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  • Altos e baixos vocálicos: ensinando vogais portuguesas a alunos chineses
    Publication . Castelo, Adelina; Amorim, Clara; Zhou, Chao; Li, Qinxue; Zhang, Chenlin; Soares, Liliana
    O estudo do Português Língua Estrangeira (PLE) na China tem-se expandido significativamente desde 2000. Muitos materiais foram criados para este grupo específico de aprendentes com pouca exposição à L2, mas ainda faltam recursos para as dificuldades específicas de pronúncia. Simultaneamente, trabalhos sobre o PLE têm mostrado que a altura vocálica em português é um grande desafio para falantes de mandarim L1 e a investigação sobre o ensino da pronúncia em diferentes línguas tem fornecido indicações úteis para fundamentar propostas didáticas. Assim sendo, a presente comunicação visa propor um recurso para o ensino da altura vocálica a aprendentes de PLE na China. Este recurso: (1) consiste numa apresentação em Powerpoint que combina as estratégias de Color Vowel Chart (Taylor & Thompson, 1999, 2015) e Vowel Elevator (Elliott, 2018) e, portanto, explora diferentes níveis de instrução de pronúncia (percetivo, articulatório, cognitivo, visual e cinestésico); (2) pode ser integrado numa abordagem mais ampla e comunicativa do ensino de pronúncia (Celce-Murcia et al., 2010); (3) visa ajudar a formar categorias cognitivas para as (novas) vogais do português; (4) inclui uma comparação dos sistemas fonológicos vocálicos em português e chinês mandarim (como parte da abordagem Vowel Elevator para promover a consciencialização sobre o fenómeno). Após uma breve apresentação da investigação que o fundamenta, é mostrado o recurso didático, justificando-se algumas das opções tomadas. Assim, procura-se fornecer aos professores um recurso pronto a ser usado e também, por meio da fundamentação científico-pedagógica apresentada, contribuir para a formação dos professores de línguas estrangeiras no ensino da pronúncia.
  • Preliminary results on the acquisition of Portuguese voicing assimilation in coda fricative by Chinese learners
    Publication . Wang, Xinyan; Castelo, Adelina; Zhou, Chao
    In the phonological system of European Portuguese (EP), there is a process of voicing assimilation in the fricative in Coda position, which is produced as [ʒ] before a voiced consonant and as [ʃ] before a voiceless consonant ([1]). There are already studies on the segmental acquisition of fricatives among the native speakers of Mandarin Chinese (MC) who learn Portuguese as a second language (L2) (e.g. [2]). However, to the best of our knowledge, there is no study on the acquisition of this EP assimilation process of among MC native speakers. Consequently, evaluating the process application in the production of these learners can contribute to a better understanding of their phonological acquisition in EP and to a reflection on different models of phonology acquisition of an L2 (e.g. [3], [4]). Therefore, the present work aims to observe the voicing specification in the fricative in Coda position, in controlled speech produced by MC native speakers who are learners of EP. Ten EP native speakers and thirty Chinese learners of EP participated in a reading task. The stimuli consist of 40 pseudowords and 20 distractors. All items were disyllabic words with the format CVC.CV, including five groups of 8 pseudowords each according to the manner of articulation of the second syllable consonant: voiceless fricative, voiced fricative, voiceless oral stop, voiced oral stop, nasal stop. Participants were recorded reading each item within a carrier the sentence “Digo XX novamente.” (“I say XX again.”). The results show that, as expected, the native speakers applied voicing assimilation systematically; by contrast, the Chinese learners predominantly produced voiceless fricatives, regardless of the voicing of the following consonant. There might be an effect of the manner of the following consonant, as many learners use almost exclusively the voiceless consonant in all contexts while some tend to employ the voiced one only before a nasal consonant. These results suggest that the success in learning the fricative voicing ([2]) does not guarantee the acquisition of a phonological process implying such voicing alternation. After a detailed presentation of the results, the implications of these are analyzed in terms of phonological acquisition and didactic implementation.
