III Congresso Internacional das TIC na Educação 1026 Literacia Digital: Panorama das Pesquisas no Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) Digital Literacy: Overview of Research in the Open Access Science Repository of Portugal (RCAAP) Terezinha Fernandes Martins de Souza1, Thiago Rafael Ferreira Marques2 e Lúcia Amante3. 1UFMT/UFSC/UAb, Lisboa - Portugal, terezinha.ufmt@gmail.com, 2SENAC/SC, SC 401, 7350, Florianópolis Santa Catarina, Brasil, thgmarques16@hotmail.com, 3Laboratório de Educação a Distância e Elearning (LE@D Universidade Aberta, Lisboa Portugal, lamante@uab.pt Resumo: O artigo teve como objetivo levantar pesquisas acadêmicas sobre literacia digital na educação, no Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP), no periodo de 2008 a 2013. A pesquisa, de natureza exploratória, foi desenvolvida usando procedimentos e técnicas da bibliometria. Os resultados apontam uma pequena produção, com escala crescente nos ultimos anos, distribuida em diversos autores. As proposições para as literacias situam-se nas habilidades e competências para atuar com tecnologias digitais no ensino secundário, educação básica, ensino sénior (idosos) e na universidade, com profissionais, professores e alunos, todavia, não contemplam a formação de estudantes de cursos de graduação e a formação continuada de professores. Consideramos que há desafios à universidade visando desenvolver as literacias de professores e estudantes para atuar com tecnologias digitais em acordo com suas práticas sociais e, também, que o tema literacia digital permanece em aberto para novas investigações e proposições. Palavras chave: Educação, Literacia Digital, Multiliteracias. Abstract: The article aims to survey academic research on digital literacy in education, in the Open Access Science Repository of Portugal (RCAAP), from 2008 to 2013. The research, exploratory in nature, was developed using bibliometrics procedures and techniques. The results show a small production, increasing in recent years, distributed by various authors. Proposals for literacies are situated in the skills and competencies to work with digital technologies in secondary education, basic education, senior education (for the elderly) and at university, with professionals, teachers and students, however, they do not include the training of undergraduate students and the continuing education of teachers. We consider that there are challenges to the university in order to develop the literacies for teachers and students to work with digital technologies in accordance with their social practices, and also that the topic of digital literacy remains open for further investigation and proposals. Keywords: Education, Digital Literacy, Multiliteracies. 1.INTRODUÇÃO Vivemos contemporaneamente em uma realidade em que os sujeitos estão imersos em situações de comunicação e interação em rede, articulando tecnologias digitais e sistemas de mídias em práticas culturais fluidas e dinâmicas. As relações humanas se efetivam em espaços e tempos diversos com o uso de uma multiplicidade de linguagens, gêneros, suportes e aplicativos. Neste universo há competências e habilidades específicas aos domínios dos sujeitos para operar com tecnologias digitais em suas práticas cotidianas. É no interior destas práticas, seja no trabalho, na escola, na universidade etc., que os sujeitos se apropriam, consomem e produzem com tecnologias digitais e para tal acionam saberes funcionais, comunicacionais, informacionais e outros, para praticar desde um simples gesto motor no uso de um computador até a transformação de uma informação em conhecimento para si. III Congresso Internacional das TIC na Educação 1027 A apreensão destes conhecimentos, no contexto educacional, nomeadamente na formação oferecida na universidade, pode avançar para além desta ser equipada de aparato tecnológico e acesso irrestrito às tecnologias digitais. É necessário ampliar o foco à formação de seus profissionais para o desempenho do trabalho e às metodologias que fomentem a apropriação de habilidades e competências interacionais, comunicacionais, informacionais, dentre outras, seja por parte dos alunos ou dos professores, para a resolução de problemas relacionados a construção do conhecimento e exercício da autonomia, criação e participação crítica. Diante do exposto e com a intenção de conhecer o modo como o tema literacia digital vem sendo debatido por estudiosos da área de educação em Portugal, este artigo apresenta os resultados de um levantamento realizado no Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP), apontando panoramicamente o que as pesquisas discutem e propõem. 