Literatura | Literature
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- Persuasão e deleite na nova floresta do Padre Manuel BernardesPublication . Cunha, Mafalda Ferin; Pires, Maria Lucília Gonçalves; Tavares, Maria José FerroNo primeiro capítulo desta tese, que é um capítulo introdutório, procedeu-se ao levantamento das diferentes edições e antologias da obra, desde o século XVIII aos nossos dias, à apresentação da sua estrutura geral e ao estudo da história da sua recepção Esta, por um lado, confirma o lugar importante que foi atribuído à Nova Floresta, desde a sua publicação, pelos estudiosos da literatura, bem como por aqueles que se interessam pela história da espiritualidade, mas, por outro lado, parece revelar, algo paradoxalmente, que o texto permanece pouco conhecido e pouco valorizado e que tem sido abordado e avaliado com relativo descuido. Procurando colmatar esta lacuna, passou-se ao estudo de algumas das mais importantes marcas da obra. Bernardes conferiu à Nova Floresta finalidades edificantes. Por isso foi primeiro efectuada uma análise das capacidades argumentativas da obra, centrada no estudo do funcionamento de todos os processos persuasivos utilizados pelo oratoriano no seu decurso: o apotegma, a citação, o exemplum, a comparação, o símile, a metáfora, a empresa. o emblema, a etimologia, o discurso emotivo, o silogismo, o entimema. As capacidades argumentativas de que Bernardes investiu estes processos permitem verificar a importância da retórica eclesiástica pós-tridentina e da estética barroca na construção da Nova Floresta. Do estudo das capacidades persuasivas do discurso de Bernardes transitou-se para o estudo da doutrina e da moral que o oratoriano pretendeu veicular nesta obra. Não sendo a Nova Floresta um texto de exposição sistemática da doutrina e da moral cristãs é, contudo, uma obra em que o autor se empenha profundamente na moralização e na reforma dos costumes de religiosos e leigos, no convite ao desengano, ao desprezo do mundo e à mortificação com vista à salvação das almas. É também um texto onde se acentua a importância da graça divina na salvação dos homens e onde o oratoriano apresenta um Deus mais misericordioso e liberal na concessão dos seus dons e bens, enquanto outros dos seus textos centram-se mais no horror do pecado e da condenação eterna. Passou-se depois à análise daqueles aspectos que suscitam o deleite dos receptores da Nova Floresta: a arte de contar do Padre Manuel Bernardes e o trabalho a que ele submete o discurso Para caracterizar aquilo a que alguns chamaram "mestria" de narrar do oratoriano, procedeu-se ao estudo da estrutura dos exempla, das suas marcas ficcionais, das suas personagens e efeitos que suscitam, das suas capacidades de despertar as emoções dos receptores, da comunicação que o narrador estabelece, ao longo deles, com os receptores. Ao estudar o discurso da obra, determinou-se o importante papel deleitável que algumas figuras nele desempenham, tal como a comparação, a metáfora, a antítese, a repetição e a enumeração e o valor do trabalho verbal (e, ocasionalmente, também conceptual) desenvolvido ao longo dos discursos descritivo, epidíctico e emotivo que surgem em momentos específicos deste texto. Concluiu-se que a Nova Floresta se apresenta como barroca no seu âmago, pois encontra-se dominada pela hipérbole, pela metáfora e pela antítese, sob o ponto de vista estrutural e da organização do discurso argumentativo São ainda estas figuras e os seus mecanismos de funcionamento que suscitam, em muitos passos, o deleite estético e intelectual dos receptores.