  • A aquisição das consoantes laterais do português europeu por aprendentes chineses
    Publication . Zhou, Chao; Freitas, Maria João; Castelo, Adelina
    The present study examined the production of European Portuguese (EP) lateral consonants by 14 Chinese learners, through a picture naming task eliciting the target segments in all possible syllable and word-level positions. Our results illustrate that /l/ is stable in singletons (100% target-like) due to the positive transfer from Mandarin Chinese. However, it is very often vocalized in codas (only 16.7% target-like production, [ɫ]), which might be attributed to a phonetically based tendency (Graham, 2017; Johnson & Britain, 2007). The high accuracy (97% target-like) of /l/ in onset clusters, an absent structure in the L1, can be the result of the heterosyllabic nature of EP obstruent-liquid sequences (Veloso, 2006) or of the association of two segments to a single skeletal position, which was also argued as an intermediate stage in EP L1 acquisition (Freitas, 2003)./ʎ/ is still in acquisition (52.4% target-like), and is often produced as an L1 category [lj], due to acoustic and articulatory similarity.
  • Aquisição das vogais médias do português na China: os desafios de um desenho experimental
    Publication . Castelo, Adelina; Zhou, Chao; Amorim, Clara
    Vários estudos na literatura têm mostrado que os aprendentes que utilizam poucos contrastes vocálicos na sua língua materna (L1) têm muita dificuldade em dominar um inventário vocálico não-nativo (L2) mais complexo (e.g. L1: espanhol; L2: inglês) (Bundgaard-Nielsen et al., 2011; Sousa et al., 2017). O mesmo problema foi revelado na aquisição das vogais do português por aprendentes chineses tanto em níveis iniciais (Castelo & Freitas, 2019), como em níveis de proficiência linguística mais avançados (Duan, 2021). Particularmente, a distinção entre /e/ e /ɛ/ encontra-se neutralizada nas produções orais em português por falantes nativos de chinês mandarim (CM). De acordo com vários modelos da aquisição fonológica de L2 (Flege, 1995; Escudero & Boersma, 2004; Best & Tyler, 2007), esta dificuldade pode ser atribuída ao facto de as duas vogais de L2 serem percetivelmente assimiladas a uma categoria de L1. Por este motivo, será relevante recorrer a dados percetivos para melhor compreender esta dificuldade dos aprendentes chineses na aquisição do português como L2 (PL2), já que os estudos anteriores se focalizaram na produção de fala em L2. Além disso, considerando que o contraste entre /e/ e /ɛ/ é por vezes representado através da acentuação gráfica na ortografia do português (e.g. Castelo, 2018) e que alguns estudos mostram a influência da ortografia no desenvolvimento da pronúncia numa L2 (Hayes-Harb, 2018), é possível que o uso de pistas ortográficas mitigue a dificuldade dos aprendentes chineses em desenvolver representações lexicais que incluam adequadamente o contraste segmental em causa. Tendo em conta os factos acima apresentados, deu-se início ao projeto de investigação “Aquisição de vogais portuguesas na China – dados percetivos”, que procura responder às seguintes questões acerca das vogais tónicas médias e baixas: (1) As produções desviantes dos falantes nativos de CM aprendentes de PL2 são motivadas por desvios percetivos?; (2) A existência de pistas ortográficas favorece a construção de uma representação fonológica adequada na aquisição de novas palavras?; (3) Há diferenças na perceção dos contrastes de altura em aprendentes com diferentes níveis de proficiência linguística? A construção do desenho experimental deste estudo revelou inúmeros desafios e a sua testagem num estudo-piloto mostrou também aspetos merecedores de reflexão. Assim sendo, o objetivo deste póster consiste em partilhar e fundamentar as opções tomadas no desenho experimental construído e em refletir sobre os seus êxitos e limitações, a partir das propostas da literatura e dos resultados do estudo-piloto. Consequentemente, o póster integrará quatro secções: (1) introdução, com fundamentação do projeto, objetivos e secções do póster; (2) apresentação das questões do desenho experimental, com a fundamentação das opções tomadas; (3) discussão dessas questões com base na literatura e nos resultados do estudo-piloto; (4) considerações finais. Mais concretamente, pretende-se refletir principalmente sobre quatro questões relativas ao desenho experimental desta investigação: os participantes, os estímulos linguísticos, as tarefas e as condições de recolha de dados. Os participantes são falantes nativos de CM, alunos de 1.º ou 3.º ano de licenciaturas na área de PL2 de diferentes instituições de ensino superior do Interior da China. Os estímulos linguísticos são pseudopalavras, paroxítonas e dissilábicas, com sílabas CV, consoantes oclusivas ou fricativas e as vogais-alvo em posição tónica; as variáveis manipuladas são a altura de vogal (média / baixa) e a pista ortográfica sobre a abertura de vogal (presente / ausente). Existem dois conjuntos de estímulos linguísticos: 12 pseudopalavras com vogais-alvo coronais; 6 pseudopalavras com vogais-alvo labiais. Cada estímulo foi produzido por três falantes nativas do português de Lisboa, sendo a produção do contraste em causa validada através da perceção de outras cinco falantes nativas da mesma variedade. A recolha de dados é feita a distância através de uma reunião Zoom: os investigadores dão as orientações e monitorizam, enquanto os participantes realizam as tarefas numa plataforma de e-learning, com o seu dispositivo digital e auscultadores. As tarefas incluem a identificação da vogal tónica nas 12 pseudopalavras com o contraste /e/-/ɛ/ e a aprendizagem dessas pseudopalavras. Cerca de uma semana mais tarde, os participantes realizam uma tarefa de deteção lexical baseada nas pseudopalavras aprendidas, uma tarefa de identificação da vogal nas pseudopalavras com o contraste /o/-/ɔ/ e uma tarefa para verificar a aprendizagem das 12 pseudopalavras iniciais. Os resultados de um estudo-piloto revelaram dificuldades sobretudo ao nível do envolvimento dos participantes e da tarefa de aprendizagem de pseudopalavras, estando a ser equacionadas estratégias para ultrapassar estas limitações.
