Sustentabilidade Social e Desenvolvimento
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Browsing Sustentabilidade Social e Desenvolvimento by Sustainable Development Goals (SDG) "02:Erradicar a Fome"
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- Desafios de transição de agricultura de subsistência para uma agricultura sustentável no corredor de Nacala, Moçambique, 2005-2020Publication . Dzucule, Pedro Daniel; Moura, Ana Pinto de; Azeiteiro, UlissesAs propostas da agricultura sustentável ainda são minoritárias, incipientes, até mesmo marginalizadas, em certos contextos sociais, políticos e económicos da produção agrícola moçambicana, muito embora se reconheça que algumas regiões do mundo se tem avançado consideravelmente nesta direção com a implementação de políticas públicas de extensão e assistência técnica, de pesquisa agrícola, de aporte de recursos financeiros em programas específicos para a produção agrícola sustentável, dentre outras. De facto, encontrar e aplicar vias que possibilitam uma transição da agricultura de subsistência para formas mais sustentáveis que atendam a exigências económicas, sociais e ambientais, envolve mudanças estruturais de médio e longo prazo, especialmente no seio do contexto agrícola atual favorável ao agronegócio e ao aprofundamento de certos princípios da “Revolução Verde”. Este trabalho tem como objetivo central, caracterizar a dinâmica dos programas de desenvolvimento agrário no corredor de Nacala, de 2005 a 2020, tendo em conta os princípios da agricultura sustentável. Em termos de objetivos específicos, pretende-se analisar o paradigma do desenvolvimento agrário, de 2005 a 2020, questionando-se se a abordagem da transformação estrutural da agricultura de subsistência para agricultura comercial assenta em vetores de sustentabilidade. Visa ainda identificar os fatores que proporcionaram o avanço ou a estagnação da agricultura no corredor de Nacala para o período em questão, tendo em conta as políticas e reformas agrárias concebidas depois da Independência, bem como identificar as principais barreiras/destorções no processo do desenvolvimento agrário no corredor de Nacala. Visa finalmente propor um modelo de agricultura para o corredor de Nacala, tendo por base princípios de sustentabilidade. Para o efeito, recorrendo-se a uma metodologia mista, envolvendo 225 participantes - produtores, fóruns, associações, empresas, cooperativas, ONG, investigadores agrários, técnicos e extensionistas- utilizaram-se os seguintes instrumentos de recolha de dados: Análise Documental; b) Entrevista; c) Questionário; d) Grupos focais; e) Observação. Do estudo efetuado, evidencia-se que o conceito de agricultura sustentável é questionável, considerando, entre outros fatores, a dificuldade em se determinar a sustentabilidade de qualquer sistema. A proposta centra-se na transição da agricultura familiar de subsistência para uma agricultura sustentável. A escolha da agricultura de subsistência está relacionada com multifuncionalidade da agricultura familiar, que além de produzir alimentos e matérias-primas, gera mais de 80% da ocupação no sector rural Moçambicano.
