particularmente, à Biodiversidade. O incremento da Literacia em Biodiversidade, dos alunos possibilita cidadãos capazes de tomarem decisões informadas e responsáveis, que compreendam as inter-relações entre as ciências, a tecnologia, a sociedade e o ambiente, necessária para o futuro sustentável da Terra. Os docentes reconhecem a importância destas temáticas, apresentam uma visão clara do papel da educação em prol da sustentabilidade, com enfoque na Literacia em Biodiversidade, mas prevalecem questões de ordem temporal, programática e outras que condicionam a implementação destas competências em determinadas áreas disciplinares. Face a este contexto, terão que existir mudanças significativas nos programas das diferentes disciplinas, nas estratégias utilizadas, formação específica nestas áreas do saber, para os levar a refletir e incutir nos estudantes um espírito crítico sobre os saberes e sobre o seu lugar na sociedade e o futuro que estão a construir, que terá que ser necessariamente sustentável.
- Desafios de transição de agricultura de subsistência para uma agricultura sustentável no corredor de Nacala, Moçambique, 2005-2020Publication . Dzucule, Pedro Daniel; Moura, Ana Pinto de; Azeiteiro, UlissesAs propostas da agricultura sustentável ainda são minoritárias, incipientes, até mesmo marginalizadas, em certos contextos sociais, políticos e económicos da produção agrícola moçambicana, muito embora se reconheça que algumas regiões do mundo se tem avançado consideravelmente nesta direção com a implementação de políticas públicas de extensão e assistência técnica, de pesquisa agrícola, de aporte de recursos financeiros em programas específicos para a produção agrícola sustentável, dentre outras. De facto, encontrar e aplicar vias que possibilitam uma transição da agricultura de subsistência para formas mais sustentáveis que atendam a exigências económicas, sociais e ambientais, envolve mudanças estruturais de médio e longo prazo, especialmente no seio do contexto agrícola atual favorável ao agronegócio e ao aprofundamento de certos princípios da “Revolução Verde”. Este trabalho tem como objetivo central, caracterizar a dinâmica dos programas de desenvolvimento agrário no corredor de Nacala, de 2005 a 2020, tendo em conta os princípios da agricultura sustentável. Em termos de objetivos específicos, pretende-se analisar o paradigma do desenvolvimento agrário, de 2005 a 2020, questionando-se se a abordagem da transformação estrutural da agricultura de subsistência para agricultura comercial assenta em vetores de sustentabilidade. Visa ainda identificar os fatores que proporcionaram o avanço ou a estagnação da agricultura no corredor de Nacala para o período em questão, tendo em conta as políticas e reformas agrárias concebidas depois da Independência, bem como identificar as principais barreiras/destorções no processo do desenvolvimento agrário no corredor de Nacala. Visa finalmente propor um modelo de agricultura para o corredor de Nacala, tendo por base princípios de sustentabilidade. Para o efeito, recorrendo-se a uma metodologia mista, envolvendo 225 participantes - produtores, fóruns, associações, empresas, cooperativas, ONG, investigadores agrários, técnicos e extensionistas- utilizaram-se os seguintes instrumentos de recolha de dados: Análise Documental; b) Entrevista; c) Questionário; d) Grupos focais; e) Observação. Do estudo efetuado, evidencia-se que o conceito de agricultura sustentável é questionável, considerando, entre outros fatores, a dificuldade em se determinar a sustentabilidade de qualquer sistema. A proposta centra-se na transição da agricultura familiar de subsistência para uma agricultura sustentável. A escolha da agricultura de subsistência está relacionada com multifuncionalidade da agricultura familiar, que além de produzir alimentos e matérias-primas, gera mais de 80% da ocupação no sector rural Moçambicano.
- Participatory approaches in higher education's sustainability practices : a mixed-methods study leading to a proposal of a new assessment modPublication . Disterheft, Antje; Caeiro, Sandra; Azeiteiro, Ulisses; Leal Filho, WalterTransformar as Instituições do Ensino Superior (IES) pode ser visto como um dos grandes desafios na transição para um futuro mais sustentável. A estas instituições tem sido atribuído um papel importante na mudança de paradigma no sentido de permitir que as gerações atuais e futuras possam viver de modo saudável e em harmonia com os ecossistemas. Este papel assume múltiplas funções e desafios. As IES são desafiadas a repensarem a sua missão institucional, as suas estruturas e o funcionamento