Psicologia Clínica e da Saúde
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Browsing Psicologia Clínica e da Saúde by advisor "Ramos, Natália"
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- Climatério/menopausa, relacionamento conjugal e qualidade de vidaPublication . Presado, Helena; Ramos, NatáliaO climatério é uma etapa especial do ciclo de vida natural da mulher que integra a menopausa. Esta fase de transição encontra-se associada a mudanças que podem influenciar a saúde e a qualidade de vida da mulher; as necessidades de adaptação bio-psico-sócio-culturais e espirituais devem ser consideradas nesta etapa de vida que apresenta características análogas a outras etapas do ciclo de vida da mulher. As repercussões no relacionamento do casal, implicam que ambos façam readaptações, a todos os níveis, no sentido de manter ou melhorar a qualidade do relacionamento conjugal e de vida de que desfrutavam. Desenvolvemos um estudo descritivo de abordagem mista em duas fases: na primeira pretendeu-se identificar as representações sociais através da resposta a palavras estímulos: menopausa, climatério, relacionamento conjugal e sexualidade. Na segunda fase pretendeu-se compreender as implicações do climatério no relacionamento conjugal, recorrendo-se ao questionário de auto-preenchimento com utilização das escalas EASAVIC, ISS e WOQOOL (Bref) a 116 casais. Destacamos algum desconhecimento relativamente ao climatério e uma conotação da menopausa associada a disfuncionamento e problemas de saúde. Os indivíduos com idades mais baixas e nível de escolaridade superior apresentam maior qualidade de vida, satisfação sexual e satisfação conjugal. O sexo masculino apresenta melhor qualidade de vida e uma visão mais positiva do casamento. O funcionamento conjugal alvitra (re)ajustes ao longo do tempo de relacionamento conjugal. A forma como cada casal se entrega e vivencia o próprio relacionamento, influência e é influenciado pelas etapas do climatério. Os casais consideram ainda que não têm preparação suficiente para vivenciar saudavelmente esta etapa do ciclo de vida. Investir na formação dos profissionais para uma intervenção individual e culturalmente adequada no processo de transição da menopausa e melhorar a resposta dos serviços de saúde parece um desafio importante na melhoria da qualidade de vida, bem-estar e equilíbrio da mulher e do casal.
- Comportamentos de risco em adolescentes e jovens adultos da região de Lisboa : perspectivas de prevençãoPublication . Nabais, Luís; Ramos, NatáliaO presente trabalho é um estudo exploratório sobre os comportamentos de risco em adolescentes e jovens adultos entre os 16 e os 30 anos. Os objectivos compreendem a identificação e caracterização dos comportamentos de risco nestas etapas do desenvolvimento. É dada particular atenção ao consumo de bebidas alcoólicas e de outras substâncias e sua relação com outros factores de risco para a saúde, particularmente a presença de indicadores psicopatológicos como sejam a depressão e ideacção suicidária. A metodologia engloba métodos quantitativos e qualitativos. Foram constituídos dois grupos de participantes, um de 540 indivíduos entre os 16 e os 25 anos e outro grupo de onze indivíduos com idade entre os 25 e os 29 anos. Ao primeiro grupo foram aplicados quatro instrumentos, Questionário de Caracterização Sociodemográfica e de Consumos, Inventário de Intensões Comportamentais (MEV), Escala de Depressão de Beck (BDI-II) e Escala de Risco Suicidário de J. Stork. Ao segundo grupo foi realizada uma Entrevista semiestruturada aprofundada e aplicados os mesmos instrumentos. Os resultados revelam a presença de comportamentos protectores de saúde na maior parte dos participantes e valores não negligenciáveis de depressão e de ideacção suicidária. Os instrumentos revelam ainda consistência na articulação das variáveis e apresentam-se como bons predictores dos comportamentos de risco. A análise qualitativa das entrevistas coloca em evidência a inter-relação dinâmica entre factores de risco e factores protectores. Apontam-se novas linhas de investigação que possam captar os processos de mentalização subjacentes aos comportamentos de risco e promover a prevenção nesta área, bem como a saúde e o desenvolvimento destes jovens.