  • A aquisição da assimilação de vozeamento da fricativa em coda no português por aprendentes chineses: resultados preliminares
    Publication . Wang, Xinyan; Castelo, Adelina; Zhou, Chao
    No sistema fonológico do português europeu (PE), regista-se um processo de assimilação de vozeamento da consoante fricativa em coda silábica, sendo esta produzida como [ʒ] antes de consoante vozeada e como [ʃ] antes de consoante não vozeada – cf. Mateus e Andrade (2000). Já há estudos sobre a aquisição segmental das fricativas entre os falantes nativos de chinês mandarim (CM) que aprendem português como língua segunda (L2) (e.g. Ci, 2021). Contudo, até onde sabemos, não existe qualquer estudo sobre a aquisição deste processo de assimilação do PE entre os falantes nativos de CM, pelo que a avaliação da aplicação do processo na produção destes aprendentes pode contribuir para uma melhor compreensão da sua aquisição fonológica do PE e para a reflexão sobre diferentes modelos de aquisição da fonologia de uma L2 (e.g. Flege, 1995; Best & Tyler, 2007). Assim sendo, o presente trabalho visa observar a especificação do vozeamento da consoante fricativa em posição de coda, na fala controlada produzida por falantes nativos de CM que são aprendentes de PE. Para o efeito, foi desenhada uma tarefa de leitura em voz alta de 40 pseudopalavras e de 20 pseudopalavras-distratoras. Todas as pseudopalavras consistiram em dissílabos com o formato CVCfricativa.CV, havendo cinco grupos de 8 pseudopalavras cada de acordo com o modo de articulação da consoante da segunda sílaba: fricativa não vozeada, fricativa vozeada, oclusiva oral não vozeada, oclusiva oral vozeada, oclusiva nasal (vozeada). A lista das pseudopalavras foi apresentada aos participantes que as deveriam ler integradas na frase-veículo “Digo XX novamente.”, sendo estas produções gravadas no próprio telemóvel do participante. Ao todo, foram recolhidas as produções de dez falantes nativos de PE e de trinta aprendentes chineses de PE. Os resultados dos falantes nativos revelam uma aplicação sistemática do processo. Pelo contrário, nos aprendentes de português como L2 é visível o predomínio de produções da fricativa não vozeada, mesmo quando em adjacência a uma consoante vozeada: muitos aprendentes usam quase exclusivamente a fricativa não vozeada em todos os contextos e alguns tendem a empregar a vozeada apenas antes de consoante nasal (e não antes de oclusiva oral ou fricativa vozeadas). Após uma apresentação detalhada dos resultados obtidos, são analisadas as implicações destes resultados tanto em termos de aquisição fonológica como de questões didáticas.
  • Aquisição fonológica de L2: alguns conhecimentos e interrogações. Intervenção na mesa-redonda “Aquisição e desenvolvimento linguísticos: investigação e aplicações”
    Publication . Rato, Anabela; Castelo, Adelina; Zhou, Chao
    Esta participação numa mesa-redonda sobre a aquisição do Português tem o objetivo de destacar conhecimentos e interrogações sobre aspetos importantes da aquisição fonológica de L2. Para isso, aborda os seguintes tópicos: (1) Influência interlinguística ao nível segmental e suprassegmental; (2) Interação entre fonologia e ortografia na aquisição de L2; (3) Relação entre perceção e produção dos segmentos de L2 a a transferência de aprendizagem entre modalidades; (4) Impacto de diferentes variáveis na aquisição; (5) Aspetos metodológicos.
