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- Do saber ao poder: estruturas retóricas e planos de texto nas introduções de teses de doutoramentoPublication . Silva, Paulo Nunes da; Santos, Joana VieiraA estrutura retórica dos textos é um lugar privilegiado de cruzamentos entre discurso e poder, especialmente se ancorada na autoridade do conhecimento científico. Os textos académicos, veículos desse conhecimento e exemplares de géneros com pendor argumentativo, são, assim, construções discursivas do saber nas quais se intersectam vetores de poder. Neste aspeto, a introdução, género incluído de géneros maiores (RASTIER, 1989), é um texto académico decisivo pela posição de abertura, que lhe confere carácter programático de criação do espaço de investigação. Também explana os conteúdos e o plano de texto (ADAM, 2002), legitima a pesquisa, demonstra inovação e projeta a autoridade científica do autor perante uma comunidade de pares (SWALES, 2011). Dentro destes pressupostos, uma análise contrastiva das Introduções de dez teses de doutoramento em Ciências e dez em Ciências Sociais e Humanas/Humanidades da Universidade de Coimbra (2003-2012) mostra assimetria no que toca aos movimentos retóricos de delimitação da área e nicho da investigação (BUNTON, 2002), e semelhança em padrões de articulação de passos (acoplagem, interrupção e entrelaçamento). Tanto assimetria como semelhança resultam da seleção estratégica de componentes distintas do saber para a construção da autoridade científica, o que valida e reconfigura práticas sociodiscursivas específicas destas áreas disciplinares (BRONCKART, 1996).
- Encruzilhadas do artigo científico: língua, plano de texto, tempos verbais e voz autoralPublication . Santos, Joana Vieira; Silva, Paulo Nunes daO presente trabalho incide na análise de textos do género artigo científico com o objetivo de identificar e sistematizar algumas das suas principais propriedades. Foi analisado um corpus de 60 exemplares de Ciências (C) e de Ciências Sociais e Humanas / Humanidades (CSHH), focando a atenção em propriedades como a língua de divulgação usada, a voz autoral, o uso predominante de tempos verbais e o plano de texto adotado. Ao contrastar artigos de C e de CSHH, a análise das propriedades mencionadas permitiu detetar cruzamentos e influências recíprocas. De acordo com os dados obtidos, artigos de CSHH apresentam maior variedade no uso dos diversos mecanismos analisados, construindo vozes autorais e posicionamento mais individualizado, ao passo que os artigos de C, escritos exclusivamente em inglês, refletem a opção por recursos mais uniformizados e formulaicos.
- Itinerários da escrita académica no ensino superior: um projeto de investigação aplicada sobre textos e génerosPublication . Silva, Paulo Nunes da; Santos, Joana Vieira; Sitoe, Marta ZefaniasEmbora múltiplos géneros do discurso académico tenham sido investigados a partir dos textos (Swales 1990, 2004; Bazerman et al. 2005; Bennett 2011; Rose e Martin 2012), em Portugal, a pesquisa aplica-se sobretudo à literacia académica, entendida por vezes restritivamente como o conjunto de procedimentos inerentes à elaboração de trabalhos académicos (Madeira e Abreu 2004; Oliveira 2018; Correia e Mesquita, 2012). Estudos sobre como se comunica ciência em português são escassos (Bennett 2011, 2014; Carvalho 2008; Barbeiro, Pereira e Brandão 2015; Duarte e Pinto 2015), pelo que se justifica o mapeamento sistemático dos géneros académicos, bem como a elaboração de materiais que promovam a melhoria das competências exigidas a estudantes e investigadores. O presente artigo, que descreve um projeto de investigação sobre géneros académicos justificando as suas potenciais aplicações na formação terciária, explicita os géneros textuais estudados, os objetivos científicos e pedagógicos do seu mapeamento, o enquadramento teórico compósito, ancorado no Interacionismo Sociodiscursivo, as metodologias, os resultados a diferentes géneros, a recolha e disponibilização de corpora e as futuras linhas de pesquisa. Entre as principais conclusões avulta a hipótese de que estará em curso um processo de estandardização na escrita académica em Portugal, por influência de modelos internacionais, bem como a necessidade de elaboração de materiais específicos para o ensino-aprendizagem da comunicação em contexto académico.