2. CULTURA DIGITAL E LITERACIAS O domínio e uso de linguagens que empregam tecnologias digitais requer a compreensão de que hoje há uma convergência de sistemas de mídias antigas e atuais, em diversos formatos, gêneros, suportes e aplicativos (impresso, TV, radio, telefone, celular, computador, internet, dispositivos móveis etc) que se misturam e se influenciam reciprocamente, em praticas sociais que acompanham as mudanças e avanços ocorridos contemporaneamente. No movimento dos processos de comunicação que compõe a chamada cultura da convergência (Jenkins, 2009), as diferentes formas de linguagens se integram (verbais, icônicas, sonoras, visuais, textuais, hipertextuais, digitais etc.) e proporcionam novos modos de criar, pensar, comunicar, interagir, aprender e ensinar em práticas e contextos sociais de grupos. No interior desta reorganização há mudanças nos modos de participação dos sujeitos, no intercâmbio de ideias e nos usos das diversas linguagens e tecnologias digitais. Há também uma reorganização das práticas sociais frente as possibilidades evolutivas das tecnologias da comunicação e informação digital (Levy, 1999), de onde emergem diferentes habilidades para os sujeitos encontrarem, selecionarem, organizarem, reconhecerem, compararem, inferirem, compreenderem, produzirem, transformarem e interagirem com mídias digitais. Nestas práticas os sujeitos mobilizam modelos correspondentes a situações e fins específicos, relacionados a usos e domínios que requerem competências e habilidades para interatuar com estes conjuntos entrelaçados e mutuamente apropriáveis de códigos e tecnologias (Buzato, 2007). As competências e habilidades que são mobilizadas em ações com tecnologias digitais se situam nas dimensões subjetivas, intersubjetivas e objetivas dos sujeitos (Buckinghan, 2010) e são apreendidas social e culturalmente. A família, a comunidade, os professores etc. são considerados agenciadores destas práticas, capazes de ampliar a sua formação letrada e contribuir, trocar, colaborar com o outro fazendo uso de aplicativos e dispositivos digitais de seu cotidiano como os jogos eletrônicos e digitais, computadores, internet, redes sociais, mídias móveis e outros. Este conjunto de formas contemporâneas de comunicação desempenhada socialmente na cultura da convergência (Jenkins, 2009), requer da universidade mais que oferecer o acesso a meios, equipamentos e propostas formativas funcionais (técnicas e operacionais: uso de computadores pessoais, navegação na internet, uso de software e hardware), requer a ampliação de sua atuação para as habilidades informacionais e de elevação do capital cultural de seus sujeitos (Moreira, 2010), sejam eles professores ou estudantes, no sentido do uso das tecnologias digitais em função de um propósito, sabendo localizar a informação, selecioná-la, analisá-la e reconstruí-la de forma autoral, exercendo a negociação, a autonomia e a participação crítica para ampliar seu conhecimento. Nos letramentos digitais há a convergência entre sistemas de mídias, em diversos eventos ou esferas da atividade humana, individual e coletiva (doméstica, pública, trabalho, escola, universidade, artes etc.), que funcionam como agencias de letramentos, condicionados pela cultura, tecnologia, política e ideologia (Buzato, 2007). Estes eventos se dão no interior de práticas sociais, onde estão presentes os sujeitos (família, colegas de trabalho, professores, alunos e outros), considerados como agenciadores de diversos letramentos. Neste sentido Moreira (2010) propõe o modelo de multialfabetizações que abarca quatro