dos seus cursos, como por exemplo a necessidade dos conteúdos se abrirem para a inter- e transdisciplinaridade, mas também a repensarem a sua missão e finalidade educativa. Na perspetiva dos estudantes enquanto futuros líderes e decisores, estes devem estar habilitados com as competências necessárias para serem capazes de enfrentar os complexos desafios com que as sociedades de hoje estão confrontadas. Assim, as IES devem ser convidadas a reformularem os seus currículos para a literacia da sustentabilidade. Os esforços relacionados com a Educação para a Sustentabilidade (ES) / Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS) são a prova de um movimento crescente de investigadores e atuação dedicadas à investigação, à ação e ao debate e prática sobre como envolver as IES nessas mudanças institucionais e educacionais. Um número crescente de IES já começaram a responder com estratégias diversas para a implementação da sustentabilidade e transformação institucional. O conceito de participação tem sido considerado útil neste contexto enquanto contributo e reforço da governação institucional e para o discurso da EDS na promoção de uma cidadania democrática. As abordagens participativas têm ganho crescente atenção nestes esforços, mas permanecem muitas vezes vagas e não sendo consideradas nos procedimentos de avaliação da sustentabilidade. Existe uma escassez de estudos sobre as dimensões da participação no âmbito da implementação da sustentabilidade no ensino superior, e uma incompreensão desses processos, tanto na prática da realização de um processo participativo, bem como na avaliação da sustentabilidade. Para a implementação da sustentabilidade as abordagens participativas podem e devem ser vistas como cruciais na mudança de paradigma para a sustentabilidade e contribuir para a integração do conceito de sustentabilidade na cultura universitária. Mesmo que a participação seja, em parte, considerada nas práticas de avaliação existentes, ainda não está claro o que medir, e como medir os processos participativos. Abordagens holísticas são muitas vezes anunciadas, mas os métodos de avaliação reducionistas são os mais frequentemente seguidos. O foco parece estar colocado no desempenho e benchmarking, levantando preocupações de que as práticas de avaliação da sustentabilidade possam atender mais às necessidades de mercado do que às necessidades da sociedade e da sua transformação. Apesar de em alguns casos de aplicação, apenas um número reduzido de instituições seguir uma abordagem integradora da sustentabilidade na sua organização, a designada ‘whole-institution approach’. Há tendências unilaterais de alguma forma enganadoras de "tornar-se verde" (greenwashing), impulsionado por necessidades do mercado, pelas vantagens de marketing, e pelos benefícios económicos, aumentando contudo os riscos do designado greenwashing. Partindo deste estado atual dos conhecimentos, foram delineados três objetivos principais de investigação: (i) Estudar os conceitos de ES/EDS, da ciência da sustentabilidade e da avaliação da sustentabilidade, com foco em abordagens participativas dentro de iniciativas de sustentabilidade em instituições de ensino superior; (ii) Identificar os fatores críticos de sucesso e possíveis critérios de avaliação para abordagens participativas na implementação da sustentabilidade do ensino superior; (iii) desenvolver um modelo conceptual de suporte à avaliação da qualidade de um processo participativo em termos de eficácia e potencial de transformação da comunidade académica, em iniciativas para a sustentabilidade. Para responder a estes objectivos, foi analisado como as IES envolvem as suas comunidades nas iniciativas de educação para a sustentabilidade e como essas iniciativas são avaliadas. Em resposta à necessidade de abordagens mais holísticas, propõe-se um novo modelo de avaliação, o modelo INDICARE. O estudo segue um desenho de investigação com métodos mistos utilizando entrevistas semi-estruturadas, grupos focais, workshops e apontamentos sobre observações de campo como levantamentos qualitativos; e questionários como método quantitativo, bem como contínuas revisões de literatura e triangulação de dados. A pesquisa foi desenvolvida em fases de investigação sequenciais, inspirada no método Delphi. Como primeiro passo, foi realizada uma revisão da literatura e reflexão crítica sobre a ciência para a sustentabilidade e a educação para o desenvolvimento sustentável, como teorias de base e campos emergentes de investigação para uma transição a universidades (mais) sustentáveis. A seguir, realizou-se uma sistematização das ferramentas de