Ciências da Educação | Education Sciences
Permanent URI for this community
Browse
Browsing Ciências da Educação | Education Sciences by Sustainable Development Goals (SDG) "10:Reduzir as Desigualdades"
Now showing 1 - 9 of 9
Results Per Page
Sort Options
- O desenvolvimento da relação escola/turma/família como factor de sucesso escolar : estudos de caso em contexto multiculturalPublication . Almeida, Maria Ester de Almeida Proença Simão; Ferreira, Manuela MalheiroO sistema educativo deverá proporcionar uma melhor educação para todos os portugueses, assegurando condições de igualdade de oportunidades e direitos a todas as crianças e jovens em idade escolar, independentemente do seu sexo, origem ou nível socioeconómico. É necessário implementar políticas educativas que resolvam o problema do insucesso e do abandono escolar, sobretudo no primeiro ciclo do ensino básico, nomeadamente adequar o ensino às necessidades dos alunos, às especificidades dos contextos locais e regionais; criar um sistema de avaliação mais justo e mais preocupado em promover a realização das pessoas do que em praticar a exclusão. É preciso olhar a educação como investimento na pessoa humana, como o mais precioso dos tesouros de um povo; arranjar outro modo de administrar o sistema educativo e as escolas e aumentar as qualificações profissionais dos docentes para que se possa melhorar a qualidade do ensino e as aprendizagens. Alguns dos problemas mais prementes que, ultimamente, têm marcado a relação pedagógica e social no grupo/turma estão, sem dúvida, relacionados com a manutenção de estruturas e modos de organização desajustados aos princípios que levam à generalização da escolarização e à promoção de uma escola para todos. As dificuldades que os docentes sentem em envolver os pais na escola, em gerir a heterogeneidade dos seus alunos para, respeitando as suas diferenças, praticarem um ensino individualizado e uma pedagogia diferenciada, constitui igualmente um problema, pois os professores não foram formados para trabalhar desta forma e a mudança é um processo lento, difícil e, por vezes, doloroso, embora necessário. Sendo a Escola e a Família os principais espaços do mundo do aluno, a Educação é tarefa das duas instituições. Pais e professores têm muito em comum, já que ambos têm o objectivo de ajudar as crianças, o que implica que haja um permanente diálogo e uma congregação directa de esforços entre eles. Compete à Escola abrir as portas à família e à comunidade e arranjar estratégias de intervenção que ajudem nesta comunicação e partilha. Não restam dúvidas que o sucesso escolar está directamente relacionado com a participação activa dos pais na educação. Daí pensarmos que a cooperação entre estas instituições deva ser cada vez mais estreita, para que pais/encarregados de educação, professores e comunidade envolvente possam assegurar às crianças uma ajuda coerente e convergente para o seu sucesso como alunos e como cidadãos intervenientes na sociedade. Através de dois estudos de caso em contexto multicultural desejamos chamar a atenção para a necessidade de uma Educação Intercultural na Escola Moderna e para o Desenvolvimento da Relação Escola/Turma/Família como Factor de Sucesso Escolar. Pretendemos também contribuir para melhorar a organização de turmas nas escolas de modo a facilitar a integração das crianças e a que obtenham melhores resultados de aprendizagem. Os principais objectivos do presente estudo foram investigar a influência que a homogeneidade ou heterogeneidade de turmas, sob os pontos de vista étnico, cultural, sócio-económico e de aprendizagem tem no aproveitamento escolar dos alunos, principalmente os pertencentes a minorias étnicas e o desenvolvimento da relação Escola/Turma/Família como factor de sucesso escolar. A investigação foi realizada em duas fases e em duas escolas do Primeiro Ciclo e dois Jardins-de-Infância anexos às mesmas com localização na área periférica da cidade de Lisboa. Uma escola apresentava 