áreas ou dimensões da formação na área educacional, seja escola ou universidade: dimensão instrumental o conhecimento prático, saber usar meios, recursos e ferramentas digitais; dimensão cognitiva a aquisição de conhecimentos e habilidades específicas (buscar, selecionar, analisar, compreender e recriar a informação) pela ativação de operações de alto nível (síntese, comparação, análise discriminativa, reflexão, reelaboração, apropriação e reconstrução pessoal do conhecimento); dimensão comunicativa a criação de textos de diversa natureza III Congresso Internacional das TIC na Educação 1028 (hipertexto, audiovisual, iconico, tridimensional etc.), sabendo difundi-los em meios e suportes para comunicações fluidas e interações pessoais; dimensão axiológica os valores éticos, respeitosos, democráticos e críticos no uso das tecnologias digitais e interações sociais. Assim, o uso diário da internet e das redes de contato para aceder, partilhar, criar, publicar informações as mais diversas, resolver problemas, dúvidas, realizar procedimentos, localizar pessoas e lugares, são positivas no sentido do acesso a informação, a ampliação do conhecimento e das possibilidades de gerar igualdade e cidadania, todavia, podem também gerar desigualdades educacionais (Amante, 2013). A sociedade contemporânea, da economia informacional e do conhecimento, se caracteriza pelo conhecimento como o motor econômico e a informação como o veículo que potencializa a partilha em rede. De modo que, em uma sociedade em rede, informação e conhecimento são fatores estratégicos de riqueza e poder para as organizações e para o desenvolvimento econômico dos países, a inovação tecnológica é matéria prima para a produção e para o capital, impulsionada por contínuas mudanças tecnológicas como a internet e econômico-sociais como a globalização (Castells, 1999). Nesse contexto, o que fazer com tecnologias digitais é uma questão central no processo de formação dos sujeitos (professores e estudantes) ao uso consciente e crítico diante dos desafios de uma sociedade cada vez mais imersa nesta realidade. Estudiosos da área de educação (Moreira, 2010; Buckinghan, 2010; Amante, 2013) apontam a presença maciça das tecnologias e mídias digitais no cotidiano de estudantes em situações sociais, e sua ausência, lacunas ou ineficiências na escola e na universidade. Esta constatação remete à concepção de TIC na educação, às reformas curriculares, às políticas e programas de formação, ao planejamento, às práticas pedagógicas, aos materiais educacionais, dentre outras questões fundamentais e, principalmente, à aproximação das práticas formativas na universidade com as experiências e vivências sociais dos estudantes fora dela, nas quais pesquisam, aprendem, analisam, difundem, se comunicam, colaboram presencial e virtualmente, interatuando com a cultura digital como cidadãos criativos e autónomos, como requer a contemporaneidade. Desse modo, a nosso ver, pesquisas sobre as diversas literacias na educação, ganham especial relevância, uma vez que discutir sobre os domínios e conhecimentos para o uso, consumo e produção críticas com tecnologias digitais, designadamente em processos de formação na universidade, pode contribuir para conhecer os possíveis problemas que geram desigualdades educacionais, defasagens de formação permitindo propor alternativas de superação. 3. ASPECTOS METODOLOGICOS A pesquisa de caráter exploratório no Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) levantou produções acadêmicas e científicas sobre literacia digital, para conhecer os estudos sobre o tema desenvolvidos na área da educação em Portugal. Foram considerados o número total de produções que de algum modo citem o termo literacia digital sem delimitar área e período, dados quantitativos sobre as produções que citem literacia digital e educação, no periodo de 2008 a 2013, e por fim, dados qualitativos das produções que discutem especificamente sobre as literacias na educação. A opção pelo RCAAP para a coleta de dados se deu pelo fato desta base fazer a recolha, agregação e indexação dos conteúdos científicos em acesso