Ciências da Educação | Education Sciences
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Browsing Ciências da Educação | Education Sciences by Sustainable Development Goals (SDG) "04:Educação de Qualidade"
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- Ambientes tecnológicos e aprendizagemPublication . Ramos, Maria Clara Guedes Monteiro; Marques, Maria Emília RicardoEsta dissertação apresenta o título – “Ambientes tecnológicos e aprendizagem”, com base no contributo das TIC, nos domínios da Educação e da Formação, num contexto cada vez mais global. Genericamente, alicerça-se numa análise da mutação contemporânea em relação com o saber e com os novos sistemas de aprendizagem, trate-se de cibercultura, ou de e-Learning. No sentido de minimizar o acentuado défice de competências existente, este dispositivo de aprendizagem propicia um sistema de Ensino a Distância, em ambiente virtual, tendo como infraestrutura tecnológica dominante a Internet / Web. Disponibiliza-se assim, a possibilidade de uma formação permanente, “ao longo da vida”, personalizada, cooperativa e colaborativa, tanto mediata como imediata, reduzindo custos, e eliminando barreiras de cariz, maioritariamente social e educativo. Para esta reflexão, partimos de uma hipótese inicial, raiz de um estudo exploratório, que consistiu no diagnóstico de situação do Ensino a Distância e da aplicação das TIC, entre 1997 e 1999, nos domínios do Ensino e da Formação em Portugal. Embora tratando-se de uma amostra reduzida, em virtude do período em análise corresponder às primeiras experiências naquele âmbito, entre nós, a investigação de terreno efectuada procurou apresentar resultados, a partir da implementação de vários instrumentos e técnicas de avaliação. Partimos da formulação de uma hipótese teórica, alicerçada em diferentes contextos, ferramentas, situações pedagógicas e actores intervenientes no processo de aprendizagem. Neste âmbito, procurámos primeiro equacionar as múltiplas vertentes – pedagógica, didáctica, tecnológica, social, cultural, afectiva e cognitiva, que interagiam no sistema. Os resultados obtidos, bem como as conclusões a que chegámos, ajudaram-nos a definir linhas de orientação fundamentais para a génese de um modelo prototípico de aprendizagem, de orientação construtivista. A nível das orientações para um futuro próximo, e atendendo ao princípio de pragmatismo, que julgamos indispensável dever caracterizar este tipo de investigação, propomos algumas pistas e sugestões para experiências congéneres, na área do Ensino a Distância. Em suma, pretendemos desenhar um modelo conceptual, orientador de futuros estudos neste domínio, que contribua para um sistema de aprendizagem, cada vez mais inovador, eficaz e de qualidade.
- A aprendizagem da acústica no ensino básico : uma pesquisa epistemológica e psicologicamente fundamentadaPublication . Soares, Maria Teresa Monteiro; Valadares, Jorge; Ferreira, Manuela MalheiroA presente investigação pretendeu conceber uma estratégia epistemologicamente e psicologicamente fundamentada e pesquisar se ela poderá conduzir a uma aprendizagem mais significativa da Acústica no Ensino Básico. Para operacionalizar o problema central da investigação, formularam-se algumas questões para as quais procurámos encontrar respostas, a saber: - Que opções epistemológicas poderão fundamentar uma estratégia capaz de conduzir a uma aprendizagem mais significativa da Acústica? - Que opções do foro psicológico poderão fundamentar uma estratégia capaz de conduzir a uma aprendizagem mais significativa da Acústica? - Uma estratégia concebida com base nos pressupostos epistemológicos e psicológicos adoptados conduz ou não a uma aprendizagem mais significativa da Acústica no Ensino Básico? Quanto aos objectivos da investigação e, para além, dos que estão implícitos nas questões anteriores, foram formulados os seguintes que se consideraram igualmente importantes: desenvolver trabalho que possa contribuir para a facilitação da aprendizagem significativa das Ciências Físico-Químicas, em geral, e no Ensino Básico, em particular; identificar e descrever as concepções prévias dos alunos relacionadas com o tema da Acústica; identificar potencialidades formativas da disciplina de Física em termos de educação para a cidadania e sensibilizar os alunos para a problemática da protecção do ambiente e em particular para os problemas resultantes da poluição sonora. Optou-se por uma abordagem de investigação centrada numa metodologia simultaneamente qualitativa e quantitativa. A parte quantitativa da pesquisa consistiu num plano quasi-experimental. O trabalho de campo centrou-se em duas turmas do 8º ano de escolaridade do 3º Ciclo do Ensino Básico, pertencentes a uma escola do Concelho de Sintra e leccionadas pela mesma professora de Física. Na turma experimental proporcionou-se um ambiente construtivista e investigativo, enquanto que na turma de controlo se adoptou uma estratégia de ensino tradicional. Na primeira turma foram organizadas actividades experimentais de modo a obrigar os alunos a reflectir sobre tudo o que iam fazendo e procurou-se respeitar os vários estilos de aprendizagem dos alunos e ajudá-los a possuírem os subsunçores necessários para irem aprendendo significativamente. Sem prejuízo do necessário apoio e reflexão individual, valorizou-se o