Educação Multicultural
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- O desenvolvimento da relação escola/turma/família como factor de sucesso escolar : estudos de caso em contexto multiculturalPublication . Almeida, Maria Ester de Almeida Proença Simão; Ferreira, Manuela MalheiroO sistema educativo deverá proporcionar uma melhor educação para todos os portugueses, assegurando condições de igualdade de oportunidades e direitos a todas as crianças e jovens em idade escolar, independentemente do seu sexo, origem ou nível socioeconómico. É necessário implementar políticas educativas que resolvam o problema do insucesso e do abandono escolar, sobretudo no primeiro ciclo do ensino básico, nomeadamente adequar o ensino às necessidades dos alunos, às especificidades dos contextos locais e regionais; criar um sistema de avaliação mais justo e mais preocupado em promover a realização das pessoas do que em praticar a exclusão. É preciso olhar a educação como investimento na pessoa humana, como o mais precioso dos tesouros de um povo; arranjar outro modo de administrar o sistema educativo e as escolas e aumentar as qualificações profissionais dos docentes para que se possa melhorar a qualidade do ensino e as aprendizagens. Alguns dos problemas mais prementes que, ultimamente, têm marcado a relação pedagógica e social no grupo/turma estão, sem dúvida, relacionados com a manutenção de estruturas e modos de organização desajustados aos princípios que levam à generalização da escolarização e à promoção de uma escola para todos. As dificuldades que os docentes sentem em envolver os pais na escola, em gerir a heterogeneidade dos seus alunos para, respeitando as suas diferenças, praticarem um ensino individualizado e uma pedagogia diferenciada, constitui igualmente um problema, pois os professores não foram formados para trabalhar desta forma e a mudança é um processo lento, difícil e, por vezes, doloroso, embora necessário. Sendo a Escola e a Família os principais espaços do mundo do aluno, a Educação é tarefa das duas instituições. Pais e professores têm muito em comum, já que ambos têm o objectivo de ajudar as crianças, o que implica que haja um permanente diálogo e uma congregação directa de esforços entre eles. Compete à Escola abrir as portas à família e à comunidade e arranjar estratégias de intervenção que ajudem nesta comunicação e partilha. Não restam dúvidas que o sucesso escolar está directamente relacionado com a participação activa dos pais na educação. Daí pensarmos que a cooperação entre estas instituições deva ser cada vez mais estreita, para que pais/encarregados de educação, professores e comunidade envolvente possam assegurar às crianças uma ajuda coerente e convergente para o seu sucesso como alunos e como cidadãos intervenientes na sociedade. Através de dois estudos de caso em contexto multicultural desejamos chamar a atenção para a necessidade de uma Educação Intercultural na Escola Moderna e para o Desenvolvimento da Relação Escola/Turma/Família como Factor de Sucesso Escolar. Pretendemos também contribuir para melhorar a organização de turmas nas escolas de modo a facilitar a integração das crianças e a que obtenham melhores resultados de aprendizagem. Os principais objectivos do presente estudo foram investigar a influência que a homogeneidade ou heterogeneidade de turmas, sob os pontos de vista étnico, cultural, sócio-económico e de aprendizagem tem no aproveitamento escolar dos alunos, principalmente os pertencentes a minorias étnicas e o desenvolvimento da relação Escola/Turma/Família como factor de sucesso escolar. A investigação foi realizada em duas fases e em duas escolas do Primeiro Ciclo e dois Jardins-de-Infância anexos às mesmas com localização na área periférica da cidade de Lisboa. Uma escola apresentava 60% da população escolar de origem africana e a outra escola cerca de 90% de alunos dessa