aberto ou livre existentes nos repositórios das instituições de ensino superior nacionais e outras organizações e constituir-se como um ponto único de pesquisa, descoberta, localização e acesso a artigos de revistas científicas, comunicações de conferências, teses e dissertações, distribuídos por inúmeros repositórios portugueses (http://www.rcaap.pt/about.jsp). Os procedimentos e técnicas da bibliometria (Pinto, 2012, citado por Souza, Marques & Cruz, 2013), possibilitaram o mapeamento quantitativo de informações e registros bibliográficos armazenados na referida base de dados, bem como ofereceram as informações necessárias a uma análise quantitativa da produção científica e acadêmica com foco específico sobre o tema, no período em estudo. A busca no RCAAP foi feita inicialmente usando apenas o termo literacia digital, sem delimitar área e período e apontou 681 documentos. Com o refinamento de busca do termo literacia digital e educação, no periodo de 2008 a 2013, o resultado foi de 22 documentos, a partir dos quais o levantamento bibliométrico foi desenvolvido. A partir destes resultados procedeu-se à análise qualitativa dos resumos. Esta análise apontou apenas 6 produções que tratam especificamente sobre literacias ou literacia digital, na educação, as quais foram lidas para obtenção de dados sobre suas discussões e proposições. A descrição e a análise dos dados são apresentadas a seguir. III Congresso Internacional das TIC na Educação 1029 4. DESCRIÇÃO E ANALISE DOS RESULTADOS A produção localizada no Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP), sobre o termo literacia digital, na educação, no período de 2008 a 2013, apontou 22 documentos. Sendo 10 (dez) documentos de conferências, 8 (oito) dissertações de mestrado, 3 (três) artigos de periódicos e 1 (uma) tese de doutorado, distribuídos por ano de publicação conforme a figura 1. Figura 1: Publicações sobre Literacia Digital no RCAAP de 2008 a 2013 A produção vem crescendo gradativamente, com destaque para o ano de 2013. Estas produções correspondem a 12 autores, com 1 ou no máximo 2 trabalhos cada, demonstrando que o conhecimento sobre o tema, disponível no RCAAP, está sendo produzido por uma gama de diferentes pesquisadores. Com base nos títulos, palavras chaves e textos dos resumos das produções o wordcloud evidencia os termos em destaque nas produções como mostra a figura 2. Figura 2: Wordcloud sobre Literacia Digital nas Produções do RCAAP de 2008 a 2013 O foco de discussão pelas palavras em destaque situa-se em aspectos relacionados a literacia, tecnologias digitais e tecnologias da comunicação e informação, no contexto do trabalho, formação, comunidade escolar, saúde, ensino e práticas, para o acesso, desenvolvimento do nível de competências e inclusão, entre profissionais, estudantes e professores. Estas produções têm como foco os medias, cidadania, currículo, politicas educativas, avaliação, ferramentas da web 2.0, internet, inovações educativas, tutoria on line, bibliotecas escolares, telemóveis em contexto educativo, publicidade televisiva e formação profissional e educacional. Embora estas 22 produções apresentem os termos literacias ou literacia digital, em seus títulos, palavras- chave ou texto dos resumos, 16 delas não tratam especificamente sobre o tema literacia digital e não têm a escola ou a universidade como locus de pesquisa. De modo que apenas 6 das produções analisadas contemplam estudos com foco específico na temática literacia digital, mediática ou informática/da informação e multiliteracias, na educação, como mostra a tabela 1. Distribuição de publicações por ano III Congresso Internacional das TIC na Educação 1030 Tabela 1: Produções sobre Literacias na Educação no RCAAP Titulo Autores Documento Ano Origem O ePortefólio no processo de reconhecimento, validação e certificação de competências (RVCC). Contributos para a mudança de paradigma de avaliação e para o desenvolvimento da literacia informática Dias, Carla Manuela; Navio, Oliveira; Lia Raquel; Alves, Maria Palmira Conference Object 2009 RepositóriUM - Universidade do Minho Ler na era digital: os desafios