trabalho activo em grupo, que funcionou em modo cooperativo, no maior respeito pelos requisitos inerentes à metodologia de trabalho adoptada. Na turma de controlo, a diferença residiu no facto de as aulas de Acústica terem sido intencionalmente expositivas e transmissivas, onde os alunos ouviam e escreviam o que a professora ditava ou copiavam do quadro o que a professora aí escrevia, e questionavam a professora quando precisavam de algum esclarecimento. Nesta turma não foi realizada qualquer actividade experimental. Foram utilizados diversos instrumentos de recolha de dados, nomeadamente um pré-teste e um pós-teste, ambos relacionados com conceitos de Acústica, para além de questionários, grelhas de observação de aulas, registo em áudio das aulas de Acústica, mapas conceptuais, um Vê de Gowin sobre conteúdos de Acústica e entrevistas semi-estruturadas à professora que leccionou a Acústica. Os resultados obtidos permitiram inferir que a estratégia preparada com base nos pressupostos epistemológicos e psicológicos encontrados conduziu a uma aprendizagem mais significativa da Acústica no contexto e nas condições em que decorreu a pesquisa.
- Concepções alternativas no ensino da física à luz da filosofia da ciênciaPublication . Valadares, Jorge; Trindade, Armando RochaEste trabalho, desenvolvido ao longo de vários anos, teve em vista investigar como é que as representações que os professores de Física e os seus alunos «negoceiam» na sala de aula se relacionam com a ciência física e a reflexão epistemológica feita sobre esta ciência. Dada a natureza e o âmbito desta pesquisa foi adoptada uma metodologia eminentemente qualitativa tendo como base um instrumento poderoso do ponto de vista heurístico concebido pelo educador D. Bob Gowin, da Universidade de Cornell e conhecido por Vê do conhecimento, Vê heurístico, Vê epistemológico ou Vê de Gowin (Gowin, 1990). Tal como preconiza este instrumento, a pesquisa assentou em determinada visão do mundo da educação resultante não só da longa experiência do investigador, um professor de Física com cerca de 30 anos de ensino da Física em diversas escolas do ensino secundário e na Universidade Aberta, bem como de uma também longa reflexão sobre esse ensino traduzida em diversas comunicações, cursos e livros didácticos já produzidos. A operacionalização do grande objectivo que se propôs atingir na medida do possível conduziu o investigador à necessidade de aprofundar largamente os seus conhecimentos sobre a história da construção do conhecimento físico e, fundamentalmente, levou-o a uma reflexão filosófica sobre a construção deste conhecimento ao longo da história do pensamento. A reflexão foi efectuada em torno de grandes problemas epistemológicos, como são o da possibilidade de um conhecimento pleno da realidade exterior, o da origem do conhecimento físico, o da essência deste conhecimento, o das suas formas, motivações e metodologia e ainda o da sua validade e demarcação. Desta incursão no mundo da Filosofia da Física, que terminou com o estudo de algumas das mais importantes obras da epistemologia do século XX, resultou uma série de princípios, tal como também preconiza o referido Vê do conhecimento. Estes princípios, juntamente com a revisão e aprofundamento do conhecimento pessoal sobre algumas teorias físicas fundamentais neste trabalho, como são as da Mecânica clássica, da Relatividade Restrita e da Termodinâmica, algumas teorias da aprendizagem, de que se destaca a teoria da aprendizagem significativa, de raiz ausubeliana, e a definição rigorosa dos conceitos envolvidos nesta teoria, constituíram o suporte conceptual desta investigação. Foi com base neste quadro conceptual que se passou à análise das características das concepções físicas reinantes nas aulas, com especial relevância para as imensas concepções erróneas reveladas pelos alunos ao longo de cerca de duas décadas de pesquisas efectuadas um pouco por todo o lado, e com as quais o investigador se procurou familiarizar o mais possível. Foram também analisadas, em termos comparativos, as concepções erróneas dos próprios professores, bem como as que foram surgindo ao longo da construção da própria Física. Fez parte ainda do trabalho de campo o desenvolvimento de duas pesquisas sobre concepções erróneas destinadas a testar algumas hipóteses de trabalho feitas pelo próprio investigador: uma pesquisa foi efectuada numa turma de alunos do professor-investigador e incidiu sobre o conceito de energia; a outra foi levada a cabo com um grupo de professores que frequentaram um curso de relatividade restrita, leccionado pelo próprio investigador, e incidiu sobre a relatividade das grandezas mecânicas. No final da investigação foram produzidos juízos de conhecimento acerca das concepções físicas «negociadas» nas aulas de física, em particular sobre as origens e características das concepções erróneas, que desempenham um papel tão importante no ensino da Física. E o trabalho terminou com a formulação de alguns juízos de valor acerca da investigação efectuada e algumas implicações desta que o investigador gostaria de ver implementadas na futura educação em Física na sala de aula, no que respeita a quatro dos grandes «lugares comuns» em educação a que se referiram Schwab (1964) e Novak e Gowin (1991): o currículo, o professor, a avaliação e a governança.
