Relações Interculturais
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Browsing Relações Interculturais by Sustainable Development Goals (SDG) "03:Saúde de Qualidade"
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- Comportamentos contracetivos de mulheres migrantes : conhecimentos, atitudes e práticas em contexto de diversidade culturalPublication . Lopes, Lídia Maria Mota Correia; Ramos, NatáliaA gravidez não desejada representa um problema de saúde pública a nível mundial, traduzindo-se em graves sequelas para a saúde da mulher, do feto e da criança, tornando-se emergente compreender os vários fatores que podem influenciar a efetiva prática contracetiva. Perante a diversidade cultural e étnica da sociedade portuguesa, com destaque para a população imigrante feminina, considerou-se importante identificar e compreender os conhecimentos, as atitudes e as práticas face aos métodos contracetivos das mulheres de origem africana e brasileira residentes em Portugal, na região de Lisboa. Desenvolveu-se um estudo descritivo, exploratório e transversal, com o recurso a metodologia mista. Foi utilizado o processo de amostragem não probabilística por conveniência; o universo de trabalho é constituído por 75 participantes, mulheres em idade fértil, a viver em Portugal há pelo menos um ano, oriundas do Brasil, Cabo Verde, Angola, Guiné-Bissau e S. Tomé e Príncipe. A recolha de dados foi efetuada por entrevista semiestruturada e os dados analisados no software SPSS 24.0 (dados quantitativos) e com o recurso à técnica de análise de conteúdo temática (dados qualitativos). Os resultados destacam que as participantes têm conhecimento da existência de um número médio de métodos contracetivos, mas apresentaram, no geral, um nível baixo de conhecimento sobre as suas características. Maioritariamente, apresentaram uma atitude positiva face à contraceção e ao benefício do seu uso, mas a adesão à contraceção revelouse mínima, sendo a prática contracetiva baseada no uso de métodos que exigem um uso correto e consistente para a sua eficácia e que dependem da participação masculina. É necessário que os profissionais de saúde desenvolvam estratégias de comunicação e educação para a saúde adequadas, promovendo a aquisição de conhecimentos por parte da mulher/casal e uma escolha livre e informada do método contracetivo, com ênfase nos grupos mais vulneráveis, considerando a variabilidade e particularidades individual, grupal e cultural.
- Imigrantes acadêmicas, suas carreiras interrompidas e construção de identidades e saúde mental: tudo em nome de um amorPublication . Queiroz, Gláucia Maria de; Joaquim, TeresaEste estudo visou investigar a saúde mental e bem-estar de imigrantes acadêmicas latinas que se mudaram para a Alemanha devido a uma relação de conjugalidade com uma pessoa de nacionalidade alemã que aí reside. São centrais as questões relacionadas à vida profissional dessas mulheres, sua construção de identidade – com destaque para a identidade bicultural e a profissional – assim como a importância da maternidade nesse contexto. A literatura é rica em estudos que têm como foco os imigrantes mais vulneráveis, ou seja, refugiados e imigrantes indocumentados. O presente estudo, entretanto, focaliza mulheres latinas com formação acadêmica, as barreiras que elas encontram para inserir-se no novo mercado laboral, o papel da maternidade e o impacto da (in)satisfação vivenciadas no campo laboral sobre seu bem-estar e sua saúde mental. Ao todo, 215 mulheres responderam o inquérito online e a informação foi analisada estatisticamente. Dez dessas mulheres foram entrevistadas e a informação obtida foi analisada usando o método análise de conteúdo. Posteriormente usou-se a o método de triangulação para aprofundar a análise combinando os resultados quantitativos com os qualitativos. Os resultados apontam uma correlação entre a importância da vida laboral para a identidade e a saúde mental das imigrantes.
- Migração e saúde : adaptação, stress e bem-estar psicossocial de enfermeiros portugueses em contexto migratório no espaço europeuPublication . Teixeira, Mário Rui Pereira; Ramos, NatáliaO presente estudo procurou identificar, compreender e analisar as vulnerabilidades, riscos psicossociais, stress, saúde e bem-estar psicossocial de enfermeiros portugueses em contexto migratório noutros países europeus. Como ponto de partida empírico utilizou-se uma metodologia mista que conciliou como instrumentos de recolha de dados as entrevistas semiestruturadas e o inventário Brief-COPE a imigrantes portugueses que viviam e trabalhavam nos seguintes países: Bélgica, Irlanda, Liechtenstein, Noruega, Reino Unido e Suíça. Os principais resultados indicam que a maior parte dos stressores físicos experienciados em contexto migratório são similares aos enfrentados pelos enfermeiros nativos, com exceção do trabalho em turnos de 12 horas ou mais, e o fator climático, ambos stressores físicos específicos no contexto estudado. O idioma, a discriminação, a separação da família e dos amigos e a maternidade em situação migratória são os principais stressores psicossociais que afetaram a saúde e o bem-estar destes imigrantes. Na sua perspetiva, é na dimensão linguística e comunicacional que os imigrantes, numa fase inicial, sentiram as maiores dificuldades. Face às evidências empíricas, concluiu-se que a maioria destes enfermeiros migrantes considera que a sua saúde e bem-estar melhoraram bastante, associando esta condição à melhoria do seu nível económico e de qualidade de vida, e fazendo um balanço positivo da sua integração nestas geografias de destino. Contudo, para 31,5% dos participantes a saúde e bem-estar pioraram a nível do sistema musculoesquelético e da saúde mental, pelo que seria pertinente aprofundar os fatores que podem explicar o agravamento da saúde e bem-estar em situação migratória.