- Da narrativa literária à narrativa fílmica : Amor de Perdição : um exemplo de transcodificação intersemióticaPublication . Bello, Maria do Rosário Lupi; Silva, Vitor Manuel de Aguiar eO tema da presente tese enquadra-se na área da narratologia (que pertence à disciplina da Teoria da Literatura enquanto vertente dos Estudos Portugueses) e assume uma perspectiva comparada, ao procurar estabelecer relações de aproximação e de distinção entre os dois grandes sistemas semióticos que são a literatura e o cinema. Como é sabido, a conhecida novela camiliana teve três adaptações ao cinema, em Portugal: a primeira, na época do cinema mudo, em 1921, por Georges Pallu; a segunda, na fase áurea de um certo cinema clássico a preto e branco, em 1943, realizada por António Lopes Ribeiro; e a terceira, já com o cinema a cores, pelo mais famoso realizador português, Manoel de Oliveira, em 1978. Toda a investigação foi orientada no sentido de procurar estabelecer comparações, do ponto de vista narrativo, entre o texto literário e as versões fílmicas, o que levou, por um lado, a um estudo minucioso das quatro obras e, por outro, a um aprofundamento teórico e a um necessário entrecruzamento de diversas áreas de conhecimento, nomeadamente a Teoria da Narrativa, a História do Cinema e a Teoria do Cinema (trabalho este que é traduzido sobretudo pela Primeira Parte da tese, nos seus dois capítulos, “Narrativa e Temporalidade” e “Narrativa Literária e Narrativa Fílmica”). A partir da defesa da vocação narrativa de ambos os sistemas (o que implicou a definição de um específico conceito de narrativa enquanto «estrutura que organiza a experiência humana da temporalidade», ou seja, manifestação da capacidade de captação do fluxo temporal enquanto sequência causal de acontecimentos organizados segundo uma lógica própria), a investigação desenvolveu-se de modo a identificar a modalidade expressiva específica de cada «medium», assente, essencialmente, na natureza conceptual da literatura, por oposição à natureza perceptual do cinema. A fundamentação narratológica desta tese assenta num conceito de narrativa que, para além de estrutural (como dito acima), é lugar da emergência de sentidos e revela-se como particular modo de conhecimento da realidade. Um dos pontos fundamentais da Primeira Parte do trabalho teve que ver com a análise do vasto fenómeno da adaptação cinematográfica, não nas suas implicações financeiras e industriais, que escapam ao âmbito desta investigação, mas antes numa acepção mais precisa e profunda, que, procurando as razões “últimas” desse fenómeno (desde que não meramente tributário do sucesso comercial), o define como um processo artístico que nasce de um desejo de identificação estética (entre o realizador e a obra literária) e que se constitui como um particular modo de leitura e de interpretação, com vista à “concretização” da realidade manifestada no texto literário (de modo a que a “intuição imaginária” do texto se possa tornar “percepção sensível” no filme). O polémico conceito de fidelidade só pode ser entendido, nesta óptica, como desejo de re-encontro com uma “essência” previamente intuída e expressa e que se pretende, de algum modo, reproduzir criativamente. Finalmente, na abordagem narratológica dos três filmes – feita na Segunda Parte do trabalho, depois da análise das potencialidades “cinematográficas” de uma novela considerada o expoente de uma narratividade de conteúdo dramático -, foi dada particular ênfase ao facto de determinados elementos (da estrutura de profundidade) terem sido mantidos (personagens, eventos, ordem cronológica, etc), enquanto outros (da estrutura de superfície) terem sido, directa ou indirectamente, modificados (temporalidade, focalização, espaço, etc) - apesar de os três realizadores terem afirmado desejar ser fiéis ao livro. Procurou, assim, verificar-se a possível transferência de um particular modo de desvelamento do mundo na passagem do livro para o filme, sendo sublinhado o modo como o tratamento do tempo determinou, em grande medida, a leitura feita por cada um dos realizadores: enquanto que Pallu acentuou a dimensão lírica da novela, através de uma temporalidade "mista" (entre a imagem muda e o intertítulo escrito), Lopes Ribeiro procurou uma temporalidade mimética e "realista", com o objectivo de veicular um determinado ideal romântico, e Manoel de Oliveira radicalizou o drama camiliano, retirando ao tempo a sua dimensão de lugar do acontecimento, e tornando-o, assim, no tempo trágico e imobilizado da frustração amorosa. Mantida a fabula em qualquer dos realizadores, verificou-se uma deslocação de sentido que, porém, nunca chegou a “atingir” a unidade significativa essencial do texto literário.
- A hegemonia involuntária dos Estados Unidos da AméricaPublication . Martins, Álvaro Joaquim Marcelino; Pires, Maria Laura BettencourtOs Estados Unidos são hoje indiscutivelmente a nação mais poderosa do planeta. Chegaram ao final deste século XX, que alguns autores rotularam de “século americano”, com uma supremacia militar, económica, cultura e diplomática que nenhuma outra nação conseguiu - mesmo aquelas que declaradamente a procuraram alcançar pela força. Em resultado disso, a influência da Europa no resto do Mundo, por exemplo, é hoje uma sombra do que era no princípio do século. Com o fim da bipolarização a que se assistiu, a partir de 1989, pôde, aliás, passar a falar-se de hegemonia, visto que nenhum outro país rivaliza agora com os Estados Unidos. É nossa firme convicção, que foi involuntariamente que os Estados Unidos se viram guindados à actual situação de hegemonia. Consideramos que, em momento nenhum, existiu qualquer plano - ou, se antes preferimos, qualquer premeditação - que tivesse conduzido aos status quo actual. É esse o ponto fulcral de todo este nosso trabalho e, em nosso entender, a maior ironia - feita de pequenas outras ironias que também não deixaremos de enfatizar - de toda a história da nação americana. Iremos, portanto, demonstrar que o povo americano- ao contrário de muitos outros- nunca premeditou o domínio do Mundo com a sua cultura ou as suas forças armadas: foi sendo ciclicamente levado - contra vontade- pelas circunstâncias e pelos erros das outras potências, para conjunturas que lhe eram de facto cada vez mais favoráveis e que acabaram por o guindar ao primeiro plano que hoje ocupa, por mais arreigado que fosse o isolacionismo a que pretendia entregar-se, e por mais que se quisesse ocupar unicamente com as actividades económicas, que desde cedo foram ditando a sua História, e para as quais assumidamente se sente bem mais vocacionado.
