Literatura Portuguesa
Permanent URI for this collection
Browse
Browsing Literatura Portuguesa by advisor "Sequeira, Rosa Maria"
Now showing 1 - 1 of 1
Results Per Page
Sort Options
- A metaficção em Mário de CarvalhoPublication . Vieira, Maria Cecília de Sousa; Sequeira, Rosa MariaA metaficção é um traço basilar da literatura pós-modernista. Embora muitos escritores, ao longo da história literária, tenham desvendado no interior das suas narrativas o modo como estas são construídas, é na escrita pós-modernista, nomeadamente na carvalhiana, que se reforça o legado cervantino e se (re)inventam novas maneiras de narrar. O modo como os textos contemporâneos dialogam com a memória literária, com distanciamento crítico, a profusão e a conjugação peculiar de estratégias metaficcionais e, sobretudo, a ênfase dada ao papel do leitor são aspetos que diferenciam a literatura metaficcional contemporânea da anterior. Através de um corpus selecionado de Mário de Carvalho – Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto, Fantasia para dois coronéis e uma piscina e A arte de morrer longe – pretendemos demonstrar que a metaficção é uma tendência marcante da sua poética, inserindo-se naquele grupo de escritores que, reconhecidamente, são mestres da metaficção. Mais do que evidenciar as estratégias metaficcionais utilizadas pelo escritor, o propósito que norteia este trabalho é mostrar que, por meio delas, e ao sabor de uma heterodoxia muito própria, o autor contesta uma praxis de cariz representativo, parodia a convenção, discute expedientes literários, problematiza conceitos teóricos institucionalizados da teoria literária, reelabora textos do património literário, interroga a sua própria poesis e propõe o redimensionamento dos papéis assumidos pelo leitor. Sendo o programa destes textos a subversão das convenções literárias, a coexistência de exercícios metaficcionais e a revelação da sua condição de artifício, os desafios colocados ao leitor são exigentes. Solicita-se-lhe que reconheça o texto como ficcional e, simultaneamente, que se envolva na recriação do texto como instância-agente de todo o processo narrativo. É nesta perspetiva que se percebe que as narrativas metaficcionais de Mário de Carvalho cumprem propósitos didáticos. Ao expor o modus faciendi, estes textos almejam fazer emergir leitores aptos a efetuar uma leitura ativa e autorreflexiva e capazes de serem verdadeiros parceiros na produção das obras, substituindo os leitores que adotam uma postura passiva e acrítica.