Mestrado em Estudos sobre a Europa | Master's Degree in Studies on Europe - TMESE
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Browsing Mestrado em Estudos sobre a Europa | Master's Degree in Studies on Europe - TMESE by advisor "Costa, Paulo Manuel"
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- De Alexandria ao identitarismo : presenças gnósticas na direita radical contemporâneaPublication . Vaz, João José Rosmaninho Loureiro; Costa, Paulo ManuelO presente trabalho pretende ser uma reflexão sobre o gnosticismo e a sua influência em alguns dos movimentos políticos mais significativos dos últimos cem anos, com especial referência ao caso português. O gnosticismo surge num ambiente pré-cristão e vai configurar-se como adversário da nova religião emergente. Entre os séculos I e IV desenvolve-se um confronto entre gnosticismo e cristianismo, o qual termina com a aparente vantagem deste. Adormecido durante o período medieval, o gnosticismo começa a reviver com o Renascimento. Mas é, sobretudo, a partir do século XVIII com o culto do progresso e suas sequelas, nomeadamente o positivismo e o marxismo, que renasce com uma força notável. O século XX assiste ao aparecimento das religiões políticas, comunismo, marxismo e fascismo as quais apresentam uma forte componente gnóstica. Em todas elas existe a pretensão do absoluto, a convicção de que representam um estádio crucial da história, configurando assim a ideia gnóstica central segundo a qual o conhecimento é o veículo para a salvação. Negando o cristianismo apresentam uma dívida para com o mesmo, a nível da perspectiva histórica. São, no fim de contas, o outro daquele, ajustado a um mundo que se quer secularizado mas não consegue passar sem fé, seja ela no progresso, na raça, na história ou na democracia liberal. Nos nossos dias o discurso gnóstico continua vivo, seja na pretensão totalitária de alguns arautos do politicamente correcto, nas velhas ideologias supostamente mortas em 1945 e 1989 e em movimentos radicais contemporâneos como é também visível no caso português. Contra estas ideologias ergueu-se, ao longo do século XX, a herança da Contra-Revolução e da Doutrina Social da Igreja. Grandes ideias têm-se confrontado ao longo da História. Duas delas, o cristianismo e o gnosticismo, fazem-no há 2000 anos. É um pouco desse processo o que aqui se analisa. Para a efectivação do trabalho procedemos à revisão de parte da literatura existente acerca do universo gnóstico, do nazismo, marxismo, fascismo e Estado Novo. O mesmo foi feito para a direita radical contemporânea nacional, tendo-se também, para esta, procedido à realização de entrevistas e pesquisa de materiais editados que vão desde a propaganda política a reportagens surgidas na imprensa nacional. No final do mesmo concluímos pela presença dos traços gnósticos nos totalitarismos do século passado e em boa parte da direita radical contemporânea portuguesa. Num plano diferente colocamos o autoritarismo salazarista, devedor do universo intelectual tradicional e católico e como tal hostil ao imaginário gnóstico.