  • A aquisição da assimilação de vozeamento da fricativa em coda no português por aprendentes chineses
    Publication . Wang, Xinyan; Castelo, Adelina; Zhou, Chao
    No sistema fonológico do português europeu (PE), regista-se um processo de assimilação de vozeamento da consoante fricativa em coda silábica, sendo esta produzida como [ʒ] antes de consoante vozeada e como [ʃ] antes de consoante não vozeada – cf. Mateus e Andrade (2000). Já há estudos sobre a aquisição segmental das fricativas entre os falantes nativos de chinês mandarim (CM) que aprendem português como língua segunda (L2) (e.g. Ci, 2021). Contudo, até onde sabemos, não existe qualquer estudo sobre a aquisição deste processo de assimilação do PE entre os falantes nativos de CM, pelo que a avaliação da aplicação do processo na produção destes aprendentes pode contribuir para uma melhor compreensão da sua aquisição fonológica do PE e para a reflexão sobre diferentes modelos de aquisição da fonologia de uma L2 (e.g. Flege, 1995; Escudero & Boersma 2004; Best & Tyler, 2007). Assim sendo, o presente trabalho visa observar a especificação do vozeamento da consoante fricativa em posição de coda, na fala controlada produzida por falantes nativos de CM que são aprendentes de PE. Para o efeito, foi desenhada uma tarefa de leitura em voz alta de 40 pseudopalavras e de 20 pseudopalavras-distratoras. Todas as pseudopalavras consistiram em dissílabos paroxítonos com o formato CVCfricativa.CV, havendo cinco grupos de 8 pseudopalavras cada, de acordo com o modo de articulação da consoante da segunda sílaba: fricativa não vozeada, fricativa vozeada, oclusiva oral não vozeada, oclusiva oral vozeada, oclusiva nasal (vozeada). A lista das pseudopalavras foi apresentada aos participantes que as deveriam ler integradas na frase-veículo “Digo XX novamente.”, sendo estas produções gravadas no próprio telemóvel do participante. Ao todo, foram recolhidas as produções de dez falantes nativos de PE e de trinta aprendentes chineses de PE. Os resultados dos falantes nativos revelam uma aplicação sistemática do processo (99.75%). Pelo contrário, nos aprendentes de português como L2 é visível o predomínio de produções da fricativa não vozeada, mesmo quando em adjacência a uma consoante vozeada (9.91% de produções vozeadas; 90.09% de produções não vozeadas): muitos aprendentes usam quase exclusivamente a fricativa não vozeada em todos os contextos e alguns tendem a empregar a vozeada apenas antes de consoante nasal (11.67%) (e não antes de oclusiva oral ou fricativa vozeadas). Após uma apresentação detalhada dos resultados obtidos, são analisadas as implicações destes resultados tanto em termos de aquisição fonológica como de questões didáticas.
  • On the acquisition of European Portuguese liquid consonants by L1- Mandarin learners
    Publication . Zhou, Chao; Freitas, Maria João; Castelo, Adelina
    The present study aimed to investigate the developmental patterns of acquisition of the European Portuguese liquid consonants by L1-Mandarin speakers, and to examine the prosodic effect on L2 phonological acquisition. Fourteen L1-Mandarin learners participated in a picture-naming task and results showed that the alveolar lateral was produced accurately in branching/non-branching onset, while it was frequently vocalized in coda; the palatal lateral was produced as a Mandarin palatalised lateral nearly half of the time; the tap was acquired in coda before onset and the repair strategies were context-dependent: in non-target-like realisations, it was articulated as an alveolar lateral in onset but accommodated in diverse ways in coda (epenthesis, deletion, segmental repair); the uvular rhotic was acquired fairly well, however, its phonetic parameters were not mastered simultaneously by learners. Our results suggest that the degrees of difficulty in L2 segmental learning vary as a function of the relationship between L1 and L2 categories and the syllable constituency effect observed in the acquisition of the Portuguese alveolar lateral and the tap could be attributed to L2-to-L1 allophonic category mapping and L1 phonotactic restriction, respectively.