- From food waste to resources: the impact of a socio-environmental project on the communityPublication . Nogueira, Anne; Fernandes, Ana Paula; Alves, FátimaA insegurança alimentar e o desperdício de alimentos são abordados pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da atual Agenda 2030, desenvolvidos pelos países membros das Nações Unidas (ONU). Cada um dos estados-membros da ONU promoveu planos, programas, estratégias e / ou legislações aprovadas, destinados a lidar com o desperdício e a perda de alimentos (DPA) ao mesmo tempo em que alcançam os objetivos de todos os ODS. Essas participações efetivas são descritas por cada país num Relatório Nacional voluntário divulgado pela ONU na sua Plataforma de Conhecimento de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Para ajudar a União Europeia (UE) a alcançar os ODS, a UE desenvolveu uma estratégia para reduzir o desperdício e a perda de alimentos, uma vez que a redução de DPA pode também: 1) lutar contra as alterações climáticas, através da redução das emissões de gases com efeito de estufa (GEE); 2) ajudar na erradicação da fome e da desnutrição, por meio da redistribuição dos alimentos resgatados; 3) gerar poupança económica para produtores e distribuidores; 4) ter impactos sociais positivos na vida das populações empobrecidas; 5) fortalecer os sistemas alimentares. Esta estratégia, denominada Estratégia Farm to Fork, apresenta uma série de ações que visam uma transição mais rápida para um sistema alimentar sustentável a qual deve ter um impacto ambiental neutro ou positivo, reverter a perda de biodiversidade, ajudar a mitigar as mudanças climáticas, garantir a segurança alimentar, nutrição e saúde pública, e preservar a acessibilidade dos alimentos. As políticas da UE com relação ao DPA são postas em prática pelos membros da UE aprovando leis ou implementando outras iniciativas para prevenir, reciclar ou reutilizar o DPA. Em Portugal, para promover a redução do desperdício alimentar através de uma abordagem integrada e multidisciplinar, a Presidência do Conselho de Ministros instituiu a Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar (CNCDA). Um dos objetivos da Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar (CNCDA) é identificar, avaliar e monitorizar as necessidades de adaptação da Estratégia Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar (ENCDA) e do Plano de Ação de Combate ao Desperdício Alimentar (PACDA), apresentando relatórios periódicos ao Ministro da Agricultura. Depois de promover um inquérito às partes interessadas ao longo da cadeia alimentar, durante o 3º trimestre de 2020, o CNCDA concluiu que, exceto no canal HORECA: 1) houve um aumento nas doações / excedentes de alimentos resgatados, embora o canal HORECA não tenha seguido esta tendência global; 2) em todos os setores de atividade, a perceção geral era de que a pandemia COVID-19 tinha contribuído para a redução do desperdício de alimentos. Em simultâneo com as políticas internacionais e nacionais, os movimentos civis surgiram com o foco no combate ao desperdício, em todas as suas dimensões, da produção ao consumo. Esses movimentos têm como objetivo unir várias partes interessadas em uma luta ativa contra o desperdício de alimentos usando abordagens e possibilidades inovadoras. Uma das abordagens para combater a insegurança alimentar das famílias de baixos rendimentos, consiste em organizações de ajuda alimentar que resgatem e redistribuem os excedentes alimentares, do canal HORECA e do setor de distribuição. Como resultado, a adequação dos alimentos ou refeições distribuídas por cantinas sociais, mercearias solidárias ou bancos de alimentos têm sido objeto de investigação científica em diversos países. No entanto, os alimentos fornecidos nas organizações estudadas são, principalmente, ou adquiridos pela organização ou adquiridos por doadores que posteriormente doam esses alimentos à organização, ou ainda, em quantidades menores, resultantes de sobras de alimentos. Nessas organizações, devido ao seu custo e às necessidades de logística de transporte e refrigeração, os alimentos frescos costumavam ser fornecidos em quantidades baixas ou muito baixas. Como resultado, o teor de nutrientes das refeições e cestas de alimentos geralmente carece de vitaminas e minerais. Além disso, os resíduos alimentares sendo um reservatório de hidratos de carbono, proteínas, lípidos e outros macro e micronutrientes orgânicos e inorgânicos, podem ser considerados como uma fonte material na indústria de alimentos, indústria de ração animal ou indústria farmacêutica como aromatizantes e fragrâncias, antioxidantes, aditivos e suplementos alimentares. No entanto, como os