Mestrado em Estudos Portugueses Multidisciplinares | Master's Degree in Multidisciplinary Portuguese Studies - TMEPM
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Browsing Mestrado em Estudos Portugueses Multidisciplinares | Master's Degree in Multidisciplinary Portuguese Studies - TMEPM by Field of Science and Technology (FOS) "Humanidades::Línguas e Literaturas"
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- Diálogos de além-mar : contributo para um estudo das figuras da ficção nos romances Vidas secas e Uma abelha na chuvaPublication . Gonçalves, Rejane Queiroz; Padeira, Ana Rita SoveralA presente dissertação consiste num estudo teórico-analítico sobre a personagem, enquanto importante categoria narrativa, nos romances Vidas secas, de Graciliano Ramos, e Uma abelha na chuva, de Carlos de Oliveira. O tema escolhido inscreve-se no diálogo mantido entre as literaturas brasileira e portuguesa nas décadas de 30-40 do século passado. Esta perspetiva comparada é sobejamente enriquecedora para o universo literário dos países de língua portuguesa, estabelecendo pontes que avivam os laços entre povos que partilham uma vivência e uma história em comum. Este estreitamento de laços entre ambas as literaturas ocorreu graças à publicação recorrente, na época, de autores brasileiros em Portugal. O romance social brasileiro de 30 revelou grandes nomes da literatura brasileira como Rachel de Queiroz, Jorge Amado, José Lins do Rego, Érico Veríssimo e o maior romancista desse período: Graciliano Ramos. Este seleto grupo tinha na problemática da terra uma temática privilegiada e um forte e engajado compromisso com as questões sociais. A visão comprometida da literatura, em sintonia com a estética do marxismo e do materialismo histórico e dialético, chegou às terras lusitanas através das páginas das revistas ligadas às manifestações teóricas e doutrinárias do neorrealismo português. No primeiro capítulo, esboçamos um breve mas imprescindível apontamento sobre o romance social brasileiro de 30, os seus principais autores – especialmente aqueles que influenciaram os escritores portugueses na década posterior, destacando-se Graciliano Ramos e os romances Caetés, São Bernardo e Angústia. O segundo capítulo é dedicado a uma sucinta abordagem contextualizadora do neorrealismo português, ressaltando o diálogo estabelecido com os escritores de além-mar. Destacam-se a figura de Carlos de Oliveira, o maior dos escritores neorrealistas, e os seus romances Casa na duna, Alcateia, Pequenos burgueses e Finisterra – paisagem e povoamento.O terceiro capítulo é a coluna vertebral do presente trabalho, pois apresenta uma leitura pessoal dos romances que constituem o seu corpus principal, Vidas secas e Uma abelha na chuva, bem como uma minuciosa análise das suas personagens. O quarto e último capítulo ocupa-se das adaptações cinematográficas dos romances supracitados, cujas longas-metragens são, ainda hoje, consideradas marcos importantes tanto do cinema brasileiro e como do seu homólogo português. Os filmes Vidas secas de ii Nelson Pereira dos Santos e “A Abelha” de Fernando Lopes traduzem-se em releituras valiosas e pessoais feitas por esses dois grandes expoentes do cinema novo de língua portuguesa de ambos os lados do Atlântico: Brasil e Portugal. A metodologia escolhida centra-se na perspetiva comparada e no confronto dos textos narrativos, identificando semelhanças e diferenças, tanto na forma, como no conteúdo, sendo que o ponto de partida foi o estudo aprofundado das fontes primárias, secundárias e teóricas de que a bibliografia, sobretudo a passiva, listada no fim do trabalho, é um exemplo que se pretendeu que fosse coerente e elucidativo do percurso de investigação empreendido.
- Isabel de Aragão, Rainha Santa, no período medieval e na atualidade, uma visão comparatista entre textos literários e historiográficosPublication . Costa, Isabel Maria Marques; Dias, Isabel de BarrosFilha de D. Pedro III de Aragão, esposa do Rei D. Dinis, sexto rei de Portugal, Isabel de Aragão, canonizada pela Igreja Católica, foi objeto de inúmeros estudos de cariz historiográfico, assim como biografias e romances históricos sobre a sua vida. Tendo em conta que a contemporaneidade continua à procura de figuras e mitos medievais, o romance histórico e as biografias promovem narrativas sobre este período, reconstruindo e relevando o passado histórico. Pretende-se neste estudo apresentar uma visão comparativa do que sobre a rainha Santa Isabel foi veiculado por quatro obras: o texto editado em 1921 por José Joaquim Nunes, Vida e Milagres de Dona Isabel, Rainha de Portugal; o romance de Vitorino Nemésio, Isabel de Aragão Rainha Santa, editado em 2002; a biografia de Maria Filomena Andrade, com o título Isabel de Aragão Rainha Santa, Mãe Exemplar, de 2014; e, por último, o romance histórico de 2016, de Isabel Machado, A Rainha Santa. Tentámos reconstruir uma imagem desta personalidade, focando a sua dupla faceta, histórica e literária / mítica. Neste sentido, analisámos, sobretudo, a forma como a Literatura se apropriou dos dados históricos, apresentando as diferentes descrições que os autores elaboraram sobre os acontecimentos vividos pela Rainha Santa Isabel, de modo a apreciar a originalidade de cada autor na sua abordagem à vida da mesma.