avaliação de sustentabilidade aplicadas nas IES, para analisar em que medida a participação da comunidade no campus é efetuada. Esta análise foi utilizada para preparar entrevistas semi-estruturadas e grupos focais com profissionais da área da sustentabilidade (n = 51), a trabalharem no ensino superior, de 22 países diferentes, a fim de identificar os fatores críticos de sucesso e possíveis critérios de avaliação para abordagens participativas. A análise foi realizada de acordo com a análise qualitativa de conteúdo e suportada num software de análise de dados qualitativos, o NVivo 10. Os resultados foram então utilizados para desenvolver o modelo de avaliação, que foi discutido e ajustado ao longo de seis fases de feedback, tendo sido apresentada a professores, investigadores, profissionais comunitários e estudantes de doutoramento (n = 98) durante conferências, workshops e encontros universitários, em cinco países diferentes. Os resultados das entrevistas e grupos focais sugerem que o sucesso das abordagens participativas é dependente das condições estruturais das instituições e dos indivíduos envolvidas, destacando a importância de aptidões específicas e competências para os processos participativos. A EDS no ensino superior está associada à capacitação e “empoderamento” (empowerment), e tem evoluído de uma abordagem mais restrita da sustentabilidade ambiental para aspetos da sustentabilidade social. Além disso, os participantes desta investigação deram evidências empíricas relacionadas, por um lado com algumas das dificuldades associadas ao envolvimento dos atores-chave, destacando por exemplo, a falta de recursos, a reduzida credibilidade e a frustração. Por outro lado realçaram aspetos positivos, como o aumento da aceitação, a confiança, o maior diálogo e o otimismo. No que diz respeito a possíveis critérios de avaliação, os resultados mostram que os processos participativos podem ser melhor avaliados a partir de uma perspectiva de aprendizagem social e aprendizagem organizacional enfatizando critérios não-lineares para a qualidade do processo em termos de profundidade e significado, bem como critérios em termos de produção de conhecimento e inovação. As respostas apontaram também embora implicitamente para a necessidade de considerar a aprendizagem transformadora no âmbito do double and triple - loop learning, se for de facto incorporada uma cultura de participação para a sustentabilidade, e sublinham o impacto forte na governação institucional. Com base nesses resultados, e inspirados na teoria de sistemas, bem como nos princípios da biofilia e das abordagens ecocêntricas, o modelo de avaliação INDICARE aqui proposto centra-se na avaliação da qualidade e no caráter transformador do processo participativo. O modelo fornece um conjunto preliminar de trinta e dois indicadores e práticas, agrupados em três categorias de i) contexto, ii) processo e iii) transformação. Estas categorias seguem uma perspectiva integradora, reconhecendo as interligações e conexões entre o contexto no qual o processo participativo acontece, o desenho do processo e a sua execução, bem como as transformações que podem acontecer durante e a posteriori de uma iniciativa participativa. No seu conjunto visam capturar as características não-lineares de processos participativos. O processo de avaliação em si é considerado como um exercício estimulador e não como uma ferramenta de controlo, e enfatiza a ligação entre a reflexão pessoal e as atividades comunitárias. Os indicadores e práticas sugeridos neste modelo pretendem não só ajudar a avaliar a participação no processo de transição para uma universidade (mais) sustentável, mas também para contribuir positivamente para o debate em curso em torno da sustentabilidade no ensino superior, e para incentivar especialmente novas perspectivas sobre as dimensões de participação. Para que processos participativos se tornem transformadores, o modelo INDICARE sugere a mudança da avaliação orientada para o desempenho no sentido de uma avaliação orientada para o “empoderamento” (empowerment) que ligue o crescimento individual ao coletivo. De acordo com as conclusões deste estudo as IES devem refletir mais profundamente sobre o que pode significar a adoção de uma perspectiva sistémica no âmbito da implementação da sustentabilidade e na procura da contribuição para a justiça sócio-ecológica. É essencial abrir espaços para práticas mais transformadoras para lidar com a complexidade da sustentabilidade. Muitas vezes, ainda se notam percepções reducionistas, expressas em estruturas organizacionais fragmentadas, tornando a inter- e