processos de extração industrial exigem know-how e consomem mais tempo, materiais, energia e recursos humanos, a maneira mais favorável do ponto de vista ambiental de aumentar o ciclo de alimentos é usá-los como estão, para alimentar a população em insegurança alimentar. Tanto quanto sabemos, nenhuma outra investigação mediu e avaliou a contribuição de alimentos frescos ou preparados na hora, para uma dieta equilibrada de famílias de baixos rendimentos. Assim, nesta tese de doutoramento, pretendeu-se explorar as formas como o desperdício de alimentos é reciclado, focando principalmente no processo que leva ao consumo humano, medindo seus resultados no que diz respeito à quantidade de micro e micronutrientes reaproveitados, para a contribuição para uma alimentação equilibrada, para o alívio da insegurança alimentar e, finalmente, para a contribuição para o alcance dos ODS. Com base na lacuna de investigação identificada acima, esta tese é regida por quatro questões investigativas principais: a) Com é que o desperdício de alimentar está a ser reutilizado? b) Como é que os alimentos reciclados podem contribuir para a dieta equilibrada de famílias de baixos rendimentos? c) Qual é o conteúdo nutricional dos alimentos resgatados e redistribuídos veiculados por uma organização de ajuda alimentar, em relação aos valores de doses diárias recomendadas? d) Como é que o processo de reciclagem e redistribuição de alimentos pode contribuir para o cumprimento dos ODS? Derivando destas questões, foram estabelecidos seis objetivos principais de pesquisa: i) Fornecer uma atualização sobre o que foi encontrado para aumentar a reutilização do desperdício alimentar como um material ou fonte de energia, mas também para encontrar soluções de uso de desperdícios alimentares para consumo humano. ii) Avaliar o contributo dos alimentos frescos ou acabados de confecionar, resgatados e redistribuídos como complemento da alimentação das famílias de baixos rendimentos, de acordo como guia alimentar português (Roda dos Alimentos), utilizando a organização Refood-Leiria como estudo de caso. Esta avaliação é feita, em primeiro lugar, apenas considerando os dados categorizados como alimentos redistribuídos pertencentes à Roda dos Alimentos Portuguesa. Em segundo lugar, são considerados os dados totais, pertencentes ou não à Roda dos Alimentos Portuguesa, o que permite também a terceira avaliação, que consiste em comparar os alimentos reciclados, na organização do estudo de caso, com o padrão alimentar da população portuguesa em geral. iii) Quantificar os nutrientes dos alimentos resgatados e redistribuídos na organização do estudo de caso. iv) Avaliar como esses nutrientes contribuem para aliviar a insegurança alimentar das famílias beneficiárias. v) Avaliar as formas pelas quais o processo de reaproveitamento de alimentos frescos pode contribuir para o alcance dos ODS. vi) Propor uma estratégia para tornar o processo de resgate e redistribuição de alimentos uma atividade perene, naturalmente integrada na vida dos cidadãos. O projeto de investigação escolhido leva naturalmente a um desenvolvimento de pesquisa sequencial. A questão-chave inicial no início desta pesquisa foi “O que está a ser feito para melhorar a reutilização dos alimentos, principalmente para consumo humano?”. Após pesquisa exploratória da literatura, realizou-se a reflexão crítica, identificou-se uma possível organização do estudo de caso, foram estabelecidas questões de pesquisa mais específicas e consequentes objetivos iniciais. Além disso, um projeto à escala de uma tese de doutoramento requer constante aperfeiçoamento e adaptação. Assim, num processo iterativo, os objetivos iniciais i), ii) e iii) foram expandidos para iv), v) e vi). Em termos de materiais, novamente num processo iterativo, paralelamente à constante pesquisa bibliográfica, foram solicitadas autorizações, na organização do estudo de caso, para recolha de dados relativos aos alimentos redistribuídos e dados sociodemográficos. Foram pesquisadas e selecionadas ferramentas adequadas para avaliar o conteúdo nutricional dos alimentos redistribuídos e sua adequação, bem como valores de referência nutricional e guias alimentares. Para medir a insegurança alimentar, foi selecionada a Escala de Experiência em Insegurança Alimentar (FIES). Os programas utilizados na análise e tratamento dos dados foram o Food Processor Plus® (ESHA Research, Salem, Oregon), Microsoft Excel Office® 365 e IBM® SPSS® Statistics versão 27 para Windows®. Esta tese tem um formato cumulativo e baseia-se em três publicações científicas com revisão por pares, resultantes das diferentes fases da investigação. As publicações foram organizadas em