- A comunicação médico-doente em contexto hospitalarPublication . Melo, Maria da Luz de; Ramos, NatáliaO presente estudo analisa o impacto psicológico da informação sobre o diagnóstico e tratamento em doentes hospitalizados e as atitudes dos médicos sobre a informação que consideram importante transmitir-lhes. Investigou-se como reagem à informação em duas condições: a primeira analisa o impacto que a informação provoca no doente, a grau da satisfação e da ansiedade; a segunda examina os efeitos interactivos entre a satisfação, a ansiedade, e o estilo de coping disposicional. Duzentos e trinta e três doentes foram seleccionados de acordo com uma amostra não probabilística sequencial. A informação factual foi recolhida através de uma entrevista semi-estruturada e validade a partir dos dados registados na sua ficha clínica. A satisfação foi medida por uma escala de tipo Likert, a ansiedade pela escala de ansiedade do Brief Symptom Inventory (BSI), e o estilo de coping disposicional pela Miller Behavioral Style Scale (MBSS). O estudo demonstrou que a maioria dos doentes possuía pouca informação sobre a situação clínica e que os mais informados estavam mais satisfeitos. Verificou-se valores de ansiedade elevada e que este resultado estava relacionado com o estilo de coping, com o diagnóstico e o tipo de tratamento. Para estudar os médicos recorreu-se a dois questionários: Questionário para aplicar aos médicos sobre Informação a dar ao doente e o Questionário sobre Informação a dar ao doente, para aplicar a cirurgiões e a outros médicos que usem técnicas invasivas. Trinta e dois médicos foram seleccionados de acordo com uma amostra não probabilística sequencial. Os resultados indicam que a preferência dos médicos numa consulta clínica, é a preocupação em adaptar-se ao nível de compreensão do doente e relativamente à que antecede uma cirurgia ou um procedimento invasivo, é explicar todas as vantagens e desvantagens das possíveis alternativas de tratamento. A análise das respostas dos médicos, aos dois questionários, aponta para a inexistência de critérios comuns na valorização que fazem da informação a dar aos doentes.
- Consumo de bebidas alcoólicas e de tabaco na população adolescente : factores pessoais e familiares predictores do consumoPublication . Frazão, António Antunes; Ramos, NatáliaA presente investigação teve como principais objectivos a compreensão das relações existentes entre os consumos de tabaco e de álcool, e factores pessoais e familiares como: idade, sexo, número de reprovações, auto-conceito, crenças acerca do álcool e do tabaco, nível socioeconómico, funcionalidade familiar e percepção da autonomia e amor disponibilizados pelos pais. No Momento 1 da investigação, foram recolhidos dados junto de adolescentes que frequentavam o 9º ano de escolaridade em 12 escolas da zona de Leiria (n=1147). Dois anos depois (Momento 2), fez-se a mesma recolha de informação junto das 5 escolas secundárias que receberam a maioria dos alunos inquiridos no Momento 1 (n=761). Relativamente aos consumos, os nossos resultados corroboram os obtidos noutras investigações. Assim: o consumo de tabaco e de álcool dos nossos adolescentes continua a situar-se abaixo do dos adolescentes de outros países, verificando-se a tendência ao aumento dos consumos (sobretudo no referente ao álcool), e uma paridade crescente entre os géneros. Podemos constatar que factores pessoais e familiares revelam ter importância na iniciação e manutenção dos comportamentos de consumo. A iniciação precoce, algumas crenças pessoais acerca do álcool e do tabaco, a reprovação escolar e a dimensão comportamento do auto-conceito, bem como a percepção que o/a adolescente tem do clima familiar e das relações parentais, e ainda da permissividade/tolerância dos pais relativamente aos consumos, constituem factores facilitadores do consumo adolescente, podendo ser predictores dos níveis de consumo.
