Repository logo
 
Loading...
Thumbnail Image
Publication

Vogais orais tónicas em aprendentes chineses com proficiência intermédia-alta no português europeu: alguns resultados

Use this identifier to reference this record.
Name:Description:Size:Format: 
APL2021_V orais tónicas.pdf1.32 MBAdobe PDF Download

Advisor(s)

Abstract(s)

No processo de aquisição da língua portuguesa, existem desafios fonético-fonológicos para os falantes nativos do Chinês Mandarim (CM), sendo uma das maiores dificuldades a aquisição dos pares contrastivos /e/-/ɛ/ e /o/-/ɔ/ do Português Europeu (PE) (e.g. Castelo & Freitas, 2019, para aprendentes de nível elementar; Wang, 1991). Por isso, o objetivo deste trabalho consiste em alargar a investigação sobre a aquisição dessas vogais por falantes nativos do CM a aprendentes de nível intermédio-alto de proficiência linguística e à consideração dos diferentes tipos de tarefa, a par da influência das propriedades vocálicas. Investigámos as produções orais de dezasseis palavras contendo as vogais-alvo por parte de três informantes chinesas de 25 anos que estudavam o português como L2 havia vários anos, tinham três anos de imersão em Portugal e apresentavam uma proficiência linguística de, pelo menos, nível B2 no Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (2001, 2020). Além das palavras-alvo, incluíram-se catorze palavras distratoras. Na escolha das palavras-alvo, controlaram-se as seguintes variáveis linguísticas: categoria morfossintática da palavra (nomes), extensão da palavra (dissílabos), formato silábico (CV), padrão acentual (paroxítono, com as vogais-alvo em posição tónica), contexto fonético da vogal em análise (entre consoantes oclusivas, fricativas ou nasais). As propriedades linguísticas manipuladas foram a altura (médias vs. baixas) e o ponto de articulação de vogal (coronais vs. labiais), de modo que havia quatro condições experimentais e quatro palavras para cada condição (por exemplo, quatro palavras para a vogal média e coronal: dedo, medo, mesa, seda). Optámos ainda por recolher dados através de quatro tarefas: (1) nomeação de imagens; (2) descrição de imagens; (3) repetição de palavras a partir de estímulos auditivos gravados; (4) leitura de texto. Após a validação das imagens com outras participantes chinesas e uma semana antes da recolha de dados, a primeira autora realizou um treino com as três informantes chinesas para garantir o conhecimento das palavras-alvo. A recolha de dados de produção foi efetuada pela primeira autora com cada uma das informantes, de modo individual, num gabinete silencioso, procedendo-se à gravação das produções orais num gravador portável ZOOM H4n Pro com 44.1kHz de frequência de amostragem, a 16 bit, por meio de um microfone vocal SHURE SM58. As vogais-alvo das produções orais foram identificadas através do cruzamento de dados de análise acústica (Praat 6.1.04, cf. Boersma & Weenink, 2019) com a transcrição fonética validada por um conjunto de três transcritores com treino nesta tarefa e falantes nativos do PE. Os resultados da avaliação confirmam a aquisição problemática dos contrastes vocálicos /e/-/ɛ/ e /o/-/ɔ/, sendo especialmente problemática a produção das vogais médias, mesmo em falantes de níveis intermédios-altos de proficiência linguística: a vogal média [e] é produzida corretamente em apenas 17% das sequências (vs. 97,9% na vogal baixa [ɛ]); a vogal média [o] atinge uma taxa de sucesso de 34,8% (vs. 100% na vogal [ɔ]). Estes resultados sugerem um problema específico no domínio do grau de altura das vogais, já que todos os erros das informantes envolvem alterações no grau de altura e nenhuma no ponto de articulação. À vista disto, argumentamos que as informantes terão sofrido um processo de fossilização na sua interlíngua (Selinker, 1972) e discutimos como a transferência do conhecimento prévio do sistema fonológico do CM (cf. descrições de Duanmu, 2007; Lin & Wang, 2013), as caraterísticas fonológicas do PE (cf. descrição de Mateus e d’Andrade, 2000), a Hipótese do Reemprego (Archibald, 2005, 2009) e universais linguísticos ([i, a, u] como vogais não marcadas, universais – e.g. Veloso, 2012) poderão estar a condicionar o seu desempenho. Quanto aos tipos de tarefa, verificamos um melhor desempenho nas tarefas de repetição e de leitura, seguido pelo da tarefa de nomeação e, depois, pelo da tarefa de descrição. Atribuímos estes resultados ao efeito facilitador dos estímulos ortográficos (na leitura) e auditivos (na repetição) e à maior complexidade (na tarefa de descrição). Este resultado confirma a importância de considerar, não só dados de produção controlada, como de produção espontânea, para averiguar o domínio de uma determinada estrutura fonético-fonológica (e.g. Celce-Murcia et al., 2010). Os resultados obtidos mostram, pois, que vários anos de aprendizagem formal e de imersão linguística não são suficientes para os falantes nativos de CM adquirirem os contrastes de altura em /e/-/ɛ/ e /o/-/ɔ/, sendo necessária uma intervenção fonético-fonológica dirigida aos problemas apresentados pelos aprendentes.

Description

Apresentação online com interação síncrona

Keywords

Aquisição da L2 Português língua não materna Aprendentes chineses Vogais tónicas

Citation

Duan, H., Castelo, A., & Freitas, M. J. (2021). Vogais Orais Tónicas em Aprendentes Chineses com Proficiência Intermédia-Alta no Português Europeu: Alguns resultados. XXXVII Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística (Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 28-29/10/2021, online).

Research Projects

Organizational Units

Journal Issue