- Concepções ambientalistas dos professores : suas implicações em educação ambientalPublication . Almeida, António José Correia de; Amador, FilomenaNeste estudo identificam-se as concepções ambientalistas de docentes que se envolvem regularmente em projectos de Educação Ambiental (EA), partindo de um quadro teórico que destaca três perspectivas principais no modo de relação do ser humano com a natureza: o antropocentrismo (visão instrumental), o biocentrismo (reconhecimento do valor intrínseco dos outros seres vivos) e o ecocentrismo (atribuição de valor não instrumental a entidades holísticas, como os ecossistemas). De igual modo quisemos verificar a incidência destas mesmas perspectivas na fundamentação e objectivos dos projectos de EA que os professores implementam nas escolas. O quadro motivacional da presente investigação decorreu da possibilidade (suspeita) sugerida por vários autores de que os professores se limitam a transmitir, muitas vezes de forma impensada, uma perspectiva antropocêntrica de domínio da natureza, precisamente a responsável pela presente crise ambiental, tomando-se assim reféns do endoutrinamento dos alunos numa concepção estreita do ambientalismo. Para a verificação desta possibilidade, entrevistámos 60 professores dos diferentes ciclos de escolaridade não superior, no 10 trimestre de 2003, sobre diversos temas relacionados de directa e indirectamente com questões do ambiente e ainda sobre outros aspectos de âmbito geral sobre EA, com destaque para os factores por eles considerados relevantes para a sua adesão à causa ambiental. Simultaneamente, foi analisado o enfoque ambientalista de 120 projectos submetidos ao Instituto de Promoção Ambiental (IPAmb) em três anos lectivos (96/97, 98/99 e 99/00). Dividimos ambas as amostras em função da proveniência dos ciclos com e sem monodocência (1º subgrupo: Pré-Escolar e 1º Ciclo; 2º subgrupo: 2º e 3º Ciclos e Secundário). Embora não esperássemos diferenças significativas nas concepções dos diversos professores, admitimos como provável uma maior incidência da perspectiva antropocêntrica nos projectos propostos pelos docentes do 1º subgrupo por motivos didácticos ou pragmáticos (a defesa do ambiente por razões estritamente humanas pode ser melhor compreendida pelas crianças ou suscita mais facilmente a sua adesão). A possibilidade de os docentes licenciados em Ciências Naturais e de os associados a organizações ambientalistas possuírem uma maior literacia ecológica com reflexos numa maior incidência de concepções ecocêntricas conduziunos aos outros dois critérios adoptados na divisão da amostra dos professores entrevistados. No tratamento dos dados da entrevista utilizámos sempre que possível métodos de estatística inferencial para uma melhor avaliação das diferenças obtidas. Quisemos ainda verificar se as obras sobre EA salientam a importância de os professores confrontarem os alunos com ideias características das diferentes perspectivas ambientalistas. Nesta análise demos destaque àquelas cuja edição foi apoiada por organismos estatais e por ONG, por as considerarmos de mais fácil acesso. Os resultados evidenciaram uma maior incidência nos docentes de concepções biocêntricas (mais significativa nos do 1º subgrupo), sendo as antropocêntricas claramente minoritárias. Os do 2º subgrupo destacaram-se por uma maior incidência relativa de concepções ecocêntricas. Estas diferenças podem estar relacionadas com o tipo de formação inicial e contínua dos docentes e ainda com as vivências e características específicas dos ciclos em que leccionam. Igual tendência à dos professores do 2º subgrupo manifestaram os associados a organizações ambientalistas, o que sugere que este tipo de adesão potencia maneiras de olhar a natureza menos centradas no ser humano. Pelo contrário, os projectos tiveram um teor marcadamente antropocêntrico sem diferenças assinaláveis em termos dos subgrupos considerados. No entanto, pensamos que este tipo de incidência é conjuntural face à degradação ambiental acentuada do país nas últimas três décadas e que não obedece a qualquer intenção didáctica ou pragmática. Para a sua predisposição para as questões do ambiente os professores destacaram a importância do contacto com a natureza durante a infância e adolescência, o que obriga a repensar a importância das actividades de outdoor na própria conceptualização da EA. As publicações de EA são praticamente omissas na abordagem do tema em discussão. Perante estes resultados, pensamos que os professores se encontram em condições de abordar ideias das diferentes perspectivas ambientalistas, desde que conscientes para a importância de o fazer. Nesse sentido, apresentamos um conjunto de sugestões genéricas que visam tomar a EA um amplo espaço de reflexão acerca de várias perspectivas de conceber a relação do ser humano com a natureza.
