Alves, FátimaSilva, Luísa Ferreira daVieira, Cristina PereiraVaz, EsterLeão, TâniaBerg, AleksandraSousa, FátimaHooven, RudyBraga, ClementinaGuerra, Maria José2020-02-072020-02-072004-09-16http://hdl.handle.net/10400.2/9208A forma como as sociedades se têm relacionado com a loucura é resultado das concepções dominantes sobre o mundo (Benedict, 1934; Devereux, 1970). A nossa sociedade criou a doença mental como objecto controlado pela medicina (Foucault, 1987). As concepções, as atitudes e as práticas associadas à doença mental são diferentes se captadas no universo cultural da medicina/psiquiatria, ou no universo popular, culturalmente muito distante da representação cientifica do corpo, da doença e do doente (Devereux, 1977). Os estudos sobre os processos sociais excludentes subjacentes à construção da doença mental dirigem‐se ás representações sociais (De Rosa, 1987; Bellelli, 1987; Serino, 1987; Jodelet, 1995) e à imagem pública das pessoas com doença mental (Cummings and Cummings, 1957; Nunnally, 1961; Philips, 1966; Bhugra, 1989; G.U.M.G., 1994; Philo et al., 1996), ignorando a perspectiva daqueles que a vivenciam e com ela lidam no quotidiano. A condição semi‐periférica da sociedade portuguesa justifica que características típicas das sociedades desenvolvidas e complexas coexistam a par de características típicas das sociedades menos desenvolvidas e menos complexas (Santos,1990). Esta situação permite‐nos supor que, no interior do esquema mais global da modernidade, o sistema explicativo da loucura e da doença mental na sociedade portuguesa contenha especificidades que lhe são próprias. Por um lado, a psiquiatrização da sociedade "não está terminada" na medida em que o estado‐providência só tardiamente e parcialmente se implantou, nomeadamente, a quase inexistência de estruturas comunitárias faz com que a integração social das pessoas com doença mental se apoie nas famílias (Alves, 1998). Paralelamente, a democratização tardia da sociedade acompanha uma estratificação social que "não permite" aos leigos interpelar a medicina. Ao mesmo tempo, a vivência da ruralidade ainda está presente nas gerações adultas o que alimenta um sistema de referência de tipo pré‐moderno. A nossa pesquisa tem por finalidade perceber a articulação entre os sistemas de definição politico‐juridica e profissional por um lado e o sistema de conhecimentos populares sobre a loucura e doença mental, por outro. A nossa comunicação apresenta dados empíricos de um estudo qualitativo desenvolvido no norte de Portugal.porDoença mentalSistema de referência leigoSociologia da saúdeConcepções sobre loucura e doença mental: contributos para o estudo do sistema de referência leigoconference object