da comunicação em rede e a (re)construção da(s) literacia(s) Melão, Dulce Artigo publicado em revista científica 2010 Repositório Científico do Instituto Politécnico de Viseu Construção de ePortefólios reflexivos no reconhecimento, validação e certificação de competências: do papel ao digital Dias, Carla Manuela; Navio, Oliveira; Lia Raquel; Alves, Maria Palmira Conference Object 2011 RepositóriUM - Universidade do Minho Conferência Ibérica Inovação na Educação com TIC (ieTIC 2011) Gonçalves, Vitor; Meirinhos, Manuel; García-Valcárcel; Muñoz-Repiso, Ana; Tejedor; Francisco (Eds.) Livro de Resumos e Livro de Atas 2011 Biblioteca Digital do IPB Recursos educativos multimédia no ensino das Artes Visuais Gomes, Cláudia Sofia Rodrigues Dissertação de Mestrado 2012 Repositório Institucional da Universidade Católica Portuguesa Literacia da informação: o potencial educativo do virtual como estratégia pedagógica Barros, Daniela Melaré Vieira Capitulo de livro 2013 Repositório Aberto da Universidade Aberta A leitura mais acurada dos resumos destas 6 produções que tratam especificamente sobre as literacias na educação, possibilitou destacar o que estas pesquisas discutem em relação aos seus objetivos, abordagem teórico e metodológica, resultados e possíveis proposições, conforme a tabela 2. Tabela 2: Sintese dos Resumos sobre Literacia Digital no RCAAP Objetivos Aspectos da metodologia Resultados/Proposições - Mudanças nas práticas de leitura evidenciando as multiliteracias - ePortefólio como estratégia para o desenvolvimento da literacia informática - ePortefólio para validação de competências e nível de literacia informática - Literacia da informação como estratégia pedagógica a profissionais em formação - Movimentos e ocorrências da literacia digital em redes sociais, Web 2.0, de plataformas de e-learning, b-learning e m-learning, e comunidades virtuais e de prática - Uso de recursos educativos multimédia no ensino curricular e na prática docente para o desenvolvimento da literacia digital Recolha de dados - plataforma de eportefólios Elgg (open source) - Web 2.0; - plataformas de e-learning, b- learning e m-learning e comunidades virtuais e de prática - web site - curso de ciencias da computação - curso de artes visuais Lócus - escola básica - escola de jovens e adultos - escola secundária - universidade/pós graduação Sujeitos - professores - estudantes crianças, jovens, jovens e adultos, adultos - Práticas de leitura multimodais na internet para a reconstrução do conceito de literacia e posturas dos educadores - Proposta de unidade curricular para desenvolver a literacia com estratégias de uso das tecnologias na aprendizagem para encontrar, utilizar e gestionar a informação - Promoção de inovações pedagógicas com TIC para minimização das barreiras que condicionam a literacia digital - Formação integral do aluno pela prática docente com a literacia digital Destas produções apenas 4 explicitam tratar-se de pesquisas desenvolvidas com a metodologia de estudo de caso. Os níveis em que se focam as investigações são o ensino secundário, a educação básica, o ensino sénior (idosos) e a universidade. Os sujeitos são profissionais, professores e alunos. Nenhuma das pesquisas tem como foco a formação de estudantes de cursos de graduação na universidade, bem com a formação continuada de professores. Em um dos resumos há a definição para o termo literacia da informação como d (Barros, 2013). As proposições transitam entre leituras multimodais na internet, desenvolvimento curricular em cursos de pós III Congresso Internacional das TIC na Educação 1031 graduação, inovação pedagógica na educação e formação integral do professor e do aluno na escola, apontando as literacias como possibilidades de desenvolver habilidades e competências com tecnologias digitais. Em uma sociedade que atua em uma realidade digital e multimodal há a emergência e a necessidade de formação dos sujeitos para os usos dos múltiplos meios e linguagens da cultura do seu tempo, por meio do desenvolvimento de habilidades e competências para atuar com a informação e o conhecimento com diferentes tecnologias digitais no contexto educacional que, como podemos observar, permanece um campo aberto para pesquisas e proposições. 