mesma origem, principalmente cabo-verdiana. A primeira fase do estudo decorreu durante os anos lectivos de 2002 / 2003 / 2004 e incidiu sobre duas turmas de quarto ano de escolaridade, uma das quais era heterogénea sobre os pontos de vista socioeconórnico e cultural, pois era constituída por dezassete alunos, sendo nove lusos, quatro cabo-verdianos, dois angolanos, um são-tomense e um guineense. A outra turma era mais homogénea a todos os níveis, pois era constituída por dezasseis alunos sendo treze de origem cabo-verdiana e três são-tomenses. Para atingir os objectivos desta investigação fizemos observações naturalistas a nível das escolas e das turmas e entrevistas a docentes, a pais/encarregados de educação e a alunos. A segunda etapa da investigação decorreu nas mesmas escolas estudadas anteriormente, e ao longo dos anos lectivos e 2004/2005/2006. Administrámos questionários de perguntas semi-fechadas a professores e encarregados de educação dos alunos das duas instituições escolares, que cognominámos de Barlavento e de Sotavento e observámos actividades nos Jardins-de-Infância anexos às escolas referidas. A formação de turmas está ligada às finalidades da própria Educação, pelo que a elaboração do estudo implicou o aprofundamento do tema da Educação em geral, e da Educação Intercultural em particular. Esta tem de ser encarada como uma abordagem alternativa à Educação Monocultural, de maneira a que o professor possa implementar uma pedagogia diferenciada, adaptada às características de cada aluno. Através da análise da problemática da constituição dos grupos/turmas, podemos verificar que se têm vindo a esbater ao longo do tempo alguns aspectos da homogeneidade, assistindo-se a uma maior abertura dos professores face à heterogeneidade. Dado que as Escolas servem determinada área de residência, verificámos que existe diferenciação quanto ao tipo de população escolar. Uma melhor distribuição dos alunos pelas Escolas da mesma Área Pedagógica contribui para um melhor equilíbrio e diminui os desfasamentos existentes entre as Escolas e, consequentemente, entre a composição dos grupos/turmas. Na própria definição de Área Pedagógica deviam ser levadas em consideração as características da população. Os aspectos culturais, étnicos e económicos, por serem factores de diferenciação social associados ao êxito dos alunos, devem ser contemplados como critérios na organização das turmas. A heterogeneidade das turmas, contribui para o sucesso dos alunos, em geral, e, em particular, para os de minorias étnicas. No entanto, as principais dificuldades com que se deparam os professores no desenvolvimento do processo de ensino/aprendizagem, ligam-se ao facto de no mesmo espaço de aula existirem alunos com necessidades educativas diferenciadas. A falta de formação inicial e contínua de docentes, na área da Educação lntercultural, constitui um problema pois toda e qualquer medida sobre a constituição dos grupos/turmas só ganha repercussão se for acompanhada pela formação de docentes, pois estes sentem dificuldades em leccionar turmas heterogéneas. A articulação entre Família/Escola/Turma/Comunidade contribui para promover um percurso educativo equilibrado, promotor de autonomia, respeitador das diferenças de cada um, de modo a fomentar atitudes de cooperação e solidariedade social. o envolvimento da família na escola é positivo para o ensino/ aprendizagem das crianças independentemente da classe ou do "background"cultural dos pais e contribui em muito para o sucesso dos alunos. Esse envolvimento, deve ocorrer numa relação de estreita cooperação, através do diálogo e da coadjuvação de esforços entre estas duas instituições. O aluno é o espelho da interacção no seio da família e entre a família, a Escola e o meio que o envolve, daí a importância de todos se unirem num esforço comum que ajude a formar cidadãos felizes, responsáveis e com sucesso.
