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- Gravidez e maternidade na adolescência: um estudo no Município de Uberaba Estado de Minas Gerais - BrasilPublication . Reis, Lyria; Ramos, NatáliaTrata-se de um estudo sobre a gravidez e a maternidade na adolescência no município de Uberaba, estado de Minas Gerais, Brasil. A gravidez e a maternidade na adolescência são considerados um problema de saúde e social nos países ocidentais desenvolvidos, que pode afectar a saúde das jovens, dos seus filhos e o seu percurso de vida. O número de nados vivos de mães adolescentes em Uberaba no ano de 2005 foi de 700 bebés, uma percentagem de 18,59% do total de nados vivos do município. O objectivo geral deste estudo foi conhecer e compreender a realidade da gravidez e maternidade na adolescência, nas diferentes dimensões de saúde, socioeconómicas e culturais no município de Uberaba. O enquadramento teórico incidiu sobre a saúde, seus determinantes e desenvolvimento humano; sobre a adolescência, sua construção ao longo dos tempos e as transformações biológicas e psicológicas que ocorrem nesta fase da vida; sobre a sexualidade, a contracepção e a comunicação em saúde e educação sexual e sobre a gravidez e a maternidade na adolescência nas diferentes dimensões sanitárias, psicossociais, económicas e culturais no município de Uberaba. O estudo empírico comporta duas partes: a primeira, apresenta uma análise histórica e sociodemográfica dos nascimentos ocorridos no município nos anos de 2001 a 2005, através da análise das bases de dados do SINASC – “Sistema de Informações de Nascidos Vivos". Foram feitas análises dos nascimentos de bebés de mães de 10 a 19 anos comparativamente aos nascimentos de bebés de mães com 20 anos e mais; a segunda parte apresenta os resumos das histórias de vida de 25 adolescentes gestantes e a análise de conteúdo das entrevistas. Os principais resultados obtidos da análise dos nascimentos e das entrevistas são os seguintes: a percentagem de nados vivos de mães adolescentes variou de 21,69% no ano de 2001 para 18,59% no ano de 2005, demonstrando uma tendência decrescente. As jovens são na maioria solteiras, têm entre 4 e 11 anos de escolaridade e a maior parte não trabalha ou é estudante. Os partos realizados foram 100% hospitalares com uma percentagem de partos por cesariana variando entre 41% (2003) e 48,6% (2005). As mães adolescentes realizaram menos consultas de pré-natal e os seus bebés nasceram com peso mais baixo que os filhos de mães com 20 anos e mais. A jovem que engravida tem em média 17 anos, na maioria dos casos é solteira ou vive em união de facto com seu namorado. Relativamente à escolaridade, 56% das jovens têm o ensino fundamental incompleto e apenas 12% completaram o ensino médio. Em 76% dos casos as mães destas adolescentes também foram mães antes dos 20 anos de idade. Os pais dos bebés eram, em média, 3 a 6 anos mais velhos do que as mães. O rendimento mensal familiar era de 2 salários mínimos. A maioria das jovens não trabalhava ou tinha emprego precário. Na maioria das jovens a menarca ocorreu aos 13 anos e a primeira relação sexual aos 15 anos. 100% das jovens conheciam 2 métodos contraceptivos, o preservativo e a pílula anticoncepcional, sendo a escola e a família as principais fontes de informação acerca da questão. Quanto ao desejo da gravidez, 48% responderam afirmativamente, enquanto que 52% não desejaram a gravidez. As jovens que desejaram a gravidez relataram sentimentos positivos enquanto as jovens que não desejaram relataram principalmente sentimentos negativos. Os apoios/suportes sociais foram, na maioria dos casos os informais, sendo a família e o pai do bebé os mais importantes. Quanto aos apoios/suportes sociais formais, os serviços de saúde aparecem em primeiro lugar, porém com uma frequência de apenas 6 casos. O início do acompanhamento pré-natal foi mais frequente na idade gestacional de 1 mês e meio e 3 meses de gravidez, tendo sido adiado pelo medo da jovem em contar aos pais a situação de gravidez. O principal projecto de vida anterior à gravidez era o estudo, seguido do trabalho e casamento/filhos. Em relação às perspectivas futuras, 11 jovens ainda não ponderaram a questão, enquanto que 8 têm uma perspectiva positiva a respeito do futuro. Conclui-se que estas jovens mães adolescentes de Uberaba fazem parte de um grupo de jovens inseridas em famílias caracterizadas por precariedade social e desorganização familiar, com poucas oportunidades de escolarização, que tiveram necessidade de trabalhar, ainda que trabalho precário, para obterem algum rendimento financeiro. As jovens têm alguns conhecimentos acerca de contracepção mas não o suficiente para utilizarem um método contraceptivo adequadamente. Buscam através da maternidade um novo papel para as suas vidas e visualizam nos filhos, uma oportunidade para se sentirem amadas e seguras. Conclui-se que estas jovens necessitam de mais informação, conhecimento e orientação a respeito da sexualidade e da contracepção e de mais apoio familiar e de serviços de saúde e sociais adequados às suas necessidades, para que possam fazer a opção pela maternidade no momento mais adequado das suas vidas. As adolescentes necessitam também de aumentar a sua auto-estima, de ter acesso a educação e saúde de qualidade, a actividades sociais, culturais e de lazer e a formação adequada de forma a aumentar as oportunidades de realização pessoal e profissional, reduzindo o ciclo de perpetuação da pobreza, aumentando o nível de desenvolvimento humano e a qualidade de vida e bem-estar