DOUTORAMENTO | PHD THESIS
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- Modelos ibéricos de ensino superior a distância no contexto mundialPublication . Carmo, Hermano; Rocha-Trindade, Maria Beatriz; Barata, Óscar SoaresO presente trabalho tem como objectivo comparar duas organizações de ensino superior a distância, a Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED) de Espanha e a Universidade Aberta de Portugal, como instrumentos de desenvolvimento de recursos humanos, no contexto global da problemática da educação no mundo contemporâneo e da contribuição dada pelo ensino a distância. Para atingir tal objectivo, o autor adoptou uma estratégia interdisciplinar, com recurso de forma mais frequente às contribuições da Sociologia das Organizações e da Educação e à abordagem sistémica. A dissertação está organizada em três partes distintas, precedidas de uma introdução e seguidas de uma bibliografia consultada e de cinco breves anexos. Na introdução, após situar-se o leitor quanto ao percurso teórico e empírico empreendido pelo autor até chegar ao objecto de estudo, procura-se elucidá-lo sobre as opções metodológicas feitas ao longo da pesquisa bem como das suas principais contribuições e limitações. Na primeira parte (caps. 1 e 2), partindo de uma perspectiva macrossociológica, identificam-se três grandes processos sociais contemporâneos que condicionam a emergência de seis necessidades educativas, tendo procurado demonstrar-se que os sistemas de ensino convencional, só por si, não lhes conseguem dar resposta. Seguidamente, após descrever-se o modo como se desenvolveram os sistemas de ensino a distância, foram identificadas as suas principais contribuições para a resolução de alguns dos problemas educativos referidos. Na segunda parte (caps.3 a 6), a aplicação, a diversos níveis, do modelo de análise organizacional adoptado, permitiu observar, nas suas linhas mestras, dois sistemas de ensino a distância bem diferentes - o espanhol e o português. Na terceira parte, (cap. 7 e conclusão), em jeito de reflexões finais, procurou-se identificar um novo campo de pesquisa no domínio da Sociologia da Educação, o da educação a distância, traçando-lhe os principais contornos e virtualidades. Seguidamente, procedeu-se à síntese do caminho percorrido, a uma análise contrastiva das duas universidades abertas estudadas, procurando-se daí extrair um conjunto de condicionantes estratégicas dos dois modelos.
- Concepções alternativas no ensino da física à luz da filosofia da ciênciaPublication . Valadares, Jorge; Trindade, Armando RochaEste trabalho, desenvolvido ao longo de vários anos, teve em vista investigar como é que as representações que os professores de Física e os seus alunos «negoceiam» na sala de aula se relacionam com a ciência física e a reflexão epistemológica feita sobre esta ciência. Dada a natureza e o âmbito desta pesquisa foi adoptada uma metodologia eminentemente qualitativa tendo como base um instrumento poderoso do ponto de vista heurístico concebido pelo educador D. Bob Gowin, da Universidade de Cornell e conhecido por Vê do conhecimento, Vê heurístico, Vê epistemológico ou Vê de Gowin (Gowin, 1990). Tal como preconiza este instrumento, a pesquisa assentou em determinada visão do mundo da educação resultante não só da longa experiência do investigador, um professor de Física com cerca de 30 anos de ensino da Física em diversas escolas do ensino secundário e na Universidade Aberta, bem como de uma também longa reflexão sobre esse ensino traduzida em diversas comunicações, cursos e livros didácticos já produzidos. A operacionalização do grande objectivo que se propôs atingir na medida do possível conduziu o investigador à necessidade de aprofundar largamente os seus conhecimentos sobre a história da construção do conhecimento físico e, fundamentalmente, levou-o a uma reflexão filosófica sobre a construção deste conhecimento ao longo da história do pensamento. A reflexão foi efectuada em torno de grandes problemas epistemológicos, como são o da possibilidade de um conhecimento pleno da realidade exterior, o da origem do conhecimento físico, o da essência deste conhecimento, o das suas formas, motivações e metodologia e ainda o da sua validade e demarcação. Desta incursão no mundo da Filosofia da Física, que terminou com o estudo de algumas das mais importantes obras da epistemologia do