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- O acento de palavra do PLE em aprendentes chineses: alguns contributos e investigação futuraPublication . Castelo, AdelinaUma melhor compreensão da aquisição fonológica de uma língua não materna possibilita não só um conhecimento mais aprofundado sobre o funcionamento da linguagem e a aquisição de línguas estrangeiras e segundas, como também uma identificação de indicações úteis para uma melhor discussão e compreensão da fonologia da língua-alvo e até várias implicações e aplicações práticas (nomeadamente ao nível do ensino da pronúncia e de aspetos da compreensão e da expressão orais). O acento de palavra constitui, precisamente, um dos aspetos a desenvolver no âmbito desta aquisição fonológica: um domínio adequado da produção e da discriminação do acento de palavra é fundamental para favorecer o reconhecimento auditivo dos itens lexicais (e.g. Tremblay, 2014), impedindo, por exemplo, que a produção incorreta de está [ta] como [eta] ou [ita] leve o ouvinte a interpretá-la como uma tentativa de produção de esta sem ativação da redução na vogal átona final. Considerando o cada vez maior número de aprendentes chineses de Português como Língua Estrangeira (PLE) e as dificuldades que estes parecem mostrar no domínio do acento de palavra, a investigação desta propriedade na interfonologia dos aprendentes torna-se muito relevante. Existem já vários estudos sobre a aquisição fonológica do português europeu como língua não materna, junto de diferentes grupos de aprendentes, no que diz respeito às consoantes (e.g. Yang, Rato & Flores, 2015; Zhou, 2017), às vogais (e.g. Oliveira, 2006; Vaz da Silva, Coimbra, Teixeira & Moutinho, 2007; Castelo & Santos, 2017; Castelo & Freitas, 2019) e até ao processo fonológico de redução vocálica (e.g. Oliveira, 2006). No entanto, até onde sabemos, a aquisição do acento de palavra tem sido objeto de pouca investigação própria (cf. Castelo, 2018). Assim sendo, esta comunicação tem dois objetivos: (i) sistematizar alguns contributos, já presentes na literatura, para a compreensão da aquisição do acento de palavra do PLE em aprendentes chineses; (ii) partir desses contributos para apresentar sugestões de investigação futura sobre o tema. Para concretizar estes objetivos, são sistematizados os dados conhecidos sobre a aquisição do acento de palavra, que estão disponíveis em Castelo e Santos (2017) e Castelo (2018). O primeiro estudo observa o uso do acento (tónico e gráfico) em textos que integram o COPLE2 – Corpus de Português Língua Estrangeira/Língua Segunda (Antunes et al., 2015) e que foram produzidos por 7 informantes chineses de diferentes níveis de proficiência. A taxa de sucesso no uso do acento nos textos orais está próxima dos 100%, o que contrasta com a identificação de dificuldades feita por professores experientes no ensino de PLE a aprendentes chineses (cf. Castelo et al., 2018). Em Castelo (2018) apresentam-se os resultados de um estudo em sala de aula (tipo de estudo defendido como relevante por autores como Munro & Derwing, 2015). O estudo-piloto, conduzido numa disciplina de Laboratório de Língua, envolve 12 estudantes chineses da licenciatura em Português que começaram a aprender a língua seis meses antes. São usados dois conjuntos de tarefas para avaliar o desempenho no acento lexical: (i) leitura oral não preparada de um texto curto e discriminação de pares de palavras / frases que diferem na posição de um acento; (ii) leitura oral preparada e discriminação de pares de palavras / frases que diferem na posição de um acento. Os resultados mostram taxas de sucesso de 73% a 86%, uma diferença estatisticamente significativa associada à preparação ou não da leitura oral e correlações entre produção e perceção, além do impacto de variáveis linguísticas. A análise dos resultados obtidos neste estudo e a comparação com os resultados de Castelo & Santos (2017) permitem também refletir sobre algumas questões metodológicas. Os estudos sistematizados constituem a base para propostas de investigação futura sobre a aquisição do acento de palavra do PLE por aprendentes chineses, destacando-se questões a responder e perspetivas a adotar, grupos de informantes a observar, bem como algumas opções metodológicas a realizar.