transdisciplinaridade mais difícil. A terminologia em torno de abordagens integradoras organizacionais (whole-institution approach) baseia-se em novas formas de colaboração, contrariamente às atuais estruturas hierárquicas e modelos de gestão mais tradicionais. Entendendo as universidades como laboratórios vivos, estas instituições podem proporcionar excelentes oportunidades para envolver toda a comunidade (interna e externa) num discurso significativo para a sustentabilidade e servindo de exemplo para outro tipo de organizações. Este estudo pretende dinamizar o debate global sobre a sustentabilidade no ensino superior, nomeadamente propondo uma abordagem inovadora e mais holística na avaliação, que visa experienciar a interligação das relações homem-natureza, combinando com exercícios de reflexão, que possam assim responder melhor ao desafio para uma transformação ao nível individual e institucional, sem a qual os princípios da sustentabilidade serão dificilmente postos em prática. Esta investigação abre novos debates e conduzirá certamente a futuros estudos que serão necessário para melhor entender a implementação da sustentabilidade. Futuros estudos podem centrar-se, por exemplo, nos processos de aprendizagem transformadora e aproximações holísticas no seu impacte e potencial para o crescimento pessoal bem como para a transformação institucional, verificando também a eficácia deste tipo de processos. Mais investigação é necessária para entender as motivações nas quais se baseiam os esforços para a sustentabilidade, nomeadamente ao nível institucional, para poder responder melhor aos desafios de transformação e servir o bem comum. Neste âmbito, podem explorar-se novos métodos de colaboração, como a Teoria U ou o Dragon Dreaming, para perceber a sua capacidade de adaptação ao contexto universitário e melhorar processos colaborativos. Em geral, tal investigação poderia incidir sobre as interfaces da ciência-sociedade e sobre o seu potencial para a mudança em direção a um paradigma mais sustentável, colocando a investigação ao serviço dos sistemas sócio-ecológicos.
- Sustainable higher education institutions : sustainable development challenges of portuguese higher education institutionsPublication . Santos, Ana Marta Aleixo Figueira dos; Azeiteiro, Ulisses; Leal, SusanaEsta investigação insere-se no domínio do desenvolvimento sustentável das instituições de ensino superior (IES). O seu desenvolvimento foi aplicado às IES portuguesas. Atualmente são conhecidas diferentes práticas internacionais das IES face ao desenvolvimento sustentável. No entanto, em Portugal, os estudos na área são praticamente inexistentes e a perceção geral é de que estas práticas são, ainda, escassas. Este estudo propõe-se contribuir para reduzir a escassez de estudos na área, no contexto Português. Para a prossecução de tal desiderato, delinearam-se os seguintes objetivos principais de investigação: (i) Conhecer e caracterizar a abordagem das IES face ao desenvolvimento sustentável; (ii) Identificar as práticas que caracterizam as IES sustentáveis; (iii) Identificar as dificuldades, os estímulos e os desafios na implementação da sustentabilidade nas IES portuguesas; (iv) Analisar o estágio de implementação das práticas de desenvolvimento sustentável nas IES portuguesas. Para alcançar tais objetivos gerais, desenvolveram-se três estudos separados, mas complementares (organizados e publicados em quatro artigos científicos). O primeiro visou identificar as práticas promotoras do desenvolvimento sustentável existentes nas IES portuguesas. Como fonte de informação utilizou-se a informação pública, disponível nos sítios de Internet das instituições de ensino. Este primeiro estudo circunscreveu-se às práticas formalmente comunicadas, pelas instituições, à comunidade. As práticas comunicadas foram analisadas através de uma abordagem qualitativa, recorrendo-se para o efeito à análise de conteúdo. Foram analisados os sítios da Internet nucleares de todas as instituições de ensino superior portuguesas públicas (excluiu-se da análise os sítios de departamentos, escolas e faculdades). A identificação de exemplos que pudessem constituir estas práticas nas diferentes dimensões do desenvolvimento sustentável (ambiental, económica, social e cultural, e institucional, educacional e política) resultou da revisão da literatura sobre desenvolvimento sustentável e IES sustentáveis. Os resultados sugerem que mais de 50% das instituições de ensino superior portuguesas encontram-se perante estágios iniciais de implementação e comunicação do desenvolvimento sustentável. Apesar da revisão da literatura