século XX, resultou uma série de princípios, tal como também preconiza o referido Vê do conhecimento. Estes princípios, juntamente com a revisão e aprofundamento do conhecimento pessoal sobre algumas teorias físicas fundamentais neste trabalho, como são as da Mecânica clássica, da Relatividade Restrita e da Termodinâmica, algumas teorias da aprendizagem, de que se destaca a teoria da aprendizagem significativa, de raiz ausubeliana, e a definição rigorosa dos conceitos envolvidos nesta teoria, constituíram o suporte conceptual desta investigação. Foi com base neste quadro conceptual que se passou à análise das características das concepções físicas reinantes nas aulas, com especial relevância para as imensas concepções erróneas reveladas pelos alunos ao longo de cerca de duas décadas de pesquisas efectuadas um pouco por todo o lado, e com as quais o investigador se procurou familiarizar o mais possível. Foram também analisadas, em termos comparativos, as concepções erróneas dos próprios professores, bem como as que foram surgindo ao longo da construção da própria Física. Fez parte ainda do trabalho de campo o desenvolvimento de duas pesquisas sobre concepções erróneas destinadas a testar algumas hipóteses de trabalho feitas pelo próprio investigador: uma pesquisa foi efectuada numa turma de alunos do professor-investigador e incidiu sobre o conceito de energia; a outra foi levada a cabo com um grupo de professores que frequentaram um curso de relatividade restrita, leccionado pelo próprio investigador, e incidiu sobre a relatividade das grandezas mecânicas. No final da investigação foram produzidos juízos de conhecimento acerca das concepções físicas «negociadas» nas aulas de física, em particular sobre as origens e características das concepções erróneas, que desempenham um papel tão importante no ensino da Física. E o trabalho terminou com a formulação de alguns juízos de valor acerca da investigação efectuada e algumas implicações desta que o investigador gostaria de ver implementadas na futura educação em Física na sala de aula, no que respeita a quatro dos grandes «lugares comuns» em educação a que se referiram Schwab (1964) e Novak e Gowin (1991): o currículo, o professor, a avaliação e a governança.
- Estratégias alternativas para a introdução das TIC em educaçãoPublication . Soares, Rui; Neto, FélixDevido à previsível importância que as tecnologias da informação e da comunicação (TIC) assumirão na formação (inicial, em serviço e contínua) de professores de qualquer grupo disciplinar e à falta de conhecimento prático da utilização pedagógica de tais meios, parece que a integração generalizada de computadores na escola ficará, no mínimo, comprometida se não forem tomadas decisões que facilitem o conhecimento das suas potencialidades e de formas de utilização nos vários níveis de ensino. Para compreender as razões de tal situação enviaram-se 5000 questionários para recolha das opiniões dos professores acerca do uso dos computadores. A análise dos 10012 questionários recebidos permitiu identificar factores relevantes para o processo de integração das tecnologias nas escolas de ensino não superior, comparar estes resultados com os que foram produzidos, em 1984, por uma investigação (que usou idêntico inquérito) feita com professores de Matemática de 16 escolas preparatórias e secundárias da área urbana de Lisboa e preparar módulos para diferentes níveis de formação de agentes educativos. Foi, ainda, feita a experimentação de um módulo de formação com 191 professores da área pedagógica de Lisboa, não se tendo observado mudanças significativas das opiniões por eles manifestadas Contudo, houve uma ligeira melhoria das pontuações entre o pré e o pós teste.
- Colá S. Jon, oh que sabe! : as imagens as palavras ditas e a escrita de uma experiência ritual e socialPublication . Ribeiro, José; Rocha-Trindade, Maria Beatriz; Piault, Marc-HenriQuando iniciei, no Bairro do Alto da Cova da Moura, o trabalho que deu origem a esta tese, apercebi-me que era ali que os tambores se poderiam reinventar, que os ritmos anteriormente vividos ou escutados se recriavam na batida do pilão, na forma de fazer rapé, no funaná, na música rap ou no Colá S. Jon. Foi neste contexto ambíguo de construções culturais simultaneamente reflexivas e experienciais que procurei uma estadia longa no terreno, a passagem para o interior do