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Center of Linguistics of the University of Lisbon
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A aquisição da assimilação de vozeamento da fricativa em coda no português por aprendentes chineses
Publication . Wang, Xinyan; Castelo, Adelina; Zhou, Chao
No sistema fonológico do português europeu (PE), regista-se um processo de assimilação de vozeamento da consoante fricativa em coda silábica, sendo esta produzida como [ʒ] antes de consoante vozeada e como [ʃ] antes de consoante não vozeada – cf. Mateus e Andrade (2000). Já há estudos sobre a aquisição segmental das fricativas entre os falantes nativos de chinês mandarim (CM) que aprendem português como língua segunda (L2) (e.g. Ci, 2021). Contudo, até onde sabemos, não existe qualquer estudo sobre a aquisição deste processo de assimilação do PE entre os falantes nativos de CM, pelo que a avaliação da aplicação do processo na produção destes aprendentes pode contribuir para uma melhor compreensão da sua aquisição fonológica do PE e para a reflexão sobre diferentes modelos de aquisição da fonologia de uma L2 (e.g. Flege, 1995; Escudero & Boersma 2004; Best & Tyler, 2007).
Assim sendo, o presente trabalho visa observar a especificação do vozeamento da consoante fricativa em posição de coda, na fala controlada produzida por falantes nativos de CM que são aprendentes de PE. Para o efeito, foi desenhada uma tarefa de leitura em voz alta de 40 pseudopalavras e de 20 pseudopalavras-distratoras. Todas as pseudopalavras consistiram em dissílabos paroxítonos com o formato CVCfricativa.CV, havendo cinco grupos de 8 pseudopalavras cada, de acordo com o modo de articulação da consoante da segunda sílaba: fricativa não vozeada, fricativa vozeada, oclusiva oral não vozeada, oclusiva oral vozeada, oclusiva nasal (vozeada). A lista das pseudopalavras foi apresentada aos participantes que as deveriam ler integradas na frase-veículo “Digo XX novamente.”, sendo estas produções gravadas no próprio telemóvel do participante. Ao todo, foram recolhidas as produções de dez falantes nativos de PE e de trinta aprendentes chineses de PE.
Os resultados dos falantes nativos revelam uma aplicação sistemática do processo (99.75%). Pelo contrário, nos aprendentes de português como L2 é visível o predomínio de produções da fricativa não vozeada, mesmo quando em adjacência a uma consoante vozeada (9.91% de produções vozeadas; 90.09% de produções não vozeadas): muitos aprendentes usam quase exclusivamente a fricativa não vozeada em todos os contextos e alguns tendem a empregar a vozeada apenas antes de consoante nasal (11.67%) (e não antes de oclusiva oral ou fricativa vozeadas). Após uma apresentação detalhada dos resultados obtidos, são analisadas as implicações destes resultados tanto em termos de aquisição fonológica como de questões didáticas.
Preliminary results on the acquisition of Portuguese voicing assimilation in coda fricative by Chinese learners
Publication . Wang, Xinyan; Castelo, Adelina; Zhou, Chao
In the phonological system of European Portuguese (EP), there is a process of voicing assimilation in the fricative in Coda position, which is produced as [ʒ] before a voiced consonant and as [ʃ] before a voiceless consonant ([1]). There are already studies on the segmental acquisition of fricatives among the native speakers of Mandarin Chinese (MC) who learn Portuguese as a second language (L2) (e.g. [2]). However, to the best of our knowledge, there is no study on the acquisition of this EP assimilation process of among MC native speakers. Consequently, evaluating the process application in the production of these learners can contribute to a better understanding of their phonological acquisition in EP and to a reflection on different models of phonology acquisition of an L2 (e.g. [3], [4]). Therefore, the present work aims to observe the voicing specification in the fricative in Coda position, in controlled speech produced by MC native speakers who are learners of EP. Ten EP native speakers and thirty Chinese learners of EP participated in a reading task. The stimuli consist of 40 pseudowords and 20 distractors. All items were disyllabic words with the format CVC.CV, including five groups of 8 pseudowords each according to the manner of articulation of the second syllable consonant: voiceless fricative, voiced fricative, voiceless oral stop, voiced oral stop, nasal stop. Participants were recorded reading each item within a carrier the sentence “Digo XX novamente.” (“I say XX again.”). The results show that, as expected, the native speakers applied voicing assimilation systematically; by contrast, the Chinese learners predominantly produced voiceless fricatives, regardless of the voicing of the following consonant. There might be an effect of the manner of the following consonant, as many learners use almost exclusively the voiceless consonant in all contexts while some tend to employ the voiced one only before a nasal consonant. These results suggest that the success in learning the fricative voicing ([2]) does not guarantee the acquisition of a phonological process implying such voicing alternation. After a detailed presentation of the results, the implications of these are analyzed in terms of phonological acquisition and didactic implementation.