5. CONCLUSÕES São múltiplos os conhecimentos requeridos dos sujeitos no contexto da cultura digital. Este conjunto de conhecimentos tem caráter heterogéneo, híbrido e instável, organizado na lógica multimodal de redes que interconecta meios, géneros e habilidades (Buzato, 2007), é também concebido por diversos autores como multiletramentos, letramentos digitais e\ou literacia digital. No interior das ações praticadas pelos sujeitos em suas diversas formas e vivências com tecnologias digitais, estes se relacionam, pensam, se comunicam, participam social e politicamente e constroem suas experiencias cotidianas. E o uso, consumo, apropriação e produção de conhecimentos com tais tecnologias trazem consigo competências e habilidades próprias da cultura digital ainda por serem exploradas no campo educacional. Os resultados apontam para uma crescente produção acadêmica e científica sobre o tema literacias e literacia digital, em especial no ano de 2013, mas não há uma concentração ou especialização de estudos pois está distribuída em diversos autores. E embora a grande maioria das produções cite as literacias e a educação, seja na escola ou na universidade, não contempla estudos especificamente sobre o tema. Os poucos estudos que centram o foco na temática das literacias na educação, são, em sua maioria, estudos de caso em escola secundária, educação básica, ensino sénior (idosos) e universidade, com profissionais, professores e alunos. Usam-se os termos literacia digital, mediática ou informática/da informação e multiliteracias, contudo, não há como identificar apenas pela análise dos resumos como estes conceitos são definidos. As proposições são voltadas para a formação pelas diversas literacias para o desenvolvimento de habilidades e competências com tecnologias digitais em processos educacionais. Todavia, nenhum dos estudos trata da formação de estudantes de cursos de graduação na universidade, bem com da formação continuada de professores. Neste sentido, colocam-se desafios à universidade, como instituição formadora, em desenvolver processos formativos em uma perspectiva crítica de participação dos sujeitos nas redes informais e comunidades de aprendizagem, com foco no estudante em formação em cursos de graduação e no professor em exercício docente. As práticas sociais se intensificam e desafiam cada vez mais a Universidade, a par das políticas públicas de formação de professores e das práticas pedagógicas exercidas nas instituições educacionais, no sentido da aproximação com a realidade dos estudantes que se apropriam, consomem e produzem com tecnologias digitais em práticas diárias. Diante disso, investigações sobre as multiliteracias, dentre elas a literacia digital, são importantes para conhecer as diversas dimensões da formação e as configurações específicas de nós de uma grande rede, na qual são mobilizados saberes para situações e finalidades específicas, nas diversas práticas que circulam nas sociedades. A partir destes estudos será possível propor a revisão de propostas educativas e/ou pedagógicas, em especial na universidade, para responder a complexidade do grande repertório de habilidades e competências digitais requeridas pelos sujeitos na contemporaneidade. REFERÊNCIAS Amante, L. (2013). Tecnologias e Educação: novas possibilidades ou novas desigualdades? In Cavalheiri, A., Engerroff, S. N., Silva, J. C. (Orgs). As Novas Tecnologias e os Desafios para uma Educação Humanizadora.1. ed. Santa Maria: Biblos. Barros, D. M. V. (2013). Literacia da informação [Em linha]: o potencial educativo do virtual como estratégia pedagógica. In Belluzzo, Regina Celia Baptista; Feres, Glória Georges, org. - "Competência em informação: de reflexões às lições aprendidas". São Paulo : FEBAB, 2013. ISBN 978-85-85024-06-2. p. 245-265. Buckingham, D. (2010). Cultura Digital, Educação Midiática e o Lugar da Escolarização.Revista Educação Real. Porto Alegre, vol. 35, n 3, p. 37-58, set/dez. 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