- Família e educação da criança nos Kibbutzim israelitas : contributos para o estudo da educação intercultural em meio multicultural e diaspórico judaicoPublication . Couto, Américo de Oliveira; Ramos, NatáliaO KIBBUTZ é um modelo societal, tipicamente israelita, que transformou a sua essência original utópica numa realidade social de vida comunitário-colectiva plenamente integrada na sociedade israelita global. Representando apenas cerca de 2,2% da população israelita, este micro-cosmos sócio-cultural, económico e educacional, depois de depurado das suas ortodoxias e fundamentalismos politico-ideológicos e religiosos, (anos 70-90), apresenta-se, nos dias de hoje, aos judeus, não só israelitas, mas também diaspóricos, como uma forte alternativa á vida urbana. O processo de descolectivização do Kibbutz, advindo da transformação da sua economia, tipicamente agrária, numa economia industrial de gestão capitalista dos meios de produção e da instauração do sistema meritocrático no seu seio, tornou o princípio de igualdade, “a cada um segundo as suas necessidades, a cada um segundo as suas capacidades”, passível de várias interpretações que deram ao Kibbutz contemporâneo uma nova imagem e um novo sentido ontológico à sua existência. Neste Kibbutz restaurado e modernizado, a família tradicional, também ela recuperada dos escombros de um “non-familistic Kibbutz system”, sionista-socialista que perdurou durante décadas, (anos 20-90 – Federação Kibbutzim HaArtzi), reocupou o seu lugar-centro na vida colectiva que já lhe havia sido outorgado aquando da fundação do primeiro Kibbutz - Degania. Esta reermegência da família Kibbutznik e a recuperação do status da mulher-mãe heverat (membro feminino do Kibbutz), estilhaçou toda a lógica comunialista da Chinush Meshutaf (Educação Colectiva), e da Beit Yeladim Linah Meshutefet (Casa da Criança – pernoitação colectiva), transformando-a numa Beit Yeladim Linah Mispachti (Casa da Criança – pernoitação na Casa de Família) aberta ao exterior e adaptada às mais modernas exigências didáctico-pedagógicas da modernidade educativa israelita. O Estudo cujo design metodológico é marcadamente qualititivo, humanístico-naturalista e descritivo, sustenta-se no paradigma da análise, interpretação e significação indutivo-exploratória de múltiplas e diversificadas fontes. Nele, todos os vectores da pesquisa e da problematização da temática-problemática estudados em três diferentes protótipos de federações Kibbutzim, (TAKAM, HaArtzi ; HaDati ), convergem para inter-implicação dos seus dois principais constructos, a família e a educação (intercultural) da criança em meio predominantemente multicultural. Embora sempre redutíveis à dimensão da amostra, as mais contundentes conclusões do Estudo reiteram que o Kibbutz hodierno é uma comunidade-escola inclusiva de todas as diferenças e uma ilha de tolerância onde se faz a experiência pedagógica da alteridade. O Kibbutz hodierno não subsistiria, tal como subsistiu durante décadas, sem a implicação directa da mulher-mãe na educação intercultural da criança, já não orientada para a formação exclusiva do homo Kibbutznikus, mas para a educação da criança nos valores da cidadania universal.
- Intimidade em adolescentes de diferentes grupos étnicosPublication . Pinto, Maria da Conceição Paninho; Neto, FélixEsta tese procurou analisar a Intimidade na Amizade e no Amor em adolescentes de diferentes grupos étnicos a residir em Portugal e a frequentar o ensino secundário, considerando a importância sociocultural das relações interpessoais. A Intimidade na Amizade como uma condição para preservar o bem-estar (Prager, 1995) e um postulado necessário para alcançar a felicidade (Argyle, 2001; Lees, 1993) foi analisado com as Atitudes em relação ao Amor tendo em conta a influência das relações íntimas e a importância decisiva do amor para a sociedade (Neto, 1998). Foram realizados dois estudos. O primeiro apresenta a adaptação à população portuguesa da Escala da Intimidade nas Relações de Amizade entre amigos do mesmo sexo (Intimate Friendship Scale – IFS, Sharabany, 1994). O estudo foi aplicado a 341 estudantes do ensino secundário sendo analisadas as características psicométricas da escala que comprovam a sua unidimensionalidade. Verificou-se que o género influencia a intimidade nas relações de amizade, tendo as raparigas scores mais elevados. No que se refere à religião, pode dizer-se que os adolescentes que tinham religião tinham scores mais elevados. Para além da escala da intimidade, utilizaram-se outros instrumentos – a escala da solidão (UCLA) e a escala da satisfação com a vida (SWLS). Conforme os resultados obtidos a intimidade nas relações de amizade correlaciona-se positivamente com a satisfação com a vida e negativamente com a solidão. O segundo estudo pretende fornecer elementos que permitam a reflexão sobre a influência da diversidade étnica na amizade com o amigo do mesmo sexo e as atitudes face ao amor com o namorado(a) em adolescentes entre os 16 e os 19 anos. A amostra é constituída por 1359 adolescentes sendo 589 rapazes e 770 raparigas, pertencentes a 7 grupos étnicos. Os resultados encontrados no estudo final em relação à amizade são semelhantes aos encontrados