revelar a importância da dimensão ambiental nas instituições de ensino superior, também associadas ao conceito de práticas de greenwashing (lavagem verde), os resultados mostram que as instituições portuguesas dão maior ênfase às dimensões económica e social (pelo menos no que respeita às práticas que são comunicadas à comunidade). Ao priorizar as questões relativas à sustentabilidade na sua agenda, as instituições de ensino superior portuguesas podem melhorar a sua relação com as principais partes interessadas (por exemplo, no âmbito da sua classificação em rankings internacionais, para efeitos de financiamento e ainda no reforço a sua imagem e competitividade). Face a uma maioria de instituições que não desenvolvem, ou que desenvolvem e não comunicam práticas de desenvolvimento sustentável, emergiu como relevante conhecer e identificar o que influencia a adoção de práticas sustentáveis pelas IES, como as IES veem o seu próprio desenvolvimento enquanto IES sustentável, que barreiras existem nesse processo e como devem ser ultrapassadas. Para responder a estas questões desenvolveuse o segundo estudo. Neste estudo começou-se por procurar conhecer, junto das principais partes interessadas (presidentes e reitores, funcionários docentes e não docentes, estudantes e entidades externas), qual o conceito de desenvolvimento sustentável, o que entendiam por IES sustentáveis e, ainda, que dificuldades, estímulos e desafios percecionavam perante a implementação da sustentabilidade no ensino superior português. O estudo foi desenvolvido através de entrevistas semiestruturadas às principais partes interessadas (presidentes e reitores, funcionários docentes e não docentes, estudantes e entidades externas) de quatro instituições de ensino superior (dois politécnicos e duas universidades), as quais foram tratadas através da análise de conteúdo (com recurso ao programa de análise qualitativa MAXQDA). Os resultados foram utilizados para compreender a conceptualização que cada uma das partes interessadas apresentava em relação aos diversos conceitos (desenvolvimento sustentável, IES sustentáveis, barreiras e desafios à implementação da sustentabilidade). Os resultados sugerem que embora a sustentabilidade seja um conceito amplo, o conceito de IES sustentável está associado à sobrevivência da própria Instituição e à dimensão ambiental. Apesar das principais partes interessadas, desde os líderes institucionais aos estudantes, apresentarem uma visão clara do papel que as IES devem ter em prol da sustentabilidade, prevalecem questões de ordem conjuntural que condicionam a estratégia e a implementação dessa visão, pelo menos nas IES portuguesas, tais como: (i) fatores socioeconómicos, (ii) demografia dos estudantes, (iii) redução de receitas, e (iv) competitividade entre Instituições. Face a este contexto, estas terão que ser priorizadas em detrimento das relacionadas com a sustentabilidade, porque são as primeiras que plenificam o quotidiano das instituições e, podem fazer depender a sua continuidade. Assim, as questões relacionadas com a sustentabilidade, apesar de consideradas significativas, acabam por ser secundarizadas, apesar de planeadas na estratégia de algumas IES Portuguesas. Deste modo, constrangimentos de recursos financeiros e humanos vão implicar menores investimentos numa estratégia das IES orientada para a sustentabilidade. Por conseguinte, torna-se fundamental conhecer boas práticas nacionais e internacionais e, ainda, desenvolver a criação de redes, uma vez que estas poderão fornecer pistas sobre como as Instituições podem enfrentar os desafios relacionados com a competitividade, o financiamento, o número de estudantes matriculados, as parcerias institucionais e a qualidade/excelência do ensino e da investigação. Este trabalho contribuiu, também, para investigar como as principais partes interessadas das IES compreendem o comprometimento das instituições Portuguesas no que se refere: (i) ao ensino da sustentabilidade em todos os cursos; (ii) ao incentivo à investigação e divulgação de conhecimentos da sustentabilidade; (iii) à implementação de campi verdes e apoio dos esforços locais de sustentabilidade, e (iv) ao envolvimento e partilha de informação com redes de contactos internacionais (tal como definido na iniciativa de sustentabilidade do ensino superior das Nações Unidas). Pretendia-se, ainda, compreender que boas práticas ou medidas são reconhecidas como promotoras do desenvolvimento sustentável ou para se tornarem instituições de ensino superior sustentáveis. Os resultados sugerem que a sustentabilidade é reconhecida como importante quer para