Estudos Portugueses | Portuguese Studies
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Browsing Estudos Portugueses | Portuguese Studies by Author "Grieben, Fernanda Alves Afonso"
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- Júlio Dinis, apologista da Kunstreligion : influência de uma corrente de pensamento europeu no percurso literário dinisianoPublication . Grieben, Fernanda Alves AfonsoO principal objetivo desta tese consiste na análise da possível influência de uma corrente de pensamento europeu no percurso literário dinisiano. Considera-se que esse percurso inicia em 1861, quando Joaquim Guilherme Gomes Coelho – usando pela primeira vez o pseudónimo de Júlio Dinis – publica três poemas num «periódico de poesias inéditas», A Grinalda, e termina nos primeiros dias de setembro de 1871, com a revisão do manuscrito da sua última Crónica da Aldeia, Os Fidalgos da Casa Mourisca. A corrente de pensamento acima referida constituiu-se como um paradigma filosófico da modernidade, de influência hegeliana, e é comummente designada por Kunstreligion (religião da arte), por ter conhecido o seu centro teórico na Alemanha, embora, a partir de 1850, se tenha expandido por outros países europeus, onde a sua receção se efetuou, pri-meiramente, de forma pontual, por parte de alguns artistas – entre eles o nosso Júlio Dinis, mas também Antero de Quental – que começaram então a exaltar a arte como religião, da qual o artista, assumindo funções ministeriais, se apresenta como sacerdote. A missão a cumprir seria a de educar e civilizar o povo europeu, num tempo em que as sociedades da Europa ocidental experienciam um acelerado processo de secularização. Desta forma, na segunda metade do século XIX, o conceito de Kunstreligion radicaliza-se, começando a exprimir uma relação de concorrência, no espaço público, entre a arte e a religião oficial – no caso português, entre a arte e o catolicismo. Essa concorrência expressa-se, sobretudo, através da atitude dos artistas, que, com a sua prática artística, intervêm criticamente na sociedade, com o intento de ajudar a (re)construí-la, veiculando os valores inerentes à ideo-logia que defendem – e a Kunstreligion difunde enquanto corrente estético-filosófica.