- Migração e saúde: estratégias e gestão dos cuidados de saúde e doença dos refugiados em Maratane, Nampula, norte de MoçambiquePublication . Muianga, Baltazar Samuel; Bäckström, BárbaraA presente investigação reflete sobre a problemática das migrações forçadas na sua interface com a saúde e incide, particularmente, sobre a autogestão de saúde e doença que os refugiados acionam por forma a superar as barreiras estruturais no acesso a estes serviços. Esta pesquisa analisou o quotidiano dos refugiados residentes no Centro de Maratane, na província de Nampula, no norte de Moçambique. Para o efeito, seguiu-se uma triangulação teórica, cruzando as abordagens sociológicas das migrações e saúde, articuladas com a sócio-antropologia da saúde/doença. Parte-se da presunção de que em função dos constrangimentos estruturais e socioculturais que condicionam a prestação e acesso aos serviços de saúde para os refugiados, estes servem-se do seu “capital social” para gerir situações de risco de saúde, usando outras soluções terapêuticas diferentes do Sistema Nacional de Saúde. Realça-se ainda que os refugiados recorrem ao seu “capital económico” para aceder os cuidados de saúde, prestados pelo Sistema Nacional de Saúde, seja público ou privado. Em termos metodológicos, a investigação orientou-se pela abordagem qualitativa, considerando uma amostra de 59 participantes que foram selecionados na base de acessibilidade. Os participantes foram refugiados provenientes de países africanos, sobretudo Burundi, República Democrática do Congo, Ruanda e Somália. Para a recolha de dados, usouse as entrevistas semiestruturadas, os grupos focais e a observação direta. Em relação à análise dos dados, foi usada a técnica de análise de conteúdo. Os resultados revelam que os refugiados enfrentam dois níveis de barreiras estruturais no acesso aos cuidados de saúde, nomeadamente as internas e externas. As barreiras internas resumem-se nas fragilidades estruturais inerentes aos serviços de saúde no Centro de Maratane, onde se destaca a falta de um Banco de Sangue, a insuficiência de recursos materiais e de serviços médico-cirúrgico, a falta de medicamentos, a morosidade no atendimento e a ausência de serviços de saúde mental, que são cruciais para a reabilitação psicosocial dos refugiados. As barreiras externas consistem na inacessibilidade geográfica da região, com maior índole para os fatores de ordem económica, a ineficaz inserção comunitária, a fraca integração social e os constrangimentos socioculturais, em particular os problemas linguísticos e de comunicação que condicionam a relação entre os refugiados, o pessoal médico e os intérpretes da Unidade Sanitária local. Devido a estes constrangimentos, os refugiados recorrem a medicina moderna e a outras “medicinas” paralelas caracterizadas por práticas terapêuticas alternativas para a autogestão da sua saúde, destacando-se, por um lado, o recurso a uma pluralidade de sistemas de saúde, designadamente o folclórico, o popular e a automedicação, acionados através das suas interações sociais quotidianas, que incluem ações de autocuidado de “senso comum”, o capital social/ubuntu/ e as redes de solidariedade baseadas nas amizades, na familiaridade e na identidade étnico - cultural.
- Ordo AB Chao: diálogos sobre os direitos humanosPublication . Pires, Rui Miguel Borges; Caetano, João Relvão; Vidal, NunoA presente investigação procede a uma incursão pela História, Antropologia, Filosofia, Política e Direito, a fim de discutir a importância dos Direitos Humanos como gramática e fundamento do Estado de Direito e da Democracia na Europa, assim como também no mundo com o qual a Europa se relaciona. Dando-se especial atenção ao que se passa na União Europeia, procura definir-se uma fórmula que possibilite responder ao objetivo político e cultural de uma Europa unida, em torno de valores e princípios, permitindo-lhe dar respostas eficazes aos problemas complexos que enfrenta e que fazem as pessoas, mais do que crer, descrer da viabilidade do projeto de construção europeia. Nesta investigação, discutem-se as diferentes conceções de Direitos Humanos, dentro e fora da Europa (em particular da União Europeia) e da civilização ocidental, dando-se especial atenção à discussão sobre o caráter universal ou particular dos Direitos Humanos, assim como aos grandes desafios colocados pelo multiculturalismo e perspetivas afins ou concorrentes. O ponto central da investigação passa por perceber que tipo de respostas podem ser dadas ao desejo de construção de uma Europa unida, próspera e solidária.
