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- Expressão do espaço no português europeu: contributo psicolinguístico para o estudo da linguagem e cogniçãoPublication . Batoréo, HannaEstudar o Espaço leva à verificação da existência de um grande número de áreas cujo interesse se centra na definição de algumas questões fundamentais de carácter epistemológico. A diversidade de domínios existente revela o carácter obrigatoriamente interdisciplinar deste tipo de estudo, o que não significa, apenas, a abordagem da variedade dos possíveis campos de investigação. Trata-se, também, ou sobretudo, do tipo de ligações, interdependências e inter-relacionamentos tecido entre eles. Nesta situação, apenas uma abordagem global de cunho holístico cria, à partida, as condições para tal necessárias. A presente dissertação é orientada para o conhecimento linguístico do Espaço, o que abrange as áreas da Linguística e da Cognição, assim como o que entre elas pode existir numa interface de relacionamentos, ligações e hierarquizações possíveis, centrando-se na definição do saber linguístico relativo à Língua Portuguesa, na sua variante Europeia. Assim, é objectivo principal deste estudo contribuir para uma caracterização da interface existente entre a Expressão Linguística e a Cognição Espacial no Português Europeu, utilizando uma abordagem englobante e interdisciplinar com forte cunho psicolinguístico, nomeadamente o da Psicolinguística Cognitiva cujo objectivo é o estudo da Compreensão, Produção e Aquisição da linguagem. O Desenho Experimental criado neste enquadramento abrange 120 narrativas provocadas produzidas por sessenta adultos e sessenta crianças de três faixas etárias diferentes, falantes nativos do Português Europeu. Na base do objectivo atrás mencionado encontra-se um pressuposto - que pode ser considerado (moderadamente) whorfiano - de que as línguas diferem umas das outras na estrutura semântica que apresentam, o que se reflecte na conceptualização do mundo efectuada pelos seus falantes. Tendo em conta a finalidade geral atrás especificada, elaborou-se a dissertação segundo as seguintes linhas mestras: (1) Evidenciar a relevância da revolução cognitiva para os estudos centrados na Linguagem e, especialmente, para a interface expressão linguística - cognição espacial; (2) Definir o escopo científico da Linguística Cognitiva face a outra(s) corrente(s) linguística(s) da Ciência Cognitiva, dados os pressupostos da Teoria Localista e tendo em vista a determinação de primitivos (cognitivos e/ou linguísticos) do Espaço e, muito especificamente, o enquadramento teórico de Leonard Talmy (1975, 1978, 1985); (3) Investigar a interacção existente entre os vários mecanismos de carácter gramatical, lexical e contextual da expressão linguística do Espaço no Português Europeu, observando as suas idiossincrasias e as interdependências existentes na expressão de referências espaciais, temporais e aspectuais; (4) Propor uma parametrização da tipologia do Espaço em Português Europeu, determinando restrições que a Língua Portuguesa efectua sobre os primitivos espaciais de carácter cognitivo; (5) Destacar a importância cognitiva e linguística da produção das narrativas pelos falantes nativos do Português Europeu, assim como determinar os parâmetros espaciais nelas existentes, aplicando uma metodologia psicolinguística, desenvolvida nos anos noventa sobretudo por Melissa Bowerman, e ainda por Maya Hickmann e Henriette Hendriks. A dissertação é apresentada em dois volumes. O Primeiro Volume abrange a totalidade do texto principal, em conformidade com as linhas atrás especificadas. O Volume II é constituído pelo Anexo (Capítulo 8), com especial destaque para o Corpus (Capítulo 8.3) das cento e vinte narrativas, recolhidas de acordo com a técnica de experências provocadas de Maya Hickmann. Depois de recolhido, o Corpus foi transcrito, codificado e analisado segundo o sistema CHILDES , conforme as regras estipuladas, desde 1985, por Brian MacWhinney e Catherine Snow.
- Narrativas conversacionais : a introdução de enunciados narrativos em situação de interacção oralPublication . Morais, Armindo; Batoréo, HannaNo dia-a-dia somos produtores e consumidores prolíficos de histórias. Subscrevendo a posição de Ochs & Capps (2001:2), cremos que o acto de narrar socialmente cria um espaço fundamental para o desenvolvimento de esquemas explicativos que permitem compreender acontecimentos e reflectir colaborativamente sobre situações específicas e sobre o seu papel na biografia de cada um. Mas o próprio processo de narração, associado às estratégias activadas pelos locutores para a construção da narrativa, conduz ao estabelecimento de um conhecimento partilhado e reforça o sentido de proximidade entre indivíduos, promovendo uma comunhão de crenças e valores. O actual estudo descreve as Narrativas Conversacionais como partes desta interacção social. Assim, elas não são concebidas como representações fixas ou prédeterminadas de acontecimentos passados, mas como reconstituições e reconstruções das suas memórias sob uma perspectiva específica que se adapta ao contexto da sua produção, no qual adquirem uma função comunicativa própria. Como se procurará demonstrar, os narradores reconstroem verbalmente memórias de acontecimentos ou de outras histórias com uma intenção particular e tendo presente um público determinado (Capítulo 2). É ainda objectivo do presente trabalho estabelecer a forma como as Narrativas Conversacionais surgem e interferem no fluxo da conversação onde são realizadas. Ao observar a sua produção no seio de interacções orais foi possível identificar a existência de actividades comunicativas que são responsáveis pela transição entre a narrativa e o cotexto não-narrativo que as rodeia. É nossa intenção mostrar como os narradores, no quadro do desenvolvimento tópico da conversação, recorrem a Actividades Introdutórias como Anúncios e Resumos, para se apoderar do espaço/tempo enunciativos de forma legitimar a sua introdução (Capítulo 3). Por último pretende-se demonstrar como os narradores transformam uma sequência temporal de acontecimentos, organizada de uma forma mais ou menos previsível, num acto narrativo intencionalmente marcado. Neste caso, focalizar-se-á a análise nas estratégias discursivo-pragmáticas que revelam as atitudes, sentimentos, interesses e envolvimento do locutor com o tópico do enunciado narrativo, com a própria narração e / ou com a interacção com o(s) seu(s) interlocutores. (Georgakoupoulou, 1977; Smith, 2004 [2003]) Como se pretende demonstrar, estas estratégias de envolvimento ajudam a organizar o acto de narração, asseguram a sua compreensão e conduzem a sua interpretação. Propomos, assim, acrescentar a uma descrição estrutural da sequência narrativa uma micro-análise das estratégias avaliativas utilizadas pelo narrador com o intuito de desenvolver uma possível retórica da narrativa conversacional (Capítulo 4).
