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- Erros ortográficos no 1.º ciclo do ensino básico: um estudo-piloto longitudinalPublication . Castelo, AdelinaApesar do auxílio dos corretores ortográficos, é preciso continuar a promover o domínio da ortografia, entre outras razões, pelo seu importante valor social e metalinguístico. Um projeto de investigação no âmbito do qual se integra o presente estudo-piloto visa identificar os conhecimentos necessários para os professores promoverem tal domínio ortográfico – a distinção de erros ortográficos ou formas gráficas não convencionais (FNCs) de diferentes naturezas a fim de adotar as estratégias instrucionais adequadas e o (re)conhecimento dos percursos (a)típicos de desenvolvimento ortográfico (e.g. Bahr et al., 2012). É de sublinhar que o conhecimento ortográfico nos primeiros anos de escolarização constitui um preditor importante do desenvolvimento da ortografia durante a escolaridade (Johnels et al., 2024). No caso do português europeu, existem já reflexões sobre a promoção da ortografia (e.g. Alves Martins, 2021), bem como pesquisas que exploram as relações entre a aquisição fonológica e o desenvolvimento ortográfico (e.g. Costa et al., 2021; Rodrigues & Lourenço-Gomes, 2021) e estudos longitudinais que avaliam a ocorrência de diferentes tipos de erros (e.g. Horta Vasconcelos & Alves Martins, 2009). No entanto, será relevante alargar o número de dados analisados e usar uma categorização que permita distinguir todos os tipos de erros, mostrando a sua natureza, e seja relativamente fácil de usar por parte dos professores. Após diversas propostas para o português, Baptista et al. (2011) criaram uma bastante abrangente e adequada, que será adotada, com ligeiras adaptações, neste projeto. Assim, este estudo-piloto tem três questões de investigação: (1) quais são os erros ortográficos mais comuns nos 2.º e 4.º anos; (2) por que motivo(s) esses erros são predominantes; (3) quais são os padrões de desenvolvimento ortográfico em alunos com alto e baixo desempenho. Para responder a estas questões, analisámos um total de 40 textos escritos do corpus EFFE-On (Rodrigues et al., 2015): 4 textos (um narrativo e um descritivo escritos no 2.º ano e igualmente um narrativo e um descritivo escritos no 4.º) elaborados por cada um de 10 alunos (todos falantes nativos do Português de Lisboa, sem problemas de audição ou de linguagem e filhos de pais licenciados). Para a análise dos erros ortográficos, utilizámos a categorização proposta por Baptista et al. (2011) com ligeiras adaptações: transcrição de oralidade incorreta (ex. *dromir); segmentação de palavras (ex. *derrepente); maiúsculas e minúsculas (ex. *lisboa); translineação (ex. *ma-ssa); acentuação gráfica (ex. *clinica); regras ortográficas básicas (ex. *brato); regras ortográficas contextuais (*ponba); regras ortográficas de base morfológica (ex. *iram); ortografias irregulares (ex. *jente). Calcularam-se as proporções de cada tipo de erro por número total de palavras e avaliaram-se os resultados em termos de grupo (2.º ou 4.º ano) e também a nível individual (nomeadamente comparando os resultados dos alunos com melhor desempenho com os alunos de desempenho mais baixo). Os erros ortográficos mais comuns nos 2.º e 4.º anos pertencem às categorias de acentuação gráfica e ortografia irregular, mas no 2.º ano também existem bastantes erros relacionados com regras ortográficas básicas e contextuais. Enquanto os alunos com melhor desempenho apresentam mais dificuldades na acentuação gráfica e na ortografia irregular, os alunos com um desempenho mais baixo revelam também outros erros e nenhuma melhoria na ortografia irregular do 2.º ao 4.º ano. As possíveis motivações para estes erros, as implicações educacionais dos resultados e as próximas etapas do projeto são discutidas.