60% da população escolar de origem africana e a outra escola cerca de 90% de alunos dessa mesma origem, principalmente cabo-verdiana. A primeira fase do estudo decorreu durante os anos lectivos de 2002 / 2003 / 2004 e incidiu sobre duas turmas de quarto ano de escolaridade, uma das quais era heterogénea sobre os pontos de vista socioeconórnico e cultural, pois era constituída por dezassete alunos, sendo nove lusos, quatro cabo-verdianos, dois angolanos, um são-tomense e um guineense. A outra turma era mais homogénea a todos os níveis, pois era constituída por dezasseis alunos sendo treze de origem cabo-verdiana e três são-tomenses. Para atingir os objectivos desta investigação fizemos observações naturalistas a nível das escolas e das turmas e entrevistas a docentes, a pais/encarregados de educação e a alunos. A segunda etapa da investigação decorreu nas mesmas escolas estudadas anteriormente, e ao longo dos anos lectivos e 2004/2005/2006. Administrámos questionários de perguntas semi-fechadas a professores e encarregados de educação dos alunos das duas instituições escolares, que cognominámos de Barlavento e de Sotavento e observámos actividades nos Jardins-de-Infância anexos às escolas referidas. A formação de turmas está ligada às finalidades da própria Educação, pelo que a elaboração do estudo implicou o aprofundamento do tema da Educação em geral, e da Educação Intercultural em particular. Esta tem de ser encarada como uma abordagem alternativa à Educação Monocultural, de maneira a que o professor possa implementar uma pedagogia diferenciada, adaptada às características de cada aluno. Através da análise da problemática da constituição dos grupos/turmas, podemos verificar que se têm vindo a esbater ao longo do tempo alguns aspectos da homogeneidade, assistindo-se a uma maior abertura dos professores face à heterogeneidade. Dado que as Escolas servem determinada área de residência, verificámos que existe diferenciação quanto ao tipo de população escolar. Uma melhor distribuição dos alunos pelas Escolas da mesma Área Pedagógica contribui para um melhor equilíbrio e diminui os desfasamentos existentes entre as Escolas e, consequentemente, entre a composição dos grupos/turmas. Na própria definição de Área Pedagógica deviam ser levadas em consideração as características da população. Os aspectos culturais, étnicos e económicos, por serem factores de diferenciação social associados ao êxito dos alunos, devem ser contemplados como critérios na organização das turmas. A heterogeneidade das turmas, contribui para o sucesso dos alunos, em geral, e, em particular, para os de minorias étnicas. No entanto, as principais dificuldades com que se deparam os professores no desenvolvimento do processo de ensino/aprendizagem, ligam-se ao facto de no mesmo espaço de aula existirem alunos com necessidades educativas diferenciadas. A falta de formação inicial e contínua de docentes, na área da Educação lntercultural, constitui um problema pois toda e qualquer medida sobre a constituição dos grupos/turmas só ganha repercussão se for acompanhada pela formação de docentes, pois estes sentem dificuldades em leccionar turmas heterogéneas. A articulação entre Família/Escola/Turma/Comunidade contribui para promover um percurso educativo equilibrado, promotor de autonomia, respeitador das diferenças de cada um, de modo a fomentar atitudes de cooperação e solidariedade social. o envolvimento da família na escola é positivo para o ensino/ aprendizagem das crianças independentemente da classe ou do "background"cultural dos pais e contribui em muito para o sucesso dos alunos. Esse envolvimento, deve ocorrer numa relação de estreita cooperação, através do diálogo e da coadjuvação de esforços entre estas duas instituições. O aluno é o espelho da interacção no seio da família e entre a família, a Escola e o meio que o envolve, daí a importância de todos se unirem num esforço comum que ajude a formar cidadãos felizes, responsáveis e com sucesso.