as IES, quer para a sociedade, no entanto verifica-se que a sustentabilidade não se encontra, ainda, incorporada, implementada e institucionalizada em todo o sistema e atividades das IES. Na maior parte das Instituições, a sustentabilidade encontra-se apenas em algumas das atividades das IES, principalmente ao nível da educação. Apesar das principais partes interessadas serem unânimes em aceitar a importância da educação para o desenvolvimento sustentável, na maioria das IES portuguesas não há declarações formais e estratégicas que encorajem a sua implementação. Na prática, nas IES Portuguesas, as atividades para a promoção da sustentabilidade não estão implementadas em todo o sistema das IES, nem mesmo ao nível da educação para o desenvolvimento sustentável. No entanto, verifica-se que em algumas das atividades existem já algumas iniciativas, nomeadamente ao nível da investigação e da divulgação comunitária. Face à Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2014-2025) torna-se imprescindível a identificação das estratégias promovidas pelas IES em prol do desenvolvimento sustentável. Torna-se ainda essencial introduzir as questões da sustentabilidade, em todas as atividades, através de uma abordagem descendente (de cima para baixo), com o comprometimento e planeamento por parte dos órgãos de governo e, envolvendo todas as principais partes interessadas. Para melhor compreender o nível de implementação de práticas sustentáveis nas IES portuguesas prosseguiu-se com o terceiro estudo desta investigação. Neste âmbito, foi desenvolvido um inquérito por questionário disponibilizado à totalidade das instituições de ensino superiores públicas em Portugal. O questionário visava recolher dados que permitissem auferir as perceções dos dirigentes das IES quanto ao estado de implementação de práticas, projetos ou iniciativas para a sustentabilidade das próprias instituições, nas diferentes dimensões (ambiental, económica, social e cultural, e institucional, educacional e política). Pretendia-se, ainda, que a IES indicasse se havia aderido a rankings, se possuía certificações ou declarações na área do desenvolvimento sustentável ou na área da educação para o desenvolvimento sustentável. O inquérito por questionário foi enviado por correio eletrónico, através do LimeSurvey, a todos os Reitores, Presidentes, Diretores de Escolas, Faculdades e Departamentos de todas IES públicas e portuguesas. Os resultados sugerem que as instituições de ensino superior portuguesas começam a dar relevância à sustentabilidade nas diferentes dimensões e a incluir esta questão nos seus planos estratégicos e políticas de comunicação. No entanto, a maioria das práticas associadas às dimensões da sustentabilidade encontram-se, ainda, em fase de projeto, ou na fase de planeamento. De acordo com as conclusões finais, as IES portuguesas encontram-se ainda numa fase embrionária no que concerne à implementação, incorporação e institucionalização da sustentabilidade em todo o seu sistema, quer ao nível das atividades (educação, investigação, operações no campus, extensão comunitária e avaliação e comunicação através de relatórios), quer ao nível das dimensões (ambiental, económica, social e cultural e institucional, política e educacional). Os resultados corroboram o papel importante que as IES desempenham (ou podem desempenhar) na promoção da sustentabilidade. No entanto, a falta de recursos financeiros, a diminuição do financiamento no ensino superior e a diminuição do número de estudantes são percecionadas como as principais barreiras pelas IES, o que por sua vez condicionam este empoderamento, porque estas práticas ainda estão associadas à utilização de recursos financeiros. A investigação sugere, também, que é essencial identificar as estratégias das instituições de ensino superior, no que diz respeito à sustentabilidade e sua implementação, incorporação e institucionalização em todas as atividades, através de uma abordagem descendente, iniciando-se com atividades de planeamento dirigidas pelos órgãos de governo e que envolvam todas as principais partes interessadas. Por último, a investigação identifica, igualmente, a importância de uma mudança conceptual e organizacional das IES, relacionada com uma maior aproximação às principais partes interessadas, e resultando da incorporação, implementação e institucionalização da sustentabilidade em todo o sistema da IES, permitindo o estabelecimento de objetivos em consonância com as diferentes partes interessadas, bem como a diminuição da resistência por parte de alguma das partes interessadas ao desenvolvimento da sustentabilidade.