Browsing by Author "Dias, Ana Cristina Ferreira"
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- A literatura como corpo do tempo : a História de Portugal com a mediação da literatura no pensamento de Eduardo LourençoPublication . Dias, Ana Cristina Ferreira; Piedade, Ana NascimentoAo longo das últimas quase sete décadas, Eduardo Lourenço veio desenvolvendo uma abordagem teórica particular para repensar a História de Portugal através da compreensão da expressão cultural de cada época e, especificamente, usando a mediação da Literatura. Neste trabalho, o nosso primeiro grande objectivo foi tentar perceber o seu método, nessa área de reflexão, a partir da exploração de alguns dos caminhos que Eduardo Lourenço, ele próprio, nos indica, desde logo no que se refere ao diálogo que estabelece com alguns outros pensadores: Michelet, ao qual se junta contra o positivismo na História; Bergson, para discutir a sua noção de Duração, como atributo qualitativo do tempo psicológico, em vez de uma medida quantitativa da existência cronológica e, finalmente, em conexão forte com os anteriores, Péguy, com quem partilha a concepção da Literatura como um instrumento privilegiado de compreensão trans-temporal, bem como a atitude radical contra o já feito e já pensado, estando sempre disponível para repensar tudo. À luz desta análise metodológica, tentámos, em sequência, ilustrar de que forma Eduardo Lourenço favorece a nossa compreensão de algumas problemáticas centrais do ser Português – quer reais, quer mitificadas – na nossa Duração colectiva associada à longeva nacionalidade, utilizando, para o efeito, a mediação da Literatura. Do religioso teatro medieval vicentino, ao poema épico de Camões sobre a Expansão, continuando para o romântico início do século XIX e prosseguindo para as várias interpelações à Nação, feitas por movimentos como a Geração de 70 ou o grupo de Orpheu, chegámos à vida em ditadura (que experienciámos através das reacções literárias do Neo-Realismo e dos Filhos de Álvaro de Campos) até 1974, quando a Revolução libertou novas vozes e temáticas, como o colonialismo. Dado que Eduardo Lourenço continua, e esperamos que prossiga, por muito tempo, a pensar sobre nós, para nós e connosco, temos também o privilégio de contar com ele para equacionar, desde já, o caótico presente em que vivemos, neste caso através de Gonçalo M. Tavares e da sua contra-epopeia para o século XXI.