Literatura e Cultura Portuguesas
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Browsing Literatura e Cultura Portuguesas by advisor "Reis, Carlos"
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- Da personagem romanesca à personagem fílmica : as Pupilas do Senhor ReitorPublication . Padeira, Ana Rita Soveral; Reis, CarlosConstituiu objectivo do presente trabalho estudar a categoria da personagem no âmbito da ficção dinisiana, com particular incidência em As Pupilas do Senhor Reitor, precisamente por ser este o romance de um escritor português que maior número de adaptações sofreu, particularmente cinematográficas, não só no contexto da obra de Júlio Dinis, mas também no panorama mais vasto da literatura portuguesa. Em «Uma Visão de Época» procurámos fazer uma resenha, tanto quanto possível, exaustiva da crítica surgida ao romancista e à sua obra, ordenada numa perspectiva cronológica, até à data da realização da primeira adaptação cinematográfica, tendo-se elaborado o que acreditamos ser um inventário crítico sobre a bibliografia passiva de Júlio Dinis. Em «Imagens e Representações Contemporâneas», procurámos estabelecer o percurso evolutivo da escrita literária de Júlio Dinis, passando pelas diversas fases experimentais, como aquelas em que se exercitou enquanto poeta e dramaturgo, depois como contista, para, finalmente, atingir a plena maturidade literária de que os quatro romances são prova incontestável. Ao longo do caminho trilhado, não deixa de ser significativo que, precisamente, no final da sua breve carreira, enquanto ficcionista, tenha reunido de forma sistemática e absolutamente inédita, o que podemos considerar como uma estética do romance 'moderno', contribuindo assim, de forma objectiva, para a fixação de um género. Estes são os aspectos que basicamente enformam a abordagem de «Um Perfil Literário». Em «Um Signo Entre Signos» debruçámo-nos sobre a personagem enquanto importante elemento diegético da narrativa. Procurámos fazer o ponto da situação dos estudos sobre a personagem no âmbito da narratologia. Com este intuito, incluiu-se uma apreciação parcial sobre o estado da bibliografia existente e estabeleceu-se o confronto entre as posições antagónicas defendidas pelas teorias puristas ou semióticas, de um lado, e as teorias referenciais e miméticas que consideram a personagem à semelhança da pessoa, representativa por conseguinte do modelo humano, por outro. Apesar de termos concedido particular atenção à abordagem semiológica de Philippe Hamon, procurámos encaminhar a exposição teórica elaborada no sentido de melhor servir os objectivos visados, ou seja, verificar de que forma se processa a construção deste signo literário através das diferentes categorias do discurso, retirando das principais teorias enunciadas os aspectos que permitiram caracterizar esta categoria de relevo diegético importante, que é a personagem, também uma questão de relevo no contexto da sua ficção, conforme confessou o próprio romancista. Em «A Personagem Romanesca», procurámos aplicar os conceitos teóricos mais importantes, subjacentes à análise que elaborámos partindo do léxico de personagens dinisianas, com particular incidência no elenco que constitui as Pupilas. Salientámos a importância da dimensão psicológica na caracterização dos principais protagonistas, sem esquecer, todavia, a extraordinária subtileza que Júlio Dinis emprestou à configuração dos tipos. Importou-nos ainda a abordagem do discurso da personagem, não só pela intrínseca cumplicidade que afecta estes dois elementos da narrativa (personagem e discurso), mas também porque através desse mesmo discurso Júlio Dinis procurou criar um tipo de monólogo interior, não obstante a simplicidade e a insipiência da construção, afinal próprias de quem experimenta novos caminhos. Estes e outros aspectos constituíram o estudo que empreendemos em «A Personagem Dinisiana». Em «O Discurso Fílmico: um sistema semiótico diferente» procurámos confrontar, sucintamente, dois sistemas semióticos, nomeadamente, o discurso verbal, fundamentalmente veiculado pela palavra e o discurso fílmico, a que a imagem, o som e uma série de outros procedimentos conjuntos vão dar forma. À riqueza pictórica e imediata transmitida pela imagem visual, contrapusemos o poder da sobre significação da imagem verbal e mental. Debruçámo-nos ainda sobre algumas questões da adaptação, sem perder de vista as épocas em que foi realizada a "filmografia" dinisiana, isto é, confirmando a dependência em que se encontra relativamente aos padrões de narração do filme clássico. Em «Uma Leitura de As Pupilas cinematografadas» apresentámos as diversas adaptações, levadas a cabo em épocas diferentes do cinema português. Elas remetem para determinadas representações mentais, social e culturalmente construídas. Procurámos explicar os motivos pelos quais surgiram, contextualizando-as em espaço e tempo próprios. A propósito do interesse que despertaram, buscámos o testemunho das críticas veiculadas em alguns periódicos da época e da especialidade, particularmente significativas no caso dos filmes que, lamentavelmente, o tempo acabou por destruir. Os aspectos folclóricos e etnográficos, que constituem fortes atractivos nos filmes, são outra componente que não pudemos deixar de assinalar, mesmo porque se trata de aspectos que reforçam certa ideia da "portugalidade', cuja propaganda, no contexto da época, importava divulgar. A dimensão metonímica dos filmes, bem assim como o tratamento cinematográfico da personagem foram, por conseguinte, constantes que procurámos não perder de vista no decurso da análise. Nas Conclusões, procurámos sistematizar as ideias mais relevantes quanto ao estudo da personagem nos romances de Júlio Dinis e o que dela ficou nos filmes que visionámos. Tentámos, fundamentalmente, reabilitar a imagem do romancista, que, apesar da inovação trazida pela sua escrita ficcional e apesar dos conteúdos humanos e dos valores simples que divulgou, foi, todavia, um escritor 'catalogado'.