- A constituição e o funcionamento de uma comunidade de prática de professores em educação para o desenvolvimento sustentávelPublication . Leitão, Mafalda; Ferreira, Manuela Malheiro; Oliveira, Vítor José Martins deOs conceitos de desenvolvimento sustentável e de educação para o desenvolvimento sustentável estão ainda em evolução o que torna pertinente, hoje, a tentativa de uma clarificação conceptual e sua posterior operacionalização. Além de promover a definição e uso correto dos termos, compete também ao ensino criar e desenvolver as competências necessárias para a sua operacionalidade. Esta investigação pretende contribuir para a autoformação de professores, nomeadamente de professores de Física e Química, em educação para o desenvolvimento sustentável. Pretende que os professores, e aqueles que beneficiam da sua ação, possam ser cidadãos críticos e responsáveis, numa sociedade local e simultaneamente global, que vive num tempo concreto mas, cada vez mais, consciente das repercussões futuras das suas ações e decisões. Tendo por base este objetivo criou-se uma comunidade de prática virtual constituída por professores de Física e Química de Portugal e de países africanos de língua oficial portuguesa. A formação em educação para o desenvolvimento sustentável constituiu o domínio da comunidade de prática. A água foi o tema motivador e aglutinador, pois sendo essencial à vida, torna-se no contexto educativo, e concretamente em educação para o desenvolvimento sustentável, num desafio ético, simultaneamente social, económico, ambiental e político. A prática reflexiva constituiu uma ferramenta fundamental da atividade da comunidade. Da análise da prática desta comunidade, que constituiu o objeto desta investigação, verificámos que os diferentes contextos geográficos, educacionais, culturais e de desenvolvimento dos professores proporcionaram uma participação diversificada na comunidade de prática. Esta participação permitiu, aos membros da referida comunidade, a criação e/ou o desenvolvimento das competências requeridas em educação para o desenvolvimento sustentável. Apesar da pertinência do tema confrontámo-nos com a falta de projetos de investigação semelhantes ao desta investigação, o que constituiu um maior desafio à sua realização.
- Crianças sobredotadas : dinâmicas familiares, escolares e socioculturaisPublication . Santos, Ana Karina Costa; Ramos, NatáliaEste trabalho de investigação objectivou conhecer e compreender os processos de desenvolvimento de algumas dinâmicas familiares, escolares e socioculturais de crianças sobredotadas residentes em Portugal (distritos de Setúbal e Lisboa) e que frequentam escolas (do ensino público ou particular) do 1.º Ciclo do Ensino Básico. Neste sentido, considerou-se importante explorar como se estabelecem as relações das crianças sobredotadas com as suas famílias, assim como com os professores e colegas nas escolas e com o meio envolvente em geral. Procurou-se também saber quais são as características positivas das crianças sobredotadas e quais as implicações destas características nas dinâmicas familiares e socioeducativas. Considerou-se ainda pertinente compreender de que forma as famílias e as escolas gerem as problemáticas inerentes às crianças sobredotadas e qual o nível de aceitação destas crianças nas famílias, por parte dos colegas e professores nas escolas, e no meio sociocultural em que vivem. Se as famílias e as escolas conhecerem e compreenderem as características e necessidades das crianças sobredotadas, se trabalharem colaborativamente e conseguirem construir uma plataforma comunicativa efectiva e funcional, poderemos dizer que estarão erguidos dois pilares fundamentais que irão certamente contribuir para a adequação e para o planeamento de intervenções que permitam potenciar e maximizar as capacidades e a criatividade destas crianças e assegurar que estas se sintam compreendidas, aceites e efectivamente felizes.