  • Acquisition of Portuguese mid vowels by Chinese Mandarin native speakers: some data on perception
    Publication . Castelo, Adelina; Zhou, Chao; Amorim, Clara
    Prior research reveals that, when acquiring European Portuguese (EP), L1-Mandarin learners with beginning ([1]) and more advanced proficiency levels ([2]) neutralise the distinction between /e/ and /ɛ/ to the low vowel in their L2-Portuguese production. Given that major L2 speech learning models ([3], [4], [5]) assume a tight link between L2 speech perception and production, we speculate that the observed production difficulty can be ascribed to misperception: the two target vowels are perceptually assimilated to an L1 category. In this work, we explicitly tested this perception-based account by assessing how L1-Mandarin learners perceptually categorise EP /e/ and /ɛ/. 70 L1-Mandarin learners, whose Portuguese proficiency level was measured by LextPT ([6]), performed a forced-choice identification task. The test stimuli are 36 disyllabic paroxytone pseudowords with target vowels always in stressed position (12 CVCV items × 3 talkers). The perceptual results show that L1-Mandarin learners fail to discriminate between the two EP vowels, as shown in Figure 1. In stark contrast to previous production studies ([1], [2]), where the vowel distinction is somehow preserved (otherwise the confusability would have been bidirectional as well), the current results suggest that the two speech modalities may not develop in tandem in L2 speech learning. Moreover, a mixed-effects logistic regression does not find an effect of L2 proficiency on learners’ perceptual performance. No evidence thus indicates that the observed perceptual difficulty will be mitigated with an increase in L2-Portuguese proficiency.
  • A aquisição das consoantes líquidas do português europeu em coda por aprendentes chineses
    Publication . Zhou, Chao; Freitas, Maria João; Castelo, Adelina
    Vários estudos sobre aquisição da língua segunda revelam a dificuldade de falantes não nativos na aquisição das consoantes líquidas (e.g. Bradlow 2008, Bradlow et al. 1999, Derrick 2005). Embora haja referências às produções não conformes aos alvos dos aprendentes chineses relativamente às líquidas do Português Europeu (PE), feitas com base na experiência docente (Wang 1991) e em dados de escrita (Nunes 2014), tanto quanto sabemos, investigação sustentada em dados de produção oral não foi ainda desenvolvida para o PE. O PE apresenta quatro consoantes líquidas (as laterais /l/ e / ʎ /, as vibrantes /ɾ/ e /R/) (Mateus et al. 2005). Em coda apenas ocorrem /l/, realizada como [ɫ], e /ɾ/, realizada como [ɾ]. No Chinês Mandarim (CM), existem duas consoantes líquidas, /l/ e /r/ (Duanmu 2005, Lin 2007), apenas /r/ ocorrendo em posição de coda e sendo foneticamente realizada como [ɹ]. O presente trabalho examina a produção das consoantes líquidas do PE em coda por parte de catorze falantes chineses, com idades compreendidas entre os 19 e os 21 anos, tendo dois anos de aprendizagem de português como língua estrangeira (PLE) na China e três meses de imersão em Lisboa. Todos os informantes participavam, no momento da recolha, em aulas de PLE do nível B1(Instituto da Cultura e Língua Portuguesa, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) e têm o mandarim como única língua materna. Foi efectuada uma recolha de dados através da aplicação de um teste de nomeação, com palavras-alvo dissilábicas ou trissilábicas, com consoantes líquidas em sílaba tónica e nas várias posições de sílaba e de palavra possíveis no PE. As produções dos informantes foram gravadas e a sua transcrição fonética foi concretizada por colaboradores experientes na tarefa. Os resultados mostram que os falantes chineses têm dificuldade em produzir as consoantes líquidas em coda, apresentando uma menor taxa de sucesso em /l/ (16.7%) do que em /ɾ/ (73.8%). Estes dados serão discutidos à luz (i) da relação entre nível segmental e níveis prosódicos (Nespor & Vogel 1986) e (ii) do ‘Speeching Learning Model’ (Flege 1995), segundo o qual os sons com maior contraste fonológico entre a L1 e a L2/LE são os mais fáceis de adquirir. Serão ainda analisadas as estratégias de reconstrução utilizadas pelos informantes, estratégias essas que apontam para a construção de representações fonológicas distintas entre os dois segmentos já no nível B1. Tais dados fornecem indicações para delinear o perfil fonético-fonológico do aprendente chinês de PLE e pistas para a planificação didáctica no domínio do ensino da estrutura sonora do PE como L2/LE.