- Contributos para a análise de modelos organizativos de Intervenção Precoce na Infância em PortugalPublication . Gronita, Joaquim; Ramos, Natália; Pimentel, Júlia SerpaA presente pesquisa pretende contribuir para uma caraterização pormenorizada dos modelos organizativos da Intervenção Precoce na Infância, clarificando a sua diversidade organizativa e a sua relação com as práticas. Procurou-se recolher as ideias dos profissionais sobre a operacionalização da Intervenção Precoce na Infância na comunidade onde desenvolvem a sua atividade profissional. Participaram no estudo organismos/equipas de doze distritos, a partir dos quais caraterizamos modelos organizativos da Intervenção Precoce na Infância em Portugal. O primeiro estudo incide sobre as perceções dos profissionais e é um estudo descritivo, onde se analisam 62 respostas a um questionário aplicado ao mesmo número de equipas sobre o modelo organizativo e funcional da intervenção precoce na área geográfica do inquirido. O segundo é um estudo de caso, onde são observadas as práticas. É um estudo qualitativo e exploratório, que visa compreender quais os procedimentos dos profissionais de intervenção precoce observados no âmbito do desempenho das suas tarefas profissionais. Analisámos a heterogeneidade dos organismos/equipas de Intervenção Precoce na Infância e as suas implicações nas dimensões organizacionais e nas práticas profissionais. Os resultados confirmam que têm coexistido em Portugal diferentes modelos organizativos das respostas em Intervenção Precoce na Infância e a inexistência de opções políticas nacionais consistentes, claras e amplas, com vista ao atendimento das crianças nos primeiros anos de vida e das suas famílias. Esta diversidade organizativa tem repercussões nas práticas profissionais. Encontramos caraterísticas dos modelos organizativos e das práticas de gestão que agrupam os organismos/equipas de intervenção precoce na infância entre si e percebemos a influência destas modalidades na prática dos profissionais, aproximando-as ou afastando-as das práticas recomendadas. Emergiram recomendações que parecem adequar as práticas profissionais à realidade da sociedade portuguesa. A par da afetação de pessoal, assinala-se a necessidade de concertação com os de outros programas, de modo a afirmar uma estratégia global para a resolução dos problemas que afetam as crianças com menos de seis anos, na sociedade portuguesa. Reconhecemos a importância da participação das Contributos para a Análise de Modelos Organizativos de Intervenção Precoce na Infância em Portugal organizações não governamentais e da sociedade civil em geral, no desenvolvimento das comunidades, influenciadoras do desenvolvimento das crianças e das suas famílias. As organizações não governamentais, envolviam e articulavam muito mais com toda a comunidade, incluindo as estruturas oficiais o que nem sempre acontecia, quando a iniciativa da resposta social era das entidades públicas. A legislação fomentou a estatização da IPI, desresponsabilizando e condicionando a iniciativa privada e a participação da sociedade civil na resolução dos problemas das crianças e das suas famílias. No segundo estudo observámos práticas de profissionais de um organismo de Intervenção Precoce na Infância. Procuramos compreender a apropriação dos profissionais em relação às teorias, modelos, conceitos e recomendações internacionais. Neste estudo estivemos mais centrados no que efetivamente acontece, nas funções/tarefas dos profissionais, no âmbito do atendimento às crianças/famílias. Os casos observados proporcionaram a compreensão do que se passa no atendimento das crianças e das famílias e a sua relação com a maneira como a resposta social está organizada. Concluímos que as práticas dos profissionais são diferentes, mesmo quando partilham o mesmo enquadramento teórico e combinam práticas. Esta diferença, quando relacionada com as características específicas das famílias/crianças e dos seus contextos de vida, pode ser considerada como uma prática recomendada e um procedimento de adequação à realidade social e cultural portuguesa. Reconheceram-se procedimentos dos profissionais que visam reunir informação da criança e da família, numa perspetiva holística e que, genericamente correspondem às recomendações internacionais. O estudo identifica práticas recomendadas.
- Crianças e jovens maltratados e suas famílias : uma abordagem clínica e da saúdePublication . Rego, António Alves do; Ramos, Natália; Pires, Carlos M. LopesMúltiplos factores pessoais, familiares, sociais, económicos, políticos e culturais estão na origem da emergência da violência e maus-tratos contra crianças, jovens e mulheres. São factores que actuam, frequentemente de forma associada, perturbam a saúde e a qualidade de vida das pessoas. À sociedade actual, globalizada e plena de recursos humanos e materiais, científicos e técnicos, mas também plena de precaridades e de injustiças, tem o dever de criar, aplicar, desenvolver e controlar mecanismos eficazes de equilíbrio entre liberdade e segurança, individuais e colectivas, tendo em vista o bem-estar dos seus cidadãos. Admitindo-se que as perturbações psicopatológicas se podem encontrar aquém e além (como causa ou consequência) do acto violento, o presente estudo investiga em que medida os pais maltratantes de seus filhos são indivíduos com tais perturbações e em que medida as crianças e jovens maltratados sofrem de depressão. Para isso, apoiámo-nos em testes aferidos e válidos, de reconhecido mérito. Avaliamos um conjunto de dados que nos permitem compreender hábitos, atitudes e valores e, deste modo, distinguir famílias sinalizadas como maltratantes, das famílias não sinalizadas e, para isso apoiámo-nos em inquéritos. Dos dados da investigação, concluímos: os pais maltratantes de seus filhos apresentam perturbações psicopatológicas com significativo índice de mal-estar; as crianças e jovens maltratados não apresentam sintomas de depressão; os hábitos, atitudes, valores e cuidados educacionais e familiares, influenciam o comportamento das famílias maltratantes.residentes no concelho de Torres Novas, onde se desenvolveu o estudo.