- O desenvolvimento da relação escola/turma/família como factor de sucesso escolar : estudos de caso em contexto multiculturalPublication . Almeida, Maria Ester de Almeida Proença Simão; Ferreira, Manuela MalheiroO sistema educativo deverá proporcionar uma melhor educação para todos os portugueses, assegurando condições de igualdade de oportunidades e direitos a todas as crianças e jovens em idade escolar, independentemente do seu sexo, origem ou nível socioeconómico. É necessário implementar políticas educativas que resolvam o problema do insucesso e do abandono escolar, sobretudo no primeiro ciclo do ensino básico, nomeadamente adequar o ensino às necessidades dos alunos, às especificidades dos contextos locais e regionais; criar um sistema de avaliação mais justo e mais preocupado em promover a realização das pessoas do que em praticar a exclusão. É preciso olhar a educação como investimento na pessoa humana, como o mais precioso dos tesouros de um povo; arranjar outro modo de administrar o sistema educativo e as escolas e aumentar as qualificações profissionais dos docentes para que se possa melhorar a qualidade do ensino e as aprendizagens. Alguns dos problemas mais prementes que, ultimamente, têm marcado a relação pedagógica e social no grupo/turma estão, sem dúvida, relacionados com a manutenção de estruturas e modos de organização desajustados aos princípios que levam à generalização da escolarização e à promoção de uma escola para todos. As dificuldades que os docentes sentem em envolver os pais na escola, em gerir a heterogeneidade dos seus alunos para, respeitando as suas diferenças, praticarem um ensino individualizado e uma pedagogia diferenciada, constitui igualmente um problema, pois os professores não foram formados para trabalhar desta forma e a mudança é um processo lento, difícil e, por vezes, doloroso, embora necessário. Sendo a Escola e a Família os principais espaços do mundo do aluno, a Educação é tarefa das duas instituições. Pais e professores têm muito em comum, já que ambos têm o objectivo de ajudar as crianças, o que implica que haja um permanente diálogo e uma congregação directa de esforços entre eles. Compete à Escola abrir as portas à família e à comunidade e arranjar estratégias de intervenção que ajudem nesta comunicação e partilha. Não restam dúvidas que o sucesso escolar está directamente relacionado com a participação activa dos pais na educação. Daí pensarmos que a cooperação entre estas instituições deva ser cada vez mais estreita, para que pais/encarregados de educação, professores e comunidade envolvente possam assegurar às crianças uma ajuda coerente e convergente para o seu sucesso como alunos e como cidadãos intervenientes na sociedade. Através de dois estudos de caso em contexto multicultural desejamos chamar a atenção para a necessidade de uma Educação Intercultural na Escola Moderna e para o Desenvolvimento da Relação Escola/Turma/Família como Factor de Sucesso Escolar. Pretendemos também contribuir para melhorar a organização de turmas nas escolas de modo a facilitar a integração das crianças e a que obtenham melhores resultados de aprendizagem. Os principais objectivos do presente estudo foram investigar a influência que a homogeneidade ou heterogeneidade de turmas, sob os pontos de vista étnico, cultural, sócio-económico e de aprendizagem tem no aproveitamento escolar dos alunos, principalmente os pertencentes a minorias étnicas e o desenvolvimento da relação Escola/Turma/Família como factor de sucesso escolar. A investigação foi realizada em duas fases e em duas escolas do Primeiro Ciclo e dois Jardins-de-Infância anexos às mesmas com localização na área periférica da cidade de Lisboa. Uma escola apresentava 60% da população escolar de origem africana e a outra escola cerca de 90% de alunos dessa mesma origem, principalmente cabo-verdiana. A primeira fase do estudo decorreu durante os anos lectivos de 2002 / 2003 / 2004 e incidiu sobre duas turmas de quarto ano de escolaridade, uma das quais era heterogénea sobre os pontos de vista socioeconórnico e cultural, pois era constituída por dezassete alunos, sendo nove lusos, quatro cabo-verdianos, dois angolanos, um são-tomense e um guineense. A outra turma era mais homogénea a todos os níveis, pois era constituída por dezasseis alunos sendo treze de origem cabo-verdiana e três são-tomenses. Para atingir os objectivos desta investigação fizemos observações naturalistas a nível das escolas e das turmas e entrevistas a docentes, a pais/encarregados de educação e a alunos. A segunda etapa da investigação decorreu nas