A aquisição da assimilação de vozeamento da fricativa em coda no português por aprendentes chineses: resultados preliminares
Publication . Wang, Xinyan; Castelo, Adelina; Zhou, Chao
No sistema fonológico do português europeu (PE), regista-se um processo de assimilação de vozeamento da consoante fricativa em coda silábica, sendo esta produzida como [ʒ] antes de consoante vozeada e como [ʃ] antes de consoante não vozeada – cf. Mateus e Andrade (2000). Já há estudos sobre a aquisição segmental das fricativas entre os falantes nativos de chinês mandarim (CM) que aprendem português como língua segunda (L2) (e.g. Ci, 2021). Contudo, até onde sabemos, não existe qualquer estudo sobre a aquisição deste processo de assimilação do PE entre os falantes nativos de CM, pelo que a avaliação da aplicação do processo na produção destes aprendentes pode contribuir para uma melhor compreensão da sua aquisição fonológica do PE e para a reflexão sobre diferentes modelos de aquisição da fonologia de uma L2 (e.g. Flege, 1995; Best & Tyler, 2007).
Assim sendo, o presente trabalho visa observar a especificação do vozeamento da consoante fricativa em posição de coda, na fala controlada produzida por falantes nativos de CM que são aprendentes de PE. Para o efeito, foi desenhada uma tarefa de leitura em voz alta de 40 pseudopalavras e de 20 pseudopalavras-distratoras. Todas as pseudopalavras consistiram em dissílabos com o formato CVCfricativa.CV, havendo cinco grupos de 8 pseudopalavras cada de acordo com o modo de articulação da consoante da segunda sílaba: fricativa não vozeada, fricativa vozeada, oclusiva oral não vozeada, oclusiva oral vozeada, oclusiva nasal (vozeada). A lista das pseudopalavras foi apresentada aos participantes que as deveriam ler integradas na frase-veículo “Digo XX novamente.”, sendo estas produções gravadas no próprio telemóvel do participante. Ao todo, foram recolhidas as produções de dez falantes nativos de PE e de trinta aprendentes chineses de PE.
Os resultados dos falantes nativos revelam uma aplicação sistemática do processo. Pelo contrário, nos aprendentes de português como L2 é visível o predomínio de produções da fricativa não vozeada, mesmo quando em adjacência a uma consoante vozeada: muitos aprendentes usam quase exclusivamente a fricativa não vozeada em todos os contextos e alguns tendem a empregar a vozeada apenas antes de consoante nasal (e não antes de oclusiva oral ou fricativa vozeadas). Após uma apresentação detalhada dos resultados obtidos, são analisadas as implicações destes resultados tanto em termos de aquisição fonológica como de questões didáticas.
A produção de vogais não-centrais médias e baixas em aprendentes chineses de português como língua estrangeira: revisitação de dados
Publication . Castelo, Adelina; Nazaré Santos, Rita; Freitas, Maria João
No presente trabalho, focar-nos-emos nas vogais fonológicas não-centrais (coronais e labiais), por serem as classes que apresentam contrastes de altura em português europeu (PE). No sistema fonológico do PE, tanto as vogais coronais como as labiais apresentam três níveis de altura, frequentemente classificados como alto, médio e baixo (vogais coronal e labial, respetivamente, em cada par): /i, u/ como altas; /e, o/ como médias; /ɛ, ɔ/ como baixas (cf. Mateus e Andrade, 2000; Mateus, Falé e Freitas, 2016). Já no chinês mandarim (CM), registam-se menos contrastes de altura nestas classes de vogais, levando Duanmu (2007), por exemplo, a propor um sistema fonológico com apenas duas vogais não-centrais: a coronal alta /i/ e a labial alta /u/.
