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- Perceção dos consumidores portugueses em relação ao consumo de carne cultivadaPublication . Santos, Juan Carlos de Jesus dos; Fernandes, Ana PaulaA carne é um alimento importante na dieta do ser humano devido ao seu conteúdo em proteínas, lípidos e micronutrientes, sendo que, por outro lado, determinados componentes como ácidos gordos saturados, colesterol e purinas são prejudiciais, pelo que o consumo de carne em excesso pode originar problemas de saúde. Os fatores que determinam o consumo de carne são complexos, por exemplo, a demografia, renda, preço, tradição e cultura, crenças religiosas, assim como preocupações ambientais, sociais, éticas e de saúde, podem condicionar o grau de ingestão. Neste âmbito, o crescimento populacional previsto nas próximas décadas, associado à produção intensiva e consumo desenfreado de carne podem colocar em causa a sustentabilidade do sistema alimentar, a segurança alimentar e o futuro do planeta. Existem evidências cientificamente comprovadas de que o sistema alimentar atual, dependente de um setor agropecuário global e intensivo, contribui para o aquecimento global da Terra e para as consequentes alterações climáticas. Desta forma, é necessário procurar soluções para mitigar a produção e o consumo de carne de origem animal, pelo que a implementação de proteínas alternativas pode ser uma das possíveis soluções. Neste sentido, a carne cultivada apresenta-se como uma alternativa viável, sendo produzida a partir de células-tronco de um animal, pelo que não é necessário criar animais para posterior abate. A produção de carne cultivada apresenta inúmeras vantagens, por exemplo, a redução do consumo de recursos como água, energia e solos, quando comparados com a produção de carne na agropecuária. No entanto, também possui algumas limitações e desafios, como por exemplo a neofobia alimentar por parte dos consumidores e o preço da carne cultivada, que está dependente do processo de produção em larga escala. O conhecimento do ser humano em relação aos problemas associados à agropecuária tradicional, assim como a perceção e aceitação dos consumidores em relação à carne cultivada são fundamentais para a implementação da carne cultivada como produto alimentar, sendo relevante avaliar o padrão de consumo de carne pelos consumidores, neste caso, dos portugueses. A perceção e aceitação dos consumidores portugueses são fatores-chave para a entrada deste novo produto no mercado português, sendo que o presente estudo pretende observar o padrão atual de consumo de carne convencional pelos portugueses, observar o grau de preocupação em relação aos vários problemas relacionados com o sistema alimentar, analisar o grau de conhecimento e a perceção dos consumidores sobre a carne cultivada. Neste sentido, desenvolveu-se um inquérito online dirigido a utilizadores de internet, o qual foi distribuído através das redes sociais (Facebook, Instagram, Whatsapp) e por email. O inquérito por questionário aplicado esteve estruturado em 6 secções e composto por 24 questões, sendo colocadas aos participantes questões de escolha múltipla, questões com caixas de verificação, de resposta curta e de escala linear. Disponibilizou-se também aos participantes dois vídeos curtos, os quais eram opcionais e que tiveram a duração de cerca de dois a cinco minutos cada um, tendo como objetivo esclarecer os participantes menos informados. No que se refere ao conteúdo do inquérito por questionário, abordaram-se questões de índole sociodemográfica, assim como problemáticas relacionadas com a agropecuária tradicional, hábitos alimentares dos participantes e questões direcionadas no campo de informação da carne cultivada. Os dados recolhidos foram tratados através do programa Statistical Package for de Social Sciences (SPSS) versão 26.0.0, tendo-se utilizado técnicas básicas de análise exploratória de dados. Nos resultados apresentados, observou-se que 91,9% dos participantes admitem consumir carne convencional, pelo que apenas 2,4% seguem uma dieta vegetariana e 1,3% um regime vegano, sendo que no cômputo geral, 8,0% refere não consumir carne, tendo em conta outras dietas alternativas Por outro lado, apesar de que a carne cultivada ainda não é comercializada em Portugal, mais de metade da amostra (55,2%) admitiu estar mais ou menos familiarizada com a temática, tendo-se observado que 59,0% dos participantes apresentaram disponibilidade em experimentar carne cultivada.