- Narrativas em diálogo : por entre a história e a cultura angolanas : nos trilhos de Pepetela, Óscar Ribas e José Eduardo AgualusaPublication . Teixeira, Carla Cristina Rosales Santana Guimarães Falcão; Padeira, Ana Rita SoveralVários autores consideram pouco adequada a forma como a literatura e a história são apresentadas aos jovens. Desde a escola primária até à faculdade, são apresentadas como matéria escolar a ser apreendida e não como fonte de conhecimento sobre o mundo. No caso específico da literatura, esta amplia o nosso universo ativando a imaginação e criando sensações que transportam a visão do mundo para uma orientação em plenitude e beleza estética, através do simbolismo, da recriação e da ficção. Estes fatores não só permitem uma melhor identificação com o espaço recriado a partir do real, como também permitem um posicionamento do leitor em relação ao tempo da história. No decorrer da narrativa e no sentido de consolidar o nosso conhecimento sobre os factos passados para pontualizar o presente, os autores propõem um jogo entre a ficção e o real, ao qual submetem as personagens. Neste contexto, e como afirma Correia (2012) no seu artigo sobre o uso da literatura como fonte para a história, “a literatura pode ser utilizada como documento histórico, capaz de revelar as mudanças e permanências da sociedade de uma época”. Esta afirmação foi o foco motivador para uma reflexão sobre uma das finalidades do género narrativo, a representação de factos ou acontecimentos, e confirmar a importância da interdisciplinaridade na aprendizagem através da introdução de métodos auxiliares, como a literatura, para o despertar do conhecimento sobre a História de Angola. Utilizando uma das modalidades do género narrativo, o romance, e através de uma ordem específica de leitura de algumas obras de escritores angolanos como: Pepetela, Óscar Ribas e José Eduardo Agualusa, foi possível traçar o percurso do conhecimento sobre a história, a cultura e costumes do povo angolano, assim como compreender os caminhos que levaram à constituição de Angola como nação. Através dos diálogos cruzados entre a história de Angola e a literatura angolana, articulando a ficção com a realidade, foi possível analisar e apresentar uma proposta de trabalho como auxiliar para o problema apresentado nesta tese: o contributo da literatura para o conhecimento da história. Para pormenorização da problemática, recorremos a dois romances de Pepetela, Yaka e A Gloriosa Família - o tempo dos flamengos, que traçam um período da história de Angola que está na base da consciência para o despertar da nacionalidade. Este sentimento nacionalista é confirmado no espaço dedicado ao escritor angolano José Eduardo Agualusa onde analisamos a sua versão sobre uma das figuras da história angolana como personagem de ficção através do romance: A Rainha Ginga. E de como os africanos inventaram o mundo. O conhecimento sobre a tradição oral angolana é um fator importante para a compreensão de alguns comportamentos e atitudes vivenciadas na sociedade. O simbolismo, a mitologia, e as tradições do povo angolano são peças fundamentais nos comportamentos individuais e em comunidade, pelo que, consideramos que o romance, Uanga, do escritor angolano Óscar Ribas, poderia dar o seu contributo na aquisição de conhecimentos sobre as tradições da sociedade angolana. Para enquadramento deste trabalho foi necessário utilizar algumas ferramentas introdutórias como: breves exposições sobre a história de Angola e sobre o percurso da literatura angolana; um breve posicionamento sobre o conceito e objetivo da modalidade – romance- dentro do género narrativo e um cruzamento entre a história e os costumes de Angola, com algumas obras literárias de Pepetela e de Óscar Ribas. Estas ferramentas permitiram a afirmação do posicionamento teórico do género de narrativa literária, romance, e sugerem que uma interdisciplinaridade entre história e literatura pode incentivar a consolidação da aprendizagem da história.