bairro, espaço-tempo da pesquisa, a construção de um objeto de estudo e de um percurso metodológico. A experiência de campo mostrava-se-me como um processo dialéctico e dinâmico, como construção dialógica e pragmática, através da qual trabalhava o terreno como um meio simultaneamente de comunicação e conhecimento e procurava encontrar nos métodos modos de reconstrução das condições de produção dos saberes. Residia aí o problema do espaço afetivo e intelectual, vital e ao mesmo tempo cognitivo, que é a observação de terreno enquanto diálogo e processo de palavra. Havia que ter em conta a experiência pragmática e comunicativa de terreno, através das resistências e da receção afável, dos mal entendidos e compromissos, dos rituais interativos, da tomada de consciência da observação do observador, que estão na base da construção e da legitimação do terreno como espaço-tempo da pesquisa. A inserção no terreno permitiu-me a viagem por muitos temas possíveis, por muitas áreas de investigação. O percurso realizado conduziu-me a este trabalho que constitui uma abordagem dos processos de produção e reprodução de um ritual cabo-verdiano, Colá S. Jon, na Cova da Moura, um dos bairros da periferia urbana de Lisboa. A tese é uma construção etnográfica, por comparação e contraste, de múltiplos fazeres, (re)fazeres a muitas vozes. Vozes dos que o fazem, repetem, dizem. Vozes do quotidiano ou escrita de poetas que o consideram, “prenda má grande dum pôve e que tá fazê parte de sê vida”(Frusoni). Saber dos antropólogos que o dizem “imagem e metáfora da forma como os cabo-verdianos se representam”, modo como se contam a si, para si, para os outros. É também representação de uma comunidade que se explica a si mesma, e ao explicar-se se constrói para si e para os outros a partir de dois eixos, de duas histórias que simultaneamente se cruzam e diferenciam: uma explicitada pelas palavras e simbolizada pela dança do colá, veiculando o contexto social e cultural das interações e dos processos sociais; outra sugerida pela dança do navio, representando a historicidade de um povo - o cruzamento dos destinos de homens e mulheres que atravessando os mares atraídos pela aventura, arrastados ou empurrados pela tragédia se juntaram e plantaram na terra escassa e pobre das Ilhas, no centro do Atlântico, daí partindo ainda hoje, numa repetição incessante do ciclo da aventura, da tragédia ou da procura, na “terra longe”, da esperança de uma vida melhor. A reconstituição do Colá S. Jon, fora do país de origem, confrontada com outras realidades sociais adquire, neste contexto, novas dimensões e sublinha outras já existentes. Adquire a forma elegíaca da recordação, espécie de realidade ontológica da origem fixada num tempo e num espaço; a de lugar de tensão dialéctica com a sociedade recetora no processo migratório e de consciência reflexiva da diversidade e alteridade resultante do encontro ou do choque com outra cultura; a de simulacro tornando-se objeto repetível, espetáculo em que ressaltam sobretudo a forma estética ou força dramática, um real sem origem na realidade ou produto de outra realidade, a da praxis ou conveniência política distante da participação dos seus atores. A tese coloca-nos perante o questionamento, o olhar reflexivo, da pesquisa antropológica: simultaneamente experiência social e ritual única, relação dialógica com os atores sociais, processo de mediação, de comunicação, e a consequente dimensão epistemológica, ética e política da antropologia. Coloca-nos também perante a viagem ritual - passagem ao terreno, à imagem e à escrita – e a consequente procura de reconhecimento e aceitação do percurso realizado. O processo de produção do filme Colá S. Jon, Oh que Sabe! completa-se com o da escrita, síntese de uma experiência e aparelho crítico do filme. Ambos tem uma matriz epistemológica comum. Resultam da negociação da diferença entre o “Eu” e o “Outro” e da complexa relação entre a experiência vivida no terreno, os saberes locais, os pressupostos teóricos do projeto antropológico. Ao mesmo tempo que recusam a generalização, refletem uma construção dialógica, uma necessária relação de tensão e de porosidade entre experiências e saberes, uma ligação ambígua entre a participação numa experiência vivida e a necessária distanciação objetivante que está subjacente em qualquer atividade de tradução ou negociação intercultural, diatópica.