- Português europeu língua não materna a distância : (per)cursos de iniciação baseados em tarefasPublication . Dias, Helena Bárbara; Batoréo, Hanna; Bidarra, JoséA tese de Doutoramento intitulada Português europeu língua não materna a distância: (Per)Cursos de iniciação baseados em tarefas tem por objectivos (1) a construção de um ambiente virtual para a aprendizagem do Português europeu como língua não materna (PE L2), associando as tecnologias de informação e comunicação disponíveis para educação a distância a conteúdos para o ensino e para a aprendizagem de línguas, e (2) a preparação de um Protótipo correspondente a um Módulo para um Curso Inicial de PE L2, baseado em Tarefas e destinado a um público adulto falante de outras línguas. Para a realização destes objectivos, foi necessário aprofundar (i) as teorias de ensino e de aprendizagem de línguas não maternas, com destaque para um Ensino de Línguas Baseado em Tarefas (ELBT), (ii) os estudos desenvolvidos sobre Aquisição do PE L2, os materiais didácticos publicados em Portugal e a sua relação com o Ensino de Língua Baseado em Tarefas e (iii) as potencialidades da combinação das diversas tecnologias disponíveis para a aprendizagem de línguas a distância, com especial relevo para o desenvolvimento de situações interactivas. Como consequência foi, então, possível (iv) conjugar tecnologias de Educação a Distância (EaD) com a aprendizagem do PE L2, explorando as possibilidades para manter viva a interacção oral e escrita entre estudante(s) e professor, entre estudantes e entre estes e falantes nativos. Integrando-se num ambiente psicolinguístico através do qual as abordagens comunicativa e cognitiva convergem, a ‘distância’ é considerada como um ‘espaço’ onde acontecem oportunidades de aprendizagem. Neste contexto, usando, como infraestrutura tecnológica, a metodologia Odisseia desenvolvida na Universidade Aberta, foi criado um Protótipo correspondente a um Módulo, i.e., uma unidade de um Curso de Iniciação ao PE L2 a distância. Tendo por base propostas metodológicas activas que colocam o aprendente na gestão da sua própria aprendizagem, e usando os descritores do Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (QECR 2001), o Protótipo é, neste contexto e enquanto estrutura modular, um ambiente de aprendizagem flexível. Nele se articulam exemplos de língua oral e escrita com exercícios, actividades e instrumentos de apoio que confluem para o planeamento e execução de uma tarefa final. O conceito de Tarefa surge, assim, transversal a todo o Módulo (e a todo o Curso) de que o Protótipo pretende ser um modelo. Através dele, percursos vários tornam possível que cada estudante, individualmente, e em colaboração, se prepare, desde o início, para a realização de uma Tarefa, semelhante à que lhe é sugerida nos documentos vídeo iniciais de cada Sessão, interpretados por falantes nativos, e por documentos complementares, enquanto, simultaneamente, vai interagindo com o ambiente de aprendizagem.
- O tempo no textoPublication . Silva, Paulo Nunes da; Marques, Maria Emília Ricardo; Lopes, Ana Cristina MacárioO objectivo principal deste trabalho consiste em determinar as propriedades temporais e aspectuais que tipicamente caracterizam os quatro tipos de sequências textuais monogeradas que são contempladas na classificação de Adam (1992): sequências de tipo narrativo, descritivo, explicativo e argumentativo. Com base na tipologia de estados de coisas de Vendler (1967) e no tratamento da informação temporal e aspectual proposto no âmbito da Teoria das Representações Discursivas de Kamp e Reyle (1993), analisamos um conjunto de sequências discursivas. Esta análise incide num corpus constituído por textos reais e contempla os seguintes elementos: classes aspectuais, tempos verbais, adverbiais temporais, conectores que introduzem proposições com valor temporal e relações discursivas entre os enunciados. A investigação realizada permite concluir que as sequências de tipo narrativo e descritivo apresentam propriedades temporais e aspectuais que contrastam de um modo muito claro. Nas sequências de tipo narrativo, são tipicamente representados estados de coisas da classe dos eventos; nelas, estabelecem-se predominantemente relações temporais de sequencialidade entre as situações denotadas. Nas sequências de tipo descritivo, são tipicamente referidas situações estativas que manifestam relações de sobreposição temporal entre si. Quanto às sequências de tipo explicativo e argumentativo, elas podem apresentar propriedades comuns quer às sequências de tipo narrativo, quer às sequências de tipo descritivo.