mesmas escolas estudadas anteriormente, e ao longo dos anos lectivos e 2004/2005/2006. Administrámos questionários de perguntas semi-fechadas a professores e encarregados de educação dos alunos das duas instituições escolares, que cognominámos de Barlavento e de Sotavento e observámos actividades nos Jardins-de-Infância anexos às escolas referidas. A formação de turmas está ligada às finalidades da própria Educação, pelo que a elaboração do estudo implicou o aprofundamento do tema da Educação em geral, e da Educação Intercultural em particular. Esta tem de ser encarada como uma abordagem alternativa à Educação Monocultural, de maneira a que o professor possa implementar uma pedagogia diferenciada, adaptada às características de cada aluno. Através da análise da problemática da constituição dos grupos/turmas, podemos verificar que se têm vindo a esbater ao longo do tempo alguns aspectos da homogeneidade, assistindo-se a uma maior abertura dos professores face à heterogeneidade. Dado que as Escolas servem determinada área de residência, verificámos que existe diferenciação quanto ao tipo de população escolar. Uma melhor distribuição dos alunos pelas Escolas da mesma Área Pedagógica contribui para um melhor equilíbrio e diminui os desfasamentos existentes entre as Escolas e, consequentemente, entre a composição dos grupos/turmas. Na própria definição de Área Pedagógica deviam ser levadas em consideração as características da população. Os aspectos culturais, étnicos e económicos, por serem factores de diferenciação social associados ao êxito dos alunos, devem ser contemplados como critérios na organização das turmas. A heterogeneidade das turmas, contribui para o sucesso dos alunos, em geral, e, em particular, para os de minorias étnicas. No entanto, as principais dificuldades com que se deparam os professores no desenvolvimento do processo de ensino/aprendizagem, ligam-se ao facto de no mesmo espaço de aula existirem alunos com necessidades educativas diferenciadas. A falta de formação inicial e contínua de docentes, na área da Educação lntercultural, constitui um problema pois toda e qualquer medida sobre a constituição dos grupos/turmas só ganha repercussão se for acompanhada pela formação de docentes, pois estes sentem dificuldades em leccionar turmas heterogéneas. A articulação entre Família/Escola/Turma/Comunidade contribui para promover um percurso educativo equilibrado, promotor de autonomia, respeitador das diferenças de cada um, de modo a fomentar atitudes de cooperação e solidariedade social. o envolvimento da família na escola é positivo para o ensino/ aprendizagem das crianças independentemente da classe ou do "background"cultural dos pais e contribui em muito para o sucesso dos alunos. Esse envolvimento, deve ocorrer numa relação de estreita cooperação, através do diálogo e da coadjuvação de esforços entre estas duas instituições. O aluno é o espelho da interacção no seio da família e entre a família, a Escola e o meio que o envolve, daí a importância de todos se unirem num esforço comum que ajude a formar cidadãos felizes, responsáveis e com sucesso.
- O director de turma e o conselho de turma na gestão flexível do currículo : da cooperação à inclusãoPublication . Oliveira, Ana Maria da Conceição Maduro Soares de; Ferreira, Manuela MalheiroEsta investigação tem como objectivo a descrição, a análise e a compreensão da actividade prática contextualizada de duas escolas do 2° ciclo do ensino básico, no contexto da Gestão Flexível do Currículo. Neste sentido formulou-se o seguinte problema de estudo: Que transformações pedagógicas se operaram em duas turmas do 2° ciclo do ensino básico, em escolas diferentes após a aplicação de um projecto de Gestão Flexível do currículo? Para análise, aprofundamento e contextualização do problema referido, foram definidas as seguintes questões de investigação: 1. Qual o papel do Director de Turma na gestão curricular do projecto de flexibilidade? 2. Qual o papel do Conselho de Turma no trabalho de cooperação interdisciplinar, em contexto de Flexibilidade Curricular? 3. Porque será necessário alterar as práticas pedagógicas, num contexto de flexibilização curricular? 4. Como é que a formação cooperada em Conselho de Turma poderá levar os professores a novas práticas pedagógicas, na sala de aula? 5. Que factores levam os professores a alterar as suas próprias práticas pedagógicas? 6. Como é que as alterações das práticas pedagógicas poderão contribuir para o sucesso dos alunos? 