- Educação para a saúde e intervenções terapêuticas nas equipas de cuidados continuados integrados : um estudo em agrupamentos de centros de saúde da região de LisboaPublication . Lucas, Pedro Ricardo Martins Bernardes; Ramos, NatáliaA Educação para a Saúde (EpS) constitui uma actividade importante no quotidiano das práticas dos profissionais de saúde. As alterações demográficas, epidemiológicas e sociais que têm ocorrido nas últimas décadas, têm originado mudanças nas necessidades de cuidados de saúde da população. A crescente necessidade de existirem respostas adequadas, ética e financeiramente sustentadas, para fazer face a um bom desempenho dos Sistemas de Saúde, tem vindo a sugerir o estabelecimento de parcerias intersectoriais e multidisciplinares para a prestação de cuidados de longa duração, dirigidos a indivíduos dependentes. Na sequência das preocupações de sustentabilidade do sistema surgem as altas hospitalares precoces, que determinam o incremento da importância dos cuidados de saúde prestados no domicílio. Este é apresentado como local ideal de cuidados na perspectiva da continuidade dos mesmos, nomeadamente ao ser integrado na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados. Os Cuidados Continuados Integrados surgiram como uma estratégia para dar resposta ao aumento das necessidades de cuidados de saúde, de forma sustentável. As reformas desenvolvidas neste âmbito atribuem responsabilidades às Equipas multidisciplinares de Cuidados Continuados Integrados (ECCI) dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES). Com este estudo pretendeu-se: identificar as actividades em EpS que são realizadas nos ACES da região de Lisboa, ao nível da sua importância, conceito, actividades efectuadas, dificuldades e condicionantes organizacionais da EpS; identificar características dos profissionais de saúde das ECCI dos ACES da região de Lisboa; descrever os aspectos relacionados com a formação das ECCI ao nível geral, em EpS e necessidades de formação; e caracterizar as intervenções terapêuticas dos profissionais de saúde das ECCI junto dos utentes dependentes no seu domicílio. Para a consecução destes objectivos delineou-se um estudo observacional, descritivo e exploratório com abordagem quantitativa e qualitativa. A população deste estudo foram os profissionais de saúde das equipas multidisciplinares domiciliárias dos doze ACES da região de Lisboa, que resultaram do agrupamento dos trinta e oito antigos Centros de Saúde que foram reorganizados na reforma dos Cuidados de Saúde Primários de 2008. Foi também participante do estudo, um grupo de utentes do Centro de Saúde de Mafra e outro grupo do Centro de Saúde da Pontinha, que são abrangidos pelas ECCI dos respectivos ACES. Os instrumentos utilizados na colheita de dados foram questionários e entrevistas semiestruturadas. Os resultados evidenciaram que os profissionais de saúde que pertencem às ECCI atribuem muita importância à EpS. Ao nível do desempenho em EpS, o aspecto mais valorizado foi aquele que considera que é uma actividade que deve ter em conta o interesse e as necessidades dos indivíduos. Concluiu-se ainda que os profissionais consideram que deve ser dada a mesma importância à EpS e às actividades de tratamento. Também se verificou que tendencialmente se realizam muitas vezes actividades de EpS, embora apenas algumas vezes estas sejam planeadas. Este estudo permitiu ainda concluir que aproximadamente metade dos profissionais de saúde realizou formação contínua regularmente nos últimos 5 anos e destes, em 63% dos casos, a formação era de suporte ao desenvolvimento de actividades de EpS. A quase totalidade destes profissionais aplicou os conhecimentos adquiridos, sentindo, no entanto, necessidade de mais formação nesta área. Verificou-se que maior idade dos profissionais de saúde está associada a maior desempenho em EpS e à consideração da EpS como um processo em que se procuram clarificar valores. Concluiu-se ainda que à medida que aumenta a idade dos profissionais aumenta a tendência para desenvolvimento de actividades de EpS nas seguintes áreas: alimentação, hidratação, imobilidade, controlo de doenças, saúde mental, comportamentos saudáveis e dor. Constatou-se necessidades de formação nestas áreas. Observou-se que a relação interpessoal, enquanto intervenção terapêutica, foi aquela que mais se verificou e da qual resultou um maior número de categorias. Tal vem demonstrar que a prática dos profissionais de saúde tem como base a componente relacional e que todas as outras intervenções se suportam na solidez da qualidade da relação estabelecida. Verificase que a maior parte das restantes categorias estão no âmbito da comunicação, sendo por isso imprescindível o desenvolvimento de competências em comunicação em saúde por parte dos profissionais que exercem neste contexto. São também condições necessárias a ter em conta, as atitudes adoptadas pelos profissionais de saúde e a importância da comunicação visual na relação profissional de saúde - utente. Este estudo tem implicações para os profissionais de saúde, que poderão beneficiar directamente das suas conclusões, nomeadamente, a identificação das dificuldades e das estratégias que devem ser utilizadas no seu desempenho profissional, uma vez que a EpS é fundamental para os ganhos em saúde dos indivíduos e das populações e deve assumir um papel cada vez mais central no contexto da prestação de cuidados de saúde. Foram, igualmente, identificadas implicações organizacionais, políticas e para a investigação.
