Browsing by Author "Varanda, Estela Maria Guerreiro"
Now showing 1 - 1 of 1
Results Per Page
Sort Options
- A relação enfermeiro/doente na prática de cuidados à pessoa hospitalizada com traumatismo vértebro-medularPublication . Varanda, Estela Maria Guerreiro; Lopes, ManuelA relação enfermeiro-doente possui características próprias, nem sempre fáceis de identificar. Um doente que desafia as capacidades relacionais da enfermeira é certamente aquele que sofreu, após um acidente, um Traumatismo Vértebro- Medular (TVM). Com este estudo pretendeu-se desvendar a realidade da relação enfermeirodoente com TVM, no que ela possa ter de dificuldades, de desenvolvimento de competências e de potenciais saberes. Traçaram-se os seguintes objectivos: (1) Descrever que dificuldades relacionais vivenciam os enfermeiros na prestação de cuidados à pessoa com TVM. (2) Identificar as competências relacionais que desenvolvem os enfermeiros perante as dificuldades na prestação de cuidados à pessoa com TVM. (3) Descrever que factores contribuem para o desenvolvimento das competências relacionais. (4) Caracterizar a relação que os enfermeiros estabelecem com a pessoa com TVM hospitalizada. Optou-se por um estudo exploratório, descritivo com uma abordagem qualitativa do tipo indutivo. A amostra foi intencional não probabilística, constituída por enfermeiros dum Serviço de Neurocirurgia da Grande Lisboa que se aproximassem do nível de competência de peritos segundo Benner (2005). Para a recolha dos dados escolheu-se a entrevista semi-estruturada e para o tratamento dos mesmos utilizámos a análise de conteúdo. Destacamos algumas conclusões relacionadas com os objectivos traçados. Quanto às dificuldades relacionais (objectivo 1) estas têm a ver, por um lado, com dificuldades na comunicação com o doente em determinadas 12 circunstâncias e, por outro, com o impacto emocional da relação. Destacam-se como áreas mais problemáticas a da gestão da verdade sobre a lesão, o lidar com um doente dito apelativo que necessita de presença constante e lidar com o espaço íntimo do doente. Quanto às competências desenvolvidas (objectivo 2) os enfermeiros elegem algumas premissas para a relação (avaliar, conhecer e respeitar cada doente na sua individualidade; mostrar-se presente e disponível, estabelecer uma relação de confiança) e salientam o interesse de desenvolver competências comunicacionais. No que respeita aos factores de desenvolvimento de competências (objectivo 3) é destacada a importância da posse de uma perspectiva da enfermagem que torne o enfermeiro ciente do seu papel. A experiencia pessoal e profissional é muito valorizada. É dado especial destaque aos saberes em comunicação. A equipa é fundamental no apoio aos colegas menos experientes e ao trabalhar em uníssono a relação. Quanto às características próprias desta relação (objectivo 4) trata-se de um doente que solicita a comunicação e estimula o envolvimento pessoal do enfermeiro. Com o prolongamento do internamento acaba por se estabelecer uma relação de grande proximidade, quase familiar, em que passa a haver gratificação e prazer. Os laços estabelecidos acabam por perdurar para além da alta. Sugerem-se novos estudos em outros serviços de Neurocirurgia, com entrevistas aos doentes e observação da prática de cuidados. Propõem-se que o serviço onde foi realizado o estudo, invista no desenvolvimento de competências no ensino à família; no preparar o doente para a sua auto-defesa, esclarecendo-o sobre os seus direitos; estimular a partilha de sentimentos na equipa para reduzir o impacto emocional. É salientada a necessidade de investimento no treino em técnicas de comunicação para a enfermagem em geral. Institucionalmente os resultados deste trabalho apontam para que a dotação de pessoal, em hospital de agudos, tenha em conta que a abordagem relacional do doente e família é importante e consome tempo. Por outro lado, em vez da grande mobilidade de pessoal actual, deviam ser permitidas carreiras mais longas em cada serviço para que se pudessem formar peritos.