- O ensino ténico-profissional em Portugal na segunda metade do século XX : o fenómeno da mobilidade social ascendente de carácter intergeracionalPublication . Duque, Luís Rosa; Rocha-Trindade, Maria Beatriz; Simão, José VeigaEste estudo nasceu da curiosidade e do interesse em melhor conhecer a expressão social das formações do ensino técnico-profissional (ETP) na segunda metade do século XX, particularmente no que se refere a fenómenos de mobilidade social ascendente. Para tanto, empenhámo-nos no estudo das quatro Reformas do ETP que, naquele período, tiveram como ideal o progresso à escala europeia, levando ao repensar dos modelos e dos perfis profissionais, de forma a garantir não só as qualificações necessárias ao desenvolvimento do país, mas também minimizar profundas discriminações de ordem social. Apesar das boas intenções manifestas nas Reformas, o ensino técnico- -profissional, face à via licealizante, não conseguiu alcançar, mesmo em democracia, o estatuto de paridade desejado, quer a nível social, quer a nível académico. Porém, os obstáculos de diversa ordem existentes não impediram que muitos dos seus alunos ultrapassassem a simples reprodução de classe. Assim, utilizando aspectos metodológicos das Ciências Sociais e alguns instrumentos da Educação Comparada, foi deduzida a hipótese da existência de uma linha de continuidade favorável à mobilidade social ascendente, ao longo dos quatro modelos do ETP, entre os anos 50 e 90 do século XX. A investigação de campo realizada tomou, como indicadores de classe social, a ocupação e a escolaridade. Dentro de limites devidamente explicitados, procurámos demonstrar que qualquer uma das Reformas, ao preconizar formações técnicas consonantes com pressões e necessidades do respectivo momento histórico, deu também lugar à realização de aspirações de mobilidade social ascendente, de carácter intergeracional, contribuindo, em princípio, para uma ordem social menos rígida e meritocrática.
- Escola e imigração na cidade : implicações da parentalidade em adolescentes de diferentes grupos étnicosPublication . Gonçalves, Luís Miguel Chaves Reis; Neto, Félix; Aires, LuísaAs questões da presente investigação colocam a família como estrutura educativa no centro de uma sociedade multicultural. Antes de mais, procura-se saber o que melhor explica o sucesso escolar em alunos de diferentes grupos étnicos, adolescentes portugueses e dos Palops. Mil quatrocentos e nove adolescentes, do 3º ciclo, de escolas do ensino básico da região da Grande Lisboa responderam a vários questionários no âmbito da parentalidade, isto é, sobre os estilos parentais, envolvimento parental com a escola, e das atitudes em relação à escola. As repostas relativas ao instrumento dos estilos parentais de Steinberg permitiram a identificação de quatro tipos de famílias: autoritativas, autoritárias, indulgentes e negligentes. Os resultados revelaram que os adolescentes, portugueses ou dos Palops, que crescem no seio de famílias autoritativas, apresentam menos problemas disciplinares na escola; apresentam um melhor relacionamento com os pais; os pais atribuem importância à escola dos seus filhos e envolvem-se com eles em questões escolares; e ajudam à elaboração de atitudes em relação à escola mais positivas. Por oposição, estão as famílias negligentes, portuguesas ou com origem nos Palops, as mais desfavoráveis para os adolescentes. São os alunos com maior número de problemas disciplinares; a relação com os pais é sentida como insuficiente; sentem que a escola e o trabalho escolar que desenvolvem não tem importância para os pais; têm a percepção que os pais não se envolvem com a escola ou com eles em casa nas actividades escolares; e constroem atitudes em relação à escola muito penalizadoras. No entanto o que melhor explica o sucesso escolar dos alunos, portugueses ou dos Palops, são as variáveis sócio-demográficas – ser mais novo, viver com os pais biológicos e em contextos familiares de maior formação escolar. Outras variáveis constituíram-se como preditoras, e ajudaram a explicar a variável dependente. A percepção académica, componente das atitudes em relação à escola, dos adolescentes teve um impacto significativo. Os grupos étnicos e culturais distinguiram-se em três variáveis preditoras do sucesso escolar. Viver com famílias autoritárias é positivo para o desempenho escolar dos adolescentes portugueses. Viver com famílias autoritativas, que se envolvem pessoalmente com a escola revelou ter efeitos positivos para os alunos com sucesso escola dos Palops. O conjunto de resultados ajudam a entender melhor alguns dos processos através dos quais a parentalidade pode influenciar o desempenho escolar dos adolescentes portugueses e dos Palops.