- Migração, saúde e qualidade de vida : brasileiros residentes na região de LisboaPublication . Reis, Lyria; Ramos, NatáliaA mobilidade humana é uma constante no mundo globalizado. Historicamente o Brasil tem sido um país de imigrantes. Por vários motivos, a partir dos anos 50 do século passado, muitos brasileiros tornaram-se emigrantes tendo como principais destinos migratórios os Estados Unidos, o Paraguai, o Japão, Portugal, Inglaterra, Itália entre outros. Em 2011 a comunidade brasileira residente em Portugal contava com 111.445 indivíduos (42,6% do sexo masculino e 57,4% do sexo feminino), contabilizando 25,5% dos imigrantes com situação regularizada junto ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. A mudança de um país para outro provoca modificações no contexto biopsicossocial dos indivíduos. Nesse movimento, o migrante deixa o seu espaço conhecido e vai de encontro ao novo e passará por um processo de adaptação nos mais diversos aspetos da sua vida quotidiana, processo esse que acontecerá de diferentes formas e com maior ou menor dificuldade para cada pessoa. Nas migrações internacionais, a adaptação poderá ser mais ou menos fácil, de acordo com aspetos relacionados tanto ao indivíduo quanto ao meio que o envolve. Os indivíduos poderão alterar comportamentos relacionados à saúde e estilos de vida, adequando-se à nova realidade encontrada. Algumas alterações poderão ser prejudiciais à saúde das pessoas quando estas abandonam hábitos saudáveis e adotam hábitos prejudiciais que podem dar origem a doenças crónicas. Esta investigação tem como objetivo conhecer e compreender a situação dos imigrantes brasileiros residentes na região de Lisboa, a sua relação com a saúde e a doença, o seu processo migratório e os possíveis efeitos deste sobre a sua saúde, os seus estilos de vida e qualidade de vida, analisados comparativamente (pré e pós migração) através das crenças e comportamentos face à saúde e a doença, a inserção no contexto de saúde brasileiro e português, os estilos de vida adotados em Portugal e a qualidade de vida desta comunidade. A investigação é exploratória, descritiva e transversal e utiliza uma amostra não probabilística. Foram entrevistados 120 brasileiros, de ambos os sexos, maiores de 18 anos, residentes em Portugal há pelo menos um ano e que, após esclarecimento por escrito, concordaram em responder a um inquérito construído especificamente para esta investigação. Utilizou também o WHOQOL-breve para o estudo da qualidade de vida destes imigrantes. O tratamento dos dados foi realizado através de análise quantitativa (estatística descritiva) e qualitativa (análise de conteúdo e temática). Os principais resultados indicaram alterações nos comportamentos relacionados à saúde, nomeadamente no consumo de bebidas alcoólicas, na prática de atividade física e na procura por serviços de saúde. A pesquisa vem alertar para as múltiplas dimensões implicadas no processo de adaptação dos imigrantes. Para além dos aspetos legais e políticos, a adaptação e a integração dos imigrantes deverá ser realizada também na dimensão psicossocial, através do aumento dos apoios e informações sobre recursos existentes para os imigrantes, como também da necessidade de reorganização das suas redes de suporte social, do desenvolvimento do sentimento de pertença e da promoção e desenvolvimento de hábitos e estilos de vida saudáveis.