- A inscrição do livro e da leitura na ficção de Eça de QueirósPublication . Duarte, Maria do Rosário da Cunha; Reis, CarlosEsta abordagem da ficção de Eça de Queirós centra-se no triângulo constituído pelo leitor, o livro e a leitura – o leitor enquanto personagem, o livro e a leitura enquanto objecto e comportamento ficcionais. Num permanente jogo de reenvio para a realidade da época, mas também de reelaboração dos dados por ela oferecidos, estes três elementos não só participam na construção dos diversos universos romanescos, como ainda procedem à encenação de situações, atitudes e comportamentos por onde passam os diversos aspectos que configuram o fenómeno literário, do acto criador ao acto da recepção. Pôr em relevo o modo como a ficção se aproveita deste fenómeno e se questiona a si mesma, pelo jogo de espelhos a que a representação do livro inevitavelmente conduz, constitui o objectivo do presente estudo.
- Apocalypsis nova = nova apocalipse [de Beato Amadeu da Silva]Publication . Dias, Domingos Lucas; Espírito Santo, Arnaldo doFoi ideia orientadora de todo o trabalho dar a conhecer a figura e a obra de JOÃO MENESES DA SILVA – BEATO AMADEU DA SILVA, na vida religiosa. Feito o levantamento dos manuscritos conhecidos, em número de vinte, foi feita a respectiva colação e estabelecido o texto. Da figura sabe-se que foi educado na Corte de D. Duarte, combateu ao lado de D. Afonso V na batalha de Alfarrobeira, retirando-se em seguida para a vida religiosa, primeiro, na Ordem dos Eremitas de S. Jerónimo, no Mosteiro de Nossa Senhora de Guadalupe, em Espanha; entrou, depois, na Ordem dos Frades Menores, em Assis. Levado pelo fervor religioso, acabou a fundar nova Congregação, os Amadeitas, na região de Milão, de onde foi chamado pelo Papa Sixto IV para seu confessor e conselheiro. Em Roma, no Vaticano, no espaço onde se situa hoje a Cidade do Vaticano, vive numa pequena Comunidade, em ambiente de pobreza e meditação. Aí, em estados de êxtase, terá recebido, em revelações sucessivas, o conteúdo desta NOVA REVELAÇÃO – NOVA APOCALYPSIS. Da Obra pode dizer-se que tem uma finalidade bem definida, propugnar pela reforma da Igreja e pela sua união. A figura central é o “Pastor que há-de vir” (Amadeu nunca fala em Pastor Angélico) cujo perfil vai sendo definido ao longo da obra. A sua estrutura, em oito capítulos, Arrebatamentos, desenvolve-se, do ponto de vista cronológico das revelações, segundo o calendário litúrgico; do ponto de vista temático, da criação e queda dos anjos até à Assunção de Nossa Senhora, com dois capítulos, sexto e sétimo, em que desenvolve o tema da Eucaristia e da Santíssima Trindade. Do ponto de vista das preocupações que presidiram à elaboração deste trabalho, realça-se a intenção de mostrar que a obra tem unidade, contra aqueles que ao longo do tempo a consideraram interpolada com variadas deturpações; que o seu autor é, sem margem para dúvida, o Beato Amadeu, contra aqueles que o acusavam de ignorante; e, consequentemente, que Amadeu era um homem culto, não houvesse ele sido educado numa das Cortes mais cultas da Europa. A obra prolonga-se pelos SERMONES, que não foram tidos em conta na elaboração da tese.