Para melhor compreender o desenvolvimento da aquisição fonológica do PE por parte dos falantes nativos de CM, é, pois, pertinente observar as produções das vogais não-centrais, sobretudo dos segmentos médios e baixos, inexistentes no CM. Contudo, os poucos dados sobre a produção destas vogais estão dispersos em vários estudos, com diferenças ao nível dos grupos de participantes (com diferentes perfis sociolinguísticos) e das tarefas de produção. Assim sendo, a presente comunicação pretende revisitar esses estudos e analisar os seus resultados, a fim de obter uma melhor compreensão do fenómeno em causa.
Os resultados de Oliveira (2006), embora obtidos com aprendentes de outras línguas maternas que não o CM, revelam-nos já, mesmo nos níveis de proficiência linguística B1 e C2 (segundo o Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas, 2001) e em tarefas de fala controlada, dificuldades na produção dos contrastes [e]-[ɛ] e [o]-[ɔ]. Castelo e Santos (2017) analisaram as produções de fala espontânea de aprendentes chineses com diferentes níveis de proficiência linguística e identificaram erros frequentes na produção dos segmentos-alvo [e] e [o], bem como erros frequentemente relacionados com a altura das vogais. Castelo e Freitas (2019), por seu turno, observaram as produções de aprendentes chineses de nível A2 numa tarefa de nomeação e registaram problemas sobretudo na produção de [e] e [o], maioritariamente substituídos pelos vogais baixas correspondentes. Finalmente, Duan (2021) observou igualmente dificuldades na produção de [e] e [o], em aprendentes com um nível de proficiência mínima de B2 e em diferentes tarefas de produção (desde imitação e leitura, até nomeação e fala espontânea). Zhang (2018) e Nan (2021) são dissertações recentes, cujos resultados sobre produção de vogais por falantes de CM igualmente consideraremos.
Em síntese, no presente trabalho, pretendemos converter os resultados dos estudos acima mencionados em taxas de sucesso (por exemplo, o trabalho de Castelo e Santos, 2017, baseia-se apenas na apresentação dos erros encontrados), sistematizar as estratégias de reconstrução utilizadas pelos aprendentes, bem como comparar e analisar os resultados em termos dos níveis de proficiência dos aprendentes, dos tipos de tarefas de produção e dos inventários vocálicos do PE e do CM.
Acquisition of Portuguese mid vowels by Chinese Mandarin native speakers: some data on perception
Publication . Castelo, Adelina; Zhou, Chao; Amorim, Clara
Prior research reveals that, when acquiring European Portuguese (EP), L1-Mandarin learners with beginning ([1]) and more advanced proficiency levels ([2]) neutralise the distinction between /e/ and /ɛ/ to the low vowel in their L2-Portuguese production. Given that major L2 speech learning models ([3], [4], [5]) assume a tight link between L2 speech perception and production, we speculate that the observed production difficulty can be ascribed to misperception: the two target vowels are perceptually assimilated to an L1 category.
In this work, we explicitly tested this perception-based account by assessing how L1-Mandarin learners perceptually categorise EP /e/ and /ɛ/. 70 L1-Mandarin learners, whose Portuguese proficiency level was measured by LextPT ([6]), performed a forced-choice identification task. The test stimuli are 36 disyllabic paroxytone pseudowords with target vowels always in stressed position (12 CVCV items × 3 talkers).
The perceptual results show that L1-Mandarin learners fail to discriminate between the two EP vowels, as shown in Figure 1. In stark contrast to previous production studies ([1], [2]), where the vowel distinction is somehow preserved (otherwise the confusability would have been bidirectional as well), the current results suggest that the two speech modalities may not develop in tandem in L2 speech learning. Moreover, a mixed-effects logistic regression does not find an effect of L2 proficiency on learners’ perceptual performance. No evidence thus indicates that the observed perceptual difficulty will be mitigated with an increase in L2-Portuguese proficiency.
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