no estudo preliminar. As raparigas, os adolescentes crentes e praticantes e os que estão apaixonados apresentam scores mais elevados de intimidade nas relações de amizade. As relações de amizade são influenciadas positivamente pela satisfação com a vida e com a felicidade e negativamente com a solidão. Foram encontradas diferenças significativas nos diferentes estilos de amor em relação ao género – os rapazes são mais lúdicos, mais pragmáticos e mais altruístas; em relação à prática religiosa, os adolescentes crentes e praticantes revelaram ser mais Ludus e menos pragmáticos, os não praticantes (crentes e não crentes) são mais pragmáticos e os que não são crentes nem praticantes são mais eróticos e mais stórgicos. No que se refere aos grupos étnicos estudados os estudantes cabo-verdianos e os guineenses são os mais eróticos e os moçambicanos e os portugueses os menos; os moçambicanos e os guineenses são os mais pragmáticos e os são-tomenses e os indianos os menos e os guineenses são os mais altruístas. Ter um(a) melhor amigo(a), ter namorado(a) e estar apaixonado também influenciou os estilos de amor. No que se refere às outras medidas psicológicas utilizadas no estudo, pode dizer-se que os jovens mais satisfeitos com a vida são mais eróticos e mais pragmáticos e menos maníacos, os mais felizes são mais eróticos, mais lúdicos, mais stórgicos e mais pragmáticos e menos maníacos. Os adolescentes que têm scores mais elevados de amizade com amigos do mesmo sexo são mais eróticos e maníacos, correlacionando-se negativamente com os estilos Ludus e Pragma. Na escala da solidão encontraram-se relações positivas e significativas com os estilos Ludus, Pragma e Ágape e negativas com o Mania. Os resultados obtidos são discutidos em função dos quadros teóricos que fundamentaram a investigação efectuada.
- Religiosidade em alunos e professores portuguesesPublication . Ferreira, Ana Maria Mendes dos Santos Veríssimo; Neto, FélixEsta tese pretende analisar a religiosidade em alunos e professores, sendo a religiosidade entendida como o grau de ligação ou aceitação que cada indivíduo tem face à instituição religiosa (Alston, 1875) e à forma como põe em prática as crenças e os rituais (Shafranske e Malony, 1990). Para medir a religiosidade foram utilizados diversos instrumentos – a escala de Atitudes face ao Cristianismo, a escala de Orientação Religiosa, a escala de Internalização Religiosa Cristã, a escala do Bem-estar Espiritual e a escala Comportamental da Religiosidade, que foram validados para a população portuguesa. O trabalho foi organizado em duas partes – o enquadramento teórico e estudos empíricos. No enquadramento teórico foram focados diversos aspectos da religiosidade, a influência das variáveis socio-psicológicas e a religiosidade, o envolvimento social e o bem-estar. No que se refere à segunda parte, foram realizados três estudos – o estudo piloto (com 323 alunos do ensino superior) que teve como principal objectivo validar em Portugal os instrumentos a utilizar nos estudos finais, um estudo sobre a religiosidade com 602 alunos e um sobre a religiosidade numa amostra de 743 professores. Nos estudos finais foram analisadas as influências de diversas variáveis nas medidas de religiosidade em estudo, podendo dizer-se que o género, a idade, a prática religiosa e a frequência da igreja influenciam a religiosidade, as alunas e as professoras mais velhas e crentes praticantes, que frequentam a igreja com mais assiduidade têm níveis mais altos nas atitudes face ao cristianismo, na orientação intrínseca, na identificação, no bem-estar religioso e nos comportamentos religiosos do que os alunos e professores. No estudo realizado com alunos verificou-se que as raparigas com atitudes mais favoráveis ao cristianismo sentem-se menos sós; os intrínsecos são mais satisfeitos com a vida e têm mais ansiedade face à morte; os extrínsecos são menos felizes, mais sós e mais ansiosos face à morte; os alunos com maior nível de identificação têm maior ansiedade face à morte; os introjectivos são menos satisfeitos com a vida e menos felizes, sendo mais sós e mais ansiosos face à morte; os alunos com maior bem-estar religioso e bem-estar existencial são mais satisfeitos com a vida e mais felizes e sentem menos solidão; os que têm mais bem-estar existencial também têm menos ansiedade face à morte; as raparigas com maiores médias nos comportamentos religiosos são mais felizes. No estudo com professores – os que manifestaram atitudes mais favoráveis face ao cristianismo, os mais intrínsecos, com maiores níveis de identificação, bem-estar e comportamentos religiosos são mais satisfeitos com a vida e mais felizes; os extrínsecos e os introjectivos são os mais sós; as atitudes face ao cristianismo e o bem-estar existencial têm correlações negativas com a solidão; os professores com atitudes mais favoráveis face ao cristianismo, orientados intrínseca ou extrinsecamente face à religião e com maiores níveis de identificação e introjecção demonstraram ser mais ansiosos face à morte. Verificou-se que existem correlações positivas entre as atitudes face ao cristianismo, a orientação intrínseca, a identificação, o bem-estar religioso e os comportamentos religiosos.