- The word for world is forest : Ursula K. Le Guin e a tradição da literatura americana sobre a naturezaPublication . Prata, Ricardo; Avelar, MárioO nosso projecto ambiciona mostrar as formas através das quais a ficção de Ursula K. Le Guin pode ser usada num estudo sobre o modo como a literatura reflecte os relacionamentos, em constante mutação, entre a cultura e o cosmos, pondo a influência do seu trabalho a par com a de outros autores de literatura sobre a natureza contemporâneos. Escolhemos esta autora pelo facto de a sua vasta obra (tem dezenas de títulos publicados e traduzidos em várias línguas, desde 1961 até 2004) ser ainda pouco divulgada e estudada em Portugal, por um lado. Por outro lado, norteámos a nossa investigação utilizando o tema da natureza como fio condutor, uma vez que aquele se assume como um elemento constituinte essencial da identidade americana e da obra da autora. A literatura sobre esta temática constitui um campo que abrange tópicos variados. Para os nossos intentos, optámos por analisar três que consideramos primordiais: os relacionamentos entre nomeação, posse e essência; as tentativas de encurtar a distância entre o Eu e o Outro, sem cooptar o Outro; e a necessidade de solidão de modo a experimentar e entender plenamente a relação com a natureza.
- A procura da essência e do absoluto na obra de Sophia de Mello Breyner AndresenPublication . Malheiro, Helena; Coelho, Paula MendesA Procura da Essência e do Absoluto na Obra de Sophia de Mello Breyner Andresen é um estudo que tem como objectivo uma reflexão abrangente sobre a obra de Sophia, poetisa fundamental e singular da literatura portuguesa contemporânea. A nossa investigação incide sobre os principais eixos temáticos que a estruturam e que constituem as três partes deste trabalho: - No Tempo Dividido, é uma análise aprofundada do estudo do tempo, tema central na sua obra, que a conduz, do “Tempo da Memória” ao “Tempo da Revolta”, para terminar na chegada luminosa a um “Tempo Puro, Antigo e Primordial”. - Navegações, é o estudo da eterna viagem de descoberta, onde, através do poder fundador do olhar e da nomeação, Sophia recria o percurso da aventura portuguesa dos Descobrimentos, para o transformar numa viagem iniciática de descoberta do Eu e do Outro, “Epopeia do Espanto” perante a “veemência do visível”, que acaba inevitavelmente por conduzir a uma “Viagem Sagrada” de desocultação da verdade do Ser. - O Nome das Coisas é uma abordagem comparativista da nomeação originária e solene que a poesia instaura. É através do paralelismo com outros autores, como Fernando Pessoa ou Jorge Luis Borges, que situam igualmente a poesia no limiar entre imanência e transcendência, que melhor se revela a especifidade da obra de Sophia, cuja palavra poética, mágica e divinatória, restabelece a aliança universal. Simultaneamente clássica e moderna, renovadora intrínseca e apaixonada da linguagem poética, a poetisa restitui à palavra a sua dignidade e pureza originárias. A obra de Sophia de Mello Breyner Andresen é, indubitavelmente, um monumento ímpar na literatura actual. O seu humanismo universal e infinito, revela, através da busca incessante de uma verdade “antiga” e incólume, a Essência e o Absoluto de um Real perdido na noite dos tempos.
- A reinvenção do paradigma épico na ficção inicial de John Dos Passos : uma leitura de One Man’s initiation, Three Soldiers e Manhattan TransferPublication . Feneja, Fernanda Luísa da Silva; Avelar, MárioO corpo de narrativas de John Dos Passos que é objecto deste estudo comporta possibilidades de reflexão em torno de traços que poderão ser considerados matriciais na ficção deste escritor, gizados a partir da sua primeira obra, One Man’s Initiation, e consolidados nos trabalhos posteriores. Constituem eixos centrais a esta investigação dimensões que, por um lado, se prefiguram como comuns aos três textos em análise e, por outro, como globalmente estruturantes. A expressão de características associadas às correntes estético-literárias realista e naturalista, bem como a acentuada inflexão no sentido de uma estética de teor modernista, registada, sobretudo, com Manhattan Transfer, funcionam como enquadramento referencial a outras vertentes, designadamente as isotopias da guerra e da grande cidade, as quais, ainda que de formas distintas, percorrem as três narrativas. No âmbito da semântica global que tais isotopias configuram, são ponderados os limites da dimensão crítica e social que aporta à ficção inicial de Dos Passos, bem como as leituras da América que elas revelam e problematizam. A abordagem da categoria narrativa das personagens representa um elemento crucial nessa reflexão, abrindo espaço à questionação da ancoragem, ou eventual desvio, face ao romance de cariz colectivo, centrado na atomização da personagem individual e numa interpretação disfórica em relação a um cronótopo referencial, neste caso, a sociedade americana dos anos vinte, marcada pelo clima do pós-guerra. Releva desta consideração a importância diegética das personagens, em particular, daquelas que podem ser consideradas heróis. A função primordial dos protagonistas (heróis) permite redireccionar a leitura destas obras, equacionando os ângulos mais comummente focados pelo discurso crítico. Identificamos, assim, uma ambivalência axial que se reifica nos diversos processos de construção narrativa, a partir da qual a representação da América é recriada à luz da tensão entre disforia e glorificação, isto é, entre uma perspectiva anti-épica e uma construção épica, que reenvia, essencialmente, aos ideais fundadores da liberdade e da democracia.