- O papel dos comitês de investigação da transmissão vertical da sífilis no brasil: potencialidades, vulnerabilidades e perspectivas culturaisPublication . Mareco, Thereza Cristina de Souza; Ramos, Natália; Lima, Thaísa Gois Farias de Moura Santos; Santos, Marquiony Marques dosA transmissão vertical (TV) da sífilis representa um grave problema de saúde pública, sobretudo para as populações mais vulneráveis com menores recursos socioeconômicos e educacionais. Com a finalidade de reduzir a TV da sífilis e alcançar a sua eliminação, o Ministério da Saúde do Brasil estabeleceu as diretrizes para o funcionamento de comitês de investigação da transmissão vertical (CITV) da sífilis como estratégicos para a prevenção da transmissão vertical da sífilis (PTVS). Para melhor compreender as dinâmicas territoriais, a organização, processos de trabalho, potencialidades e desafios dos territórios no que diz respeito às agendas dos CITV da sífilis, esta pesquisa tem por objetivo analisar o papel dos CITV da sífilis, no Brasil, para a PTVS. Com este objetivo desenvolveu-se uma pesquisa exploratória e descritiva de abordagem qualitativa do tipo estudo de caso em 25 Estados brasileiros e no Distrito Federal. A recolha dos dados foi realizada por entrevistas, com suporte de um questionário semiestruturado constituído por perguntas abertas e fechadas, realizadas junto a informantes-chave de comitês e/ou espaços de investigação da TV da sífilis. Os dados foram analisados no software Excel com recurso à técnica de análise de conteúdo dividida em três fases: pré-análise, exploração do material e tratamento dos dados e interpretação dos resultados. Foi identificado que as organizações, processos de trabalho, dinâmicas, potencialidades e vulnerabilidades dos espaços investigativos são múltiplos e específicos em cada região e até entre os Estados. Mesmo assim, independente da forma como estão organizados e de como é realizado o seu trabalho, percebe-se que os espaços investigativos não têm cumprido o seu papel, muito menos têm realizado a gestão dos casos e a integração intersetorial, notoriamente entre atenção e vigilância. Esses fatos geram o questionamento sobre o formato de ação, no modelo de comitê ou comissão definido pelo Brasil, ser um caminho capaz de efetivamente incidir na PTVS e na redução do número de casos no Brasil. Portanto, sugere-se rever a diretriz de modelo de agendas sistemáticas e burocrático e refletir sobre novas ferramentas para análise de fatores e agravos evitáveis pela sífilis, a partir da gestão dos casos automatizada, como exemplo o Salus, um sistema proposto pelo Projeto Sífilis Não! capaz de unir dados de vigilância e atenção, e apresentar painéis de indicadores e cenários locais que facilitam a tomada de decisão do gestor no território de forma ágil e eficaz. Além disso, sugere-se novos estudos que abordem como é realizada a gestão de casos de sífilis em países que já eliminaram a TV, por exemplo, Cuba.