7. Que estratégias pedagógicas concertadas são aplicadas, em sala de auja, nas disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática, História e Geografia de Portugal, Inglês e Ciências da Natureza, tendo em vista o sucesso de todos os alunos e a inclusão de jovens com NEE? 8. De que forma é gerido o currículo intercultural, em contexto de Flexibilidade, tendo como objectivo o sucesso dos alunos de minorias étnicas e culturais? Após o levantamento das questões de investigação e da análise da sua pertinência, no contexto da flexibilidade curricular, optou-se por definir os seguintes objectivos deste estudo: 1. Entender o papel desempenhado pelo Director de Turma como gestor flexível do currículo, no 2º ciclo do ensino básico; 2. Analisar o trabalho interdisciplinar do Conselho de Turma, ao nível da Flexibilidade Curricular; 3. Entender as razões que levaram às alterações das práticas pedagógicas em sala de aula; 4. Analisar o trabalho do Conselho de Turma. em Formação Cooperada; 5. Identificar actividades diversificadas, na sala de aula, que poderão levar os alunos ao sucesso educativo; 6. Avaliar a postura cooperativa dos professores, na sala de aula, e na interacção professor-alunos; 7. Observar a aplicação de algumas estratégias e métodos pedagógicos, implementados em sala de aula, nas disciplinas de Língua Portuguesa. Matemática História e Geografia de Portugal, Inglês e Ciências da Natureza, perspectivando o sucesso educativo e pedagógico de todos os alunos, em duas turmas do 2° ciclo do ensino básico, de duas escolas diferentes; 8. Compreender a Gestão Intercultural do Currículo, em contexto de Flexibilidade, tendo como objectivo último o sucesso educativo e pedagógico dos alunos de minorias étnicas e culturais, existentes nas turmas. Efectuou-se, ainda, uma pesquisa bibliográfica, partindo de quadros teóricos que enquadraram cenas práticas cooperativas e interculturais, cruzando-as com as propostas que visam a sua implementação na sala de aula e discutindo o papel do professor, do director de turma e do conselho de turma, em contexto de flexibilização curricular. Articulado com o problema de investigação foi seleccionada uma metodologia de carácter qualitativo e optou-se por produzir dos estudos de caso comparativos que envolveram duas escolas com trabalho diferente. Utilizou-se o inquérito por questionário, a entrevista, a análise documental de projectos e a observação de aulas e de Conselhos de Turma. Na parte final desta dissertação analisa-se as diferenças significativas que se referem as que se verificam com a experiência acumulada, os conhecimentos do trabalho cooperativo e da dinâmica de grupos. Concluindo, são avançadas algumas recomendações e enunciadas algumas preocupações relativas à formação de professores na área da Inclusão e da Educação lntercultural em contexto de Gestão Flexível do Currículo.
- A educação ambiental formal e não formal nas escolas portuguesas : duas propostas de intervenção no Ensino BásicoPublication . Fernandes, Alexandra Sofia Quintas; Azeiteiro, Ulisses; Ferreira, Manuela Malheiro; Pereira, Mário JorgeA presente investigação compreendeu dois estudos e pretendeu desenvolver actividades de Educação Ambiental no Ensino Básico, uma vez que se trata de uma temática importante no desenvolvimento dos alunos enquanto cidadãos activos e responsáveis pelo Planeta e pelo seu Desenvolvimento Sustentável. Contudo, a concretização deste objectivo depende directamente de estratégias que promovam uma correcta transferência de conteúdos para o quotidiano dos alunos. No estudo 1 pretendeu-se comparar a aquisição de conhecimentos científicos, entre dois grupos de alunos (experimental e controlo), do 8º ano de escolaridade sujeitos a estratégias de ensino diferentes para os conteúdos programáticos, Perturbação no equilíbrio dos ecossistemas e Gestão sustentável dos recursos (Educação Ambiental Formal). O estudo decorreu ao longo de três anos lectivos (2003/04, 2004/05 e 2005/06), em três escolas com contextos e ambientes diferenciados. Os grupos experimentais, três turmas (23, 19 e 22 alunos), desenvolveram trabalho de projecto, enquanto que a estratégia utilizada com os grupos de controlo, três turmas (22, 18 e 22 alunos), foi totalmente desenvolvida numa sala de aula sem recurso a actividades práticas. Para comparar a influência das duas actividades na aquisição de conhecimentos científicos, foi elaborado um questionário, cuja aplicação foi efectuada antes, após a leccionação dos conteúdos e algum tempo após o terminus da mesma, a todos os grupos. Os grupos foram comparadas através dos testes não-paramétricos de Friedman e de Mann-Whitney. Verificaram-se alterações nos