- O olhar de Carlos Selvagem sobre Portugal d’aquém-mar e d’além-mar : historiografia : dramaturgia : narrativaPublication . Jorge, Helena Isabel dos Anjos Reis; Teixeira, Rui de AzevedoO ideal de moral é o critério fundamental na obra de Carlos Selvagem e pelo qual ele tentou pautar a sua vida, a nível pessoal e profissional. Na Historiografia, este ideal desenvolveu-se na própria História, sobretudo militar, mas também na sua postura perante a Literatura, a Cultura, o Teatro, isto é, tornando-se uma figura cuja coerência é reconhecida como um dos seus valores primordiais. Como estudioso e defensor do Império Colonial/Ultramarino Português, a sua obra é importante a nível histórico e intercultural, porque põe em causa a res colonial durante o Estado Novo. Na obra dramatúrgica, cada peça apresenta a sociedade portuguesa em episódios de conflito, de revolta, de paixão, de guerra, mostrando a actualidade política, económica, cultural mascarada nas intrigas do quotidiano das diversas histórias. Da província à cidade, de Portugal a África, as personagens desenvolvem-se em espaços e traçam os seus destinos consoante a sua fortuna e os seus erros. Na obra narrativa, mais dispersa na diversidade, reconhece-se, mais uma vez, a importância do documento humano em seres que nem sempre são referências históricas, nem pertencem às elites verdadeiras com um ideal moral, tal como acontece na obra historiográfica. No entanto, o que se valoriza é a dimensão humana e o sistema de valores privilegiados. As componentes ética e estética e o carácter didáctico-formativo das suas obras exigem também uma maior divulgação e interesse junto dos diferentes leitores. Por isso, toda a obra de Selvagem é um modo profundo e simples de olhar o ser português e Portugal d’Aquém e d’Além-Mar
- Manuel Ribeiro e o Romance da FéPublication . Silva, Gabriel Rui de Oliveira e; Teixeira, Rui de Azevedo; Bessa, António MarquesO presente trabalho pretende abordar um autor, Manuel Ribeiro (1878-1941), cuja obra foi a mais lida em Portugal nos anos vinte do passado século e que, a partir dos anos quarenta, foi sujeita a um deliberado apagamento. Compreender as razões não só da feliz recepção do seu trabalho literário, como dos motivos subjacentes ao seu posterior desaparecimento no âmbito da história da literatura portuguesa são um dos objectivos deste estudo. Neste sentido, e com o desígnio de enquadrar o autor no esteio de uma tradição político-cultural, apresenta-se uma primeira parte focalizada sobre os vícios e virtudes da chamada Geração de 70, desde a vertente inicial anti-clerical, céptica e desnacionalizadora, até à mutação conservadora da última fase, bem como se dedica uma particular atenção não só à contra-proposta assumidamente nacionalista e católica da geração seguinte, a de 90, como também se abordam alguns aspectos do trabalho reparador do saudosismo e do integralismo lusitano que, no seu conjunto, e com diversas responsabilidades, prepararam terreno ao propiciar um quadro mental que viria a ser aproveitado pelo Estado Novo. A segunda parte do trabalho apresenta uma primeira biografia do autor destacando o seu trânsito ideológico e importância no quadro político português enquanto destacado activista do sindicalismo revolucionário, principal fundador do Partido Comunista Português e activista democrato-cristão, sublinhando a dimensão moral com que pretendeu pautar a sua vida e o modo como intencionalizou um trabalho literário, na poesia e sobretudo no romance, que entendia, à boa maneira romântica, como agente de regeneração social. Numa terceira e última parte intenta-se uma aproximação ao valor do seu trabalho na área do romance destacando o carácter neo-romântico do tratamento de temas, de conflitos e o modo como se resolvem, de forma a evidenciar a qualidade de uma escrita que em tempos tumultuados veiculou uma tenaz fé no poder do amor enquanto via régia para a ultrapassagem do conflito de classes, síntese da proposta catocomunista de que foi um dos obreiros e precursor.