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Abstract(s)
Nos horizontes e espaços de alteridade, vislumbram-se diferentes rostos, sujeitos e interfaces, tecem-se subjetividades, vínculos, afetos e identidades, relações objetais, interpessoais, comunicacionais, intrafamiliares, intergeracionais e de alteridade muito precoces entre a mãe e a criança e outros familiares e cuidadores. Constrói-se um valioso património e espaço relacional, transicional, familiar, psicoafetivo, terapêutico, educacional, cultural, musical e poético, onde vozes, ritmos e gestos de embalar desempenham um papel estruturante e função fundamental para o bem-estar, a saúde e o desenvolvimento psíquico e físico do ser humano. As canções de embalar, de "acalentar", de "ninar", como são designadas nos países lusófonos, particularmente em Portugal e no Brasil, "lullaby songs", nos países anglófonos, "berceuses", nos países francófonos, são melodias e cantos milenares transmitidos de geração em geração, sobretudo através da cultura oral, no seio das famílias pelas gerações femininas, mães e avós, constituindo reportório ancestral cultural, psicológico e afetivo estruturante e enraizado no imaginário individual e coletivo, nas práticas de cuidados, de educação e de desenvolvimento infantil e na relação afetiva da díade adulto-criança. Em Portugal e através dos tempos e dos diferentes lugares do planeta, constituem espaços e expressão de afeto, proteção, segurança, criatividade, alteridade, vinculação e sensibilidade individual e familiar, bem como elementos da cultura e tradição de cada sociedade. A música, o canto, os ritmos sonoros, são importantes meios expressivos, subjetivos e interativos, fundamentos de uma comunicação primária, precoce e universal, sendo que o ambiente sonoro-musical acompanha a vida humana desde o nascimento e ainda no útero materno. O ambiente sonoro e rítmico faz parte do meio que nos rodeia desde muito cedo: absorvemo-lo de forma inconsciente, antes mesmo do nascimento, no útero, no ventre materno, pois o ambiente acústico uterino constitui um universo sonoro único e rico, que proporciona ao feto uma grande diversidade de sons externos e internos. Cada um traz em si, desde a sua existência, a memória do coração materno, e este batimento regular produz uma sensação de segurança, de reencontro e de bem-estar físico e psíquico. Na cultura portuguesa valoriza-se a importância dos cantos, ritmos e gestos de embalar, deste envelope sonoro e postural, nas atividades de maternagem, na relação entre o eu e o outro, nas interações e comunicação precoce, proporcionando um espaço afetivo, de cuidado, de desenvolvimento psicoemocional, cognitivo, físico e social, de harmonia e de reconforto, de construção e transmissão psíquica, cultural e intergeracional.
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Keywords
Alteridade Subjetividade Relação Eu-Outro Interação mãe – criança Objeto e espaço transicional Interação precoce Vinculação Relações familiares Comunicação intrafamiliar Cuidados infantis Comunicação intergeracional Culturas Maternagem Rituais de adormecimento da criança Saúde e desenvolvimento Canções de embalar Música e desenvolvimento humano Psicologia Comunicação Etnopsicologia Alterity Subjectivity Self-Other relationship Mother-child interaction Early interaction Object and transitional space Attachment Family relationships Child care Intergenerational communication Cultures Mothering Sleep rituals for young children Health and development Lullabies Music and human development Psychology Communication Ethnopsychology Altérité Subjectivité Relation Soi - Autre Interaction mère-enfant Interaction précoce Objet et espace transitionnel Attachement Relations familiales Communication intrafamiliale Soins infantiles Communication intergénérationnelle Cultures Maternage Rituels d'endormissement du jeune enfant Santé et développement Attachement Berceuses Musique et développement humain Psychologie Communication Ethnopsychologie
Citation
Ramos, N. (2022). Canções, Ritmos e Gestos de Embalar: Tecendo Vínculos, Afetos e Relações de Alteridade. J. L. S. Ferriz, G. Carrera, A. C. S. Bastos & E. Rabinovich (Org.). Horizontes de Alteridade: Sociedade, Família e Subjetividade (pp. 103-130). Salvador: EDUFBA.
Publisher
Editora da Universidade Federal da Bahia/ EDUFBA