Linguística | Capítulos/artigos em livros nacionais / Book chapters/papers in national books
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Browsing Linguística | Capítulos/artigos em livros nacionais / Book chapters/papers in national books by Author "Castelo, Adelina"
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- A aquisição das consoantes líquidas do português europeu em coda por aprendentes chinesesPublication . Zhou, Chao; Freitas, Maria João; Castelo, AdelinaVários estudos sobre aquisição da língua segunda revelam a dificuldade de falantes não nativos na aquisição das consoantes líquidas (e.g. Bradlow 2008, Bradlow et al. 1999, Derrick 2005). Embora haja referências às produções não conformes aos alvos dos aprendentes chineses relativamente às líquidas do Português Europeu (PE), feitas com base na experiência docente (Wang 1991) e em dados de escrita (Nunes 2014), tanto quanto sabemos, investigação sustentada em dados de produção oral não foi ainda desenvolvida para o PE. O PE apresenta quatro consoantes líquidas (as laterais /l/ e / ʎ /, as vibrantes /ɾ/ e /R/) (Mateus et al. 2005). Em coda apenas ocorrem /l/, realizada como [ɫ], e /ɾ/, realizada como [ɾ]. No Chinês Mandarim (CM), existem duas consoantes líquidas, /l/ e /r/ (Duanmu 2005, Lin 2007), apenas /r/ ocorrendo em posição de coda e sendo foneticamente realizada como [ɹ]. O presente trabalho examina a produção das consoantes líquidas do PE em coda por parte de catorze falantes chineses, com idades compreendidas entre os 19 e os 21 anos, tendo dois anos de aprendizagem de português como língua estrangeira (PLE) na China e três meses de imersão em Lisboa. Todos os informantes participavam, no momento da recolha, em aulas de PLE do nível B1(Instituto da Cultura e Língua Portuguesa, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) e têm o mandarim como única língua materna. Foi efectuada uma recolha de dados através da aplicação de um teste de nomeação, com palavras-alvo dissilábicas ou trissilábicas, com consoantes líquidas em sílaba tónica e nas várias posições de sílaba e de palavra possíveis no PE. As produções dos informantes foram gravadas e a sua transcrição fonética foi concretizada por colaboradores experientes na tarefa. Os resultados mostram que os falantes chineses têm dificuldade em produzir as consoantes líquidas em coda, apresentando uma menor taxa de sucesso em /l/ (16.7%) do que em /ɾ/ (73.8%). Estes dados serão discutidos à luz (i) da relação entre nível segmental e níveis prosódicos (Nespor & Vogel 1986) e (ii) do ‘Speeching Learning Model’ (Flege 1995), segundo o qual os sons com maior contraste fonológico entre a L1 e a L2/LE são os mais fáceis de adquirir. Serão ainda analisadas as estratégias de reconstrução utilizadas pelos informantes, estratégias essas que apontam para a construção de representações fonológicas distintas entre os dois segmentos já no nível B1. Tais dados fornecem indicações para delinear o perfil fonético-fonológico do aprendente chinês de PLE e pistas para a planificação didáctica no domínio do ensino da estrutura sonora do PE como L2/LE.
- A produção de vogais em contexto de processo de redução vocálica em aprendentes chinesesPublication . Castelo, AdelinaPara delinear o perfil fonético-fonológico dos aprendentes chineses de português como língua estrangeira (PLE), é importante avaliar o domínio dos segmentos vocálicos e dos processos fonológicos a eles associados. No entanto, ainda existem poucas informações sobre este aspecto da interfonologia dos aprendentes chineses. Sabe-se, com base na experiência lectiva de professores com muitos anos de ensino, que estes alunos revelam frequentemente dificuldades nas distinções entre vogais baixas e médias, coronais e labiais, e no uso dos ditongos nasais (cf. Wang 1991). Alguns dados empíricos mostram também problemas no domínio do nó Altura de Vogal e sugerem que o processo de elevação e centralização das vogais átonas (redução vocálica) pode constituir uma área crítica (cf. Castelo e Santos 2016). Finalmente, dados de Oliveira (2006), relativos a aprendentes de Português Europeu (PE) com diferentes línguas maternas e em contexto de imersão linguística, indicam claramente dificuldades especiais na activação da redução vocálica. Tendo em conta esta situação, a presente comunicação tem o objectivo de contribuir para o conhecimento do domínio do processo fonológico de elevação e centralização das vogais átonas no PE por parte de aprendentes chineses em contexto de não imersão linguística. Para isso, recorre-se a dados de produção, já que estes constituem um bom meio de análise do conhecimento linguístico, das representações mentais que fazem parte da interfonologia dos aprendentes (e.g. Zimmer e Alves 2012). Assim, são analisadas produções linguísticas de oito informantes chineses, com o mandarim como língua materna, idades compreendidas entre os 17 e os 44 anos e um ano de aprendizagem da língua portuguesa em Macau. Para observar a activação (ou não) do processo de redução vocálica, foi constituído um corpus com pares de palavras morfologicamente relacionadas. Concretamente, foram escolhidos quatro pares de palavras para cada uma das vogais orais do PE, garantindo-se que estes estímulos (i) tinham preferencialmente uma estrutura silábica CV, (ii) apresentavam o padrão acentual paroxítono, (iii) constituíam vocabulário acessível após um ano de aprendizagem da língua estrangeira e (iv) eram imagéticos, facilmente representáveis através de ilustrações. Antes da recolha de dados, foram escolhidas e testadas, com falantes chineses, as imagens que deveriam representar os pares de palavras. Posteriormente, essas ilustrações foram apresentadas aos informantes, através de PowerPoint, tendo estes de as nomear. As produções orais gravadas foram depois transcritas foneticamente por investigadores com experiência na tarefa. Os resultados são apresentados quanto à taxa de sucesso na activação do processo e em função dos traços segmentais envolvidos, para serem discutidos no quadro da Geometria de Traços proposta por Clements & Hume (1995) e adaptada ao PE por Mateus & Andrade (2000). Finalmente, identificam-se os contributos do trabalho para delinear o perfil fonético-fonológico dos aprendentes chineses de PE e as respectivas implicações didácticas.