- Família e educação da criança nos Kibbutzim israelitas : contributos para o estudo da educação intercultural em meio multicultural e diaspórico judaicoPublication . Couto, Américo de Oliveira; Ramos, NatáliaO KIBBUTZ é um modelo societal, tipicamente israelita, que transformou a sua essência original utópica numa realidade social de vida comunitário-colectiva plenamente integrada na sociedade israelita global. Representando apenas cerca de 2,2% da população israelita, este micro-cosmos sócio-cultural, económico e educacional, depois de depurado das suas ortodoxias e fundamentalismos politico-ideológicos e religiosos, (anos 70-90), apresenta-se, nos dias de hoje, aos judeus, não só israelitas, mas também diaspóricos, como uma forte alternativa á vida urbana. O processo de descolectivização do Kibbutz, advindo da transformação da sua economia, tipicamente agrária, numa economia industrial de gestão capitalista dos meios de produção e da instauração do sistema meritocrático no seu seio, tornou o princípio de igualdade, “a cada um segundo as suas necessidades, a cada um segundo as suas capacidades”, passível de várias interpretações que deram ao Kibbutz contemporâneo uma nova imagem e um novo sentido ontológico à sua existência. Neste Kibbutz restaurado e modernizado, a família tradicional, também ela recuperada dos escombros de um “non-familistic Kibbutz system”, sionista-socialista que perdurou durante décadas, (anos 20-90 – Federação Kibbutzim HaArtzi), reocupou o seu lugar-centro na vida colectiva que já lhe havia sido outorgado aquando da fundação do primeiro Kibbutz - Degania. Esta reermegência da família Kibbutznik e a recuperação do status da mulher-mãe heverat (membro feminino do Kibbutz), estilhaçou toda a lógica comunialista da Chinush Meshutaf (Educação Colectiva), e da Beit Yeladim Linah Meshutefet (Casa da Criança – pernoitação colectiva), transformando-a numa Beit Yeladim Linah Mispachti (Casa da Criança – pernoitação na Casa de Família) aberta ao exterior e adaptada às mais modernas exigências didáctico-pedagógicas da modernidade educativa israelita. O Estudo cujo design metodológico é marcadamente qualititivo, humanístico-naturalista e descritivo, sustenta-se no paradigma da análise, interpretação e significação indutivo-exploratória de múltiplas e diversificadas fontes. Nele, todos os vectores da pesquisa e da problematização da temática-problemática estudados em três diferentes protótipos de federações Kibbutzim, (TAKAM, HaArtzi ; HaDati ), convergem para inter-implicação dos seus dois principais constructos, a família e a educação (intercultural) da criança em meio predominantemente multicultural. Embora sempre redutíveis à dimensão da amostra, as mais contundentes conclusões do Estudo reiteram que o Kibbutz hodierno é uma comunidade-escola inclusiva de todas as diferenças e uma ilha de tolerância onde se faz a experiência pedagógica da alteridade. O Kibbutz hodierno não subsistiria, tal como subsistiu durante décadas, sem a implicação directa da mulher-mãe na educação intercultural da criança, já não orientada para a formação exclusiva do homo Kibbutznikus, mas para a educação da criança nos valores da cidadania universal.