três partes principais. A Parte I é baseada no capítulo do livro “Rerouting Food Waste for Climate Change adaptation: the paths of research”, apresentado no 4th World Symposium on Climate Change Adaptation WSCCA- 2021), que decorreu em paralelo com a COP26 em Glasgow, Scotland, a 3 de novembro de 2021, e aceite como capítulo do livro 4th World Symposium on Climate Change Adaptation Book - “Climate Change Strategies: handling the challenges of adapting to a changing climate”, a publicar na editora Springer. Fornece uma compilação de como a investigação para a reutilização de DPA tem evoluído desde a crise económica de 2008, para encontrar soluções inovadoras de uso de DPA tanto como fonte de biomateriais e bioenergia, como para consumo humano para combater a insegurança alimentar. Os resultados são discutidos sob as seguintes perspetivas: distribuição geográfica da instituição do autor, categorias temáticas e palavras-chave dos autores. Foram identificadas as tendências atuais e previsíveis na gestão de resíduos alimentares como matéria-prima e para a segurança alimentar. Verifica-se que os campos de interesse da pesquisa de DPA têm sido, por um lado, o desperdício alimentar como fonte de matériaprima para a produção dos biocombustíveis e dos biomateriais e, por outro lado, a reciclagem dos resíduos alimentares para consumo humano, como solução para a insegurança alimentar. A Parte II é baseada no artigo “The Contribution of Up-Cycled Food Waste to a Balanced Diet of Low-Income Households” publicado na revista Sustainability (2021), 13 (9): 4779. https://doi.org/10.3390/su13094779 e compreende a avaliação da contribuição de alimentos frescos ou recém confecionados, resgatados e redistribuídos para complementar a dieta familiar de baixo rendimento, de acordo com o guia alimentar português (Roda dos Alimentos), tendo como estudo de caso a organização Refood-Leiria. Em primeiro lugar, apenas são considerados os dados categorizados como alimentos redistribuídos pertencentes à Roda Alimentar Portuguesa. Em segundo lugar, são tidos em consideração os dados totais, pertencentes ou não à Roda dos Alimentos Portuguesa, o que permitirá também a terceira avaliação que consiste na comparação dos dados recolhidos, relativos a alimentos resgatados e redistribuídos, com o padrão alimentar da população portuguesa em geral. Os resultados sugerem que os alimentos reciclados podem contribuir para uma alimentação mais equilibrada em termos de “Batata, Cereais e Produtos de Cereais”, “Legumes”, “Carne, Peixe, Marisco e Ovos” e “Frutas”, ambos de acordo com a Roda Alimentar Portuguesa e em comparação com a população portuguesa em geral. A Parte III é baseada no artigo “The Nutritional Content of Rescued Food Conveyed by a Food Aid Organization”, publicado na revista International Journal of Environmental Research and Public Health (2021), 18(22):12212. https://doi.org/10.3390/ijerph182212212. Concentra-se na determinação do conteúdo nutricional de cestas de alimentos fornecidos pela nossa organização de estudo de caso. Todos os itens de cestas de alimentos são pesados, em três rodadas de pesagem durante um período de quatro meses. A Escala de Experiência de Insegurança Alimentar (FIES) foi aplicada para medir a insegurança alimentar das famílias. Os resultados mostraram que, no nosso estudo de caso de organização de ajuda alimentar, as doações de alimentos contribuem substancialmente para a ingestão da Dose Diária Recomendada (DDR) de energia, macro e micronutrientes. Ao avaliar como esses nutrientes contribuem para aliviar a insegurança alimentar das famílias beneficiárias, concluímos que a perceção de insegurança alimentar é independente da quantidade de nutrientes servidos. Tanto quanto sabemos, este é o primeiro estudo que mede o conteúdo nutricional de alimentos resgatados frescos ou recém confecionados, redistribuídos por uma organização de ajuda alimentar. Essas três partes são acompanhadas de um capítulo anterior, uma introdução geral à tese, e um último capítulo sobre as reflexões e conclusões finais em que as questões de pesquisa são respondidas. Limitações do estudo, bem como uma perspetiva sobre futuras investigações estão incluídas no último capítulo desta tese, seguidas pela bibliografia compilando todas as fontes citadas de todos os capítulos. Ao final da tese, são fornecidos dois apêndices, nos quais estão organizados todos os materiais de pesquisa relevantes, como os diagramas metodológicos da Parte II e da Parte III, Escala de Insegurança Alimentar em Língua Inglesa e Língua Portuguesa. O Apêndice B contém o diagrama da metodologia usado na parte II, e o Apêndice C contém todos os materiais usados na parte III.