- Jovens da Europa e do Magrebe entre alfândegas e pontos do Mediterrâneo [Em linha] : uma abordagem comparativa e interculturalPublication . Cunha, Albino; Ferreira, Manuela Malheiro; Piepoli, Sónia Infante Girão FriasO principal inimigo nas relações entre países, povos e culturas é a ignorância e o desconhecimento, geradores de incompreensões e mal-entendidos, preconceitos e discriminações, especialmente, num mundo globalizado marcado pela aceleração da informação e da comunicação. Neste sentido, a educação, através da escola, ao promover a dimensão do conhecimento intercultural, constitui uma das melhores formas de reconciliar pontos de vista diferentes e permitir que prevaleçam os valores de compreensão e de aceitação do «outro» e de comunicação com «o outro.» O presente estudo pretende explorar, identificar e analisar os conhecimentos culturais, as perceções, os valores e os imaginários de jovens alunos de escolas secundárias públicas da Europa do Sul e do Magrebe, mais precisamente, de Lisboa, Madrid, Paris e Rabat, (Argel), Tunes, no contexto de um espaço civilizacional comum que é o Mediterrâneo. Procurámos valorizar o papel que poderá ter a educação intercultural, num espaço de forte mobilidade transfronteiriça, para o desenvolvimento de boas práticas relacionais e para a aquisição de competências interculturais. Procurámos, ainda, identificar o contributo dos jovens na construção do projeto mediterrânico considerando o contexto e a proximidade geográficos, o legado cultural e histórico, o desenvolvimento económico e a dinâmica da mobilidade humana, em particular, pelo contexto geocultural do estudo, entre o Magrebe e a Europa. Para alcançar estes objetivos, adotámos uma metodologia consubstanciada numa perspetiva comparativa e intercultural. Desenvolvemos duas componentes analíticas. Uma primeira, de natureza mais teórica, consubstanciou-se no desenvolvimento do paradigma da pluralidade mediterrânica na análise e estudo das práticas e contextos de atuação culturais. Uma segunda, de natureza mais empírica, consubstanciado na aplicação de um inquérito por questionário, procurou explorar e analisar a valorização do conhecimento intercultural no meio escolar (ensino secundário) como mecanismo operacional para diluir a estigmatização cultural e para promover uma melhor mobilidade humana, individual e coletiva. Dos procedimentos de recolha da informação através da aplicação de um inquérito por questionário e da sua respetiva análise quantitativa e qualitativa, resultou a verificação de um conhecimento intercultural pouco consistente entre os jovens europeus e magrebinos, embora os jovens magrebinos mostrem mais interesse em conhecer os seus pares europeus; a importância do conhecimento intercultural entendido simultaneamente como conhecimento de si e do outro para um melhor entendimento entre culturas; e, por último, um desconhecimento significativo do Mediterrâneo como referência cultural comum embora aqueles jovens mostrem a relevância de se aprender mais e melhor acerca do Mediterrâneo.
- Crianças sobredotadas : dinâmicas familiares, escolares e socioculturaisPublication . Santos, Ana Karina Costa; Ramos, NatáliaEste trabalho de investigação objectivou conhecer e compreender os processos de desenvolvimento de algumas dinâmicas familiares, escolares e socioculturais de crianças sobredotadas residentes em Portugal (distritos de Setúbal e Lisboa) e que frequentam escolas (do ensino público ou particular) do 1.º Ciclo do Ensino Básico. Neste sentido, considerou-se importante explorar como se estabelecem as relações das crianças sobredotadas com as suas famílias, assim como com os professores e colegas nas escolas e com o meio envolvente em geral. Procurou-se também saber quais são as características positivas das crianças sobredotadas e quais as implicações destas características nas dinâmicas familiares e socioeducativas. Considerou-se ainda pertinente compreender de que forma as famílias e as escolas gerem as problemáticas inerentes às crianças sobredotadas e qual o nível de aceitação destas crianças nas famílias, por parte dos colegas e professores nas escolas, e no meio sociocultural em que vivem. Se as famílias e as escolas conhecerem e compreenderem as características e necessidades das crianças sobredotadas, se trabalharem colaborativamente e conseguirem construir uma plataforma comunicativa efectiva e funcional, poderemos dizer que estarão erguidos dois pilares fundamentais que irão certamente contribuir para a adequação e para o planeamento de intervenções que permitam potenciar e maximizar as capacidades e a criatividade destas crianças e assegurar que estas se sintam compreendidas, aceites e efectivamente felizes.