- Contributo para a concepção de um modelo de classificação racional das operações empresariais e seu tratamento contabilístico (POC)Publication . Caiado, António Campos Pires; Ferreira, Rogério Fernandes; Gonçalves, AmílcarA Contabilidade, ao longo dos séculos, tem procurado dar resposta às crescentes solicitações de informações de cariz contabilístico suscitadas pelos seus diversos destinatários. A divulgação nos finais do século XV, do conhecimento contabilístico decorrente da adopção do método das partidas dobradas, inserto num tratado de matemática, representou um marco decisivo na evolução da Contabilidade. Em consequência do significativo aumento dos fenómenos empresariais decorrentes da Revolução Industrial, a Contabilidade teve avanços importantes durante o século XIX, época em que surgiram diversas correntes doutrinárias – as denominadas escolas contabilísticas. O aparecimento do computador, em meados do século XX, não proporcionou alterações imediatas no processamento de dados contabilísticos. Tal só veio a ocorrer nas últimas duas décadas, com a introdução generalizada do computador junto das empresas, designadamente as de menor dimensão. Entretanto, um outro movimento veio dar impulsos decisivos à Contabilidade – a harmonização ou normalização contabilística –. Após a coexistência de vários modelos estamos a assistir a um movimento de normalização contabilística à escala internacional. O tradicional dualismo, inerente ao método das partidas dobradas, pode ser alargado a outras perspectivas contabilísticas. Para além da determinação de posição financeira e do apuramento dos resultados na óptica do acréscimo, importa ainda calcular e repartir os custos na óptica interna da gestão e elaborar a demonstração dos fluxos de caixa. Tendo em vista a obtenção simultânea das informações, em consequência das mencionadas perspectivas contabilísticas, apresentamos um contributo para a definição de um modelo de classificação racional das operações empresariais e do seu tratamento contabilístico na óptica do Plano Oficial de Contabilidade (POC). O modelo prevê a identificação, codificação e apresentação das operações empresariais subjacentes às contas do POC e dos correspondentes lançamentos contabilísticos simples ou de primeira fórmula e a sua relação com os lançamentos a débito e a crédito das contas das classes da Contabilidade Geral ou Externa, Interna e de Fluxos de Caixa. Tratando-se de um modelo descritivo e de natureza teórica e considerando as diversas linguagens informáticas possíveis para o tratamento automático do modelo, não se apresenta qualquer caso concreto de aplicação da metodologia. No entanto, é possível antever que a informatização e tratamento das operações empresariais, segundo as ópticas referidas, irá facilitar as tarefas adstritas aos profissionais da Contabilidade, designadamente nos procedimentos de entrada, de processamento, de produção e de análise dos dados e dos relatórios. Por último, importa assinalar que é relativamente fácil adaptar o presente modelo a qualquer outro plano de contas, o que pode trazer benefícios significativos à estruturação da Contabilidade.
- O drama histórico português do século XIX ou ficções da representação histórica no tempo de Almeida Garrett (1836-56)Publication . Vasconcelos, Ana Isabel; Marques, Maria Emília Ricardo; Barata, José OliveiraO presente trabalho ocupa-se do drama histórico de temática portuguesa, publicado entre 1836 e 1856. Embora maioritariamente constituído por obras hoje consideradas “menores”, a literariedade eventualmente menos válida dos textos não impede que o seu conteúdo nos revele a forma como os dramaturgos recriaram determinados aspectos do passado nacional, no contexto político, social e cultural do chamado 1.º romantismo. Constituído o nosso corpus por 26 dramas históricos, verificamos, num primeiro momento, como é filtrado e re-apresentado o discurso histórico no plano ficcional, estudando o aproveitamento que os dramaturgos fizeram do material histórico consultado e observando de que forma este foi filtrado e trabalhado quer na construção das personagens quer na trama da obra de ficção. Num segundo momento, reflectimos sobre os textos dramáticos em si, encarando-os como uma estrutura criativa, não esquecendo que muito do seu significado reside também nas convenções dramáticas que exploram. Assim, de regresso à letra dos textos e num estudo sistemático do processo de estruturação interna das peças, sublinhamos as suas regularidades de conteúdo e de forma, para gizarmos, num capítulo final, uma tipologia dos dramas histórico da primeira metade de Oitocentos, no que diz respeito a modelos de produção. Na tentativa de avaliar a importância do drama histórico levado a cena nos palcos da capital entre 1836 e 56, efectuámos o levantamento e registo sistemático de toda a produção teatral dos teatros públicos de Lisboa, então em funcionamento: Teatro do Salitre, Teatro da Rua dos Condes, Teatro Nacional D. Maria II, Teatro do Ginásio e Teatro de D. Fernando. Estes dados, compilados em Anexo (Volume II), são confrontados com críticas recolhidas em periódicos, tentando chegar-se a uma visão mais nítida do peso e do significado do drama histórico e da sua relação com outros subgéneros, na época que estudamos. Para uma melhor compreensão das relações entre o mundo teatral e o poder instituído, foi nosso interesse ainda analisar a legislação coeva e desmontar os mecanismos que presidiram à selecção dos textos representados, processo esse geralmente acompanhado pelo controlo censório exercido pelo Conservatório Real.
- Autovisões e alterovisões da universidade : o romance académico como documento culturalPublication . Reis, Maria Filipa; Pires, Maria Laura BettencourtTendo fundamentado, com recurso a vários autores, a existência do romance académico como subgénero literário, e tendo justificado brevemente a importância que julgamos que à Literatura deve ser atribuída em estudos de Cultura, colocámos a hipótese de poder o romance académico demarcar-se como documento privilegiado para análise cultural. As razões que nos levaram a sugerir tal hipótese prendem-se, por um lado, com o facto de o romance académico provir de uma instituição que é central à dinâmica social, e que mais promove mobilidade social positiva, pois desde a Segunda Guerra Mundial que, com a crescente democratização do acesso ao ensino superior, para a Universidade americana e inglesa, e para e para as Universidades da generalidade dos países do Ocidente, tem convergido um número cada vez maior de indivíduos provenientes dos mais diversos grupos populacionais; por outro lado, prendem-se também com o facto de vários autores, ao longo das últimas décadas, terem detectado no romance académico uma qualidade de microcosmo que reflecte o macrocosmo social. Norteando-nos pelo objectivo de demonstrar o valor do romance académico como documento privilegiado para análise de Cultura, começámos por enquadrar este subgénero literário no contexto em que surgiu e se desenvolveu e, neste âmbito, pusemos a descoberto a tensão constante que no romance académico e na Universidade se observa entre a opção pelas atitudes idealistas e a opção pelas atitudes pragmáticas, tensão que tende a desembocar no relativismo e na dificuldade em legitimar juízos de valor, e que, por sua vez, reflecte a crise de valores que permeia a própria sociedade do século XX. O universo de relatividade radical que, de modo consistente, transpareceu no romance académico abriu a possibilidade de neste subgénero encontrarmos um equacionamento, levado a cabo de uma óptica mais descentralizada do que é comum, de condições de diferença social fundamentais na evolução da cultura americana, da cultura inglesa, e, em geral, das culturas do Ocidente. Assim, partimos das visões que, no romance académico, a Universidade revela ter de si mesma, à descoberta da forma como, sobretudo ao longo do último meio século, esta instituição tem encarado a alteridade, as realidades sociais que ainda não acabou de integrar em si. Neste enquadramento, foram estudados os modos como, no romance académico e na Universidade, têm sido tratadas as diferenças entre culturas (americana e inglesa), as diferenças de classe socioeconómica e as diferenças étnicas/de raça. No que respeita ao tratamento destas diferenças, registámos que as problemáticas que afectam a sociedade se reflectem na Universidade e no romance académico, e por sua vez, depois do processo de interiorização e de intelectualização a que aí são sujeitas, transbordam de novo para a sociedade potenciadas com uma capacidade superior de consciencialização e de persuasão. O círculo repete-se e a Universidade funciona, assim, como locus privilegiado de apuramento e de potenciação de tendências e de movimentos, por vezes antagónicos, entre forças sociais. No presente estudo, o processo de demonstrar a qualidade do romance académico enquanto documento cultural teve como produto a explicitação dos modos como a Universidade se ‘autovê’, no enquadramento da geografia de interesses contraditórios que a envolve, e dos modos como, ao longo do último meio século, tem encarado, e progressivamente integrado em si, a alteridade.
- Em louvor de Cassandra : uma teoria da traduçãoPublication . Pais, Carlos Castilho; Júdice, Nuno; Marques, Maria Emília Ricardo
- Portugal e os novos desafios do processo de integração europeia : estratégias e perspectivas de evoluçãoPublication . Pinto, Nuno Gama de Oliveira; Gonçalves, AmílcarOs efeitos do alargamento da União Europeia sobre as necessidades no domínio da coesão económica e social são hoje inquestionáveis, embora difíceis de quantificar. Prevê-se que os candidatos à adesão e os novos Estados membros irão absorver cerca de 30% dos recursos financeiros dos fundos estruturais no período compreendido entre 2000 e 2006. De facto, não só a diferença de desenvolvimento entre os Países da Europa Central e Oriental e a União Europeia é mais acentuada do que aquela que, na década de 80, separava a, então, Comunidade Económica Europeia da Grécia, Portugal e Espanha, como, também, o próprio acervo comunitário é hoje consideravelmente mais vasto do que naquela altura. Adquire, assim, maior expressão a necessidade de compatibilizar a construção monetária europeia, o alargamento da União Europeia e a coesão económica e social. Ao manterem-se, no essencial, os parâmetros-base condicionadores das Perspectivas Financeiras actuais (1994-1999) para o período 2000-2006 não se toma na devida conta o considerável aumento das necessidades financeiras associadas à política de coesão económica e social que resultará do alargamento da União Europeia. Essa posição corresponde, aliás, à dos países com maior peso nas decisões comunitárias e acaba por explicar porque razão na preparação da União Económica e Monetária se insistiu tanto no cumprimento dos critérios de convergência nominal, sem que, no entanto, se tenha dado a mesma atenção à convergência real. No entanto, as análises da teoria económica sobre as uniões monetárias (englobadas na teoria das zonas monetárias óptimas) fariam esperar exactamente o contrário. De acordo com essas análises, a convergência nominal imposta pelos critérios de Maastricht e pelo Pacto de Estabilidade não é um pré-requisito indispensável, sob o ponto de vista económico, ao bom funcionamento de uma União Monetária. Em contrapartida, a teoria das áreas económicas óptimas assinala que existem sérios riscos de uma União Monetária não funcionar bem quando se verifica uma grande heterogeneidade entre as estruturas económicas das regiões que a compõem. É, pois, por isso que se tem sustentado que a União Económica e Monetária fará aumentar a necessidade de reforço das políticas de coesão económica e social e, em particular, tornará necessário que se aumente substancialmente o montante dos recursos do orçamento comunitário a aplicar em tais políticas. Contudo, é hoje evidente que a Europa já não avança a um só ritmo e que a diferenciação foi, de facto, aceite como princípio essencial no processo de construção da União Europeia do futuro. A Europa dos anos 80 e do início dos anos 90, a Europa que concluiu o Mercado Único aprofundando a coesão, corre sérios riscos de enfraquecer enquanto processo integrador e aglutinador. A Europa vive um fenómeno inédito que se traduz na criação de um espaço de integração, baseado na cooperação qualificada e na partilha de soberanias, dotado de instituições para a defesa de interesse comuns, que após a criação de um mercado único, baseado nas liberdades de circulação de pessoas, mercadorias, serviços e capitais, avança agora para a introdução de uma moeda única. A integração deixou, pois, de ser um fenómeno puramente económico, provocado pela globalização das relações comerciais, para se afirmar como um processo com inevitáveis e profundas repercussões políticas. Não existe um «modelo» de integração regional, havendo sim diferentes propostas para diferentes situações. Numa tipologia que vai da zona de comércio livre, que deixa sem alteração as pautas aduaneiras de cada país, a uma integração mais profunda, com políticas comuns em mercado único, passando pela união aduaneira, com pauta aduaneira exterior comum, pelo mercado comum, com liberalização da circulação de factores de produção e um mínimo de coordenação de políticas, e pela união económica, com harmonização das políticas financeiras e monetárias. A lógica de «desenvolvimento partilhado» obriga, porém, a pôr em prática um conceito de integração que salvaguarde uma composição equilibrada dos interesses comuns em presença; respeite as regras de concorrência comummente aceites, designadamente no âmbito da Organização Mundial do Comércio; favoreça os factores de integração e a coesão económica e social; considere a competitividade, a empregabilidade, as exigências de educação e formação e o combate à exclusão social. Não se trata, pois, de alargar os espaços de proteccionismo, mas de criar realidades abertas, nas quais a subsidariedade ganhe sentido e força, para a defesa dos interesses e valores comuns.
- Projecção espacial de domínios das relações de poder ao burgo portuense (1385-1502)Publication . Costa, Adelaide Millán; Tavares, Maria José FerroEste estudo filia-se no eclético campo da história urbana e tem por objecto o Porto medieval; uma área de pesquisa e um tema que se caracterizam pela pluralidade das concretizações. Assume, contudo, determinadas premissas que epistemologicamente o especificam. Antes de mais, a que veicula o carácter fundamental da análise do espaço para apreender os núcleos urbanos; e, também, a que traça um vínculo primário entre a organização da sociedade e a configuração do espaço. Dentro desta concepção geral, a proposta traduz-se na hipótese de conhecer o burgo portuense em Quatrocentos a partir da arqueologia de uma relação de poder mantida entre a coroa e o concelho; para tanto, estudam-se as manifestações espaciais de domínio dessas estruturas, quer se situem ao nível da encenação quer ao da afectiva intervenção. Outro eixo fundamental orientador da pesquisa passa pela tentativa de alargar as margens do confronto, ou seja, de estabelecer paralelos com outras cidades e vilas. O método utilizado convoca o maior número possível de leituras de factos e de representações, com vista a, pela desmontagem sucessiva de discursos, depurar a “realidade” passada.