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A plena afirmação da presença campaniforme nos estuários e regiões adjacentes dos rios Tejo e Sado, em meados do terceiro milénio a.C. sucede-se a ruptura do sistema sócio-económico baseado em grandes povoados fortificados, onde se concentrava boa parte da população, de que não deverá porém considerar-se como sua consequência imediata.
Com efeito, ao abandono da larga maioria desses lugares fortificados, cujas populações mutuamente se guerreavam, seguiu-se a proliferação, pelos campos adjacentes, de múltiplos sítios abertos, caracterizados pela presença de cerâmicas campaniformes, de pequenas dimensões e de provável raiz familiar, cuja economia se baseava no pastoreio e na agricultura intensiva e permanente dos férteis solos ali existentes: o povoamento deste território e o aproveitamento dos seus recursos não foram interrompidos, antes intensificados, ao contrário do que poderia supor-se caso se considerassem apenas os grandes sítios calcolíticos pré-existentes.
Consequentemente, o regresso, no final do Calcolítico, a formas de povoamento semelhantes às existentes na mesma região, no Neolítico Final, cerca de mil anos antes, não poderá ser relacionada com qualquer regressão económica ou social, como bem demonstra o aumento de materiais valiosos exógenos, como o cobre. Com efeito, a circulação transregional de produtos manufacturados e standartizados tomou-se então comum, constituindo o chamado "pacote" campaniforme (vasos campaniformes, pontas Palmela, botões do tipo tartaruga e braçais de arqueiro).
Os objectos sumptuários, alguns deles de ouro, cuja presença é pela primeira vez indiscutível na Estremadura (espirais, brincos, contas e diademas em folha de ouro), configuram a emergência de elites, reforçando a diferenciação social observada desde, pelo menos, o início do Calcolítico. Tal conclusão é concordante com o aumento progressivo do equipamento bélico recolhido em povoados e necrópoles, com a ocorrência, pela primeira vez, de adagas de cobre usadas por uma classe guerreira em gestação, no seio de uma sociedade constituída também por agricultores, pastores, artesãos e comerciantes, que protagoniza, na região em apreço, insensível e gradual transição para a Idade do Bronze.
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História Arqueologia História da arqueologia Justino Mendes de Almeida Homenagem Portugal
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Academia Portuguesa da História