- Jovens da Europa e do Magrebe entre alfândegas e pontos do Mediterrâneo [Em linha] : uma abordagem comparativa e interculturalPublication . Cunha, Albino; Ferreira, Manuela Malheiro; Piepoli, Sónia Infante Girão FriasO principal inimigo nas relações entre países, povos e culturas é a ignorância e o desconhecimento, geradores de incompreensões e mal-entendidos, preconceitos e discriminações, especialmente, num mundo globalizado marcado pela aceleração da informação e da comunicação. Neste sentido, a educação, através da escola, ao promover a dimensão do conhecimento intercultural, constitui uma das melhores formas de reconciliar pontos de vista diferentes e permitir que prevaleçam os valores de compreensão e de aceitação do «outro» e de comunicação com «o outro.» O presente estudo pretende explorar, identificar e analisar os conhecimentos culturais, as perceções, os valores e os imaginários de jovens alunos de escolas secundárias públicas da Europa do Sul e do Magrebe, mais precisamente, de Lisboa, Madrid, Paris e Rabat, (Argel), Tunes, no contexto de um espaço civilizacional comum que é o Mediterrâneo. Procurámos valorizar o papel que poderá ter a educação intercultural, num espaço de forte mobilidade transfronteiriça, para o desenvolvimento de boas práticas relacionais e para a aquisição de competências interculturais. Procurámos, ainda, identificar o contributo dos jovens na construção do projeto mediterrânico considerando o contexto e a proximidade geográficos, o legado cultural e histórico, o desenvolvimento económico e a dinâmica da mobilidade humana, em particular, pelo contexto geocultural do estudo, entre o Magrebe e a Europa. Para alcançar estes objetivos, adotámos uma metodologia consubstanciada numa perspetiva comparativa e intercultural. Desenvolvemos duas componentes analíticas. Uma primeira, de natureza mais teórica, consubstanciou-se no desenvolvimento do paradigma da pluralidade mediterrânica na análise e estudo das práticas e contextos de atuação culturais. Uma segunda, de natureza mais empírica, consubstanciado na aplicação de um inquérito por questionário, procurou explorar e analisar a valorização do conhecimento intercultural no meio escolar (ensino secundário) como mecanismo operacional para diluir a estigmatização cultural e para promover uma melhor mobilidade humana, individual e coletiva. Dos procedimentos de recolha da informação através da aplicação de um inquérito por questionário e da sua respetiva análise quantitativa e qualitativa, resultou a verificação de um conhecimento intercultural pouco consistente entre os jovens europeus e magrebinos, embora os jovens magrebinos mostrem mais interesse em conhecer os seus pares europeus; a importância do conhecimento intercultural entendido simultaneamente como conhecimento de si e do outro para um melhor entendimento entre culturas; e, por último, um desconhecimento significativo do Mediterrâneo como referência cultural comum embora aqueles jovens mostrem a relevância de se aprender mais e melhor acerca do Mediterrâneo.
- Literacia(as) familiar(es): ambiente, crenças e práticas dos pais e conhecimentos das criançasPublication . Pacheco, Patrícia Riscado de Barros; Amante, Lúcia; Mata, LourdesActualmente, o campo de investigação em literacia familiar é amplo, privilegiando-se uma abordagem holística a multifacetada da temática. Entende-se hoje que as famílias percepcionam a aprendizagem da leitura e escrita de forma muito diferente e que essas ideias influenciam a escolha e o desenvolvimento das suas práticas de literacia familiar. Por outro lado, sabe-se que as crianças quando chegam à escola revelam ideias sobre a leitura e escrita e que estas foram construídas socialmente e culturalmente na família e na interacção com os outros. Com o intuito de explorar o conceito de literacia familiar, pretendemos, num primeiro momento, caracterizar e analisar as relações entre as crenças dos pais sobre a aprendizagem da leitura e escrita dos filhos, as práticas e o ambiente de literacia familiar. Nesta caracterização, analisámos ainda a influência da variável do estatuto sociocultural nas crenças, práticas e ambiente de literacia familiar. Num segundo momento, e partindo da importância que a literacia familiar tem nos conhecimentos de literacia emergente das crianças, analisámos também a relação entre as variáveis parentais (crenças e práticas de literacia), ambiente de literacia familiar e o desenvolvimento dos conhecimentos emergentes de literacia das crianças. Dado que se considera que a literacia emergente é desenvolvida durante os anos pré-escolares, a recolha de dados foi realizada junto de 198 pais e respectivas crianças que frequentavam o último ano do pré-escolar. Em termos globais, os resultados deste estudo apontam para que os pais apresentam uma perspectiva global e eclética da aprendizagem da leitura e escrita, o que nos indica que não existe uma tipologia de pais, mas sim uma variedade de famílias que se podem caracterizar pelas suas crenças, práticas e ambiente(s) de literacia familiar. Salientamos que houve uma predominância das crenças holísticas, mas também uma grande valorização de ideias tecnicistas. Esta abrangência de concepções parece orientar a diversidade de práticas de literacia familiar, onde se evidenciaram as práticas de entretenimento, com destaque para a leitura de histórias, e as práticas de treino. Relativamente à variável estatuto sociocultural verificámos que as diferenças dizem respeito, sobretudo, a nível das crenças tecnicistas e do ambiente de literacia familiar. Constatámos que os pais de estatuto sociocultural baixo apresentaram valores mais elevados nas crenças tecnicistas e que os pais de estatuto sociocultural médio/alto iniciam mais cedo a leitura junto dos filhos e utilizam mais tempo para a leitura e lêem mais histórias, assim como referem ter mais livros em casa e comprar livros com mais regularidade. No que diz respeito aos conhecimentos de literacia emergente das crianças, verificámos que as crianças que conhecem mais histórias infantis revelam mais conhecimentos a nível dos aspectos técnicos da linguagem escrita. As crianças que conhecem menos histórias revelam níveis de conceptualizações da linguagem escrita menos elaborados. A análise dos resultados sobre a relação entre as variáveis parentais (crenças. práticas e ambiente) e os conhecimentos de literacia emergente das crianças não revelou associações significativas. Consideramos que, eventualmente, existem variáveis de natureza motivacional e afectiva relevantes na análise deste tipo de relação.
