Relações Interculturais
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- Tracejar vidas normais: estudo qualitativo sobre a integração social de indivíduos de origem cigana na sociedade portuguesaPublication . Magano, Olga; Silva, Luísa Ferreira da; Alves, FátimaA investigação desenvolvida é sobre a integração social de indivíduos de origem cigana. Do ponto de vista da diferenciação, a nossa investigação questiona a homogeneidade essencialista sobre os ciganos. Os processos de integração não podem ser dissociados da identidade social, integração e identidade social são dois pilares da nossa análise. Os modos de integração dos indivíduos estão intimamente relacionados com a socialização e as experiências sociais que estão na base da interiorização de novas aprendizagens. No quadro da compreensão, desenvolvemos uma investigação qualitativa com recurso a entrevistas com indivíduos de origem cigana residentes em diversos locais de Portugal. A análise centra-se nas narrativas, na perspectiva do indivíduo enquanto agente competente para interpretar de modo reflexivo a sua trajectória e os seus sentimentos. Os nossos resultados mostram uma diversidade de trajectórias e biografias que se reflectem sobre o processo de construção identitária dos indivíduos. Os indivíduos circulam em universos e espaços sociais diversos e interagem com eles, construindo uma multiplicidade de modos de se auto-definir ao mesmo tempo que articulam os seus traços de identidade(s) (identidades plurais ou mestiças. Por sua vez, as identidades plurais criam novas oportunidades de circulação social e produzem lógicas da acção que são heterogéneas (as práticas sociais). Este processo social de auto-construção permanente em diferentes contextos faz emergir perspectivas de uma integração à sociedade não cigana, mantendo ancoragens com a identidade cigana. As configurações da integração individual variam segundo a diferenciação de processos de socialização mas têm em comum a capacidade de adesão flexível a valores que podem “acumular-se”. Esta mestiçagem cultural e simbólica permite ao indivíduo inscrever-se simultaneamente em duas culturas. Ser cigano integrado é uma concepção dinâmica e plural que abre a possibilidade de “ser cigano” e “ser integrado”, ou seja, integrar-se na sociedade dominante sem diluição da identificação cigana. Os ciganos (homens e mulheres)integrados que entrevistámos afirmam o seu orgulho na pertença cigana.
- Relações interétnicas, dinâmicas sociais e estratégias identitárias de uma família cigana portuguesa : 1827-1957Publication . Sousa, Carlos Jorge dos Santos; Horta, Ana Paula Beja; Machado, Fernando LuísEsta tese pretende contribuir para um melhor conhecimento das relações existentes entre uma família cigana, residente em Lisboa, e a restante sociedade portuguesa que com ela se relacionou. São três os indivíduos investigados. As dinâmicas sociais, culturais e étnicas desenvolvidas por estes três indivíduos, e a sua família, foram objecto de investigação de forma a compreender a pluralidade das suas pertenças étnicas através dos contrastes e continuidades, nas suas dimensões sociais e culturais, com a restante sociedade portuguesa. Relações Interétnicas, Dinâmicas Sociais e Estratégias Identitárias de uma Família Cigana Portuguesa são estudadas desde 1827 – ano do nascimento de Manuel António Botas – até 1957, ano do falecimento de António Maia, neto deste, e filho de Maria da Conceição de Sousa e Botas. As histórias de vida destes três indivíduos pertencentes a uma família cigana lisboeta são investigadas a partir dos relatos orais de membros desta família; do jazigo de família; dos registos paroquiais de baptismo, casamento e óbito; dos jornais relativos aos períodos que medeiam aquelas datas; dos arquivos militares e da Liga dos Combatentes da Grande Guerra. Estas fontes foram instrumentalizadas de maneira a possibilitar e a inter-relacionar categorias de informação que permitiram, através da sua triangulação, a consolidação, descoberta e a criação de novos conhecimentos. Nascido dois anos depois do primeiro quartel do século XIX, Manuel António Botas foi bandarilheiro, director de corridas, guitarrista, amigo da Severa e do Conde de Anadia, entre outros. A sua participação pessoal e, sobretudo, profissional na sociedade oitocentista portuguesa influenciou a geração do seu tempo e as vindouras. A sua filha, Maria da Conceição de Sousa e Botas, casou pela igreja católica e de acordo com a Lei cigana, com um cigano, José Paulos Botas, com quem conceberia oitos filhos. Tia Chata, nome pelo qual viria a ser conhecida na idade adulta, transformou-se numa mulher de respeito. Um dos seus filhos, António Maia, casou com uma jovem cigana que não seria, segundo os testemunhos, o amor da sua vida. Foi combatente na Primeira Grande Guerra, vindo a falecer, vítima de gases nela inalados. A sua actividade política/social/económica/profissional e, sobretudo, a mediação cultural fize-ram dele um tradutor-intérprete intra/intercultural. O estudo desta família demonstrou: que as relações interétnicas são uma constante e que o espaço de sociabilidade é intra/inter-étnico; que predominam as continuidades quer quanto à localização residencial, quer quanto à religiosidade; que existem contrastes e continuidades quer na língua, quer no luto, quer no matrimónio, preferencialmente intra-étnico, e que este se realiza de acordo com a lei cigana e/ou com a da igreja católica. A rede de alianças (intra/inter) é construída a partir do matrimónio e do baptismo.