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No Livro I (25,1-5) da Biblioteca Histórica, Diodoro Sículo registou a seguinte passagem: «Quanto a Isis, os Egípcios dizem que ela inventou muitas mezinhas úteis à saúde e que era muito versada na ciência da cura; ao se tornar imortal, ela encontrou o seu maior prazer na cura das doenças dos homens e ajuda durante o seu sono aqueles que chamam por ela, manifestando-se claramente tanto com a sua própria presença como com os favores que dispensa àqueles que a invocam. (…). Ela aparece sobretudo aos doentes durante o sono, dando-lhes ajuda nas suas doenças e alcançando curas notáveis naqueles que se submetem a ela; e muitos que foram perdendo a esperança de cura junto dos seus médicos devido à natureza difícil da doença são curados por ela; muitos cegos ou estropiados curam-se quando recorrem a esta deusa.»
A referência de Diodoro Sículo alude directamente à importância e à prática médico-religiosa da incubação de sonhos no antigo Egipto. Especialmente preocupados com as manifestações das divindades, os antigos Egípcios conferiam naturalmente uma grande importância a todos os sinais que pudessem indiciar uma comunicação entre as esferas do divino e do humano. O sono era, neste aspecto, uma fase simultaneamente delicada e privilegiada em que o homem podia entrar em contacto com os deuses pelos sonhos, fossem eles espontâneos/acidentais ou provocados/induzidos, podendo deles receber visões premonitórias e curas. As visões nocturnas e os sonhos constituíam, por isso, um processo excepcional das deidades se manifestarem e de indicarem aos humanos os correctos procedimentos a empreender.
No contexto do antigo Egipto, o termo sanatorium aplica-se, portanto, aos recintos/ edifícios onde os pacientes podiam ser total ou parcialmente imersos em água sagrada ou praticar a incubação, e “incubação” é o termo técnico que denomina a prática de passar uma ou mais noites nos sanatoria com o objectivo de experienciar um sonho curativo e obter a resposta e orientação divina para um problema de saúde.
No Egipto, os templos mais conhecidos pelas suas terapêuticas curas eram o templo funerário de Hatchepsut, em Deir el-Bahari, o templo de Seti I, em Abidos, os Serapea de Mênfis e de Canopos e o templo da deusa Hathor em Dendera. A nossa reflexão situa-se em torno dos «sonhos provocados/ induzidos» ou incubação de sonhos miraculosos que levaram inúmeros visitantes ao sanatorium de Dendera, interessados nos seus resultados terapêuticos.
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Sanatoria Incubação Práticas médico-religiosas Arquitectura religiosa
Pedagogical Context
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CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória