Literatura Portuguesa
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Browsing Literatura Portuguesa by Author "Silvestre, Vilma Fernanda Séves de Albuquerque"
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- O fado e a questão da identidadePublication . Silvestre, Vilma Fernanda Séves de Albuquerque; Pais, Carlos CastilhoA identidade nacional portuguesa revela a consolidação do nosso país enquanto nação, portadora de um conjunto de características únicas, que singularizam Portugal no Mundo. Historicamente, o nosso território foi ‘invadido’ por múltiplas culturas, com as quais se formou o mosaico identitário que gravamos no nosso caráter. Do processo de aculturação realizado, sobressaem indícios ancestrais que configuram o ser português. Talvez pela carga genética herdada de outros povos, nos reste o tão genuíno sentimento da saudade, que é representativo da angústia coletiva peculiarmente lusa. Ao longo dos séculos, a temática da saudade sobressaiu nas produções literárias nacionais, desde a prosa e a poesia medievais até à poesia de Fernando Pessoa. A visão saudosista de Pascoaes na Arte de Ser Português esclarece-nos sobre a essência do espírito luso, prenunciador da alma nacional. A nossa memória coletiva emerge através da literatura, que guarda as raízes de um lusitanismo muitas vezes plangente e melancólico, e cuja energia redentora brota pela voz do Fado. Esta relação dialógica entre a nossa essência nacional e o Fado, começou, quiçá, nas caravelas quinhentistas ou nos barcos negreiros, num sistema político-social esclavagista que pretendia tirar do mar o triste embalar da voz de uma nação. Envoltas nas teias da memória ou da tradição, as origens pouco claras do Fado remontam ao século XIX, a episódios vivenciados nas vielas de Lisboa, ou nos salões aristocráticos, entre os marginais e os fidalgos. Transformado em produto comerciável, o Fado é, igualmente, representativo de um Património Imaterial da Humanidade da UNESCO, desde 2011. Numa viagem de descoberta contínua, o Fado aboliu fronteiras políticas e linguísticas e é o símbolo do nosso nacionalismo. Criado na exiguidade de um bairro urbano, alimentado de vícios e de opressão, tornou-se num ícone musical e cultural de um povo, que se orgulha de o exibir nos palcos internacionais, como a sua canção nacional. A saudade e o Fado uniram-se para consolidarem a nossa identidade nacional. Tornado mito, o Fado “é o nada que é tudo”, cuja “lenda se escorre / A entrar na realidade” (Fernando Pessoa).