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Nas sociedades atuais, fará ainda sentido falar de identidades nacionais e da sua relação com o currículo? Esta foi uma dúvida que se nos colocou quando iniciámos as reflexões que haveriam de tomar forma na presente comunicação.
A inquietação surgiu com a crise que assola atualmente a Europa. Esta é uma crise, não apenas económica, na medida em que na sua esteira, profundas clivagens têm vindo a evidenciar-se no seio daquilo que antes se apresentava como uno – a União Europeia – acentuando as diferenças – culturais, econó¬micas, religiosas e políticas, pelo menos – que sempre existiram no interior da Europa, mas que, até ao momento, permaneciam ocultas sob a «vontade de viver em conjunto» que presidiu ao estabelecimento e alargamento da esfera de ação da união (KASTORYANO, 2004).
Esta crise levou-nos a revisitar os conceitos problemáticos de identidade e diferença (SILVA, 2000, 2002; MOREIRA, 2002), bem como as condições que levam à produção e fixação, sempre problemática e provisória, em campos contestados e trespassados por múltiplas fronteiras e poderes, das identidades nacionais (GIL, 2009; Kastoryano, 2004), e, neste caso, supranacionais (LA¬PEYRONNIE, 2004), tendo em conta que, a globalização contribui para a reconfiguração de identidades pessoais, pro-fissionais, nacionais e supranacionais, impondo a outra uma escala de novas regras e novos procedimentos para a resolução dos problemas colocados no âmbito da sociedade do conhecimento (HARGREAVES, 2004), intersectada pelo neoliberalismo, pelas novas tecnologias de comunicação e pelo mundo da informação, no contexto do capitalismo informacional (PACHECO; PE¬REIRA, 2006, p. 14).
Neste campo, a educação e em particular o currículo têm sido historica¬mente chamados a desempenhar um papel essencial de produtor de «identida¬des» nacionais (FERRY, 2004), que no caso da União Europeia e de Portugal se tem revestido de algumas particularidades. Temos vindo a defender (SEABRA, PACHECO & MORGADO, 2012) que o currículo nacional tem estado sujeito a um duplo mandato – por um lado pelos efeitos plurais da globaliza¬ção mundial (SOUSA-SANTOS, 2004), e por outro pela tradução desses efei¬tos pela via da europeização – mandato esse que tem sido sujeito a complexas formas de localização, hibridização e até cosmopolitismo (SOUSA-SANTOS, 2004; PINAR, 2009; TEODORO & ESTRELA, 2010), determinando os efeitos complexos ao nível do currículo de pressões globais, europeias, nacionais e locais em inter-relação.
Assumindo estas pressões ao nível comunitário, mais do que imposições lineares, um duplo papel de legitimação e de mandato (TEODORO, 2010) entendemos que permanece um espaço de liberdade e determinação curricular, quer no espaço nacional, quer no espaço local, que permitem questionar «o que fizemos com o que fizeram de nós». Neste quadro complexo de pressões, questionamo-nos sobre as identidades europeias que se têm procurado ativa¬mente promover (ou as condições de subjetivação que se têm produzido com vista ao seu desenvolvimento), e, olhando para os esboços mais recentes do que será a política educativa e curricular em Portugal, procuramos vislumbrar possíveis rumos para essas identidades, intercetadas pela evolução do currículo em Portugal.
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Currículo Identidade Europeização
