Mestrado em Estudos Sobre as Mulheres - Género, Cidadania e Desenvolvimento | Master's Degree in Women Studies - TMEMU
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Browsing Mestrado em Estudos Sobre as Mulheres - Género, Cidadania e Desenvolvimento | Master's Degree in Women Studies - TMEMU by Author "Anjo, Marília Regina de Azevedo Sousa"
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- Menopausa em (re)vista : os discursos praticados pela Revista Maria em torno da menopausa (1978-1988)Publication . Anjo, Marília Regina de Azevedo Sousa; Magalhães, Maria JoséA construção social da menopausa através dos media, problemática desta dissertação, centra-se na análise do discurso de artigos da Revista Maria acerca da menopausa, no período compreendido entre 1978 e 1988. Ancoradas metodologicamente numa epistemologia feminista, analisamos 32 artigos, seleccionados por conterem a palavra pré, peri (e/ou climatério), e pós-menopausa de forma explícita, inserida(s) em qualquer parte do texto, mesmo que uma única vez, consubstanciada pela opção teórico-metodológica da análise crítica do discurso (Fairclough, 2004; Nogueira, 2001). O enquadramento teórico cruza vários conceitos de menopausa, sexualidade/feminilidade e representações dos media. Neste sentido, discorremos sobre a sexualidade como dimensão bio-psico-social (Pacheco, 2000; Bee, 1997), onde a construção da feminilidade centrada no mito da beleza (Wolf, 1994) e na produtividade biológica (Laznik, 2004), interfere na estrutura da relação feminino/sexualidade. Mais ainda, é a presença de um discurso médico normalizador para as mulheres e menopausa (Barbre, 2003) que reforça os estereótipos da feminilidade, complexificando o processo de exclusão versus aceitação do processo de envelhecimento natural e activo de qualquer ser humano (Bee, 1997; OMS, 1996). A esta construção social não está alheio o papel dos media que, como agentes socializadores e de divulgação em massa, reforçam os estereótipos e preconceitos e pouco divulgam acerca da construção da mulher como sujeitos activos no trabalho, na política e na sociedade (Silveirinha, 2009; 2006), e que se evidenciou na investigação desenvolvida. Os campos/padrões discursivos emergentes neste estudo centram-se em: o desafio ao tabu menopausa, por não ser inicialmente abordado pela revista Maria, mas que a busca de informação encetada pelas leitoras espoletou; a verdade científica e o discurso médico como credibilizadores das informações fornecidas e a construção social como problema de saúde e da mulher-eterna-sofredora-psicótica; o discurso normalizador e hegemónico baseado no determinismo biológico como castrador da feminilidade, do prazer e da sexualidade; a sexualidade feminina subserviente, de expressão unicamente heterossexual, e o homem como entidade fulcral para minimizar os males femininos e de valorização dos "olhares masculinos" ao "apreciar" a mulher; o discurso emancipatório que, quando surge, nunca o é na totalidade, mostrando uma dupla face discursiva que nos remete para a ambiguidade da representação social em torno da menopausa. O balanço final denuncia um discurso pendente, de sobremaneira, para o pólo das perdas, ou seja, a mulher, na menopausa, perde beleza, perde juventude, perde a capacidade de procriação, perde saúde, perde desejo sexual, perde capacidade cognitiva. E quando ganha, ganha mais doenças, ganha mais peso, ganha rugas, ganha mais solidão. Perdas e ganhos são perspectivados como o copo meio-vazio, e nunca como o copo meio-cheio. Esta perspectiva de multi-desvalorização social da mulher permitiu-nos chegar ao que consideramos ser a existência de uma "menofobia" social.The social construction of the menopause through media, is the subject of this dissertation, focused in the discourse analysis of news, from the magazine Maria, about the menopause, in the period understood between 1978 and 1988. Based on a feminist epistemology, 32 articles were analysed, selected because they referred to the pre, peri (and / or climacteric) and post menopause anywhere in the article, even when it happened only once, substantiated by the option theory and method of critical discourse analysis (Fairclough, 2004; Nogueira, 2001). The theoretical framework crosses various concepts of menopause, sexuality/ femininity and representations of the media. In this sense, we talk about sexuality as the bio-psycho-social (Pacheco, 2000; Bee, 1997), where the construction of femininity centered on the beauty myth (Wolf, 1994) and biological productivity (Laznik, 2004), interferes with the structure of the female relationship / sexuality. Furthermore, it is the presence of a standardized medical discourse on women and menopause (Barbre, 2003) that reinforces stereotypes of femininity, complexifying the process of exclusion versus acceptance of the natural aging process and asset of any human being (Bee, 1997; WHO, 1996). The social construction is not unconnected with the role of the media, as socializing agents and the mass distribution, reinforce stereotypes and prejudice and disclose little about the construction of women as active in labor, politics and society (Silveirinha, 2009; 2006), and that was evident in the research developed. The discursive patterns that emerge in this study focus on: the challenge of taboo menopause, not initially addressed in the magazine Maria, but aroused by the search for information of readers; scientific truth and medical discourse gave credit to the information provided by social construction of a health problem and the vision of woman as an eternal psychotic sufferer; the normalized and hegemonic discourse based on the biological determinism as castrating of femininity, pleasure and sexuality, subservient female sexuality, heterosexual expression and of man as the central entity to minimize women‘s burden and the exploitation of "a male gaze" to "enjoy" woman; the emancipatory discourse, when it appears, is never complete, shows a double-sided discourse that leads to ambiguity of social representation of menopause. The final balance denounces a practised discourse that tends, excessively, to loss, meaning, woman, in the menopause period, loses beauty, loses youth, loses procreative capacity, loses health, loses sexual desire, loses cognitive capacity. And, when she wins, wins more diseases, wins more weight, wins wrinkles, wins more solitude. Losses and victories are put in the perspective of the half-empty glass and never of the half-full glass. These social multi-devaluated perspectives of women allow us to reach what we consider to be a social "menophobia".