- Música, educação artística e interculturalidade : a alma da arte na descoberta do outroPublication . Sousa, Maria do Rosário Pinto da Mota Ribeiro de; Martins, AmílcarA tese de doutoramento que se apresenta tem como foco principal uma investigação-acção cuja problemática se situa na procura de percursos pedagógico-didácticos que contribuam para a abertura e transformação intercultural das escolas, permitindo uma melhor inclusão social. Escolhemos a trilogia música, educação artística e interculturalidade para responder à problemática central desta pesquisa. Nesta perspectiva concebemos, implementámos e avaliámos um Programa Musical Intercultural em três escolas portuguesas do Ensino Básico, respectivamente em três turmas dos 4º, 6º e 9º anos de escolaridade. As principais linhas de força que nortearam este Programa estão vinculadas a quatro vertentes, as quais constituem o quadro teórico-conceptual desta pesquisa: a educação artística como uma prioridade na educação; a educação intercultural como resposta à diversidade cultural crescente do mundo moderno; o papel da música como instrumento e metodologia potenciadora da comunicação intercultural; os programas de artes como impulso globalizador do desenvolvimento humano e do património cultural dos povos. O trabalho empírico assenta numa metodologia de análise qualitativa tendo como estrutura organizativa o modelo de Relação Pedagógica (RP) de Renald Legendre (1993, 2005), conjugado com a influência marcante da antropologia visual. Esta metodologia permitiu-nos apreender e reconstruir as narrativas vivenciais das viagens artísticas e culturais efectuadas ao longo das 36 sessões — sendo 12 realizadas em contexto de sala de aula para cada uma das turmas —, as quais culminaram na Festa da Música Intercultural no Auditório Municipal de Gondomar, com a participação de todos os alunos, professores,doutoranda e orientador, aberta a toda a comunidade educativa. As narrativas reconstruídas e analisadas, a partir de jornais de bordo, de grelhas de observação, de imagens videográficas, fotográficas e sonográficas, descrevem e explicam as diferentes dimensões de que se revestiu o Programa. Os resultados obtidos são indicadores do grau elevado de relevância e de participação atingidas, bem como do impacto transformador desta investigação-acção, enquanto via facilitadora da comunicação e da educação interculturais no seio das comunidades educativas. A Mandala da Educação Musical Intercultural e o Hino da Música Intercultural traduzem a síntese interpretativa do Programa e transmitem o timbre dos valores humanos e pedagógicos que quisemos transmitir.