- Racionalidades leigas e a prevenção da sífilis congênita no BrasilPublication . Silva, Ana Luísa Nepomuceno; Bäckström, Bárbara; Freitas, Marise Reis deA pesquisa proposta parte de dois pressupostos: o primeiro, que as práticas e os comportamentos na área da saúde são uma tríade entre fenômenos biológicos, psicológicos e sociais; o segundo, que as ações para a promoção da saúde são complexas e, apesar de considerarem o conhecimento dos sujeitos como elemento fundamental para a melhoria dessas práticas, reconhecem elementos subjetivos, representações e racionalidades que extrapolam o que o conhecimento puro traduz. O enquadramento teórico foi alicerçado, portanto, em autores do campo das ciências sociais e das ciências da saúde com contribuições nos debates sobre racionalidades leigas, representações sociais e saberes populares e em autores do campo da psicologia e neurociência que dialogam com as teorias sobre subjetividade e representação e atuam na área do comportamento, mais especificamente no comportamento em saúde. Além, claro, das referências fundantes sobre sífilis e sífilis congênita. A partir daí, e considerando o atual cenário da sífilis congênita no Brasil, pretendeu-se identificar e analisar quais são as racionalidades leigas sobre sífilis entre gestantes no país e suas relações com os comportamentos na área da saúde voltados à prevenção da sífilis congênita. A pesquisa, de viés qualitativo, foi composta por uma amostragem constituída de 20 gestantes com perfil social, econômico e cultural diferentes, distribuídas da seguinte forma: (a) 10 gestantes em situação econômica favorável, com fácil acesso aos serviços de saúde, identificadas a partir de grupos temáticos em redes sociais (whatsapp, telegram e instagram) voltados às gestantes; (b) 10 gestantes em situação de pobreza, incluindo gestantes em situação de rua ou com moradia precária, sendo, as gestantes em “situação de pobreza”, aquelas que recebem algum auxílio financeiro ou material de instâncias governamentais ou não. Os dados foram coletados a partir de entrevistas semiestruturadas e analisados a partir do Método da Análise de Conteúdo. Para isso, foram criadas categorias de análise com foco nos saberes, práticas, sentimentos das gestantes e sua relação com os serviços e profissionais da saúde. Os resultados da pesquisa revelaram que independentemente do grupo social ao qual a gestante estava vinculada, suas racionalidades devem ser percebidas de forma individualizada para que possam ser compreendidas, considerando que não identificamos relação direta entre essas racionalidades e elementos objetivos de caracterização. Assim, podemos dizer que os resultados da pesquisa revelaram que para a implementação de políticas para a eliminação de uma doença como a sífilis congênita, é preciso cautela e atenção às individualidades caso queiramos considerar os sujeitos como coparticipantes na implementação dessas políticas.
- Saberes e práticas de mães angolanas sobre os cuidados ao recém-nascido: contributos para melhorar a intervenção em saúde infantil e promover cuidados de saúde culturalmente competentesPublication . Tavares, Elsy; Ramos, NatáliaO período neonatal é crítico na vida de uma criança, pela sua maior vulnerabilidade e maior risco de morte. Assim, os cuidados realizados ao recém-nascido (RN) revestem-se da maior importância e têm reflexos na sua saúde futura. A cultura, mitos e crenças revelamse num conjunto de saberes tradicionais que muitas vezes prevalecem perante os conhecimentos científicos, levando a práticas de cuidados com consequências negativas para a saúde, como é o caso da onfalite. Em Angola, existe um elevado número de mortes nos recém-nascidos, sendo a septicemia uma das principais causas. Mantendo-se a tendência atual, entre 2017 e 2030, prevê-se que cerca de 60 milhões de crianças morrerão em todo o mundo, sendo metade recém-nascidos (UNIGME, 2017). Estas evidencias motivaram-nos a desenvolver o presente estudo, que teve como objetivo estudar os saberes e práticas de mães angolanas nos cuidados ao recém-nascido, nomeadamente ao coto umbilical. Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, comparativo e transversal que tem por base uma metodologia sobretudo de cariz qualitativa. Optamos por uma amostra não probabilística por conveniência. Solicitamos a participação de informadores qualificados para dar o seu contributo especializado sobre o tema. Utilizamos a triangulação de meios de colheita de dados através da entrevista semiestruturada, observação fílmica, fotográfica, observação direta e registo em grelha de observação. Realizamos o tratamento através de estatística descritiva e de análise de conteúdo. Os principais resultados evidenciam que os saberes e as práticas de mães angolanas nos cuidados ao recém-nascido, nomeadamente ao coto umbilical, derivam da componente empírica transmitida maioritariamente pela família através das gerações, e sobretudo pelas avós do recém-nascido e da componente científica atráves dos profissionais de saúde. O tempo de permanência na cidade de Luanda, das mães naturais de várias províncias de Angola, pode ser indicador da aculturação à cidade e a razão de algumas semelhanças nos seus testemunhos quando comparadas com as mães naturais de Luanda. Contudo, observamos que as mães com experiência migratória revelam alguns comportamentos distintos das mães naturais de Luanda, nomeadamente, ao mencionar com mais frequência o álcool como conhecimento prévio, sendo no entanto, as mães naturais de Luanda que mais o utilizam de forma isolada como prática nos cuidados ao coto umbilical. As práticas nos cuidados ao coto umbilical revelam uma variedade de meios e de produtos tradicionais, traduzindo-se em práticas incorretas e com consequências nocivas para o recém-nascido. Constatamos que existem mães que mesmo referindo conhecer a prática recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), optam por manter os cuidados tradicionais. Perante a elevada influência cultural nos cuidados das mães angolanas recomendamos o investimento na formação de profissionais no âmbito de cuidados de saúde culturalmente competentes, contribuindo para a capacitação das mães e diminuição da morbimortalidade neonatal em Angola.