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O sujeito em Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros e António Ferro : crise e superação

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Neste estudo, procurou-se empreender um exercício analítico assente numa avaliação gradativa, tendo sempre em conta uma visão integrante de conjunto, bem como a conformidade a dois objetivos primordiais: por um lado: redimensionar linhas de leitura que delimitam a problemática da crise do sujeito na esfera da produção estético-literária de Pessoa, Almada, Sá-Carneiro e Ferro — uma problemática normalmente circunscrita pelas ideias de incerteza, angústia e desassossego; por outro lado: demonstrar a tese segundo a qual aquela crise poderia ser avaliada de acordo com uma dinâmica afirmativa — dinâmica essa da qual, numa primeira abordagem, a noção de crise se desviaria. Ao tentar demonstrar essa tese, procurou-se analisar a extrema lucidez que cada um dos quatro autores possuía de si mesmo, bem como o alcance da especificidade da prática literária, ligados que estavam à ideia de superação de uma crise que os inquietava, bem como à ideia de totalidade. Por isso, por diversas vezes encaram o ato de escrita como uma atividade através da qual consideram poder aceder, pelo menos de um ponto de vista estético, a uma determinada plenitude. E se, entre eles, as considerações são semelhantes, também não é menos verdade que as estratégias utilizadas não se distanciam muito: ou pela produção de ismos, ou pela atitude alteronímica, ou pela quase enciclopédica teorização sobre os mais diversos assuntos, ou ainda pela exploração de questões relacionadas com o reconhecimento da sua obra pela posteridade, os quatro autores acabam por se distinguir como sujeitos em busca, no fundo, da sua própria identidade. Ora, confirmando-se o alcance e o interesse hermenêutico dos exercícios comparativos desenvolvidos, o âmbito de pesquisa das potencialidades informativas comprometemo-nos, então, com a perceção destes autores como sujeitos em busca de uma plenitude. Essa perceção encontra-se ligada ao conceito de sujeito genial, com qualidades sublimadas. As reflexões apresentadas convergem, então, em duas linhas de leitura motrizes: uma, atinente à equacionação pelos quatro autores da ousadia em querer alcançar a totalidade — por esta noção se colocando em causa o próprio sentido negativo de crise; a outra linha, regida pela noção segundo a qual poderemos compreender melhor o modo como Pessoa, Sá-Carneiro, Almada e Ferro encaram o homem de excelência, um homem com qualidades e objetivos superlativos. Procurou-se, então, ver de que forma atestam, cada um a seu modo, uma preocupação fundamental: condicionar a representação da crise do sujeito pela instauração de um outro nível de integração estética, isto é, um nível capaz de os conduzir à representação que de si fazem enquanto sujeitos marcados pelo “ardente desejo de totalidade”. A partir daqui, são sistematizados princípios e estratégias de incidência estético-literária que permitem perceber melhor a problemática deste sujeito de exceção, cuja obra permanecerá… o mesmo que Almada Negreiros diz ter as qualidades para “influenciar milhões” e “construir civilização”; o mesmo, afinal, que cada um dos quatro autores (tácita ou explicitamente) considera ser. Em que termos aquela totalidade tantas vezes almejada por cada um deles se relaciona com a dimensão afirmativa da crise do sujeito é, portanto, o que pretende nesta tese, em última instância, demonstrar — o que permitiu, só depois, retirar a ilação final. Essa ilação aponta para uma noção segundo a qual o sujeito pode transcender qualitativamente qualquer motivação ou circunstância que determine a produção ou o perfilhamento de uma mensagem literária dependente de uma conceção desassossegada. E se se legitimar o intuito de empenhamento em consonância com essa transcensão, convalida-se o sentido estético, inteligível no plano das sugestões teóricas, que outorga a articulação orgânica entre uma plangente negatividade e um fulgente triunfalismo. E justamente porque também se analisou de que forma Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros e António Ferro se ocuparam da interação negatividade / triunfalismo, pudemos inferir que, em muitos dos seus textos, prevalece colateralmente a noção de que a ideia de plenitude (ou estética, ou literária, ou identitária) se pode afinal encontrar no entusiasmo depositado por cada sujeito no propósito de com essa plenitude conviver.

Description

Tese de Doutoramento em Estudos Portugueses e Franceses na especialidade de Literatura Portuguesa apresentada à Universidade Aberta

Keywords

Mário de Sá Carneiro, 1890-1916 António Ferro, 1895-1956 Fernando Pessoa, 1888-1935 Literatura portuguesa Modernismo Século XX Cultura portuguesa Almada Negreiros, 1893-1970

Citation

Vila Maior, Dionísio - O sujeito em Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros e António Ferro [Em linha] : crise e superação. Lisboa : [s.n.], 2001. 644 p.

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