- Fradiquismo e modernidade no último Eça (1888-1900)Publication . Piedade, Ana Nascimento; Reis, CarlosA figura de Carlos Fradique Mendes – em especial o segundo Fradique cuja recriação, iniciada por volta de 1885, é da responsabilidade exclusiva de Eça de Queirós - é nesta tese analisada e interpretada enquanto símbolo expressivo do surgimento, na obra eciana, de uma voz-outra que denota a sua rejeição, enquanto autor, de uma identidade homogénea. Intuindo já essa necessidade de duplicação da consciência glosada pelos criadores de Orpheu, Eça encontra na polifonia, na pluridiscursividade e no dialogismo que vincadamente modelam a parte final da sua obra, o seu pensamento estético, e até, a sua específica percepção do mundo, formas de exprimir literariamente a fragmentação da realidade psíquica que indiciam a sua inovadora antecipação. É este sentido do Fradiquismo como alteridade dialogante e problematizadora e a subsequente encenação, por parte de Eça de Queirós, de uma irónica e mistificadora atitude de desdobramento propícia à sua representação, que sustentam as relações de parentesco cultural e literário que aqui se propõem, entre Fradiquismo e Modernidade e, mais particularmente, entre Eça, Sá-Carneiro e Pessoa.
- O sujeito em Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros e António Ferro : crise e superaçãoPublication . Vila Maior, Dionísio; Reis, CarlosNeste estudo, procurou-se empreender um exercício analítico assente numa avaliação gradativa, tendo sempre em conta uma visão integrante de conjunto, bem como a conformidade a dois objetivos primordiais: por um lado: redimensionar linhas de leitura que delimitam a problemática da crise do sujeito na esfera da produção estético-literária de Pessoa, Almada, Sá-Carneiro e Ferro — uma problemática normalmente circunscrita pelas ideias de incerteza, angústia e desassossego; por outro lado: demonstrar a tese segundo a qual aquela crise poderia ser avaliada de acordo com uma dinâmica afirmativa — dinâmica essa da qual, numa primeira abordagem, a noção de crise se desviaria. Ao tentar demonstrar essa tese, procurou-se analisar a extrema lucidez que cada um dos quatro autores possuía de si mesmo, bem como o alcance da especificidade da prática literária, ligados que estavam à ideia de superação de uma crise que os inquietava, bem como à ideia de totalidade. Por isso, por diversas vezes encaram o ato de escrita como uma atividade através da qual consideram poder aceder, pelo menos de um ponto de vista estético, a uma determinada plenitude. E se, entre eles, as considerações são semelhantes, também não é menos verdade que as estratégias utilizadas não se distanciam muito: ou pela produção de ismos, ou pela atitude alteronímica, ou pela quase enciclopédica teorização sobre os mais diversos assuntos, ou ainda pela exploração de questões relacionadas com o reconhecimento da sua obra pela posteridade, os quatro autores acabam por se distinguir como sujeitos em busca, no fundo, da sua própria identidade. Ora, confirmando-se o alcance e o interesse hermenêutico dos exercícios comparativos desenvolvidos, o âmbito de pesquisa das potencialidades informativas comprometemo-nos, então, com a perceção destes autores como sujeitos em busca de uma plenitude. Essa perceção encontra-se ligada ao conceito de sujeito genial, com qualidades sublimadas. As reflexões apresentadas convergem, então, em duas linhas de leitura motrizes: uma, atinente à equacionação pelos quatro autores da ousadia em querer alcançar a totalidade — por esta noção se colocando em causa o próprio sentido negativo de crise; a outra linha, regida pela noção segundo a qual poderemos compreender melhor o modo como Pessoa, Sá-Carneiro, Almada e Ferro encaram o homem de excelência, um homem com qualidades e objetivos superlativos. Procurou-se, então, ver de que forma atestam, cada um a seu modo, uma preocupação fundamental: condicionar a representação da crise do sujeito pela instauração de um outro nível de integração estética, isto é, um nível capaz de os conduzir à representação que de si fazem enquanto sujeitos marcados pelo “ardente desejo de totalidade”. A partir daqui, são sistematizados princípios e estratégias de incidência estético-literária que permitem perceber melhor a problemática deste sujeito de exceção, cuja obra permanecerá… o mesmo que Almada Negreiros diz ter as qualidades para “influenciar milhões” e “construir civilização”; o mesmo, afinal, que cada um dos quatro autores (tácita ou explicitamente) considera ser. Em que termos aquela totalidade tantas vezes almejada por cada um deles se relaciona com a dimensão afirmativa da crise do sujeito é, portanto, o que pretende nesta tese, em última instância, demonstrar — o que permitiu, só depois, retirar a ilação final. Essa ilação aponta para uma noção segundo a qual o sujeito pode transcender qualitativamente qualquer motivação ou circunstância que determine a produção ou o perfilhamento de uma mensagem literária dependente de uma conceção desassossegada. E se se legitimar o intuito de empenhamento em consonância com essa transcensão, convalida-se o sentido estético, inteligível no plano das sugestões teóricas, que outorga a articulação orgânica entre uma plangente negatividade e um fulgente triunfalismo. E justamente porque também se analisou de que forma Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros e António Ferro se ocuparam da interação negatividade / triunfalismo, pudemos inferir que, em muitos dos seus textos, prevalece colateralmente a noção de que a ideia de plenitude (ou estética, ou literária, ou identitária) se pode afinal encontrar no entusiasmo depositado por cada sujeito no propósito de com essa plenitude conviver.