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Escrita feminina: dizer mulher

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Abstract(s)

A literatura é arte concretizada por um discurso. À linearidade que esta afirmação encerra subjaz uma teia de complexas relações que se entremeiam no sentido de sufragar o corpus textual a significâncias múltiplas. Ao desnudá-las, interrogamo-nos, em primeira instância, pela autoridade de quem o concebeu. A escrita encarada como uma manifestação de poder foi mais um dos estratagemas utilizados pela dominância masculina ao logo das eras. A Mulher, subjugada ao olhar e ditames de uma sociedade patriarcal, aninhou-se num resguardo doméstico, apenas permeado pela intensa temporalidade que o seu íntimo ia rendilhando. Este contínuo exílio a que foi votada conferiu-lhe a culpabilidade de um pecado que não podia mais ser entendido como original e o amadurecimento necessário para perceber que a incomunicabilidade era a pior das sujeições. Timidamente errou por conventos ou guarneceu-se de vestes outras, iniciando assim o arrojado processo de libertação e, simultaneamente, o assomo a uma equiparação ao Homem, materializada, sobretudo, em actos. Ao apartar-se desse jugo encontrou-se com a tinta que se responsabilizaria pelo colorir de uma nova existência. Ténue, a princípio, porque matizava ainda uma aspiração ofuscada a ser, inflamado depois quando interiorizou, mostrando, que tinha uma palavra a dizer. A inscrição do corpo no texto manipula temáticas várias, porém a Mulher extrapola todas as muralhas que sobre si se erigem, tornando-se difícil perceber quando ela escreve. Contudo por mecanismos, essencialmente, temáticos mas também discursivos, assiste-se à inauguração na escrita de uma identidade feminina personalizada, revelada numa progressiva construção de um tempo interior, e já não estereotipada. Preludia-se um novo confronto entre sexos biológicos e géneros sociais, tornando-se premente a destrinça do texto criado pelo homem do gerado pela mulher. Inviabilizou-se o desígnio porque a questão autoral não aclara a especificidade dos textos. Criou-se então o termo de escrita feminina. Esta por oposição à outra, à canonizada. Discutiremos a pertinência do termo ao longo do trabalho, reconhecendo, contudo, que os traços que a arquitectam são passíveis de tradução da autoridade textual que acima questionámos. Traços quentes de uma memória que ebule ante um passado e que, ao repensar o presente, propõe a construção de um futuro, outro, com o comprometimento apenas a uma sensibilidade que é só sua, do Homem ou da Mulher.

Description

Keywords

Margarida Rebelo Pinto, 1965- António Alçada Baptista, 1927-2008 Lídia Jorge, 1946- Mulheres Escrita Escritores Género Literatura portuguesa

Pedagogical Context

Citation

Tanissa, Marília da Conceição Espadinha Gonçalves Pita - Escrita feminina [Em linha]: dizer mulher. Lisboa: [s.n.], 2007. 190 p.

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