- O professor do ensino primário e o desenvolvimento dos recursos humanos em Angola : uma visão prospectivaPublication . Zau, Filipe; Carmo, HermanoDentro do sistema educativo, o subsistema de formação de professores é vital para o desenvolvimento da República de Angola. Por este motivo o elegemos para objecto de estudo desta investigação. Com ele se procura proporcionar um modesto contributo, para que os órgãos decisores disponham de informação tão alargada e aprofundada, quanto nos foi possível apresentar em contexto académico. O seu objectivo fundamental é contribuir para a reflexão sobre o paradigma de desenvolvimento endógeno e sustentado de Angola, face à globalização. No tempo colonial, a lógica eurocêntrica e assimilacionista, de tornar Angola num segundo Brasil redundou em fracasso. Em 1960, menos de 1% dos negros era assimilado e, em 1975, quando da independência, mais de 85% dos angolanos eram analfabetos. Hoje, considera-se que a situação de multiculturalismo e plurilinguismo existentes entre a população africana, requer, por parte dos governos, a implementação de políticas educativas direccionadas para um modelo conducente a uma maior autonomização. Angola, jovem país, em que mais de 50% da população tem menos de 15 anos de idade, caracteriza-se pela diversidade cultural e linguística. Esteve sujeita a mais de 40 anos de conflitos armados. Estes factos dificultaram muito significativamente o seu desenvolvimento, dado que afectaram a implementação e a utilização dos meios humanos e materiais indispensáveis à satisfação das necessidades básicas, nomeadamente na saúde e na educação. Neste contexto problemático caberá aos formadores, particularmente aos professores dos primeiros anos de escolaridade, ajudar os angolanos (jovens e adultos), oriundos de qualquer etnia, mestiçagem biológica ou cultural, sexo, religião, condição física psíquica ou social a tornar-se sujeitos da sua própria história, como determinam a Constituição e o regime democrático instituído. Só com base nestes princípios e através da optimização das inteligências emocional e cognitiva de cada um dos seus cidadãos, Angola poderá autonomizar-se, tirando partido dos recursos disponíveis, para fazer face às necessidades de bem-estar material, de paz e de desenvolvimento.
- A reconfiguração didáctica : implicações da educação para a cidadania nas práticas da educação geográficaPublication . Miranda, Branca; Ferreira, Manuela MalheiroA sociedade do século XXI vive um período de transição. A conflitualidade social,política e económica pôs em causa o mundo moderno e esboçam-se já novos caminhos, num esforço de atingir a harmonia, ao mesmo tempo que outros indicadores nos remetem para uma maior desigualdade entre regiões e grupos sociais, uma mais acentuada segregação e isolamento das minorias e o aumento dos excluídos. À problemática da exclusão junta-se o desinteresse pela actividade política por parte de uma elevada percentagem da população o que faz despertar a necessidade de repensar o acto educativo, definindo as funções que poderá desempenhar num processo de mudança de mentalidades e os possíveis contributos sociais que dai poderão advir. Partindo de propostas desenvolvidas ao nível do Conselho da Europa, das análises elaboradas por diversos autores bem como de investigações feitas no terreno,procurou-se interpretar os documentos, que a este propósito, foram produzidos nos últimos anos pelo Ministério da Educação. A fragilidade teórica de algumas propostas levanta inúmeras interrogações relacionadas com a sua exequibilidade,questões que são sublinhadas pelos professores entrevistados e que em nenhum momento se sentem à vontade para desenvolver a Educação para a Cidadania no contexto das suas aulas. As características do currículo de Geografia, dos alunos e das escolas são outros tantos entraves que os professores apontam para que se processe uma mudança real no sistema educativo. Procurando responder às necessidades dos professores apresenta-se uma proposta para a Didáctica da Geografia cuja finalidade consiste em explicitar de que modo a Educação para a Cidadania e a Educação Geográfica se entrelaçam e podem estabelecer relações harmoniosas no processo educacional, contribuindo para a formação integral do aluno.