- Qualidade de vida e saúde mental em contexto migratório : um estudo com brasileiros e portugueses residentes na cidade de Genebra/SuiçaPublication . Rodrigues, Ieda Franken; Ramos, NatáliaA relação entre migração e busca por melhores condições de vida, qualidade de vida, tem-se registado como uma das maiores forças vectoriais na decisão de imigrar. Actualmente, há cerca de 200 milhões de migrantes no mundo (ONU, 2007). Porém entre a chegada ao país de acolhimento e a real melhoria da qualidade de vida atravessam-se aí inumeras situações de sofrimento vivenciados pelo actor migrante. Esta pesquisa tem por objectivo geral investigar o fenómeno migratório internacional, a qualidade de vida e a saúde mental entre brasileiros e portugueses imigrantes, residentes na cidade de Genebra/Suíça. Utiliza-se o suporte da teoria das Representações Sociais. Trata-se de uma pesquisa de campo, com abordagem multimétodo, envolvendo 509 imigrantes. Foram utilizados os seguintes instrumentos: Associação Livre de Palavras; WOQOL-bref; Questionário biossociodemográfico; SQR-20; Questionário com questões pertinentes sobre a temática estudada, e Entrevista Semi-Dirigida. Os dados obtidos pelos questionários, WOQOL-bref e SQR-20 foram analizados pelo pacote estatístico SPSS-16; e os recolhidos pela técnica de Associação Livre de Palavras foram analisados por Análise Factorial de Correspondência através do software Tri-DeuxMots; e os recolhidos pela entrevista, foram analisados pela Técnica de Análise de Conteúdo de Bardin. Os resultados revelaram: que as migrações internacionais intra e extra europeia apresentam diferenças significativas na vida destes actores sociais: as associações evocadas reflectem as diferentes formas de inserção na sociedade de acolhimento; a avaliação positiva da qualidade de vida e da saúde mental são mais elevadas na população com maior tempo de imigração; a imigração laboral foi a motivação para imigrar; as maiores facilidades encontradas foram os transportes e as dificuldades, encontrar moradia. Concluiu-se que as representações sociais um melhor entendimento sobre as atividades cognitivas, simbólicas e afectivas dos participantes nas suas interações cotidianas e posicionamentos sociais. A avaliação da qualidade de vida e da saúde mental resultou mais positiva quanto maior o tempo de imigração. Espera-se que estes resultados contribuam para aprofundar o estudo das migrações internacionais bem como proporcionar mudanças que favoreçam a população imigrante.
- Violência conjugal contra a mulher : representações sociais e práticas dos profissionais de saúde face às mulheres vítimasPublication . Calvinho, Salete; Ramos, NatáliaA Organização Mundial de Saúde classifica a violência conjugal contra a mulher como um problema e uma prioridade de saúde pública pelo que os profissionais de saúde devem intervir ao nível da prevenção, do diagnóstico, do acompanhamento e encaminhamento da mulher com alterações na saúde secundárias à violência (OMS, 1996; WHO, 2002). A violência conjugal contra a mulher é responsável por grande morbilidade, aumento dos casos de mortalidade e pode ter consequências permanentes para a mulher e sociedade, com mais consumo de recursos de saúde e mais propensão a comportamentos de risco para a saúde. As mulheres vítimas manifestam dificuldades para solicitar o apoio dos profissionais de saúde, nomeadamente por processos psicológicos complexos de reacção à violência mas, também por falta de condições e confiança para abordar o assunto com os profissionais. Face a estes pressupostos delineamos um desenho de investigação centrado no paradigma qualitativo, do tipo estudo de caso e ancorado na teoria das representações sociais, com os seguintes objectivos: conhecer as representações sociais dos profissionais de saúde, que contactam com mulheres vítimas de violência conjugal, sobre a violência conjugal contra a mulher; analisar a articulação entre os diversos profissionais de saúde que atendem mulheres vítimas de violência conjugal. Colaboraram no estudo enfermeiros (as), médicos (as), psicólogas e assistentes sociais, a exercer em contexto de prestação de cuidados de saúde na comunidade e no hospital. Utilizou-se como técnicas de recolha de dados a entrevista semi-estruturada e a técnica da associação livre de palavras (TALP). Os resultados apontam para a necessidade de formação específica sobre a questão da violência conjugal e em comunicação em saúde destes profissionais, assim como de políticas públicas adequadas. Salientam também a necessidade de recursos de saúde e de uma intervenção articulada com os outros recursos da comunidade para a prevenção, diagnóstico e encaminhamento das mulheres vítimas de violência conjugal.