- Escola e imigração na cidade : implicações da parentalidade em adolescentes de diferentes grupos étnicosPublication . Gonçalves, Luís Miguel Chaves Reis; Neto, Félix; Aires, LuísaAs questões da presente investigação colocam a família como estrutura educativa no centro de uma sociedade multicultural. Antes de mais, procura-se saber o que melhor explica o sucesso escolar em alunos de diferentes grupos étnicos, adolescentes portugueses e dos Palops. Mil quatrocentos e nove adolescentes, do 3º ciclo, de escolas do ensino básico da região da Grande Lisboa responderam a vários questionários no âmbito da parentalidade, isto é, sobre os estilos parentais, envolvimento parental com a escola, e das atitudes em relação à escola. As repostas relativas ao instrumento dos estilos parentais de Steinberg permitiram a identificação de quatro tipos de famílias: autoritativas, autoritárias, indulgentes e negligentes. Os resultados revelaram que os adolescentes, portugueses ou dos Palops, que crescem no seio de famílias autoritativas, apresentam menos problemas disciplinares na escola; apresentam um melhor relacionamento com os pais; os pais atribuem importância à escola dos seus filhos e envolvem-se com eles em questões escolares; e ajudam à elaboração de atitudes em relação à escola mais positivas. Por oposição, estão as famílias negligentes, portuguesas ou com origem nos Palops, as mais desfavoráveis para os adolescentes. São os alunos com maior número de problemas disciplinares; a relação com os pais é sentida como insuficiente; sentem que a escola e o trabalho escolar que desenvolvem não tem importância para os pais; têm a percepção que os pais não se envolvem com a escola ou com eles em casa nas actividades escolares; e constroem atitudes em relação à escola muito penalizadoras. No entanto o que melhor explica o sucesso escolar dos alunos, portugueses ou dos Palops, são as variáveis sócio-demográficas – ser mais novo, viver com os pais biológicos e em contextos familiares de maior formação escolar. Outras variáveis constituíram-se como preditoras, e ajudaram a explicar a variável dependente. A percepção académica, componente das atitudes em relação à escola, dos adolescentes teve um impacto significativo. Os grupos étnicos e culturais distinguiram-se em três variáveis preditoras do sucesso escolar. Viver com famílias autoritárias é positivo para o desempenho escolar dos adolescentes portugueses. Viver com famílias autoritativas, que se envolvem pessoalmente com a escola revelou ter efeitos positivos para os alunos com sucesso escola dos Palops. O conjunto de resultados ajudam a entender melhor alguns dos processos através dos quais a parentalidade pode influenciar o desempenho escolar dos adolescentes portugueses e dos Palops.
- Mães e crianças em contexto prisional : dos trilhos da exclusão e reclusão aos processos de desenvolvimento e educaçãoPublication . Afonso, Olga Maria Guerreiro da Palma; Ramos, NatáliaO presente estudo, efetuado no Estabelecimento Prisional de Tires, pretendeu investigar a Casa das Mães – local onde se encontram as mães reclusas, grávidas e com os seus filhos até aos 3 anos de idade e também a Creche, contexto educativo onde as crianças são acompanhadas por educadoras de infância. Este estudo emergiu pelo fato de se constatar o aumento de mulheres nas instituições prisionais, provenientes de várias regiões do mundo, sobretudo ligadas ao correio e consumo de drogas, algumas grávidas e do número de crianças que nascem e acompanham as suas progenitoras até aos 3 anos de idade. Assim, reconhecendo a importância dos primeiros anos de infância no desenvolvimento da criança, este estudo pretendeu perceber como se processava esse desenvolvimento e a sua educação, tendo em consideração os contextos e as influências no Estabelecimento Prisional de Tires. Neste estudo exploratório e nos primeiros quatro capítulos, foram abordados vários assuntos relacionados com a primeira infância e a ligação à figura materna. Por estar inserido na Área da Educação Multicultural, foi dedicado um capítulo à Sociedade e Culturas. Sendo este estudo, o meio prisional, o último capítulo foi dedicado ao sistema prisional, no qual se analisaram as prisões femininas no nosso país e na Europa, focalizando sobretudo a situação das reclusas grávidas ou com filhos em idade precoce. Os contextos analisados foram a Casa das Mães e a Creche. Tendo em consideração os vários condicionalismos inerentes a um estabelecimento prisional, a amostra deste estudo foi constituída por 15 díades, agrupadas da seguinte forma – reclusas grávidas 4 díades; mães e respetivos filhos até 6 meses – 3 díades; mães e respetivos filhos com mais de 6 meses e que já frequentavam a creche – 8 díades. Tendo por base o paradigma qualitativo, foram utilizadas a observação participante, as entrevistas e histórias de vida. Pelo estudo efetuado nestes contextos, em que se verificaram condições de habitabilidade e de apoio a mães – reclusas e seus filhos, são, de facto, modelos a criar noutros EPs do país, de forma a melhorar o atendimento a esta população. Este estudo levanta questões que interpelam a sociedade que somos todos nós, implicação que deverá começar no nosso bairro, na nossa cidade, no nosso país e numa área muito precoce e muito sensível que é a Educação de Infância. Para que haja sociedades mais justas e mais saudáveis, são necessárias medidas preventivas e interventoras na saúde materno-infantil, na educação parental e sobretudo na proteção familiar e social.