conhecimentos científicos em todos os grupos, no entanto na maioria deles não se revelaram mudanças estáveis e efectivamente duradoiras. Assim é possível concluir que: (1) os alunos têm dificuldade em fazer a translação de conceitos científicos das áreas disciplinares para o seu quotidiano; (2) as respostas dos alunos são independentes de factores externos como sexo, idade, habilitações académicas dos pais e localização geográfica. No estudo 2 pretendeu-se descrever uma investigação efectuada numa escola onde se desenvolveu um projecto de Educação Ambiental (Educação Ambiental Não Formal). O estudo pretendeu avaliar a pertinência da realização de Projectos de Educação Ambiental, com recurso a clubes de ambiente e a acções trans e interdiciplinares. Com este intuito compararam-se duas escolas de uma mesma região, com dimensão e características socioeconómicas semelhantes, na Escola B desenvolveu-se o Projecto de vi Educação Ambiental (grupo experimental, 302 alunos) na Escola A não ocorreu qualquer acção de Educação Ambiental (grupo de controlo, 314 alunos). Para comparar a influência do desenvolvimento do Projecto de Educação Ambiental, na aquisição de conhecimentos e na atitude dos alunos relativamente a questões ambientais, foi elaborado um questionário, cuja aplicação foi efectuada, no início do ano lectivo (préteste) e no final do ano lectivo (pós-teste), a ambos os grupos. Os grupos foram comparadas através dos testes não-paramétricos de Wilcoxon e de Mann-Whitney, sendo possível rejeitar a hipótese nula e considerar que existem diferenças estatisticamente significativas entre a realização de um projecto de Educação Ambiental e o comportamento dos alunos. Para além dos resultados estatísticos significantes considera-se também que o Projecto desenvolvido foi muito positivo uma vez que a maioria dos alunos revelou entusiasmo, motivação e empenho nas diferentes actividades desenvolvidas. Assim é possível concluir com a presente investigação que o desenvolvimento de acções de Educação Ambiental Formal e Não Formal: (1) promovem a aquisição de competências importantes para a vida futura; (2) têm a potencialidade de melhorar não só a aquisição de conhecimentos, mas também a mudança de atitudes mais consentâneas com o desenvolvimento sustentável.
- A educação de adultos e a educação ao longo da vida, em Portugal, numa perspectiva comparadaPublication . Nogueira, Carlos Alberto da Silva; Miranda, Rosa; Gaspar, IvoneA presente investigação visou o sistema de educação de adultos e aprendizagem ao longo da vida a nível dos ensinos básico e secundário, em Portugal, no período que decorreu entre 1980 e 2000, a fim de analisar a sua aptidão para providenciar um serviço adequado às necessidades dos aprendentes ao longo da vida. O autor considera que o movimento de aprendizagem ao longo da vida está a afectar acentuadamente as opiniões, as teorias e a prática da educação tradicional nesta área. Atraído pela sua experiência como educador de adultos e mercê das suas relações e comunicação com dirigentes educativos, docentes e estudantes – de todos os níveis de ensino – em diversas instituições de educação tradicional e não tradicional, o autor concluiu que uma visão do campo da educação/formação de adultos ao longo da vida, nos seus aspectos metodológicos, jurídicos, e políticos, em Portugal e no período em análise, poderia ser alcançado, baseando a investigação em quatro questões nucleares focando as políticas ou estratégias postas em prática e respectiva avaliação, a influência de algumas organizações internacionais na adopção das referidas políticas ou estratégias e comparação destas com as de alguns países da Europa ocidental, a estruturação e institucionalização da educação extra-escolar e, ainda, a importância da educação/formação ao longo da vida para o indivíduo e para a sociedade. A investigação comprovou que a educação e a aprendizagem ao longo da vida possuem uma filosofia e um método próprios que a educação tradicional, tal como existe, é incapaz de adoptar sem acentuadas mudanças sistémicas, das quais diversas são analisadas e comentadas ao longo do estudo, o qual pode contribuir para um futuro desenvolvimento de um sistema de unificado de aprendizagem ao longo da vida. Aliás, tal como foi encarada, a nossa pesquisa pode carrear elementos de análise e reflexão susceptíveis de enriquecer o quadro pedagógico da educação de adultos e da aprendizagem ao longo da vida e proporcionar aos educadores de adultos uma visão mais ampla da problemática e, também, uma melhor compreensão dos aprendentes com quem interagem.