- Vozes sobre a televisão no âmbito da educação de pessoas adultas : uma abordagem socioculturalPublication . Aires, Luísa; Trindade, Armando Rocha; Pablos Pons, Juan deA presente investigação emerge do campo epistemológico das Ciências Sociais – mais especificamente dos denominados Estudos Culturais – e fundamenta-se nas teorias de Lev Vygotski e Mikhaïl Bakhtin. A dimensão externa mais visível da perspectiva teórico-metodológica adoptada reside no seu carácter interdisciplinar, integrando propostas oriundas do âmbito da Psicologia, Filosofia, Sociologia, Ciências da Comunicação e Ciências da Educação. No estudo desenvolvido definimos como meta prioritária explorar os contributos da teoria sociocultural para a análise do papel mediador da Televisão nos processos de construção da Identidade Cultural vinculados a contextos específicos de Educação de Pessoas Adultas. Consideramos que os processos sociais e culturais que configuram o quotidiano das sociedades hodiernas produzem-se, sobretudo, como acontecimentos comunicativos mediáticos que interferem não só nas formas de organização social como também nos processos de construção de identidade cultural. Esta dimensão da realidade social constitui um importante repto para as Ciências da Educação, participantes na produção de novos discursos sobre os processos de aprendizagem observados nos diferentes âmbitos da acção humana. A concepção vygotskiana de mediação cognitiva e o papel dos signos – linguísticos e não linguísticos – na criação do pensamento humano associada à perspectiva bakhtiniana de discurso enquanto comunicação, dialogia, voz, género discursivo permitem-nos a abordagem sociocultural da oralidade como manifestação da linguagem nos modos de pensamento humano. Mediante o uso, domínio, privilegiação, reintegração e apropriação de diferentes instrumentos mediadores, os agentes criam outros instrumentos transformando o sentido e a natureza dos primeiros. Neste contexto, definimos como objectivo central da investigação estudar as formas de mediação protagonizadas pela Televisão em geral, e por um programa cultural televisivo, em particular, nos discursos escolares. Para tal, seleccionámos quatro grupos naturais de alunos do Ensino Recorrente pertencentes a diferentes níveis de escolaridade – 1º, 2º e 3º ciclos. A metodologia de recolha e análise de informação adoptada é de natureza qualitativa exploratória. A partir da aplicação da técnica de grupos de discussão e da metodologia microgenética inseridas na dinamização de actividades escolares orientadas pelos temas “A Televisão e o Quotidiano” e “O documentário Senhora Aparecida”, acedemos à exploração da privilegiação e reintegração do papel da Televisão como instrumento mediador nos processos educativos. O contraste teórico de uma proposta metodológica para a análise da mediação sociocultural com base na acção discursiva escolar, a exploração do método de grupos de discussão no estudo da mediação produzida por instrumentos culturais específicos como é o caso da Televisão e a análise de estratégias de resolução de problemas a partir dos discursos produzidos no contexto da aplicação da metodologia microgenética desocultam-nos um conjunto de propostas sobre a importância do diálogo na Educação de Pessoas Adultas, os modos de apropriação de programas de Televisão específicos e o papel dos contextos escolares na articulação de relações semânticas descontextualizadas e contextualizadas nas vozes dos agentes.